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2003-10-14

 
As paredes são de branco sujo. As batas também. Até os olhos baços e cansados adquiriram aquele tom. É por isso que quando eles entram com os seus fatos multicores, as suas caras multicores e os sorrisos nas bocas e nas mãos, prontos para dar aos outros, que todo o hospital se ilumina.

Meninos que perderam os pais, que perderam as pernas ou que perderam, apenas, a infância, sorriem de novo. Meninos cujo coração já se encheu de ódio e que esperam apenas a alta para pegarem numa Uzi, voltam por breves instantes a serem crianças. Riem com os sorrisos desfeitos de dentes em gargalhadas sonoras.

Eles fazem jogos, cantam e deixam um rasto de alegria por onde passam. São os palhaços sem fronteiras que visitam crianças nos hospitais em zona de guerra. Quando se despem e tiram as pinturas da cara, choram com o que viram mas sabem que é por isso, que é exactamente por isso, que no dia seguinte têm de abotoar o sorriso no rosto, por debaixo do nariz vermelho de palhaço e celebrar o riso das crianças mais uma vez.

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