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2006-02-28

 
Frida Kahlo (1907-1954)



Fui ver hoje a exposição da pintora no CCB, uma mulher que teve uma vida interessante e muito sofrida, mas que a soube documentar na pintura com mestria. Sai-se de lá, com pena de não vermos mais!

"Pensaram que eu era Surrealista, mas nunca fui. Nunca pintei sonhos, só pintei a minha própria realidade."

2006-02-27

 


O segredo de Brokeback Mountain
O conto


Depois de ter visto o filme e lido muito do que se tem dito sobre ele, li o conto de Annie Proulx que deu origem ao mesmo.

Na verdade todos os filmes deviam ser adaptações de contos e não de romances, é que a história de um conto cabe num filme, e a de um romance para caber num filme obriga a numerosos cortes, a compactar a acção, os sentimentos ou mesmo a omitir partes importantes.

Este conto, agora editado separadamente em Portugal pela BicodePena, faz parte do livro Brokeback mountain e outros contos, com mais dez pequenas histórias.

O conto é absolutamente fiel ao livro (na verdade é ao contrário mas pela ordem cronológica do meu conhecimento da história é assim), mas falta nas palavras escritas, os silêncios, a imensidão do espaço e a pronuncia dos personagens. Quem viu o filme pode prescindir de ler o conto, mas ainda mais admirável ficou para mim o trabalho de Larry McMurtry que a partir de um conto tão mirrado e seco, escreveu o argumento que Ang Lee transformou naquela obra prima.

2006-02-26

 
Netcabo x Clix

Numa altura em que se fala mal dos Serviços do Estado e os funcionários públicos pagam as favas, é oportuno fazermos comparações. Será que os privados servem mesmo melhor os consumidores? Bem, talvez sim, mas fiquem com dois exemplos:
Uma amiga minha, depois de muitas peripécias, de que já aqui dei conta há algum tempo, lá conseguiu finalmente ter a TV Cabo e a Netcabo. Com a TV tudo bem. Mas a Internet tinha dias, até que se foi de vez. Após sistemáticos telefonemas, que não lhe foram pagos, e de diversas equipas técnicas sempre diferentes e cada uma com a sua teoria, chateou-se mesmo e rescindiu o contrato e aderiu aquela promoção de Telefone e Internet da Sonae. Bem...
Passado mais de uma semana, após lhe comunicarem que estava o serviço activo, nem Internet nem Telefone. E por mais que telefone, e, por experiência própria, 30 a 45 minutos de espera é o normal, o que desespera qualquer um, apenas lhe dizem que a culpa deve ser da PT e que o caso está a ser estudado com urgência e que há-de ser contactada. Ela, entretanto, nem pode dizer aos amigos que alterem o contacto da rede fixa e lá vai carregando, desusadamente, o telemóvel, que ninguém lhe vai pagar.
Para quem lançou uma OPA sobre a PT deve ser vingança desta. Ou será, antes, que quando alguns empresários nos falam da falta de qualidade da Administração Pública e do desrespeito pelos cidadãos, estão apenas a tentar arranjar mais umas actividades para engrossar os seus lucros, estando-se perfeitamente nas tintas para os seus clientes?

2006-02-25

 
Taxas no Multibanco ?! Nunca !

Os bancos preparam-se para voltar à carga e introduzirem comissões na utilização do serviço multibanco. Tal ideia é inadmissível sob todos os aspectos.

Primeiro que tudo porque a existência de multibancos permitiu à banca diminuir o seu número de funcionários nas agências. Se é claro que existe um custo da manutenção de caixas multibanco, este é inferior ao que resultaria da sua inexistência.

Depois porque os portugueses estão cada vez mais em crise e a banca continua a aumentar os seus lucros.

Aliás, mesmo noutros serviços, como por exemplo a Via Verde, justo era que houvesse um desconto aos seus utilizadores já que os custos para a entidade exploradora são muito inferiores ao custo equivalente da mão de obra.

Os beneficíos económicos da introdução de novas tecnologias têm de ser sempre divididos entre os fornecedores dos serviços e os consumidores. Só assim existe justiça.

 


D’este viver aqui neste papel descripto
Cartas da guerra


Confesso que hesitei antes de pegar neste livro que compila os aerogramas enviados por Lobo Antunes à sua mulher nos seus tempos na guerra colonial em Angola. No entanto o entusiasmo demonstrado pela amiga que me emprestou o livro fez-me lê-lo.

A história de Lobo Antunes só não é igual a tantos outros jovens portugueses que recém-casados foram empurrados para uma guerra com a qual não concordavam e que se sentiram isolados dos seus familiares, longe de tudo e de todos, em condições degradantes, porque, apesar de tudo, Lobo Antunes, como médico, era um priveligiado.

As saudades pela mulher que deixou em Portugal (na metropole) grávida daquela que viria a ser a sua primeira filha são patentes ao longo de toda esta correspondência, bem como o seu desejo de vir a tornar-se alguém no panorama literário português.

Primeiro que tudo quero dizer-te que gosto tudo de ti, em mais este domingo separados um do outro e sinto a tua falta todos os dias muito e muito.

A história cá vai coxeando. Se calhar não presta, mas não quero ser como as pessoas de que lá falo que, depois de mortas, se transformam em duas datas separadas por um traço de subtracção.


Ler a correspondência de alguém, que ainda por cima conhecemos enquanto figura pública, torna-se um pouco voyeurístico mas ajuda realmente a conhecer a forma como os dias se arrastavam pelo mato de África. Claro que existe uma auto-censura permanente e certos assuntos não são abordados ou só o são indirectamente.

A maior parte das coisas não as posso contar, e as minhas opiniões sobre esta guerra não devem ser escritas. Isto é tudo diferente do que aí de pensa, escreve e diz, e eu não tenho esclarecido por motivos óbvios.

Penso no entanto que esta é mais uma obra que se junta a todas aquelas que finalmente rompem o tabu de falar sobre a guerra colonial. Existem muitos esqueletos por retirar dos armários e é preciso falar das coisas para arrumá-las nas prateleiras da história.

Recomendo por isso a sua leitura, mas como documentário e não como obra literária, obviamente.

2006-02-24

 

HÁBITOS ESTRANHOS ...
Nem sei bem o que tu mereces Cristina por me lançares este repto ... mas prepara-te que a vingança será terrível! O meu problema não é enumerar hábitos estranhos ( tenho muitos) mas é passar a batata quente na blogosfera... Bem, vamos ver o que se arranja!
Que hábitos escolher? Tarefa árdua e difícil! Eles são tantos...
1- Falar sozinha em privado e em locais públicos;
2- Gesticular enquanto falo,
3- Fazer filmes ... imaginação fértil não me falta desde que nasci,
4- Trocar as palavras e alterar o sentido daquilo que quero dizer quando estou nervosa;
5- Brincar com o meu apelido e apresentar-me como alface às crianças: " Eu sou a alface!";
6- Fazer uma directa para ler um livro que me agrade;
7- Perder objectos a toda a hora;
8- Baralhar os burocratas ( Se me apetecer ainda sou mais burocarata do que eles);
9- Adiar arrumações durante meses e depois querer fazer tudo no mesmo dia;
10- Alterar as regras dos regulamentos como este : Não vou passa-lo a ninguém ; mas em contrapartida enumerei 10 hábitos estranhos!
Divirtam-se neste Carnaval!

 
Hábitos estranhos...

Andava eu a pensar que me tinha escapado, a essa “corrente” que por aí anda na blogosfera, sobre os nossos 5 hábitos estranhos, quando de repente sou indicada no Luminescências, pelo António! Pois então aqui me “confesso” e passo!

1 – tenho sempre no carro inúmeras garrafas de água;
2 – Quando vou ao cinema, peço sempre coxia;
3 – Quando estou ao telefone no trabalho ou em reuniões, tenho mania de “rabiscar” cubos e flores;
4 – Tenho por hábito ver televisão na cama, mas sempre com três almofadas e com os meus gatos;
5 – Comprar imensas coisas, roupas, produtos cabelo, produtos beleza, etc, e até há quem diga que compro mais do que a minha capacidade de os usar (más linguas....!!!!)


E agora passo a:

CrisNuvens sobre o Atlântico
HenriquetaFarol das Artes
GirassolEra uma vez um girassol
Laranja Laranja com Canela
Zulu Zulu das Meias Altas

Regulamento do jogo:
"Cada bloguista participante tem de enumerar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. E além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogues aviso do "recrutamento". Além disso, cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blogue."

2006-02-21

 
Syriana



Um filme de Stephen Gaghan, com George Clooney, Matt Damon, Amanda Peet, Amr Waked, Jeffrey Wright...
É um filme pesado, um complexo thriller político, que foca as relações ocidentais, nomeadamente americanas, com os árabes na indústria do petróleo. Bob Barnes (George Clooney com mais 15 kg), é um agente da CIA que tem como missão eliminar o Príncipe Nasir.
O filme é bastante confuso, saímos de lá cheios de questões sem respostas. Mas penso que esse é um dos objectivos do filme, manter-nos tão confusos, como as relações dos negócios que nos apresenta.

2006-02-19

 
Hábito estranho #5
Quem engana uma pessoa é ladrão, quem engana toda a gente é espertalhão


Este pode não ser o mais estranho dos hábitos portugueses, mas é, sem dúvida, o que mais me irrita.

Quando uma pessoa rouba outra pessoa é, e bem, censurada pala sociedade e dão-lhe o nome que merece: Ladrão.

No entanto, existe uma compreensão que raia a admiração, por todos aqueles que conseguem fugir aos impostos, meter mais despesazitas no IRS meias forjadas, que combinam trabalhos sem factura “... se não precisar de factura paga menos o IVA, olhe que ficamos os dois a ganhar...”, etc.

Estranho hábito este de admirar quem nos rouba.

2006-02-18

 
Hábito estranho #4
Todos os governos são eleitos por uma maioria inexistente


Esta é outra questão muito curiosa que é independente da composição política de quem está no governo.

Depois das eleições, basta deixar passar um mês, e sempre que se fala do governo descobrimos que ele deve ter sido eleito por obra e graça do espirito santo – ninguém votou nele.

O mais engraçado é que mesmo quando estão a elogiar uma ou outra medida pontual, há um cuidado desmesurado por começar a frase com “não é que eu tenha votado neles, mas...”

2006-02-17

 
Hábito estranho #3
Crianças radicais querem pais conservadores


Todas as crianças e adolescentes, têm aquela fase em que querem ter um ar fixe, seja lá isso o que for.

Começam a intervir na escolha da roupa, pedem poupas no cabelo, trancinhas, gel, etc. Mas todas elas ficam horrorizadas, ou melhor envergonhadas, se o pai ou a mãe que os vais buscar à escola se apresentar de forma pouco ortodoxa junto dos seus colegas.

Um bom radical tem de ter progenitores conservadores ?

 



Pecado Capital

Um filme de Mikael Håfström, com Clive Owen, Jennifer Aniston, Vincent Cassel, Melissa George, The RZA, Xzibit, Giancarlo Esposito
Charles conhece Lucinda no comboio, metem conversa um com o outro e passados uns dias rendem-se à atracção existente entre ambos, esquecem os conjugues e vão para um quarto de hotel. Mas quando aí chegam, as coisas não correm pelo melhor, são assaltados por La Roche, que além de os roubar, espanca violentamente Charles e viola Lucinda. Charles futuramente vê-se envolvido numa trama complicada de extorsão e chantagem, onde nem tudo parece o que é.
O filme aborda a rotina que se instala em alguns casais, o desejo pelo desconhecido, as consequências menos felizes destes desenlaces. Um thriller de suspense, com grandes interpretações de Vincent Cassel e Clive Owen a ver!

2006-02-16

 
Hábito estranho #2
Higiene íntima masculina


Facilmente verificável em casas de banho públicas, por exemplo em centros comerciais.

Um homem entra na casa de banho pública, dirige-se a um urinol, coloca a mão no pénis para guiar o jacto da urina, aperta a braguilha e vai lavar as mãos.

Ainda não percebi se todos os homens que fazem isto, e são a larguissima maioria, mijam nas mãos, ou se têm o pénis tão sujo que colocando lá a mão, o melhor é lavar a mão depois. Penso que se trata desta última hipótese e não me admira, principalmente se estamos a falar de homens que antes de irem urinar estiveram a comer com as mãos hamburgers, donuts ou outros alimentos gordurosos.

Sinceramente, se entrassem na casa de banho, lavassem as mãos, colocassem a mão limpa no pénis, urinassem e se fossem embora, a higiene não seria maior ? Será que as vossas companheiras não prefeririam, também, olharem para o vosso pénis e verem-no limpo ao invés de terem colocado lá mãos por lavar de cada vez que vão urinar ?

2006-02-15

 
Hábitos estranhos dos outros

Anda por aí pela blogoesfera o outcoming dos nossos cinco hábitos mais estranhos. Já passou por aqui, vindo do WiSHEs & Heros e seguiu caminho para outras bandas.

Na verdade existem hábitos bastante estranhos e o mais estranho é que deparo, no dia a dia, com certos hábitos estranhíssimo que abrangem grande parte da população portuguesa.

Em cinco posts diários vou-vos dar conta de cinco hábitos estranhos nacionais.


Hábito estranho #1
Refilar para o ar


Este hábito verifico nos cafés, nos transportes, onde quer que haja atendimento público mas especialmente nas filas dos supermercados.

Alguém acha que outra pessoa não está a agir de forma correcta, por exemplo, passou-lhe à frente na fila. Ao invés de se dirigir a essa pessoa e chamá-la à razão, vejo com frequência as pessoas a refilar para o ar. “onde é que já se viu...”, “existem pessoas sem educação nenhuma...”, etc.

Claro que têm o cuidado de levantar a voz para que os visados oiçam, mas não seria mais normal dirigirem-se directamente à pessoa em causa ?

2006-02-14

 
Happy St. Valentine's Day



Digam lá o que disserem, todos os anos, há aqueles que são contra o dia dos namorados, alegando ser politica de consumismo e mais não sei o que, deixem lá de ser ressabiados, (alguns), e não me digam que não é bom receber um mimo, um presente neste dia?

2006-02-11

 


Liberdade de expressão

Sou a favor da liberdade de expressão e, ainda mais, a favor de nem poder ser condenado por delito de opinião. Tal significa que a liberdade de expressão não deve ter limites ? Não.

A liberdade de expressão não pode servir de argumento para o incentivo à violência ou ao crime, nem, por exemplo, para a difamação. Outros exemplos poderia dar-vos mas deixo apenas estes para evidenciar que nem tudo é a preto e branco e a fronteira é por vezes dificil de definir.

A propósito das caricaturas de Maomé muito se tem discutido este tema, por vezes com opiniões muito válidas como a do Avelino aqui mesmo no Farol, ou a do Raimundo no Puxapalavra, mas muitas mais vezes com grandes incoerencias e vejo espantado pessoas de direita a defenderem a liberdade de expressão como um bem supremo, pessoas ateístas a defender o direito à não profanação do sagrado e por aí adiante.

Não foi há muito tempo que aqui em Portugal, depois do empolamento de um episódio na praia de Carcavelos que ficou conhecido como Arrastão que a Governadora Civil de Lisboa foi atacada por ter permitido uma manifestação de fascistas. Sim, aqui em Portugal é proibida a associação de pessoas fascistas e a sua manifestação, bem como o uso de certos símbolos como por exemplo a suástica.

Sinceramente gostava de ouvir as mesmas pessoas que tão facilmente emitem opiniões sobre o caso dinamarquês se pronunciassem sobre se esta lei portuguesa é ou não um atentado à liberdade de expressão e ao direito da livre associação.

Eu não tenho dúvidas, e é exactamente por ser anti-fascista que acho que não deveria ser proibido aos fascistas, nazis e outros mentecaptos do género se manifestarem, exprimirem as suas opiniõesm formarem partidos políticos, etc. Desde que não incitassem à violência o que, confesso, seria difícil.

2006-02-10

 
O segredo de Brokeback Moutain



No verão de 1963, dois cowboys conhecem-se em trabalho em Brokebackmoutain. Ennis Del Mar, é o cowboy de poucas palavras, que esconde interiormente os seus sentimentos. Talvez parte desta sua atitude se deva a alguns “acidentes” a que foi obrigado a presenciar quando criança. Jack Twist é um cowboy mais descontraído, mais dado.
A amizade e a brincadeira surge espontaneamente entre os dois, que se tornam cada vez mais unidos, até que um dia o amor os atinge, e entregam-se sexualmente um ao outro.
Quando o verão e o trabalho terminam, retomam as suas vidas, apesar da proposta de Jack de se unirem e “erguerem” um rancho, Ennis recusa-se pelo que “as outras pessoas” poderão pensar, e além disso, tem Alma, à sua espera para casar.
Passados uns anos, Ennis está casado com Alma e é pai de duas meninas, Jack é casado com uma texana Lureen e tem um filho. Jack escreve a Ennis perguntando se o pode visitar, deixando este em “pulgas” para um reencontro.
Quando se encontram, não resistindo, caiem inevitavelmente nos braços um do outro, para desespero de Alma.
É um filme diferente, tem um cenário diferente, uma paisagem lindíssima, uma música bonita, uma bela história de amor, e se por vezes nos faz rir, noutras põe-nos a pensar e angustia-nos até um pouco. É sem dúvida alguma, o grande filme revelação deste ano. Heath Ledger (Ennis) está simplesmente soberbo na sua personagem, com um sotaque do Wyoming, que lhe assenta lindamente. Jake Gyllenhaal, (Jack), está fabuloso também, e as duas “meninas” Michelle Williams e Anne Hathaway, Alma e Lureen respectivamente, não lhes ficam atrás como personagens secundárias de todo este enredo.
A realização é de Ang Lee, está nomeado em várias categorias para os óscares, já recebeu muitos prémios, e bem os merece, assim como os que estarão ainda para vir.
Um filme, a não perder, simplesmente!

2006-02-08

 
Os Cartoons Malditos


Não, não vou publicar nenhum cartoon sobre Maomé, embora disponha de umas quatro dezenas deles. Confesso que, depois de os ver, não me fizeram rir e considero mesmo alguns de muito mau gosto. Mas o problema não está na apreciação estética nem no pretenso humor que deviam emanar. Acho que a polémica que tem gerado tem de ser entendia numa tripla perspectiva: a religiosa, a política e a liberdade de expressão.
Em termos religiosos, embora seja agnóstico militante – como gosto de me afirmar -, respeito a fé de cada um. Das principais religiões, que tenho tentado conhecer, nenhuma apela à guerra ou ao terrorismo, e a islâmica, na sua pureza, também não. Mas as religiões, mesmo criadas por homens bons, dão azo a diferentes interpretações. Todos estudámos as cruzadas, as atrocidades cometidas em nome de Deus. Hoje, confrontamo-nos com uma corrente fundamentalista que usa o Corão para justificar o terrorismo.
Quando se junta a religião à política, e nisso se baseia o próprio Estado, a Teocracia absorve em nome de um Deus todos os direitos, liberdades e garantias. Vive-se e morre-se em função de um paraíso, mais ou menos, terreno ou hiperbolizado. Mas, mesmo nos Estados não teocráticos, a religião pode ser usada como trampolim para o combate político. Aproveitando as carências mais básicas, refundindo os princípios da crença e da fé, afunilados para um objectivo, concreto, preciso, quase sempre fatal.
A nossa liberdade acaba onde a dos outros começa. Princípio estafado, mas certo. Âmago da democracia, sistema, por vezes, perverso, mas o melhor, até hoje, que conhecemos. A liberdade de expressão, designadamente, a de imprensa, contém-se (ou deve conter-se) nesses limites. Os excessos dirimem-se na Justiça. Porque, sendo livres, não há censura. Mas pode haver bom senso. Não é uma medida objectiva, apenas o sentir, face a uma perspectiva de cultura globalizada, das sequelas de uma atitude, individual ou colectiva, que possa provocar o desagrado ou a indignação de terceiros.
Falamos da tolerância, mas pouco a praticamos. As xenofobias emergem, consequência das crises económica e social, provocadas por um sistema liberalista feroz, com tendência para a autofagia, e face à multiculturalidade que se foi instalando um pouco por todo o Ocidente. Gerir estes fenómenos exige, mais do que tolerância, sabedoria, participação e partilha. Porém, sempre sem cedências a fundamentalismos e, sobretudo, sem perda de identidade. É que prefiro os excessos da liberdade do que as boas intenções dos ditadores, sobretudo em nome de um Deus qualquer.

2006-02-06

 
Munique



Um filme de Steven Spielberg, com Eric Bana, Daniel Craig, Mathieu Kassovitz

Em 1972, durante os jogos olimpicos, em Munique, 11 israelitas são feitos reféns e posteriormente mortos.
O filme centra-se em Avner, um israelita “sentimentalão”, que tem de deixar a sua mulher, grávida e partir na missão, para ao serviço serviço da Mossad “vingar” os assassinatos cometidos. Forma-se um grupo de 5 homens, sem nome e sem rosto, cada um com a sua especialidade, que procuram e eliminam todos os responsáveis pelo ataque em Munique.
Um a um os terroristas começam a desaparecer, e os homens da “Mossad” - destacados para esse fim – começam a questionar os seus actos. Surge a dúvida, a condição de ser judeu e até que ponto ao fazer isto não estão a ser iguais aos terroristas palestinianos?

Um filme bem interessante, bem realizado que vale a pena ver.

2006-02-05

 


A companhia de estranhos

Andrea Aspinall é uma jovem londrina que vem para Lisboa, como espia. Estamos nos últimos anos da segunda guerra mundial e mais do que nunca, Lisboa é o palco, por excelência, da espionagem, do contrabando e da troca de informações sobre a bomba atómica.

Em Lisboa cruza-se com o alemão Karl Voss entre muitas outras personagens, inglesas, americanas e portuguesas. A ficção segue em paralelo com uma boa descrição da realizada portuguesa feita pelo autor Robert Wilson, que vive em Portugal. Nomes, tão nossos, como Salazar, Álvaro Cunhal ou Catarina Eufémia pontuam este belo romance de espionagem composto por três partes: a primeira em Lisboa dos anos 40, a segunda na Alemanha dividida dos anos 70 e a terceira após a queda do muro.

Trata-se de um excelente romance e com uma interessante perspectiva histórica. Recomendo.

2006-02-02

 


5 Hábitos estranhos

O Ricardo desafiou-me e lá tenho de desfiar cinco dos meus hábitos mais estranhos:

1. Gastar mais tempo a fazer listas das tarefas que tenho de fazer do que a fazer as tarefas propriamente ditas.
2. Transportar sempre comigo o livro que estou a ler, um caderno e uma caneta para que possa aproveitar qualquer minúsculo intervalo de tempo que venha a ter para ler ou escrever.
3. Andar de um lado para o outro sempre que estou ao telefone.
4. Ser incapaz de dar formação ou fazer uma apresentação sem uma esferográfica na mão.
5. Dar continuidade a este tipo de desafios ou correntes que passam pela net.

Passo a missão espinhosa a:
Archie
Bruno
Canochinha
Cris
Siri

espero que lhe dêem seguimento.

2006-02-01

 


Todos diferentes Todos iguais

A discriminação não é um problema do grupo discriminado. É um problema de toda a sociedade que urge combater e, se culturalmente, a mudança pode ser lenta, as leis mudam-se facilmente.

Não é aceitável que um país como Portugal continue a existir discriminação seja ela quanto à cor da pele, tendência política, credo ou orientação sexual. A Teresa e a Lena desejam casar-se porque se amam, também foi esse o motivo que me levou a casar e penso que é o acto mais natural do mundo.

O facto de serem do mesmo sexo em nada deveria influenciar a capacidade de concretizar este seu desejo. E enganam-se aqueles que falem de uniões de facto, é que a união de facto não dá os mesmos direitos legais que o casamento, nomeadamente em termos de herança, direito de assistência á família, etc.

Que o gesto de coragem da Teresa, da Lena e do Luís seja um gesto de libertação para todos aqueles que são discriminados e que a hipocrisia termine neste país.


Foto roubada ao Portugal Diário, da autoria de Ricardo Carvalho