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2003-11-14

 
Casablanca # 3,

O apartamento de Rick está às escuras. Uma escuridão de bréu, pesada e abstracta, cujo silêncio é apenas cortado por um crepitar áspero de um lamento mudo, e breve como o sono. Rick abre então a porta e a luz do átrio penetra como um paquete a abrir espaço, superficies sedimentadas (há uma figura no quarto), acontecimento premonitório (é Ilsa), Rick continua, está demasiado preocupado para dar conta disso: o café dele está fechado, houve pessoas que foram atingidas a tiro, tem problemas. Mas depois, com uma pancada, acende uma pequena luz (que luminosidade! as sombras recuam, tudo recua: onde estão as paredes?) e ei-la, diante dele, segurando o cortinado aberto da janela, mais afastada como se fosse a parte da frente de uma camisa de noite, a luz a reverberar no seu rosto pálido mas determinado como se fosse electricidade estática. Rick atónito, pára por um momento. Ilse larga o cortinado e as implicações deste perdem-se, dá um passo em frente para o luar estranhamente trémula, procurando captar os olhos dele com os seus.

Robert Coover

in " Não te esqueças disto"

Ed. Difel

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