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2003-12-20

 
O meu avô

Faz hoje oito anos que o meu avô faleceu. Um dia destes vou contar-vos uma história dele. Uma das muitas que tenho e que guardo com muito carinho.
Hoje deixo aqui uma justa homenagem que o meu pai prestou no primeiro ano da sua morte, ao homem que deixou muitas saudades.

*** SAUDADE ***

Faz hoje um ano que nos deixaste...
Mas vejo ainda como se fosse agora o teu corpo frio e hirto...
A tua face serena de homem bom que sempre foste...
Dormias já o sono final... aquele de nunca mais acordamos...
Tal como hoje, naquele dia, o vento frio rugia protestando também a tua ausência...
A chuva caía insistentemente molhando a terra para que fosse mais suave a tua chegada...
E quando o teu corpo desceu ás origens e eu atirei sobre ti um punhado de
terra foi com ela um pedaço de mim...
Deixa-me chorar uma lágrima de saudade!...
Deixa-me prestar-te a minha homenagem... até ao dia em que voltaremos a encontrar-nos!...
Nessa altura dir-te-ei aquilo que sempre senti por ti meu querido velhinho!
Que te adoro!...
Eu sei que partiste para a estrada da eternidade, com a serenidade de
uma vida cheia ao serviço dos outros...
De uma vida digna, honrada, de um dever cumprido...
Faz hoje um ano que te foste, deixando para nós a saudade imensa...
A dor não mensurável de te ter perdido, de não estares mais connosco...
Agora, quando chego a casa, há o vazio da tua cadeira e só existe o diálogo da tua ausência...
Contra o qual nada posso fazer...
Contra o qual sinto uma enorme frustração...
Mas é a marcha inexorável da criação no sentido da renovação do ciclo da vida...
Tudo o que nasce, morre!...
Embora tu não devesses morrer ... eras demasiado bom para que isso te acontecesse.
E não morreste porque na verdade a tua vida continua em nós ...
Através da imensa saudade que nos deixaste... que vai ficar connosco até ao fim dos nossos dias.
Que te devolveremos depois quando te encontrarmos de novo!
No desconhecido do além, do insondável, do misterioso!...
Provavelmente no regresso à vida....
Mas até lá fica a saudade.... fica a dor da tua partida que um ano depois continua viva, forte, dura, cruel...


Florival Santos

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