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2003-10-10

 
Software livre


Lá estavam eles, fatos cinzentos, alguns azuis. Também eu me aperaltara para aquele colóquio, vestira a minha melhor t.shirt e as únicas calças de ganga que tenho que não estão rotas nos fundilhos.
Comecei por uma pergunta que não esperavam – Acham que alguém pode ter direito a reservar para si o ar que respiramos, a água ? Então e não será que o conhecimento é um bem igualmente essencial e que, como tal, não deveria ser partilhado entre todos ?
Alguns anuíram, outros ajeitaram-se nos assentos cor de laranja.
- Pois bem – fiz a pausa da ordem – e o que é que acham se um bem tão essencial para vocês empresários como o software fosse de igual modo partilhável ? O que é que acham se qualquer pessoa em qualquer ponto do mundo pudesse aceder a esse software e caso o conseguisse melhorar, no imediato divulgasse essa melhoria e todos tivessem igual proveito ?
- Isso não é possível e mesmo que o fosse, algum espertalhão faria umas melhorias e punha-o à venda.
- Nop. Para isso criou-se o copyleft, uma espécie de antítese ao copyright, ou seja, o software é livre, e quem quiser pode utilizá-lo, alterá-lo, melhorá-lo, mas não pode, mesmo que o transforme, torná-lo num software não livre.
Olharam uns para os outros espantados. – Isso significaria que para além do mais pouparíamos uma data de dinheiro.
- E que em cada instante milhares de pessoas no mundo estariam a trabalhar no mesmo software com vista a melhorá-lo, adaptá-lo a situações particulares, enfim estariam a trabalhar para eles mas ao mesmo tempo estariam a trabalhar para toda a humanidade.
- Na verdade não há direito de limitar o direito à informação e ao conhecimento tecnológico.
Remeti-me ao silêncio, satisfeito com as reacções produzidas. Um deles, mais afoito, gravata já escancarada e deixando o casaco a jazer nas costas da cadeira, levantou-se e rematou – Aqui o Pedro tem razão, um outro mundo é possível.

P.S. Para informação sobre software livre visite a Ansol

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