2004-01-16
SUA MAJESTADE "QUEEN MARY 2"
FUNCHAL MADRUGOU PARA RECEPÇÃO APOTEÓTICA AO "QUEEN MARY 2"
O Funchal "madrugou" para assistir à escala inaugural do maior navio do Mundo. O dia não tinha ainda nascido quando, pelas 7:10 horas o "Queen Mary 2" ("QM") fazia ecoar o famoso apito audível a 10 milhas, entrando no porto do Funchal rodeado de uma flotilha de dezenas de embarcações da frota regional em verdadeira apoteose. Além do belo "teatro" de luzes, os flashes que surgiam das máquinas fotográficas em vários pontos da cidade davam a entender que a "rainha dos mares" não estava só.
Após um início de viagem atribulada, com os ventos ciclónicos que "varriam" o Canal da Mancha, o comandante Warwick, do "QM2" (filho do primeiro capitão do "Queen Elizabeth 2" que, curiosamente, efectuou a sua primeira viagem entre Southampton e o Funchal, em 1969) referiu que o poderoso navio de 150 mil toneladas correspondeu à altura.
Os madeirenses não quiseram perder o impacto visual com a entrada do "gigante" iluminado. A afluência de milhares de pessoas à avenida do Mar foi evidente, assim como aos principais miradouros. Foi como que um São Silvestre celebrado no mar pela aurora. E a largada voltou a cativar o público.
O comandante do "QM2" ficou bastante sensibilizado com a «recepção calorosa» dos madeirenses. Recorda, em especial, o momento da aproximação ao porto do Funchal, quando pegou no binóculo e viu «aquelas pessoas, ao longo da marginal, de onde saíam tantos flashes do meio da escuridão».
Quanto à eleição do porto do Funchal para esta escala inaugural, o comandante diz que essa «não foi uma decisão difícil de tomar», isto «porque há muitos anos que a ilha está fortemente associada à "Cunard Line"». Disse mesmo que «a Madeira é uma paragem óbvia», distinguindo as óptimas condições de manobrabilidade, a profundidade das águas e a beleza da baía.
O "navio dos superlativos"
Não é só no custo (780 milhões de euros), no comprimento (345 m), na altura (72 m), na largura (41 m) e na tonelagem (150 mil) que o "QM2" é o maior do Mundo. Também a bordo há pormenores que tornam o navio de 17 pisos e 1.310 cabines com varandas privadas, num navio singular.
A título de exemplo, este é o primeiro paquete com planetário a bordo, onde são projectados filmes tridimensionais numa abóbada gigante, sendo os 150 lugares centrais amovíveis. O primeiro salão de dança "flutuante" chama-se "Queen Room".
Realce ainda para o restaurante "à la carte" "Britannia", em homenagem ao primeiro navio da companhia "Cunard Line". A biblioteca e livraria conta com oito mil volumes em quatro línguas, enquanto na ampla zona de entretenimento para crianças, não faltam televisores personalizados, "x-boxes" e até uma discoteca infantil. As actividades culturais são preenchidas com peças musicais do grupo teatral da "Royal Court Theather".
Do interior do maior transatlântico do Mundo sobressai o luxo e os pormenores dos acabamentos, associados ao requinte e distinção britânica, que conserva o estilo clássico, como que a evocar os grandes paquetes dos anos setenta, em combinação com a elegância dos paquetes modernos. Por isso é que se diz que este navio foi concebido ao detalhe.
Em termos de tecnologia e operacionalidade, o "QM2" é o mais avançado de sempre, podendo ser comandado através de um simples "joystick". É o primeiro navio de passageiros dirigido a partir de quatro propulsores, que permitem uma rotação de 360 graus para manobras e navegação, tendo autonomia total para atracar, dispensando o auxílio de rebocadores. Quatro estabilizadores verticais flexíveis reduzem o movimento de rotação do navio em 90%, sendo capaz de suportar a pior das tempestades.
Funchal despediu-se do "vapor": A relação dos madeirenses com os navios não se resume à aritmética da receita turística; é um fascínio que vem de longe
Das velas, aos vapores, aos transatlânticos, ao modesto rebocador. Desde sempre os madeirenses se sentiram atraídos pelos navios e prestaram-lhes homenagem. Invenções fantásticas que iludiam o isolamento e davam a sensação de que o Mundo também passava por aqui. Que não estávamos perdidos no meio do Atlântico e que, nem que fosse só em sonhos, também podíamos viajar. "Nesses barcos a chegar", como cantaria Max.
Deve ter sido esta tradição "genética", aliada a toda a publicidade e cobertura mediática – no continente só "descobriram" na quarta-feira que o navio passava por cá, mas... – que levou milhares a acordar muito cedo para receber o "Queen Mary 2". E muitos mais a encherem a Avenida do Mar e o calhau, na despedida do maior paquete do Mundo. Depois de uma "visita de médico" de algumas horas que se repetirá, lá para Abril.
Máquinas fotográficas, das tradicionais às digitais e até aos telemóveis especiais de corrida, tudo serviu para registar a passagem pelo nosso porto da última maravilha do mar. Era o "cromo" do momento e esta terra de entusiastas de navios não podia perder.
Às seis da tarde – muita gente deve ter "roubado" umas horas ao patrão – eram milhares a acotovelarem-se para ver partir o novo "Titanic". Pelo menos foi assim que muitas crianças lhe chamaram e desenharam. "Sou o rei do mundo!", podia ler-se num dos desenhos na montra do DIÁRIO.
A praia do cais encheu-se, recordando os tempos em que os "vapores do Cabo" aportavam e os passageiros eram transportados em canoas. O fascínio foi o mesmo, só que agora era para saber se o comandante conseguia fazer a "tangente" à Pontinha. E fez, para alegria de todos os que, armados em conhecedores, sabiam que o paquete tinha direcção assistida e mais não sei quantos turbos.
Na Pontinha estavam menos, porque o dispositivo de segurança, essa invenção dos nossos tempos, obrigou a manter distâncias rigorosas. Por isso, não foi possível recordar as tardes de despedidas dos anos sessenta. As lágrimas que marcavam o adeus aos que emigravam, a bordo do Santa Maria, ou aos jovens que seguiam, no Vera Cruz e no Príncipe Perfeito, para uma guerra que ficava longe. Era o tempo em que o mar levava.
Ricardo Duarte Freitas / Jorge Freitas Sousa - DN Madeira
FUNCHAL MADRUGOU PARA RECEPÇÃO APOTEÓTICA AO "QUEEN MARY 2"
O Funchal "madrugou" para assistir à escala inaugural do maior navio do Mundo. O dia não tinha ainda nascido quando, pelas 7:10 horas o "Queen Mary 2" ("QM") fazia ecoar o famoso apito audível a 10 milhas, entrando no porto do Funchal rodeado de uma flotilha de dezenas de embarcações da frota regional em verdadeira apoteose. Além do belo "teatro" de luzes, os flashes que surgiam das máquinas fotográficas em vários pontos da cidade davam a entender que a "rainha dos mares" não estava só.
Após um início de viagem atribulada, com os ventos ciclónicos que "varriam" o Canal da Mancha, o comandante Warwick, do "QM2" (filho do primeiro capitão do "Queen Elizabeth 2" que, curiosamente, efectuou a sua primeira viagem entre Southampton e o Funchal, em 1969) referiu que o poderoso navio de 150 mil toneladas correspondeu à altura.
Os madeirenses não quiseram perder o impacto visual com a entrada do "gigante" iluminado. A afluência de milhares de pessoas à avenida do Mar foi evidente, assim como aos principais miradouros. Foi como que um São Silvestre celebrado no mar pela aurora. E a largada voltou a cativar o público.
O comandante do "QM2" ficou bastante sensibilizado com a «recepção calorosa» dos madeirenses. Recorda, em especial, o momento da aproximação ao porto do Funchal, quando pegou no binóculo e viu «aquelas pessoas, ao longo da marginal, de onde saíam tantos flashes do meio da escuridão».
Quanto à eleição do porto do Funchal para esta escala inaugural, o comandante diz que essa «não foi uma decisão difícil de tomar», isto «porque há muitos anos que a ilha está fortemente associada à "Cunard Line"». Disse mesmo que «a Madeira é uma paragem óbvia», distinguindo as óptimas condições de manobrabilidade, a profundidade das águas e a beleza da baía.
O "navio dos superlativos"
Não é só no custo (780 milhões de euros), no comprimento (345 m), na altura (72 m), na largura (41 m) e na tonelagem (150 mil) que o "QM2" é o maior do Mundo. Também a bordo há pormenores que tornam o navio de 17 pisos e 1.310 cabines com varandas privadas, num navio singular.
A título de exemplo, este é o primeiro paquete com planetário a bordo, onde são projectados filmes tridimensionais numa abóbada gigante, sendo os 150 lugares centrais amovíveis. O primeiro salão de dança "flutuante" chama-se "Queen Room".
Realce ainda para o restaurante "à la carte" "Britannia", em homenagem ao primeiro navio da companhia "Cunard Line". A biblioteca e livraria conta com oito mil volumes em quatro línguas, enquanto na ampla zona de entretenimento para crianças, não faltam televisores personalizados, "x-boxes" e até uma discoteca infantil. As actividades culturais são preenchidas com peças musicais do grupo teatral da "Royal Court Theather".
Do interior do maior transatlântico do Mundo sobressai o luxo e os pormenores dos acabamentos, associados ao requinte e distinção britânica, que conserva o estilo clássico, como que a evocar os grandes paquetes dos anos setenta, em combinação com a elegância dos paquetes modernos. Por isso é que se diz que este navio foi concebido ao detalhe.
Em termos de tecnologia e operacionalidade, o "QM2" é o mais avançado de sempre, podendo ser comandado através de um simples "joystick". É o primeiro navio de passageiros dirigido a partir de quatro propulsores, que permitem uma rotação de 360 graus para manobras e navegação, tendo autonomia total para atracar, dispensando o auxílio de rebocadores. Quatro estabilizadores verticais flexíveis reduzem o movimento de rotação do navio em 90%, sendo capaz de suportar a pior das tempestades.
Funchal despediu-se do "vapor": A relação dos madeirenses com os navios não se resume à aritmética da receita turística; é um fascínio que vem de longe
Das velas, aos vapores, aos transatlânticos, ao modesto rebocador. Desde sempre os madeirenses se sentiram atraídos pelos navios e prestaram-lhes homenagem. Invenções fantásticas que iludiam o isolamento e davam a sensação de que o Mundo também passava por aqui. Que não estávamos perdidos no meio do Atlântico e que, nem que fosse só em sonhos, também podíamos viajar. "Nesses barcos a chegar", como cantaria Max.
Deve ter sido esta tradição "genética", aliada a toda a publicidade e cobertura mediática – no continente só "descobriram" na quarta-feira que o navio passava por cá, mas... – que levou milhares a acordar muito cedo para receber o "Queen Mary 2". E muitos mais a encherem a Avenida do Mar e o calhau, na despedida do maior paquete do Mundo. Depois de uma "visita de médico" de algumas horas que se repetirá, lá para Abril.
Máquinas fotográficas, das tradicionais às digitais e até aos telemóveis especiais de corrida, tudo serviu para registar a passagem pelo nosso porto da última maravilha do mar. Era o "cromo" do momento e esta terra de entusiastas de navios não podia perder.
Às seis da tarde – muita gente deve ter "roubado" umas horas ao patrão – eram milhares a acotovelarem-se para ver partir o novo "Titanic". Pelo menos foi assim que muitas crianças lhe chamaram e desenharam. "Sou o rei do mundo!", podia ler-se num dos desenhos na montra do DIÁRIO.
A praia do cais encheu-se, recordando os tempos em que os "vapores do Cabo" aportavam e os passageiros eram transportados em canoas. O fascínio foi o mesmo, só que agora era para saber se o comandante conseguia fazer a "tangente" à Pontinha. E fez, para alegria de todos os que, armados em conhecedores, sabiam que o paquete tinha direcção assistida e mais não sei quantos turbos.
Na Pontinha estavam menos, porque o dispositivo de segurança, essa invenção dos nossos tempos, obrigou a manter distâncias rigorosas. Por isso, não foi possível recordar as tardes de despedidas dos anos sessenta. As lágrimas que marcavam o adeus aos que emigravam, a bordo do Santa Maria, ou aos jovens que seguiam, no Vera Cruz e no Príncipe Perfeito, para uma guerra que ficava longe. Era o tempo em que o mar levava.
Ricardo Duarte Freitas / Jorge Freitas Sousa - DN Madeira
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lindo Queen Mary 2
É agora dia 13 de Outubro de 2007 o 4º maior navio do mundo os maiores são os seguintes:
Independence of the Seas (o maior navio do mundo), o Liberty of the Seas
(o 2º maior navio do mundo) e o Freedom of the Seas (o 3º maior navio do mundo
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É agora dia 13 de Outubro de 2007 o 4º maior navio do mundo os maiores são os seguintes:
Independence of the Seas (o maior navio do mundo), o Liberty of the Seas
(o 2º maior navio do mundo) e o Freedom of the Seas (o 3º maior navio do mundo
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