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2004-12-30

 



A todos os faroleiros, e a todos os que por aqui passam e nos lêem, desejo um Feliz Ano Novo, e que 2005 vos traga tudo de bom.

Aqui fica uma receita de Carlos Drummond de Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


Texto extraído do "Jornal do Brasil", Dezembro/1997.


 
Shall we dance



Chega brevemente às nossas salas de cinema, esta comédia romântica ligeira, de Peter Chelsom com Richard Gere, Jennifer Lopez e Susan Sarandon.
John tem um bom emprego, uma mulher charmosa, uns filhos encantadores, mas...sente a falta de algo. Um dia na sua viagem de comboio diária, vislumbra uma bela mulher, com um ar melancólico, à janela de uma escola de dança. Decide então, matricular-se na referida escola. Aqui começa uma nova etapa da vida, novos amigos e muita dança, mas não a revela à família e aos colegas de trabalho.
Desenganem-se os que pensam que irão ver os clichés habituais românticos, este é um filme cheio de música e ritmo, bem disposto, simpático, ligeiro e muito agradável de se ver.

 
UM DIA DE CADA VEZ ...

Como o ano está a acabar decidi resolver os assuntos que fui deixando pendentes nos últimos meses ... Um desses assuntos era um telefonema difícil a alguém que nos últimos 18 meses passou por provações muito difíceis( só recentemente soube o que se passava) : Trata-se de uma velha companheira dos bancos da universidade, de noites e dias de estudo, de farras e passeios a catedrais ( leia-se locais onde se abanava o capacete e bebiam uns copos) que anda a lutar por continuar neste mundo dos vivos. O meu problema era o que lhe dizer.. como aborda-la?
Hoje resolvi ligar e a conversa fluiu durante cerca de uma hora já estivemos a pôr a escrita em dia e acabei por levei uma bela lição de vida:
- Tive direito a uma segunda oportunidade de ver as minhas filhas crescerem e estou a reaprender a andar! Disse-me ela na sua voz de sempre . E acrescentou : - Aprendi a viver um dia de cada vez e 2005 vai ser o ano que em que a minha vida irá retomar a normalidade possível!
Amiga acredito que sim e louvo essa tua coragem em lutares conta as adversidades: Um bom ano de 2005 para ti e para todos.

Os dias passam, os meses correm e os anos voam mas nunca te esquecerei de ti!: Nos meus tempos de estudante alguém me escreveu esta dedicatória na capa de um caderno


2004-12-29

 
Amanhã, penso que a partir das 17.00 horas, a TMN, lança uma campanha de solidariedade para com as vítimas do violento terramoto, basta enviar uma mensagem a dizer AJUDA, para o nº 12700 ou para o 12500, custa 1 euro, e reverte totalmente a favor das associações AMI, Cruz Vermelha e outras. Não custa nada não é? Vamos lá mandar uns sms.


 


O tempo dos SLOWs

Normalmente era nas tardes de sábado que eles cobriam a transparência das janelas com cortinas pretas e afastavam as mesas de ping-pong por forma a transformar a sala de convivío numa pista de dança.

Eu chegava sempre um pouco antes da hora e avançava com ar decidido para o rapaz a quem tivesse calhado ficar a guardar a porta. Estendia-lhe a mão e perguntava-lhe se estava tudo em ordem. Normalmente ele respondia que sim e deixava-me entrar sem se lembrar de me perguntar pelo bilhete.

As primeiras músicas, nesses anos 80, nada interessavam para nós. Serviam apenas para cativar as miúdas com os nossos moveres de pernas para que, mais tarde, não recusassem um slow.

Os slows começavam invariavelmente com o Tonight e mal soava o acorde inicial e as luzes se tornavam cabisbaixas, tentávamos deseperadamente convencer alguma miúda a dançar connosco. Senti-las, assim, encostadinhas a nós, roçando saliências peitorais recém nascidas ou até mesmo sentindo o bater do seu coração de encontro ao nosso peito era um autêntico climax. Alguns afortunados chegavam mesmo a roçar as faces e às vezes, sorte grande, a tocarem os lábios num beijo casto.

Aqueles que não arranjavam par, dirigiam-se para o bar e bebiam uma cerveja ou uma cola. Sim, foi assim que eu, no 9º ano, me habituei a esconder a minha inépcia com um copo na mão.


 



O Fantasma da Ópera surgiu em livro em 1910, escrito pelo autor Gaston Leroux.
Conta-nos a fantástica história de Christine, uma jovem cantora de ópera, que tem como seu “anjo da guarda” um fantasma residente na ópera de Paris. Este é um homem desfigurado detentor de um enorme talento. Quando Christine se apaixona por Raoul, o fantasma enfurecido promete vingança para com todos.

Joel Schumacher, Emmy Rossum, Gerard Butler, Patrick Wilson, Miranda Richardson, Minnie Driver, trazem ao grande écran a magia musical de Andrew Lloyd Webber.

É um musical poderoso, com um excelente guarda roupa, boas interpretações e muita música. Adorei o filme, há quem o ache demasiado longo, eu não achei, acho que para se “viver “ esta belíssima história de amor, na fantástica ópera de Paris, tinha de assim ser. Em Abril, tive a oportunidade de assistir em Londres ao musical, e gostei de agora rever esta história em cinema, e de novo escutar aquelas fantásticas músicas. Recomendo.

2004-12-28

 


Budapeste

"A minha pátria é a língua portuguesa" disse Fernando Pessoa, e essa seria também a pátria de José Costa, o protagonista deste romance, ainda que o seu português de carioca se diferenciasse do de Pessoa. Neste romance, ao trocar a língua portuguesa pela magiar, José Costa transforma-se em Zsoze Kósta e muda realmente de pátria. Com as novas palavras vêem, também, novas emoções e a vida deste escritor anónimo entra num rodopio frenético.

O livro é excelente e cheio de ritmo, ou não fosse ele escrito por Chico Buarque.

A passagem por Budapeste se dissipara no meu cérebro. Quando a recordava, era como um rápido acidente, um fotograma que trepidasse na fita da memória. Um lance ilusório, talvez, que me dispensei de referir a Vanda ou a quem quer que fosse. É verdade que a Vanda tampouco se preocupava em saber que grandes escritores eram esses que eu encontrava todo o ano, em congressos que ninguém noticiava. Talvez se defendesse de fantasiar aventuras do marido mundo afora, poetisas, dramaturgas, antropólogas que me fizessem perder o juízo e o avião de volta.

2004-12-27

 



O meu amor
Chico Buarque/1977-1978Para a peça Ópera do malandro, de Chico Buarque

Teresinha: O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca
Quando me beija a boca
A minha pele toda fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada, ai

Lúcia: O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
Que rouba os meus sentidos
Viola os meus ouvidos
Com tantos segredos lindos e indecentes
Depois brinca comigo
Ri do meu umbigo
E me crava os dentes, ai

As duas: Eu sou sua menina, viu?
E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha
Do bem que ele me faz

Lúcia: O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
De me deixar maluca
Quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba malfeita
E de pousar as coxas entre as minhas coxas
Quando ele se deita, ai

Teresinha: O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
De me fazer rodeios
De me beijar os seios
Me beijar o ventre
E me deixar em brasa
Desfruta do meu corpo
Como se o meu corpo fosse a sua casa, ai

A duas: Eu sou sua menina, viu?
E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha
Do bem que ele me faz.

Dia 26 de Fevereiro não vou faltar, é no CCB, não é Henriqueta? ;)



2004-12-26

 


Lisboa luminosa

Só hoje, agora que o stress do Natal já passou, pude ir ver como Lisboa se enfeitou este ano. Muito bem, diga-se.



2004-12-25

 
O contentor

Um grito irrompeu na noite fria logo seguido por uns passos aflitos.

Gaspar levantou os olhos e viu o Zé a correr para a porta do contentor. Lá dentro estava a Maria que ele abrigara às escondidas do encarregado da obra, grávida de fim de tempo. Um gesto solidário como esse, era comum no José, tanto mais que Maria era ainda muito nova, quase uma criança. Mas a verdade é que, apesar de ele o negar, todo o pessoal da obra desconfiava que ele era o pai da criança.

Gaspar suspende o trabalho e endireita as costas. A porta do contentor abre-se deixando sair uma janela de luz para a terra revolvida. José entra e vem à porta abrindo os braços, mas um novo grito impede-o de dizer seja o que for e volta a entrar no contentor.

Gaspar olha à volta até os seus olhos se encontrarem com os do homem negro ao seu lado, que apesar do frio da noite, teima em vestir apenas uma camisola de alças. Não precisam de falar para se precipitarem em uníssono em direcção ao contentor. Os passos abrandam ao chegarem à porta. É Gaspar, o mais afoito, que espreita para dentro e vê Maria estendida, no chão, com o sangue a escorrer-lhe por entre as pernas. Recua então sem saber o que fazer, é obvio que o bebé vem já a caminho e não dá tempo para chamar nada e ninguém, se é que alguém se pode chamar para assistir um parto em pleno estaleiro numa fria noite de Dezembro, ainda para mais feriado.

Um outro homem se junta a eles, a cor da sua pele, branquíssima, contrasta com a do homem negro. É o outro homem que com eles partilha o contentor, sem hesitar entra no contentor e dirige-se à cama improvisada. Perante o olhar acutilante de José, levanta a manta manchada que cobre as pernas de Maria. Sente o olhar de José na sua nuca e vira-se mostrando o azul claro dos seus olhos. O olhar é firme e decidido, um olhar que quer dizer – eu sei o que é preciso fazer. E assim é, não foi há muito tempo que em condições pouco melhores que aquelas ajudou a sua própria filha a nascer.

No umbral da porta Gaspar e o homem negro, espreitam ansiosos, sem saber como ajudar ou o que fazer. Viram então as costas, deixando a luz sair livre para fora e partem em busca sabe-se lá de quê.

Nem eles sabem, mas sabem que de alguma forma têm de ajudar. Dirigem-se ao contentor ao lado onde pretensamente só deveria haver ferramentas. Mas se o encarregado ali entrasse grande seria a sua surpresa, afinal é lá que têm dormido desde que o Zé recolheu Maria e a trouxe para o contentor-dormitório. Escolhem algo de entre o pouco que têm. Cobertores, uma toalha limpa, pão e um naco de carne pois a fome pode apertar. Juntam tudo, que é coisa pouca, debaixo dos braços e partem de novo para a escuridão. Ao fundo, a guiá-los, brilha o rectângulo iluminado da porta do contentor. Metem-se a caminho, sem pressas. Nenhum deles tem especial vontade de ver o bebé a nascer. Já não se ouvem gritos nem gemidos.

Ao entrarem no contentor vêm Maria com um menino nos braços, José ainda segura a navalha que traz sempre consigo, no bolso, e com a qual acabou de desenhar um umbigo. As mãos muito brancas do ucraniano estão manchadas de sangue, mas ele não se preocupa com isso nem com que o sangue lhe pingue nas calças de ganga. Afinal elas já ostentam muitas outras pingas, de tinta e de lama.

Gaspar fica parado perante aquele quadro. Quer dizer alguma coisa mas as palavras esbarram-lhe na boca como se ela fosse muito pequena para tão grandes palavras. Estende o que trouxe, o mesmo faz o negro - não é ouro nem incenso nem mirra, mas é de boa vontade – acaba por dizer. O negro Baltazar sorri mostrando uns dentes muito brancos. No chão, ainda ajoelhado, Belchior o ucraniano sorri também.

Um novo grito irrompe na noite, agora é Jesus que quer mamar.

texto escrito originalemnte para aqui

2004-12-24

 
A todos quero desejar um um santo e Feliz Natal com muita paz e saúde! Um abraço a todos

2004-12-23

 
Receita de Natal

Prepare uma forma
Do tamanho do mundo.

Barre com muito amor...

Polvilhe mesmo levemente
Com fraternidade

Bata em separado
Uma boa dose de amizade

Junte um sorriso de criança
Com flocos de ternura
E tolerância

Misture tudo na forma
Até que a massa fique
Consistente

Leve a lume brando
Indefinidamente

Faça a cobertura
Com os pedaços de paz
Que conseguir reunir!

Ah! Não é necessário sal
Sirva-se em todo o lado
Todo o ano
É esta a minha
Receita de Natal

João Moutinho

Para ouvir clique aqui

2004-12-22

 
Feliz Natal


para todos os faroleiros e visitantes que por aqui passam

 
Birth - Reencarnação



Chega em Janeiro às nossas salas de cinema, o filme Birth de Jonathan Glazer, com Nicole Kidman no principal papel.
A história apresenta-nos Ana, uma jovem viúva que está prestes a casar de novo. Tudo parece correr bem, até que lhe surge um rapazinho de 10 anos, que lhe revela ser Sean, o seu falecido marido.
Apesar da sua incredulidade, Ana fica perturbada com certos factos que o rapaz revela, que só poderiam ser do seu conhecimento e do falecido marido.
Mas chegamos a um ponto que um segredo é revelado e deste, o jovem rapaz não tinha conhecimento.
Enfim, um filme entre o suspense e o sobrenatural, sem ponta por onde se pegue! De evitar. Este filme tem estado referido como polémico em duas cenas: Nicole beija o rapaz, e há um banho de banheira compartilhado. Desenganem-se, pois de escandaloso nada tem, o beijo de lábios é discreto e o banho idem.

2004-12-21

 
Hoje começou o Inverno


Pintura de Monet

2004-12-20

 
A História de Marie e Julien



De Jacques Rivette, com Emmanuelle Béart, Jerzy Radziwilowicz, Anne Brochet, Nicole Garcia.
Após o seu Sabe-se Lá, chega-nos mais um longo filme de Jacques Rivette.
Julien é relojoeiro, solitário que faz chantagem com Madame X, uma mulher rica. Está apaixonado há já um ano por Marie, que recupera de um complicado amor, e aparece e desaparece misteriosamente da vida de Julien. Este acaba por convidá-la a viver consigo e partilham então a mesma casa. Além disto, nada sabemos das personagens, que se vão dando a conhecer cena a cena. Se Marie continua misteriosa, Julien continua solitário com os seus relógios, e com o tic tac de música de fundo. O filme transmite-nos uma grande desconfiança, até porque Marie acaba por se envolver na chantagem, e teima em redecorar um quarto da casa onde Julien nunca entra.
O filme seria muito bom, se não fosse tão inactivo e longo. Assim, aparte das excelentes interpretações, saímos um pouco cansados desta história. De salientar Nevermore, um gato que está presente em todo o filme, muito expressivo e sempre senhor do seu nariz.

2004-12-19

 
Caçadores de Mentes



Realizado por Renny Harlin, com Val Kilmer, LL Cool J, Christian Slater, Eion Bailey, Will Kemp, Jonny Lee Miller, Clifton Collins Jr., Kathryn Morris, Patricia Velazquez.

Um thriller em que sete agentes do FBI que se dedicam a desvendar perfis assassinos, são submetidos a várias provas para provar o seu desempenho. Num fim de semana juntam-se todos numa ilha para mais um treino, mas subitamente um dos agentes é assassinado, seguindo-se outros crimes bizarros, sempre com horas marcadas pelo assassino, e com armadilhas muito características.

Apesar de não ser um argumento por aí além, o filme está bem conseguido, o ritmo de toda a acção, e a engenhosa deixa de pistas, prende-nos no seu todo.

 
Código Postal

Estarmos convencidos de que vamos conseguir fazer algo é meio caminho andado para na realidade o conseguirmos.

 



opa faxavor coça-me a barriguinha! :-)

2004-12-18

 
Há um ano "postavamos" assim...
Memórias de Farol


A BICA


Tomo-a, assim, sofregamente, acotovelando uma multidão. O milagre das manhãs, que me acorda para a vida. Retemperando as noites de insónia, povoada de fantasmas teimosos. Os mesmos que encontro agarrados às mesas, debruçados sobre o balcão do Café do meu bairro. Num vai vem alucinado. Não sei se da pressa para ir para o trabalho, se da fuga à realidade. Mas estão sempre com pressa, sempre em movimento, sempre secos e calados.
A máquina do Café não pára. Vai derramando doses e doses de cafeína. Dou comigo a rir, ao estabelecer, sem qualquer paralelismo, a comparação com uma casa de “chuto” legalizada. Ao lado, um sujeito de casaco comprido, castanho claro, olha para mim enfastiado. Tem o nó da gravata bordeou mal feito e desalinhado, sobre uma camisa cor-de-rosa com riscas brancas e um colete azul celeste. Que mistura mais esquisita... Mas o semblante do meu companheiro de ocasião está solene, carregado, sinal de importância e de reprovação do meu riso extemporâneo. Olhei-o nos olhos. Raiados de sangue, fixavam-me como uma ave de mau agouro. Fiquei sem saber, nos poucos segundos em que tentámos perscrutar mutuamente, o que pretendíamos descobrir. Mas senti que aquele homem padecia de uma profunda amargura pela vida.
Uma mendiga esperava à porta do Café. Encharcada pela chuva que caía, repetia uma cantilena, estudada ou apenas necessária à sobrevivência. Dei-lhe um euro, com o mesmo gesto mecânico com que pagara a bica. Mantive o guarda-chuva fechado. Precisava de refrescar as ideias, de me sentir vivo. De embrenhar-me no nevoeiro dos meus próprios fantasmas.

Post de 2003.12.18 por Avelino Rosa


 
Dúvida

Quando compramos uma lingerie sexy para a mulher que amamos, estamos-lhe a oferecer uma prenda de Natal ou estamos a oferecer uma prenda de Natal a nós próprios ?



2004-12-17

 
Somos uns queixinhas...

Para quem anda por aí sempre a queixar-se (como eu, confesso) vejam só o resultado de um estudo da Revista Economist:

“Portugal foi eleito o 19º melhor país do mundo para viver, tendo em conta diversos aspectos como a qualidade de vida, a saúde, o trabalho e os valores de família. O estudo foi realizado pela revista britânica Economist, sendo que a liderança é ocupada pela Irlanda que obteve 8,33 pontos em 10 possíveis, numa análise feita a 111 países.
Os primeiros 20 países eleitos como os melhores do Mundo para viver estão assim ordenados: Irlanda, Suiça, Noruega, Luxemburgo, Suécia, Austrália, Islândia, Itália, Dinamarca, Espanha, Singapura, Finlândia, Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia, Holanda, Japão, Hong Kong, Portugal e Áustria.
Entre os países da América Latina, o Chile foi o que ocupou a melhor posição (31), seguido pelo México (32), Costa Rica (35), Brasil (39) e Argentina (40). Referência também para o facto de o Reino Unido ter caído para o 29º lugar, o mais baixo dos 15 países da antiga União Europeia (UE).
Os analistas incluíram entre os seus parâmetros, aspectos da qualidade de vida, salários, politicas de saúde, liberdade de expressão, desemprego e valores de família, assim como o clima e a igualdade de sexos.
De acordo com a publicação, a Irlanda obteve o primeiro lugar «porque combina alguns dos factores mais desejados, como o baixo desemprego, estabilidade e liberdade política e a possibilidade de formar uma família estável».”

Este texto, que suponho de uma notícia publicada há alguns dias, agora enviado por uma amiga (as desculpas por não citar a fonte, porque não me lembro nem constava do email, mas fica a vénia devida e a promessa de citação logo que seja reivindicada a autoria), deixa-me perplexo. Ou este estudo foi elaborado por uns rapazes que se deslumbraram com o sol do Algarve e desatinaram com uns copos (e sabe-se lá mais com quê) nos bares nocturnos do sul deste rectângulo ou o resto do Mundo anda muito pior do que eu pensava. Mas, a dar-lhes crédito, tenho de admitir que o Dr. Murrais Sarmento tem, afinal, toda a razão. O que a comunicação social transmite não é nem verdade nem didáctico. Também há uma terceira hipótese: como saio pouco de casa, estou desfasado da realidade. Talvez... Mas, como também trabalhei nas estatísticas, ainda me lembro da falácia dos números. E depois da comunicação do Prof. Cavaco Silva, de agorinha, há pouco, apetece-me concluir: “Duhaaa...!”

2004-12-16

 
Pesquisas

Alguns dos leitores que nos chegam através do google, vêm à procura de informação sobre farois. Pois, aqui n'O Farol das Artes somos mais para as artes que para os farois. No entanto, e para que a pesquisa tenha valido a pena, ficam a saber que podem comprar este livro:


da autoria de Jaime Figueiredo e que fala sobre os 48 farois existentes em Portugal (continental e ilhas) aqui.


2004-12-15

 
Tou a adivinhar chuva

Devia ter uns vinte e pouco anos e cantarolava enquanto passava as minhas compras na máquina de leitura óptica. “- Não faça caso, mas olhe que tou a adivinhar chuva! Pelo menos é o que a minha mãe diz quando canto lá em casa. Portanto, é melhor acautelar-se...”. Ri com ela, numa quase cumplicidade. “- Não tem importância, porque tenho o guarda-chuva no carro. Mas não deixe de cantar mesmo que chova.”.
O tempo estava de sol e de algum frio, neste dia 15 de Dezembro, pelo menos até me encafuar nas quatro paredes de um gabinete sombrio. Mas é recorrente a imagem da rapariga cantarolando. Porque estava feliz? Porque sobrevêm alegrias a par de tristezas, repentinas e inexplicáveis? Porque há gente que sabe beber o cálice da vida apenas até ao ponto em que não embriaga?... Não, não me apetece fazer o vão exercício dos porquês da existência, apenas constatar que a vida, no fundo, é feita destes pequenos nadas.

2004-12-14

 
Sorte Nula



Um filme de Fernando Fragata, com Helder Mendes, Adelaide de Sousa, António Feio, Rui Unas, Isabel Figueira, Bruno Nogueira, Carla Matadinho.

Alberto é levado para um cemitério de carros, pelo seu sócio, que o quer matar. Acredita este que Alberto além de manter um caso com a sua mulher vai ainda partir amanhã com ela para o Brasil. Enquanto Alberto está fechado na bageira de um carro, o sócio é misteriosamente assassinado, a partir daqui o ritmo frenético de infidelidades, entre os vários protagonistas não pára, levando-nos numa teia construída hábilmente.
Um filme português com muito humor negro e com a presença sublime da banda sonora dos Xutos & Pontapés. Destaque para os, excelentes, papeis de Helder Mendes e rui Unas. A ver sem dúvida alguma


 



(email recebido do site do Pedro Tochas)

Pedro Tochas apresenta

"Maiores de 18"
stand-up comedy para adultos

Todos nós temos uma faceta pervertida, radical, de extremos, que escondemos das outras pessoas, onde dizemos, fazemos ou pensamos coisas que temos vergonha de mostrar à nossa mãe.
Este é o mundo de "Maiores de 18".
Sexo, política, raiva e ainda mais sexo num espectáculo que vai do ofensivo ao poético, com uma comédia agressiva para uma sociedade agressiva.
Este espectáculo pode mudar a tua vida...
...ou talvez não!

Atenção:
Este espectáculo contém linguagem e
imagens que podem chocar as pessoas
mais sensíveis!!!

Não te esqueças espalhar estas novidades por toda a gente:
- Coloca no teu blog,
- Manda por SMS,
- Faz Forward deste email,
- Ou ainda, caso tenhas influência num orgão de comunicação social
(tipo trabalhar lá), arranja maneira da notícia sair.

Numa palavra: INVENTA!!!!

Por agora é tudo.

Cheers,
Pedro Tochas


Terça -feira, 14 de Dezembro, às 17 horas, estarão à venda os bilhetes para o espectáculo:

"Maiores de 18" no Teatro-bar do Teatro da Trindade

Bilheteira do Teatro da Trindade: 21 342 00 00 (Fechada às 2ªs)

Nota: Os bilhetes também estarão à venda em todos os locais habituais
(FNAC, Ticketline, etc.)


2004-12-13

 
Amanhã com o Público, por mais 25 euros, três filmes imperdíveis: Elephant de Gus Van Sant, Dogville de Lars Von Trier e Swiming pool de François Ozon.

 
"Todos me falavam da sua beleza. Mas ela não gostava de ser bela. A avó sempre respondia:se sou bela então maldita seja a beleza! Era assim que ela falava. A beleza, dizia, era uma gaiola que o avô inventara para ela ser pássaro. Um desses pássaros que canta mesmo em cativeiro. E o engano dessas aves é acreditar que o céu fica do lado de dentro da gaiola."

Mia Couto
in A chuva pasmada
Caminho Editores.

2004-12-12

 



Polar Express

Não há Natal sem filme de Natal. E Polar Express não foge muito aos lugares comuns destes filmes: o espiríto do Natal e o acreditar no Pai Natal.

Este filme conta-nos a história de um rapazinho que embarca no Polar Express rumo ao Pólo Norte, ainda que não tenha a certeza de acreditar na existência do Pai Natal. Mas como diz o "Tom Hanks" quase no final do filme, não importa para onde o comboio vai, importa é embarcar.

Um filme para ver com toda a família.

2004-12-11

 
O Tesouro



Do realizador de Piratas das Caraíbas,Jon Turteltaub, com Nicolas Cage, Harvey Keitel, Jon Voight, Diane Kruger, Sean Bean, Justin Bartha, Christopher Plummer.

Ben Gates, pertence à terceira geração de uma familia de caçadores de tesouros. Tem ao longo da sua vida o sonho de encontrar um grande tesouro, o maior do mundo, aquele que até os templários esconderam. Herança, esta, deixada pelo seu tetravô, e que a familia já perdeu a esperança de encontrar.
Segue de pista em pista, aquelas que se escondem mesmo em frente de todos os americanos.
A longa jornada leva a um mapa escondido no verso da Declaração da Independência. Um roubo que Gates tem de realizar para poupar que o tesouro caia nas mãos de Ian, o seu terrível adversário. Ben tem de escapar ao FBI, e escapar ainda ao inimigo, conta com a ajuda voluntária do seu divertido companheiro Kyle e do seu contrariado Pai, que vive preocupado com as caças aos tesouros do seu filho. Surge ainda Abigail, responsável no Museu onde se encontra a declaração.
O filme é acção e entretenimento, com belissimos actores que nos levam, numa espécie de Código Da Vinci, em que seguimos de pista em pista sem dar pelo tempo passar. Uma maneira de passar bem duas boas horas do dia.

 


Manoel de Oliveira

Foi há 96 anos que o maior cineasta português de todos os tempos nasceu no Porto. Depois de ter passado pelo desporto e até pelo trapézio, estreia-se como figurante no filme Fátima milagrosa em 1928. Dessa experiência fica-lhe o gosto e no ano seguinte inicia as filmagens do seu primeiro filme que se estreia em 1931 - Douro, Faina Fluvial.


Mas é com Aniki-Bobó, em 1941, o seu primeiro filme de ficção e um dos mais emblemáticos do cinema português que Manoel Oliveira ganha prestigio.


Desde então, e até hoje, é um nunca mais parar de filmar sempre entre as excelentes criticas internacionais e o pouco sucesso em Portugal.

Da sua filmografia destacam-se filmes como Acto da Primavera (1962), Francisca (1981), Non ou a vã glória de mandar (1988), Vale Abrãao (1993), A carta (1999) e o seu último filme O príncipio da incerteza de 2002.

Com 96 anos, hoje feitos, o que nos reservará ainda este homem que já venceu no Cinema, mas também no automobilismo, atletismo e no trapézio voador ?


 



Parabéns ao blog Renas & Veados, um dos meus preferidos!

2004-12-09

 


Amanhã, vai ao cinema ajudar a Amnistia Internacional

É a primeira vez que a Amnistia Internacional lhe pede que seja um mero espectador.

Vá ao cinema no dia 10 de Dezembro e ajude a Amnistia Internacional

Já passaram 56 anos desde que as Nações Unidas proclamaram a Declaração Universal dos Direitos Humanos, elaborada para dar resposta às atrocidades cometidas durante a II Guerra Mundial. A Declaração Universal nasceu da determinação comum em tentar evitar a repetição desses dias negros, mas tantos anos depois, ainda se praticam atrocidades em todas as regiões do mundo, ainda há pessoas a sofrer violações dos seus direitos por terem ideias diferentes, todos os dias pessoas são torturadas, condenadas à morte, e obrigadas a fugir dos seus países por correrem risco de vida.

Tantos anos depois ainda é preciso fazer mais.

Cada um de nós pode fazer a diferença. É por isso que propomos que, no dia 10 de Dezembro, com um pequeno gesto, como seja, ir ao cinema, os cidadãos mostrem o seu compromisso para que a Declaração Universal dos Direitos Humanos se torne uma realidade em tudo o mundo.

Desta forma estará também a ajudar a Amnistia Internacional, porque uma percentagem das receitas de bilheteira de todas as sessões reverterá para organização.

A lista de todas as salas que participam nesta acção está apresentada aqui.

Esta acção só é possível graças à generosa colaboração dos exibidores: Cinemas Millenium e Socorama – Castelo Lopes Cinemas S.A.

No dia 10 de Dezembro vá ao cinema!
Pelos Direitos Humanos!



 
Almeida Garrett

(150 anos após a sua morte)

Destino

Quem disse ã estrela o caminho
Que ela há de seguir no céu?
A fabricar o seu ninho
Como é que a ave aprendeu?
Quem diz à planta - "Floresce!"
E ao mudo verme que tece
Sua mortalha de seda
Os fios quem lhos enreda?

Ensinou alguém à abelha
Que no prado anda a zumbir
Se à flor branca ou à vermelha
O seu mel há de ir pedir?
Que eras tu meu ser, querida,
Teus olhos a minha vida,
Teu amor todo o meu bem...
Ai! não mo disse ninguém.

Como a abelha corre ao prado,
Como no céu gira a estrela
Como a todo o ente o seu fado
Por instinto se revela,
Eu no teu seio divino
Vim cumprir o meu destino...
Vim, que em ti só sei viver,
Só por ti posso morrer.



2004-12-08

 
Para os meus gatos



Banville afirma que quando
a vela de Camões se apagava o
poeta continuava a escrever o seu
poema à luz dos olhos do seu gato.

Gaston Bachelard

Um cão, eu sempre disse, é prosa;
Um gato é um poema.

Jean Burden


In Assinar a pele
Assírio e Alvim

 


O maior espectáculo do mundo

Todos os anos, em Dezembro, pego nos meus filhos e lá vou ao circo. E na maior parte das vezes, após uma sucessão de animais mal tratados, palhaços sem graça e acrobatas medíocres, regresso a casa empestado do cheiro das pipocas, com dores nas costas e a sensação do dever cumprido.

Este ano o ritual cumpriu-se mais uma vez e fomos ver o circo Vitor Hugo Cardinali que está estacionado no Parque das Nações. Mas desta feita assisti mesmo ao maior espectáculo do mundo ! Um malabarista, Rafael di Carlo, de bolas de futebol, uns acrobatas quenianos rastas, um número de focas excepcional, um número de palhaço ao estilo de teatro interactivo e quatro rapazes a dançarem break dance, só para citar alguns números que me ficaram na memória. E tudo isto numa tenda confortável, limpa, vendo animais com aspecto de bem tratados e num espectáculo sem quebra de ritmo.

Há muito que não saía de um circo com esta sensação de ter assistido a um momento mágico.

2004-12-07

 


Nua e crua

Este segundo romance a solo, terceiro se incluirmos o "Desculpe lá, mãe" escrito a meias com Rita Ferro, de Marta Gautier conta-nos a história de Marina, uma jovem orfa que vive uma relação de amor - ódio com a sua tia.

A história é banal e a escrita é incipiente. O livro vale apenas pela forma como termina e pela bonita fotografia da capa.

Era raro zangar-me com alguém. Para a Manuela, uma discussão tinha carácter definitivo. Era como se não houvesse regresso possível. No dia em que me chamasse porca, por ver as minhas cuecas no chão, eu passava a ser porca toda a vida. No dia em que me chamasse má, porque eu tinha gozado com a contínua da escola, eu seria má para toda a vida. Mas o Rui, devagarinho, dava-me a entender que duas pessoas podiam discutir, sem que ninguém "morresse". E aquela discussão estava a saber-me bem.

 
Sinais dos tempos?

Ontem numa superfície comercial, encontrei um velho amigo de escola, que já não via há talvez 4 anos...J., estava bem, apenas se divorciou há já 3 anos da P., também minha antiga colega de escola. Ao perguntar se M., o rebento de 6 anos estava com a P., J., exclamou:
- Não! Pai apenas aos fins de semana? Nem pensar, sinais dos tempos, M., está 15 dias com a mãe e 15 dias comigo!
Fiquei contente pela M., usufruir de ambos os Pais na sua vida, mas parece-me generalista esta visão do meu amigo. Sinais dos tempos?

2004-12-06

 


Carne e espírito

Todos os dias sinto este conflito latente em mim. O da carne e o do espírito.

E todos os dias, irrepreensivelmente, ainda é a minha cabeça que manda. Mas cada dia se torna mais complicado domar os anseios do corpo, o chamamento do calor, do aconchego, e porque não dizê-lo, da cama.

Mas até hoje tenho conseguido resistir. E nesta batalha campal que norteia o meu acordar, é a cabeça que manda e me força a largar os lençois e a ir trabalhar.

 
Os Incriveis



Depois de Toy Story, Monstros e Companhia e À procura de Nemo, a Pixar traz-nos agora os Super Heróis, num filme simpático e cheio de acção.
A família Incrível, tenta viver pacatamente a sua vida, ao abrigo de um plano governamental de protecção a ex-super heróis. Os super heróis foram marginalizados na sociedade, tendo sido processados por vários cidadãos, por exemplo, um indivíduo que se queria suicidar mas acabou por ser salvo, processou o herói responsável.
A família é composta por Roberto Pêra, um forte homem, ex-herói, que após 15 anos trabalha numa seguradora, e tem uma considerável barriguinha, mas pela noite dentro por vezes sai com o seu amigo, Frozone, Gelado, que controla o gelo, outro super-herói, e encarapuçados ainda tentam dominar criminosos.
É casado com Helena, a mulher elástico, agora uma dona de casa que tenta educar o melhor possível os seu três filhos. Violeta é uma menina muito tímida, sempre de cabelo a tapar a cara, que detém o poder da invisibilidade. Flecha o filho do meio tem a fantástica capacidade da rapidez, quando corre ninguém o apanha. O bebé da família, no inicio do filme não apresenta qualquer dom especial.
A família é envolvida numa trama, sendo o Pai seduzido e raptado pelo vilão Sindroma (Bochecha), obrigando todos a usarem os seus super poderes na missão de salvamento. A estes personagens junta-se ainda Edna, a estilista dos fatos dos nossos heróis, uma personagem cheia de piada, com uma incrível semelhança física com a actriz Linda Hunt. Finalmente, se por um lado nos recorda vagamente, a família de super espiões dos Spy Kids, estes Incríveis, são mesmo giros e engraçados, o filme é cheio de acção, e como habitualmente, é para miúdos e graúdos não deixem de ver.

PS - A semelhança com o logotipo da TVI, é que era desnecessária.

2004-12-05

 
"No princípio dos tempos, os homens utilizavam armas de pedra,que se quebravam com facilidade; passados séculos, substituiram-nas por utensílios de ferro que, embora fossem menos quebradiços, apresentavam a desvantagem de se oxidarem rapidamente. E, então, um ferreiro teve a feliz ideia de inventar uma liga de metais a que chamou aço. Mas o aço, para chegar a sê-lo, tem de passar pelas provas dos elementos: primeiro pelo fogo, para se fundir, em seguida, pela água e pelo ar para endurecer, e finalmente pela pedra para se forjar. E por fim converte-se numa espada de aço, a mais resistente das armas."
- E suponho - disse eu, irónica - que a moral dessa história é que uma pessoa só se faz forte depois de passar todo o tipo de provas.
- Forte, não. Fortes já eram a pedra e o ferro - afirmou ela, categórica - Flexível. Aí reside a diferença. Não podes sobreviver se não o fores.

Lucia Etxebarria in Beatriz e os corpos celestes

2004-12-04

 
Há um ano "postavamos" assim...
Memórias de Farol


O Stress do Natal apoderou-se da cidade. Felizmente Jesus Cristo nasceu há mais de 2.000 anos, se fosse hoje tudo teria sido diferente. Por certo teria nascido às 20:00 em ponto para poder merecer a abertura em directo dos telejornais e para além dos Reis Magos estaria rodeado de milhares de jornalistas e de corpos de intervenção para a sua protecção.

George Bush para poder ter um Jesus americano invadiria Belém, pouco antes do nascimento. O Hamas faria rebentar a cabana mesmo que matasse Jesus, desde que apanhasse lá os soldados americanos. A CNN faria directos de 15 em 15 segundos e Maria seria criticada por alguns radicais por ter um filho que não do marido.

Os cientistas do Vaticano fariam questão de lhe observar o virgo, para verificarem da veracidade do milagre. Os três reis magos deixariam de ser três. Para ser mais politicamente correcto teriam de englobar uma rainha, dois hispanos e pelo menos três asiáticos. Bush e Blair brindariam e o Durão faria questão de lhes servir os copos.

Entretanto em Portugal, os trabalhadores da TAP entrariam em greve aos vôos para Israel aproveitando a oportunidade para fazer pressão. Na blogoesfera discutir-se-ia acesamente se Jesus era de esquerda ou de direita. Marcelo opinaria e recomendaria a leitura da Biblia. Pinto da Costa reclamaria que Jesus se nasceu em Belém e não nas Antas foi por culpa do árbitro.

No Brasil, Lula saudaria o novo camarada com um Saravá e pedir-lhe-ia ajuda no programa fome zero.

Mas Jesus nasceu há uns dois mil anos e Maria pode parir... na paz do senhor.

Post de 2003.12.04 por Pedro


2004-12-03

 



Quem tem medo do escuro?


PRESIDENTE PORTUGUÊS ALVO DE CHANTAGEM. (O NOVO BEST-SELLER DE SIDNEY SHELDON)

Já tinha sido anunciado no Aviz, está aí o novo livro de Sidney Sheldon, de que sou fã, já li todos, e aguardo sempre pelo próximo. O mais recente até refere Portugal, há pois é....e recomendo! Cointinua a sublime escrita do autor com o seu toque que nos agarra!!!!!

«Numa tela de computador apareceu um mapa-múndi cheio de linhas e símbolos. Enquanto falava, Tanner mexeu num botão, e o foco do mapa ficou mudando até iluminar Portugal.
– Os vales agrícolas de Portugal – disse Tanner – são alimentados por rios vindos de Espanha para o Atlântico. Imagine só o que aconteceria com Portugal se continuasse a chover até que os vales fossem inundados.
Tanner apertou um botão e apareceu num enorme ecrã a imagem de um palácio cor-de-rosa com guardas cerimoniais em posição de sentido enquanto os seus belos e luxuriantes jardins brilhavam ao sol.
– Este é o palácio presidencial.
A imagem mudou para uma sala de jantar, onde uma família estava a tomar o café da manhã.
– Esse é o presidente de Portugal com a mulher e os dois filhos. Quando eles falarem, será em português, mas você ouvirá em inglês. Eu tenho dezenas de nanocâmaras e microfones no palácio. O presidente não sabe, mas seu chefe de segurança trabalha para mim.
Um auxiliar estava a falar com o presidente:
– Às onze da manhã o senhor tem uma reunião na embaixada e um discurso num sindicato. À uma da tarde almoço no museu. Esta noite teremos um jantar de Estado.
O telefone tocou na mesa do café da manhã. O presidente atendeu.
– Alô?
E a voz de Tanner, instantaneamente traduzida do inglês para o português, disse:
– Sr. Presidente?
O presidente levou um susto.
– Quem é? – perguntou, e sua voz foi imediatamente traduzida do português para o inglês, para Tanner.
– Um amigo.
– Quem… como conseguiu o meu número particular?
– Isso não é importante. Quero que ouça atentamente. Eu amo o seu país e não gostaria de vê-lo destruído. Se não quiser que tempestades terríveis o apaguem do mapa, deve me mandar dois bilhões de dólares em ouro. Se não estiver interessado agora, eu ligo dentro de três dias.
Na tela eles viram o presidente bater o telefone. Ele disse à esposa:
– Algum maluco conseguiu o número de telefone. Parece que escapou de um asilo.
Tanner se virou para Pauline.
– Isso foi gravado há três dias. Agora deixe-me mostrar a conversa que nós tivemos ontem.
Uma imagem do enorme palácio cor-de-rosa e seus lindos jardins surgiu de novo, mas dessa vez caía uma chuva forte, e o céu estava cheio de trovões e iluminado por raios.
Tanner apertou um botão e a cena da televisão mudou para o escritório do presidente. Ele estava sentado a uma mesa de reuniões, com meia dúzia de assessores, todos falando ao mesmo tempo. O rosto do presidente estava sério.
O telefone em sua escrivaninha tocou.
– Agora – riu Tanner.
O presidente atendeu apreensivo.
– Alô.
– Bom dia, senhor presidente. Como…?
– Você está destruindo o meu país! Arruinou as colheitas. Os campos estão destruídos. Os povoados estão sendo –Ele parou e respirou fundo. – Quanto tempo isso vai continuar? – Havia histeria na voz do presidente.
– Até eu receber os dois bilhões de dólares.
Eles viram o presidente trincar os dentes e fechar os olhos um momento.
– E então você vai parar com as tempestades?
– Vou.
– Como quer que o valor seja entregue?
Tanner desligou a televisão.
– Está vendo como é fácil? Nós já temos o dinheiro.»


 
Os Cavaleiros de S. João Baptista, de Domingos Amaral



Uma leitura muito fluída e agradável. Um romance que nos envolve nos mistérios dos enigmáticos Templários. Um rapto, um crime, muitas dúvidas, muitos mistérios, sexo e alguma história, que não se fica apenas pela ficção, são estes os ingredientes deste romance.
A ler, muito agradável.

2004-12-02

 



Sem termos o segredo da baleia
nem mesmo o voo raso da gaivota
afrontámos o canto da sereia
e traçamos a rota.

Tivemos medo, fome e ventania
morremos de escorbuto e de saudade
fizemos deste cheiro a maresia
a nossa eternidade.

E mesmo quando a sombra dum gigante
amotinou o mar medonhamente
convocámos o sonho delirante
e seguimos em frente.

Voltámos perfumados de canela
com a rosa dos ventos no cabelo
ou á sombra estelar da caravela
ficámos sem apelo.

Os capitães, os nobres, os soberanos
puderam sobre o mundo erguer a voz.
Mas quem rasgou o corpo aos oceanos
foi a grei, os humildes, os pequenos.

Os Gamas somos nós.

Rosa Lobato Faria in Memória do corpo



2004-12-01

 
A blogoesfera, o que é ?
(Parte II)


Fora do Mundo

A blogoesfera não tem importancia nenhuma. Apenas serve para poder cativar as pessoas, pondo-as a ler o que eu escrevo. O que, convenhamos, seria muito mais difícil cara a cara.


Barnabé

Na blogoesfera eles já perderam
Estudos recentes publicados aqui e aqui, provam que em termos da dicotomia esquerda-direita, é a esquerda que tem vindo a conquistar a blogoesfera. E isso é tanto mais natural já que a blogoesfera é um simbolo da liberdade de expressão, onde a meritocracia sobrepõe-se aos interesses instalados.


Sokedih




Gato Fedorento

A blogoesfera é um sitio para onde as pessoas vêem, e escrevem, escrevem, escrevem, mas não dizem nada. Se fico chateado, claro que fico chateado... anh!