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2006-06-29

 


Há Greve e greve
Há decisão e há perseguição


Nada tenho a favor ou contra as greves. Trata-se de uma forma de luta e pode ser utilizada numa luta justa ou numa luta injusta. Apesar de ser habitualmente dito que é a forma derradeira de luta dos trabalhadores, não raras vezes, vemos o recurso à greve ser moeda corrente.

Desde os meus tempos de estudante que por mim passaram várias greves, umas vezes aderi, outras não. Como em tudo na vida fiz o meu juízo e arquei com as responsabilidades das decisões por mim tomadas.

Agora se há coisa que sou frontalmente contra, e que mais uma vez em dia de greve na empresa onde trabalho constatei, é a existência dos chamados Piquetes de Greve.

E o que são os Piquetes de Greve, não são nem mais nem menos que uma forma de pressão e persuasão que impede os trabalhadores de decidirem com livre arbítrio. Eles colocam-se às entradas dos edificíos controlando o registo das entradas e verificando quem “pica” e quem não “pica” o cartão.

Talvez por isso, em dia de greve, existe uma quantidade de trabalhadores que acaba por faltar, ou meter férias, sem aderir ou deixar de aderir à greve.

Fica a perder a democracia e a própria força da greve, pois nunca se sabe de que forma é que a percentagem de adesão foi conseguida. Pela justiça da luta ou por métodos de coacção “pidescos”.

2006-06-27

 
Ainda sabemos cantar,
só a nossa voz é que mudou:
somos agora mais lentos,
mais amargos,
e um novo gesto é igual ao que passou.

Um verso já não é a maravilha,
um corpo já não é a plenitude.


Eugénio de Andrade

2006-06-24

 



Começa hoje a FIA - Feira Internacional de Artesanato, e está na zona da Expo até ao próximo dia 2 de Julho, vale a pena passar por lá!

2006-06-23

 


A cidade que não existia

Foi na FNAC do Colombo que, a um preço verdadeiramente de saldo - menos de 4 euros, dei de caras com este livro de Banda Desenhada de Enki Bilal com texto de P. Christin. Era um livro que tinha lido na adolescência e que me tinha marcado.

Um livro marcadamente politíco e que, entre outras coisas, acaba por transmitir algo que li uma vez num texto de Che Guevara "quem luta por um ideal e o atinge só pode fazer uma coisa, ir para outro sitio e lutar por esse msmo ideal", ou seja que revolucionário seria capaz de viver na sua própria utopia ?

Mas, esta segunda leitura deste livro, agora que sou um pouco mais maduro, levaram-me a ler outras coisas que no então me tinham escapado e, a apreciar como nunca, o traço de Bilal e a influência de Gaudi na cidade utópica que é construída.

Lá na FNAC ainda ficaram lá outros livros do Bilal, nem todos com P. Christin, mas igualmente bons. É de passar por lá.


2006-06-20

 


Bad Books don't E-zine - 2ª edição já está on line

Para quem não sabe o Bad Books don't E-zine é o E-zine do Fórum literário Bad Books Don't Exist !. Nesta segunda edição e para além de textos em prosa e poesia, alguns de grande qualidade, dos forenses do BBDE vale a pena ler as entrevistas com Ágata Ramos Simões e com Ondjaki.

Se quiserem, também podem espreitar um texto meu.

2006-06-19

 


Contos de adúlteros desorientados

Trata-se de uma colectânea de pequenos contos e crónicas de Juan José Millás editada pela Temas & Debates.

No seu estilo muito próprio de humor e critica social, Millás taz-nos diferentes histórias que tomando como base o adultério correspondem a verdades bastante diversas. Desde o adultério assumido, ao platónico ou ao feito com o própio conjuge.

Na verdade fala-se sobre o amor, a ternura e o sexo. Mas fala-se também sobre as vidas vazias ou as vidas que face a determinado acontecimento ganham novos rumos.

Deixo aqui dois pequenos trechos para vos deixar de saliva na boca. O primeiro do conto “Um homem pervertido” onde aquilo que pode ser considerado perversão é no mínimo estranho e outro de “Uma falta íntima” onde Millás mostra o seu talento de escritor, descrevendo o acto amoroso que é algo estranhamente dificil de fazer sem cair em lugares comuns.

Ela olhou-o um pouco intrigada, pedindo-lhe que mostrasse o dinheiro antes de começarem.
- Quando eu tiver visto o dinheiro, explicas-me como gostas de cavalgar.
O homem deu-lhe umas notas, e disse que gostaria que vissem televisão os dois, de mão dada, por uns instantes.
- Imagina – explicou – que é domingo à tarde e que estamos sozinhos em casa, sem crianças, a ver televisão.
Ela ficou um pouco tensa.
- Tu não serás um pervertido ? – perguntou.
Ele explicou-lhe que passava a vida a viajar, sempre de um lado para o outro, e que de vez em quando gostava de fingir que estava em casa, junto da mulher.
- Pois olha, pede à tua mulher que veja televisão contigo. A nós pedem-nos coisas normais. Os loucos como tu começam por ver televisão e acabam por armar uma cena de violência doméstica.

(...)

Suavemente, deslizei entre os lençois e comecei a acariciá-la com a nostalgia, a tristeza e a felicidade com que um ancião acariciaria a criança que fora um dia. A mulher, longe de opor alguma resistência, deixava-se tocar com uma passividade feroz, repleta de gemidos que pareciam sair de todas as aberturas do seu corpo. Esta húmida como as paredes de uma gruta, suave, modelável e morna. Explorei, ansioso, cada ponto do seu corpo, e, invadido pelo seu cheiro, pelo seu toque, pela sua ternura, pelos seus humores, arrastei-a para o interior do roupeiro, fechei a porta e fundimo-nos num abismo fora de qualquer compreensão, cheio de nada, excepto do seu grito e do meu, que encheu o roupeiro eprovocou o esvoaçar – sinistro e salvador – das roupas que o móvel continha.

Das nossas bocas de trevas não saiu uma palavra, os nossos olhos não chegaram a tocar o que viam as nossas mãos, mas os nossos corpos formaram arquitecturas impossíveis, sonhos, acoplamentos em que a sua necessidades e a miha ficaram unidas para sempre.

Quando o desejo enfrqueceu, surgiu o carinho, como surge a perfume de uma pétala apertada entre os dedos.

2006-06-14

 


Vemos, ouvimos e lemos. Não podemos ignorar.

Eu sou a voz incómoda que não se cala.
Que te diz que para além do Mundial e da porra das novelas existe Guantanamo.
Que te lembra que cada morto no Iraque não é apenas um flash noticioso de cinco minutos na abertura de cada telejornal.
De cada telejornal que perde mais tempo a discutir o último casamento falhado da princesa não sei das quantas.

Eu sou aquela voz irritante do grilo que não mata mas moi.
A voz que descobre no sorriso feliz de cada criança a imagem apagada de todas aquelas para quem o sorriso é uma miragem que cai do céu em caixotes de arroz atirados de um helicóptero de uma ONG.
Sou a voz que pergunta quanta parte dessa ajuda vai parar a quem faz a guerra.

Eu sou a voz incómoda
A voz que não esquece e que se pergunta amargurada se pode ser mais do que apenas a estúpida de uma voz que ninguém ouve. Que pergunta se pode ganhar braços. Braços que segurem os corpos enforcados em celas de Guantanamo e que calem as obscenidades de quem chama ao desespero um acto de guerra.
Braços que cultivem a terra lado a lado com quem mais precisa. Braços que ajudem sem paternalismos. Braços que distingam a caridade da solidariedade.

Eu sou a voz triste que por vezes fala, que já não incomóda, que se repete, se entristece e nada faz. Eu sou a voz inconsequente do desespero da impotência. Eu não queria ser uma voz. Eu queria ser um mar de esperança e de alegria, de luta e de força. Queria ser um mar de sustento, um mar que apenas banhasse a alma dos homens bons. Que lhes desse alento e esperança, que fosse espelho, que obrigasse cada homem a ver o outro lado, que obrigasse cada um a conhecer o outro, a perceber, a conviver.

Eu sou a voz falsa e afónica. Eu não sou nada. Eu sou a voz que fala mas não age. Sou a medra do grilo falante sem os poderes da fada azul.


Título de um poema de Sophia de Mello Breyner Andersen
Foto de Neal Curley

2006-06-06

 
Vem aí o Mundial !

E mais uma vez começam-se a sentir os sintomas: o formigueiro nos pés, os olhos a tornarem-se esféricos, o abastecimento de cerveja e, claro, as bandeiras, bandeirolas e bandeirinhas.

Pois é vem aí mais um campeonato de futebol e o pessoal prepara-se para festejar. espero é que não se esqueçam que vamos ter, pelo menos, três grandes comunidades de adeptos: a portuguesa, a brasileira e a angolana e que nos festejos saibam se respeitar uns aos outros.


2006-06-04

 
Alicante

Passei cinco dias nesta cidade espanhola tão agradável. As praias são óptimas assim como as esplanadas e os passeios onde se vendem bugigangas e t.shirts. Torrão não. Após algumas buscas infrutíferas lá descobri que o torrão de Alicante não é fácil de encontrar nesta altura do ano porque se trata de uma especialidade de Natal.


Foram dias de trabalho numa conferência latino-americana que correu muito bem. Descobri que, ao contrário do que eu julgava, não existem picardias ou rivalidades entre portugal e Espanha, ou Brasil e Argentina. Apenas uma picardia comum de todos contra os de Madrid. Mas saudável :-)


Sobre a cidade, num rochedo enorme, fica o Castillo de Santa Bárbara. A meio da encosta fica o restaurante La Ereta onde se comeu (e sobretudo bebeu) maravilhosamente.

Como sempre que vou a Espanha fica a recordação de um povo simpático, cheio de vida e que vive a vida em sociedade enchendo as ruas e as esplanadas. O único senão a Ibéria ter perdido as nossas malas que chegaram com três dias de atraso.

2006-06-03

 
Donas de Casa Desesperadas



Uma das minhas séries favoritas é “Donas de Casa Desesperadas”, estas cinco mulheres são fabulosas, não são “teen-agers” irritantes, são mulheres maduras, charmosas, um pouco loucas, algumas com filhos outras não, que vivem a vida como ela é.

Penso que em todas nós há um pouco delas.

Umas das minhas favoritas é a Lynette Scavo, Felicity Huffman, que também protagonizou o filme Transamérica, tendo-lhe valido a nomeação de melhor actriz nos óscares 2006.

Lynette, é uma super mãe, super esposa, super trabalhadora, enfim, uma super-mulher, com “eles no sitio”. Aqui há tempos dois amigos meus falavam dela, dizendo que quase não a reconheceram no Transamérica, bla bla, rematando que a achavam um pouco “máscula” !!

Talvez por a sua personagem na série, ser a mãe, o pai, o marido, o patrão, etc, ou seja, a Lynette veste as “calças” lá em casa, talvez por isso a apelidem de um pouco máscula....Não sei...eu acho a divinal, gira sensual, uma verdadeira super mulher, com tudo o que isso tem de bom e de mau!


2006-06-01

 

Dia Mundial da Criança




Há várias maneiras de ajudar as crianças, pode-se contribuir na AMI, e hoje também se pode adquirir por apenas mais 3 euros, um livro de contos infantis editado pelos Médicos do Mundo, são apenas duas sugestões que vos deixo entre inúmeras maneiras de ajudarmos um pouco!