2004-02-24
O GATO
Um gato, em casa, sózinho, sobe
à janela para que, da rua, o
vejam.
O sol bate nos vidros e
aquece o gato que, imóvel,
parece um objecto.
Fica assim para que o
invejem - indiferente
mesmo que o chamem.
Por não sei que privilégio,
os gatos conhecem
a eternidade.
OS GATOS
Em madrid, os gatos
escondem-se nos muros;
e a hera tapa-lhes
os dorsos
como se fossem reis!
OUTRO GATO
Um gato, numa casa velha, toma
posse de tudo. São dele os sofás esburacados,
as camas por fazer, os armários de portas
abertas. Sobe para cima das cadeiras e,
como um deus, olha os seus domínios
sem compaixão nem medo.
Porém, se o surpreendemos
na sua pose, inquieta-se. Arqueia o dorso,
olha-nos com ar de desafio, e só
se alguém se aproxima é que
salta, dando início à fuga por entre salas
e corredores.
Por fim, talvez o encontremos a espreitar
de um telhado; ou a sua presença furtiva se
sinta, à noite, quando nos apercebemos
do bater de uma janela mal fechada,
ou damos por que o vento empurrou a porta
do quintal.
Nuno Júdice
Estes poemas forma gentilmente enviados para a Mafalda pelo Rui Lima. Miaugado para ele.
Um gato, em casa, sózinho, sobe
à janela para que, da rua, o
vejam.
O sol bate nos vidros e
aquece o gato que, imóvel,
parece um objecto.
Fica assim para que o
invejem - indiferente
mesmo que o chamem.
Por não sei que privilégio,
os gatos conhecem
a eternidade.
OS GATOS
Em madrid, os gatos
escondem-se nos muros;
e a hera tapa-lhes
os dorsos
como se fossem reis!
OUTRO GATO
Um gato, numa casa velha, toma
posse de tudo. São dele os sofás esburacados,
as camas por fazer, os armários de portas
abertas. Sobe para cima das cadeiras e,
como um deus, olha os seus domínios
sem compaixão nem medo.
Porém, se o surpreendemos
na sua pose, inquieta-se. Arqueia o dorso,
olha-nos com ar de desafio, e só
se alguém se aproxima é que
salta, dando início à fuga por entre salas
e corredores.
Por fim, talvez o encontremos a espreitar
de um telhado; ou a sua presença furtiva se
sinta, à noite, quando nos apercebemos
do bater de uma janela mal fechada,
ou damos por que o vento empurrou a porta
do quintal.
Nuno Júdice
Estes poemas forma gentilmente enviados para a Mafalda pelo Rui Lima. Miaugado para ele.