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2004-11-30

 
Eleições antecipadas

O Presidente da República, vai dissolver a Assembleia, o que, significa, eleições antecipadas. O sinais vinham-se avolumando. O Governo parecia insistir em dar tiros nos pés. Iam-se os anéis e, pelos vistos, também os dedos. Sem rumo, com escândalos ou problemas graves internos, de relacionamento ou de falta de coordenação, quase todas as semanas, dos seus quatro meses de vida, o Executivo ia-se afundando como uma nau minada por dentro, construída à pressa, com materiais de qualidade duvidosa. Perante cada rombo, em vez de uma terapia de longo curso, fez-se o remendo com pastilha elástica. Apesar de culparem a tormenta, o mar manteve-se calmo, intensificando apenas o murmúrio pelo somatório de vozes que emergiram, algumas do fundo, por necessidade de descolar do status quo.
Mas, o futuro, levando em conta o espectro político actual, coloca-me algumas reservas. É por isso que, ansiando pela queda deste Governo, não fico muito animado. Tenho esperança e optimismo, q.b.. E também razões para dizer, com alguma objectividade, que o melhor é esperar para ver... De qualquer modo, por enquanto, sinto-me mais aliviado.

 
Hoje a Fnac está caótica, mas vale a pena, 10% de deswconto para aderentes !!! Pois é....

 
A blogoesfera, o que é ?
(Parte I)


Depois de por duas vezes, numa curta conversa, ter falado da blogoesfera. O meu amigo perguntou-me o que raio era a blogoesfera. A resposta é mais complicada do que parece e, provavelmente, colocada a diferentes bloggers, teria respostas igualmente diferentes. Segue-se aquilo que poderiam ser as respostas de alguns dos blogs que leio habitualmente:

A blogoesfera segundo...

Avatares de um desejo

A blogoesfera é o espaço intímo onde cada um se revela até o chamado ponto de não retorno. Como um decote generoso onde os seios estão lá, visiveis, mas onde existe um resquício de pudor que cobre uma pequena parte, quiça, tornando o conjunto mais revelador. Também a blogoesfera é assim. Revelamos o nosso intímo até um determinado ponto, com a plena consciência que se tudo fosse revelado, o conjunto seria bem menos encantador.


Renas e veados

A blogoesfera é o sitio onde podemos mostrar as nossas raízes, ideias e orientações sexuais sem correr os riscos da sociedade homofóbica nos perseguir. É o local onde cada um se assume como aquilo que é, não só a parte visível mas, e muito mais importante, a parte que no dia a dia por vezes se oculta. Não é por acaso que é na sociedade americana, onde a terra das liberdades é cada vez mais a terra das discriminações, que existe o maior número de bloggers. Mas qualquer dia será o dia do outcoming dos bloggers onde, cada um, à luz do dia, mostrará quem é, sem a necessidade da utilização do seu alter ego.


Tempo Dual

A blogoesfera existe
Dilata-se
E Permanece


Abrupto

Numa sociedade onde o governo controla cada vez mais os meios de comunicação a blogoesfera tornou-se um espaço de reflexão na luta contra a ditadura dos media que há quem queira impor. É aqui que as elites portuguesas, tal como acontece noutros países, veja-se o exemplo das eleições norte-americanas, efectuam um verdadeiro debate para além das partidarites agudas que domina a sociedade actual.

2004-11-28

 
3º aniversário

O Literatura, arte, cultura comemora o seu terceiro aniversário. Em mais uma edição, Avelino Rosa, mantém o alto nível que já nos habituou.

É de louvar a sua perseverança e a existência de espaços como este no ciberespaço. Não deixem de visitar.

2004-11-27

 
PARABÉNS À FAROLEIRA CRISTINA :-)
Um grande abraço directamente do Alentejo para a Cristina que faz hoje anos!

2004-11-25

 



E de repente anoitece

Todos estamos sós no coração da terra
trespassado por um raio de sol;
e de repente anoitece.

Salvatore Quasimodo (1901-1968)
Mesa de Amigos
(versões de poesia por Pedro da Silveira)
in Poemário
Assírio & Alvim

2004-11-24

 
Guerra Junqueiro escrevia in “Pátria”, em 1896:

"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta (...) Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta ate à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida intima, descambam na vida publica em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na politica portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro (...) Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do país, e exercido ao acaso da herança, pelo primeiro que sai dum ventre, - como da roda duma lotaria.
A justiça ao arbítrio da Politica, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas; Dois partidos (...), sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes (...) vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se amalgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, - de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar (...)".
(Texto enviado por um amigo).

2004-11-23

 
Gestos estranhos

Com o evoluir dos tempos há certos gestos que se tornaram obsoletos. Porque os gestos, também eles, acompanham a tecnologia. Por exemplo:
- Meter a chave na fechadura de um carro
- Discar um número de telefone
- Levantar-se para mudar de canal na televisão
- Rodar a manivela para fechar o vidro do carro
mas o que me faz mais saudade é o de pousar cuidadosamente a agulha sobre um 33 rotações...

2004-11-21

 
O Novo Diário de Bridget Jones



A conhecida solteirona está de volta aos écrans com as suas “manias”, gorduras a mais, fumar ou não, será que ele me ama? And so, and so...
Mark , o seu actual namorado, continua “very british”, e bastante comedido nas suas atitudes, enquanto Daniel continua o mesmo conquistador de sempre. Na sua nova aventura, Bridget é presa por posse de droga na Tailândia, uma das mais hilariantes partes do filme, é a sua vivência com as outras reclusas. De resto, o filme é assim para o sereno, deixa-nos muito aquém do gozo que tivemos com o primeiro. De qualquer modo, ligeirinho e bom de ver, à falta de melhor alternativa

 
Desabafo de Domingo

Vês e não lês,
lês e não crês,
não é possível, não podes acreditar ao que isto chegou.
E não é só aqui,
é na América, no Iraque,
no Afeganistão, na Costa do Marfim
mas é aqui, neste luso pequenino que ainda te espantas e te revolta mais.
Como é que isto é possível, como é que ninguém vê, como é que ninguém não faz nada e onde é está o Wally, e tu e eu o que vamos fazer,
talvez f..., talvez f...

E então revoltas-te, sabes que tens de fazer alguma coisa e se ninguém faz nada porque não tu. Crias um blogue, escondes o nome e lanças farpas aguçadas na blogoesfera. Enches as caixas de comentarios dos outros com os teus palpites, os links aparecem e a raiva permanece mas agora rima com o gostinho especial de te permitir esvaziar a bilís ao compasso de cada post.


2004-11-19

 
Caixa de costura

Nunca compreendi
a caixa de costura.
Testemunha muda
de tardes e gerações,
poder feminino
sobre o útil, no fundo
dos carrinhos e dos dedais
devia haver
a esperança.

Pedro Mexia
In “Duplo Império”, edição de autor, Lisboa, 1999

2004-11-18

 
AACS acusa Governo de "pressão ilegítima" no caso Marcelo

e agora ?

Onde está o Wally !?



2004-11-17

 


O anjo da tempestade

Primeiro estranha-se depois entranha-se.

Esta frase resume o sentimento que tive ao ler este livro. Espécie literária do célebre Bolero de Ravel, onde Nuno Júdice volteia sobre a história do assassinato do tio-bisavô do narrador, adicionando-lhe personagens ou factos em cada volteio e tecendo uma complicada filigrana de relações entre seres existentes, ficcionados ou saídos de pinturas onde independentemente da ordem temporal se estabelecem paralelos e parecenças.

É um romance diferente mas depois de entrar naquele imaginário, o livro torna-se realmente bom.

Um outro elemento se acrescenta, porém, a esta história. A mulher que ali tocava piano, uns anos mais tarde, foi minha explicadora de francês; e foi ela que me abriu o caminho para que eu, num tempo em que os livros de Marx só se podiam ler nessa língua, tivesse entrado no universo do materialismo histórico, e tivesse percebido os mecanismos que conduziram, sem qualquer alternativa, à morte do meu tio-bisavô.

2004-11-16

 
Diários de motocicleta



De Walter Salles, com Gael Garcia Bernal e Rodrigo de la Serna nos principais papeis.
Ernesto Guevara tem 23 anos, Alberto Granado é o seu melhor amigo, e completa brevemente 30 anos. Para comemorar, desafia o seu amigo a uma viagem de moto, “La Poderosa”, pela América do Sul. Durante a viagem, os amigos, vão se apercebendo das desigualdades existentes neste mundo, e tomam contacto directo com muitas situações, chegam mesmo a se hospedar num retiro destinado a leprosos (não esquecer que Guevara está a terminar o seu curso de medicina, e a especialidade que tem seguido é a cura/prevenção da Lepra).
Aqui Ernesto Guevara é ainda um jovem romântico, divertido, ingénuo e até meio trapalhão, nada nos faria prever que se iria tornar no lutador Che Guevara.
De qualquer modo e independentemente de concordarmos ou discordamos das ideologias de Che Guevara, vale a pena ver o filme e conhecer melhor estes dois homens.
De salientar os excelentes desempenhos de ambos os actores.

2004-11-15

 


Calvin & Hobbes

Cada vez que leio o Calvin percebo o quanto dele há em mim, penso que em todos nós...

A forma como ele atravessa a fronteira entre a realidade e a sua imaginação. Os seus grandes sonhos que se contrapôem à rotina do seu dia a dia. E, tal como o Calvin, temos o nosso Hobbes, ora mero objecto, ora personagem cúmplice e essencial. Só que, se enquanto criança podia assumir esse amigo imaginário, hoje, com a minha idade, assumi-lo era declarar-me esquizofrénico.



2004-11-14

 
A guerra explicada às crianças
Hospital em Bagdade, Iraque

Mustafa Adnan, dois anos, habitante de Fallujah. Vêmo-lo aqui, numa cama de um hospital da capital iraquiana, depois de ter perdido uma perna quando a sua casa em Fallujah foi alvo dos ferozes combates entre as tropas norte-americanas e os rebeldes instalados na região.

Um dia tentarão explicar-lhe por que perdeu uma perna nesta luta por uma vida plena para o seu povo. Um dia, Mustafa poderá perguntar qual a razão por que foi assim "punido" aos dois anos de idade.



O texto e a foto foram retirados integralmente do site da RTP. A foto é de Mohamed Messara e o texto não está assinado. É pena, eu assinava por baixo.


 
Este fim de semana, em Barcelos, surgiu um novo líder


não sei é porque se viam tantas bandeiras laranjas e não azuis e brancas...


 
"A admiração começa onde acaba a compreensão"
Charles Baudelaire



Blue Moby Dick, Pollock

2004-11-12

 
Às sextas-feiras os gatos descem aos Blogs - palavra de Rena



 
145

Na passada quarta-feira batemos o nosso record de visitas diário com 145 visitantes diferentes. Claro que não é nada para este ou para aquele. Mas o nosso Farol brilhou de alegria !

 
Há um ano "postavamos" assim...
Memórias de Farol


Profissões impensáveis #4

Dando seguimento à ideia que o Pedro teve, aqui deixo mais uma profissão.

Mês de Julho, Açores, Ponta Delgada

- Bom dia, dá-me uma boleia até ao aeroporto? (pergunto eu a um casal)
- Sim, claro vamos mesmo para lá, não nos custa nada.
- Gostei muito da minha estadia aqui na ilha, os senhores fazem o que?
- Ah nós somos Pais Adoptivos de Animais...(respondem com um sorriso de
felicidade estampado na cara)
- A sério? E como fazem isso?
- Olhe desculpe-me um pouco, não se importa que eu páre um pouco o carro?
- (Olho o relógio, ainda tenho tempo para o meu avião), não claro que
não...aproveito para esticar as pernas...
O Senhor estaciona o seu mercedes e sai, abre o porta bagagens e de lá
retira um fundo de garrafa de água de plástico, ao lado vejo um enorme saco
cheio de ração, e mais uns garrafões de água, ele aproxima-se então de um
cão vadio, e dá-lhe de comer e beber, despedindo-se dele com uma festa.
- Está a ver? Mais um amigo que eu fiz...
- (Espantada, pergunto, à senhora, ao entrar de novo no carro) O seu marido
faz sempre isto quando vê um animal?


- Claro que sim! Eu também faço, sabe eu sou responsável pelo canil aqui da
ilha, recolhemos e tratamos todos os animais que nos batem à porta. Aliás,
por vezes até tenho alguns cães e gatos em recuperação na minha própria
casa.
- A sério? E recompensa-lhes esta profissão?
- Sim claro, desde então a nossa familia aumentou, sabe em casa além de nós
dois, temos sete cadelas e dois gatos, e por vezes ainda recebemos visitas
de amiguinhos, quer melhor salário, que uma familia feliz?

Este post é dedicado ao Florival, Fernanda, Sara, Maya, Nikita, Pretinha,
Castanhinha, Mimosa, Fofinha e Pinóquio. Os factos relatados e os
intervenientes são reais, isto não é ficção.


Post de 2003.11.12 por Cristina

2004-11-11

 


Levantado do Chão

Este era um dos poucos livros de Saramago que me faltavam ler. Se soubesse que era tão bom não tinha estado tanto tempo em poisio.

Sobre este livro, Saramago disse "Isto é o Alentejo" e Pedro Mexia "É o melhor livro comunista escrito em Portugal". Na verdade é um livro que relata a vida do latifúndio, desde os tempos da monarquia até às ocupações de terra que se seguiram ao 25 de Abril. A história é-nos contada através das estórias da família Mau-Tempo e da aldeia Monte Lavre onde vivem, num verdadeiro hino à coragem do povo alentejano.

Todos os anos, em datas certas, a pátria chama os seus filhos. É um modo exagerado de dizer, habilidosa cópia de algumas proclamações usadas em hora de aperto nacional, ou de quem em seu nome fala, quando importa, para fins confessos ou inconfessos, que sejamos mostrados como uma imensa família toda feita de irmãos, sem distinção de Abel e de Caim. A pátria chama os seus filhos, ouve-se a voz da pátria a chamar, a chamar, e tu que até hoje nada mereceste, nem o pão para a fome que tens, nem o remédio para a doença que te tem, nem o saber para a ignorância, tu, filho, desta mãe que tem estado à espera desde que nasceste, tu vês o teu nome num papel à porta da junta de freguesia, não o sabes ler, mas alguém letrado aponta com o indicador a linha onde se enrola e desenrola uma minhoca preta, és tu, ficas a saber que essa minhoca és tu e o teu nome, escrito pelo amanuense do distrito de recrutamento, e um oficial que não te conhece e de ti só quer saber para isto, põe o seu dele nome por baixo, é uma minhoca ainda mais enredada e confusa.



 
MORREU YASSER ARAFAT ... e agora que desculpas irão Israel e os EUA inventar para que não avance o processo de paz e a Palestina se transforme num estado soberano ?

2004-11-10

 
Amar não acaba - Frederico Lourenço



Amar não acaba. É como se o mundo estivesse à minha espera. E eu vou ao encontro do que me espera.
Clarice Lispector, A Descoberta do Mundo.


Trata-se de uma autobiografia do autor, bem escrita e com algum interesse. Apenas aconselho a leitura a quem goste da obra do autor, que inclui a trilogia, Pode Um desejo imenso, À beira do mundo e O curso das Estrelas (trilogia que recomendo vivamente).

"A minha tenacidade argumentativa levou vários padres a ficarem-se, perplexos, pela aporia de repetirem “vem na Bíblia, filho, vem em São Paulo”, ao que eu tentava responder “sim, mas na Bíblia a usura também é pecado: se a Igreja não condena a banca e a alta finança e se o próprio Vaticano tem um banco, não tem nada que condenar o sexo entre dois homens. Ou então que condene também o crédito à habitação”.

Frederico Lourenço
in Amar não acaba
Livros Cotovia

 
Há um ano "postavamos" assim...
Memórias de Farol


Profissões impensáveis #3

- Vejo que traz uma grande caixa de ilusionismo debaixo do braço, para onde vai ?

- Vou trabalhar. Eu sou um animador de crianças.

- Um quê ?

- Um animador de crianças. Em part time claro. É que a seguir ao jantar existem muitas crianças que não sabem o que fazer. Os seus pais, pelo contrário, têm muito que fazer e precisam, também, de ter um pouco de tempo para estarem juntos. Então eu junto as crianças do prédio, na sala do condomínio e temos todos os dias uma sessão de hora e meia.

- E que fazem durante esse tempo ?

- Jogos. Lemos livros, fazemos teatro. São crianças de idades muito variadas que de outra forma e apesar de morarem no mesmo prédio não se conheceriam. Aqui juntam-se e partilham brincadeiras. Quando voltam para casa estão mais sossegadas e os pais também já tiveram o seu tempo de repouso. Creio que ajudo muito a saúde mental familiar.

- E o senhor, não se cansa ao fim de tanto tempo ?

- Sabe a minha mulher não pode ter filhos e ao invés de tentarmos adoptar um, resolvemos dedicar-nos a esta nova profissão. Ela trabalha no prédio ao lado. Também nós, depois deste tempo em que estivemos separados mas em que ambos lidámos com crianças, estamos muito melhor para passar o resto do serão juntos.

Post de 2003.11.10 por Pedro



 
Os Coristas



Ontem fui à ante estreia do filme Os Coristas, de Christophe Barratier, com Gérard Jugnot no papel principal.
O filme começa com Pierre Morhange, famoso director de orquestra, que tem de regressar a França para o enterro de sua mãe. Já em casa materna, é subitamente surpreendido por um colega de há 50 anos, que conheceu, na década de 1950, num internato francês de nome “o fundo do pântano”. Pépinot entrega-lhe um diário, escrito pelo continuo do internato, Mathieu que foi relevante na vida de ambos. Todos os jovens do internato são rebeldes e revoltados, para o que contribui o comportamento azedo do director, que os castiga por tudo e por nada. Mathieu, um ex professor de música é contratado como vigilante, e aqui estabelece uma relação com as crianças e a sua paixão - a música, e vemos estes rebeldes jovens a se renderem ao carinho de Mathieu, e à sua paixão, formando todos um coro.
O filme é muito bonito, é comovente, divertido, passa um pouco pela “fórmula” do Clube dos Poetas mortos. Adorei!

2004-11-09

 



Palavras dúbias

Quando a minha empregada Ucraniana, pela primeira vez, me disse “- Posso limpar você?” e mais tarde acrescentou “- Não, não. Não ir limpar você, só por no lixo”, deixou-me apreensivo. A princípio, porque não me parecia estar com ar de quem precisava de um banho ou de qualquer limpeza exterior. Depois, porque quase me senti ofendido, como se fosse um qualquer traste que merecesse um fim comum, logo menos digno. Só alguns minutos depois entendi que se referia ao meu escritório e ao cesto dos papéis. Sorri comigo mesmo, pensando que devo ter dito coisas bem piores em cantonense, quando me encontrava em terras das China. Até hoje, nunca a corrigi, porque sei das dificuldades em entender a nossa língua. E, retirando estes apartes, fala até razoavelmente português. Fruto da necessidade e do futuro com que esta gente sonha.
Se com ela, por vezes, tenho de fazer algum esforço de imaginação, mas acabo sempre por entendê-la, o mesmo não se passa com pessoas que têm por matriz a língua de Camões, que, supostamente pelo menos, é a minha também. Confesso que, muitas vezes, não as entendo, não pelas palavras que empregam mas pelo sentido que lhes dão. Ou melhor, por as usarem sem sentido. É por isso que passo cada vez mais tempo no meu escritório, para desespero da Ludomila.

 


15º ANIVERSÁRIO DA QUEDA DO MURO DE BERLIM. QUE SIGNIFICADO E QUE MUDANÇAS TEVE ESTA QUEDA ?

Vi na televisão uma peça sobre o assunto e remexi na minha memória e na gaveta recordações sobre esta queda: O pedaço de muro ( "recuerdo" de Berlim ) que guardo na minha secretária, envolto por um plástico e com o carimbo com a data de 9/11/1989 está muito remexido porque já passou pelas mãos de muitas pessoas!
NA memória guardo a visão de um homem adulto a chorar quando escutou a notícia na rádio: O muro da vergonha tinha caído!
O desmoronar deste muro que dividia uma cidade foi o princípio do fim do mundo saído da 2ª guerra mundial; fim da guerra fria, fim de duas Alemanhas.
E foi o princípio de uma Alemanha unificada e de toda uma Europa reunida à volta C.E. ....
Foi boa esta queda? Sem dúvida! Mas ....
Deixo aqui o desafio : 15 anos depois da queda deste muro que dividia uma cidade, um país, um continente e em suma o mundo : Como estamos? O mundo está mais pacífico ? Estamos melhor?
Recorda-me aquela canção brasileira: Para melhor está bem , está bem ... para pior já basta assim!
Digam de vossa justiça:

 
Hoje pelas 22.30 na RTP1, um grande filme, aqui fica a sugestão!


2004-11-07

 
Duas estrelas

A estrela que está no céu
Pôs-se um dia a voar
Viu outra estrela nas ondas
Era a estrela do mar

As duas estrelas se olharam
E ficaram encantadas
Juntas nadaram, voaram
Duas estrelas apaixonadas

E ao darem o primeiro beijo
Tornaram-se uma estrela cadente
Se a vires, pede um desejo
Como faz tanta gente

Pedro Farinha - Junho 2001

2004-11-06

 
Kiss me



Confesso que ia de pé atrás a ver este filme, mas até que foi positivo. O argumento é ligeiro, a fotografia é boa, o guarda roupa muito adequado. A Marisa Cruz, está bem melhor do que pensava na pele de Laura, uma mulher que foge do marido deixando para trás um filho e uma terra alentejana preconceituosa. É acolhida por uma Tia que lhe ensina a lidar (ou não) com os homens. Uma grande fixação por uma diva – Marilyn Monroe e muita referência cinéfila, preenchem este filme de António Cunha Teles.
Não se compara ao Noite Escura de João Canijo, mas vê-se bem.

 
Eis o resto do seu casaco de peles



Com a chegada do frio algumas lojas voltam a pôr à venda roupa feita de peles de animais que foram mortos apenas para esse fim. A Animal lançou uma campanha de boicote ao El corte inglés exactamente por isso. Saiba como participar aqui.


2004-11-04

 
Cartões e presentes de Natal



Pois é...o natal está à porta, e que tal visitares o site da Unicef, e escolheres lá os teus cartões e presentes de natal?

Proporciona, às crianças, um futuro melhor.

2004-11-03

 
Pequenos grandes prazeres

Por vezes há pequenas coisas que nos dão grandes prazeres ou que, quase, que nos comovem.

Uma delas é poder ver, passados tantos anos, Os pequenos vagabundos. Não sei que idade tinha a primeira vez que pude sonhar com o tesouro dos templários, o belo soriso da Marion des Neiges ou a valentia de Jean Loup. Sei, de certeza, que foi uma das séries que mais marcou a minha infância e por isso foi com uma nostalegria que a pude rever agora que saiu em DVD.

Ao ver os Pequenos Vagabundos, desta feita, acompanhado dos meus filhos, senti o duplo prazer de vê-los a se encantarem com a mesma série que tanto me encantou e de, nesse momento frente ao écran, eu ter a mesma idade dos meus filhos, pois é com os meus olhos de criança que vi o DVD.


P.S. Este post pode não ser facilmente compreendido por todos aqueles que tiveram a enorme infelicidade de não poderem ter apreciado Os pequenos vagabundos enquanto crianças.

2004-11-02

 
Noite escura



Um belíssimo filme português, de João Canijo, com Beatriz Batarda, Rita Blanco e Fernando Luís (entre outros).

A acção situa-se algures no interior, onde uma casa de alterne é gerida pela Mãe (ex-prostituta), pelo Pai (chulo), e por duas filhas, sendo uma o “benjamim” da familia em contraste com a outra que é “pau” para todo o serviço.

Tudo se complica quando a filha mais nova, a preferida, é “doada” pelo pai a cidadãos russos para pagamento de uma divida.

João Canijo, transporta-nos neste cenário, em torno dos diálogos das excelentes interpretações, rodeadas de multifacetadas cores e sons.

No cinema português já se respira verdadeiramente cinema, este filme é a prova.

2004-11-01

 


Momento

Essa luz de novembro será esta
esmagada nas fachadas
Há um lugar no parque sob as árvores
A vida pouco a pouco treme como
um relâmpago de água

Gastão Cruz in Crateras

Fotografia de Rui Norte