2003-08-10
A geometria dos faróis
Nas noites de Verão, quando passeamos pela costa, vemos muitas vezes um farol a brilhar ao longe. A luz chega-nos de forma intermitente, como se estivesse a enviar-nos um sinal. E está! O farol está a dizer-nos o seu nome. Está a mandar-nos uma mensagem com aquilo que, tecnicamente, se designa característica do farol.Uns faróis piscam rapidamente, outros emitem sinais prolongados. Uns têm luz vermelha, outros branca, outros ainda alternam luzes de colorações diferentes. Os pilotos dos navios que se aproximam da costa sabem ler esses sinais e identificar os faróis que observam.O código é simples e compõe-se de três factores. O primeiro é a forma como a luz pisca. Se o farol emite sinais breves, diz-se que emite relâmpagos, o que se escreve com as iniciais «Fl» de «flash». Se, pelo contrário, emite uma luz quase contínua, com interrupções curtas, diz-se «de ocultação», o que se assinala com as letras «Oc». Se está
tanto tempo aceso como apagado, diz-se «isofásico», o que se indica com as letras «Iso».O segundo elemento da característica de um farol é a sua cor, que habitualmente se designa pela respectiva inicial em inglês. O terceiro elemento
é o período, que é a duração em segundos de um ciclo de luminosidade. As características são tão claras que identificam perfeitamente o farol. Quem esteja perto da barra do Tejo, por exemplo, poderá ver um ponto de luz originado pelo farol do Bugio e um outro proveniente de São Julião da Barra. O primeiro vem marcado nas cartas com «Fl G 5s», o que quer dizer que emite relâmpagos (Fl) verdes (G) de cinco em cinco segundos. O segundo vem assinalado com «Oc WR 5s»,
o que quer dizer que emite uma luz quase contínua, com momentos breves de ocultação (Oc), que tem cor branca numa posição (W) e vermelha noutra (R), com ciclos de cinco segundos.O veraneante que esteja noutros locais da costa pode
também tentar identificar as características dos faróis que se encontram por perto. Verá que não é tão difícil como parece. E se adquirir o livro Faróis de Portugal, agora editado pela Marinha e pela Ciência Viva, poderá consultar esse guia ilustrado e verificar se calculou correctamente a característica do farol em causa.Os faróis fornecem indicações preciosas sobre a localização dos navios. Continuam a ser muito úteis, mesmo na era do GPS e da navegação automática. Facilitam a navegação costeira visual, o que dá uma segurança adicional aos pilotos e comprova a posição do navio. Servem ainda para marcar rotas, como acontece, por exemplo, na entrada da barra do Tejo. Aí, os pilotos podem colocar os navios no enfiamento dos faróis da Gibalta (na Marginal, perto de Caxias) e do Esteiro (no arvoredo do Estádio Nacional), seguindo assim por uma rota segura, onde o rio é profundo.Noutras situações, os pilotos observam a altura angular a que os faróis lhes aparecem acima do horizonte. Sabendo a altitude a que realmente está o foco luminoso e aplicando algumas regras de trigonometria elementar, podem estimar a proximidade da costa. Noutras ocasiões ainda, medem os ângulos que vários faróis fazem entre si, por onde podem determinar o ponto em que se encontram. Os faróis são úteis aos marinheiros de mil e uma maneiras diferentes.
Expresso
Artigo enviado por Raquel (raquelcrato@hotmail.com).
Nas noites de Verão, quando passeamos pela costa, vemos muitas vezes um farol a brilhar ao longe. A luz chega-nos de forma intermitente, como se estivesse a enviar-nos um sinal. E está! O farol está a dizer-nos o seu nome. Está a mandar-nos uma mensagem com aquilo que, tecnicamente, se designa característica do farol.Uns faróis piscam rapidamente, outros emitem sinais prolongados. Uns têm luz vermelha, outros branca, outros ainda alternam luzes de colorações diferentes. Os pilotos dos navios que se aproximam da costa sabem ler esses sinais e identificar os faróis que observam.O código é simples e compõe-se de três factores. O primeiro é a forma como a luz pisca. Se o farol emite sinais breves, diz-se que emite relâmpagos, o que se escreve com as iniciais «Fl» de «flash». Se, pelo contrário, emite uma luz quase contínua, com interrupções curtas, diz-se «de ocultação», o que se assinala com as letras «Oc». Se está
tanto tempo aceso como apagado, diz-se «isofásico», o que se indica com as letras «Iso».O segundo elemento da característica de um farol é a sua cor, que habitualmente se designa pela respectiva inicial em inglês. O terceiro elemento
é o período, que é a duração em segundos de um ciclo de luminosidade. As características são tão claras que identificam perfeitamente o farol. Quem esteja perto da barra do Tejo, por exemplo, poderá ver um ponto de luz originado pelo farol do Bugio e um outro proveniente de São Julião da Barra. O primeiro vem marcado nas cartas com «Fl G 5s», o que quer dizer que emite relâmpagos (Fl) verdes (G) de cinco em cinco segundos. O segundo vem assinalado com «Oc WR 5s»,
o que quer dizer que emite uma luz quase contínua, com momentos breves de ocultação (Oc), que tem cor branca numa posição (W) e vermelha noutra (R), com ciclos de cinco segundos.O veraneante que esteja noutros locais da costa pode
também tentar identificar as características dos faróis que se encontram por perto. Verá que não é tão difícil como parece. E se adquirir o livro Faróis de Portugal, agora editado pela Marinha e pela Ciência Viva, poderá consultar esse guia ilustrado e verificar se calculou correctamente a característica do farol em causa.Os faróis fornecem indicações preciosas sobre a localização dos navios. Continuam a ser muito úteis, mesmo na era do GPS e da navegação automática. Facilitam a navegação costeira visual, o que dá uma segurança adicional aos pilotos e comprova a posição do navio. Servem ainda para marcar rotas, como acontece, por exemplo, na entrada da barra do Tejo. Aí, os pilotos podem colocar os navios no enfiamento dos faróis da Gibalta (na Marginal, perto de Caxias) e do Esteiro (no arvoredo do Estádio Nacional), seguindo assim por uma rota segura, onde o rio é profundo.Noutras situações, os pilotos observam a altura angular a que os faróis lhes aparecem acima do horizonte. Sabendo a altitude a que realmente está o foco luminoso e aplicando algumas regras de trigonometria elementar, podem estimar a proximidade da costa. Noutras ocasiões ainda, medem os ângulos que vários faróis fazem entre si, por onde podem determinar o ponto em que se encontram. Os faróis são úteis aos marinheiros de mil e uma maneiras diferentes.
Expresso
Artigo enviado por Raquel (raquelcrato@hotmail.com).