2003-09-09
Ary dos Santos, fotobiografia por Alberto Bemfeita: ao lançar este álbum, a Editorial Caminho associa-se às iniciativas que visam recordar o desaparecimento, há quase vinte anos, de José Carlos Ary dos Santos. O autor propõe-nos que o acompanhemos seguindo pedaços do percurso, da vida, do rasto de Ary, desde o seu nascimento até à sua morte, ocorrida em 19 de Janeiro de 1984.
Da Minha Torre De Narciso
Ao sol, ao vento, à música, levanto
Esta voz que não tenho. A Deus imponho
A obrigação de me escutar o canto
E entender o que digo e o que sonho.
A mim me desafio. Aos outros ponho
A condição de me odiarem tanto
Que não descubram nunca o que suponho
O meu secreto e decisivo encanto.
Contra o que sou me guardo e quando oiço
Falar do que pareço, posso então
Encher o peito de desprezo e riso.
Pois só eu me conheço e só eu posso
Subir até àquela solidão
Onde me incenso, amo e realizo.
José Carlos Ary dos Santos
Da Minha Torre De Narciso
Ao sol, ao vento, à música, levanto
Esta voz que não tenho. A Deus imponho
A obrigação de me escutar o canto
E entender o que digo e o que sonho.
A mim me desafio. Aos outros ponho
A condição de me odiarem tanto
Que não descubram nunca o que suponho
O meu secreto e decisivo encanto.
Contra o que sou me guardo e quando oiço
Falar do que pareço, posso então
Encher o peito de desprezo e riso.
Pois só eu me conheço e só eu posso
Subir até àquela solidão
Onde me incenso, amo e realizo.
José Carlos Ary dos Santos