2004-03-18
A escuridão
O tema presta-se a diversas abordagens. Desde o medo do escuro à escuridão em que muita gente vive. Confesso que, como muitos outros mortais, tenho uma ambivalência com o escuro. Ou me sinto calmo e entranhado na noite que, por vezes, tenho necessidade de criar, ou desassossegado, inquieto, com fantasmas que não convidei. Diga-se que não são seres irascíveis, truculentos, dos que arrastam correntes. São mais de um mundo próximo, demasiado, o meu. Raramente tenho medos normais. O de estar no escuro sozinho. Aí abro a luz, percorro o meu espaço e esqueço os receios.
A escuridão que mais me preocupa é a daqueles que vivem nas trevas. E não são poucos. Os que recusam a luz, por vezes, até uma réstia que seja. Vivem de coisas fúteis, inúteis, efémeras. Sem sentido. Não sei se são pobres de espírito, mas por vezes determinam a vida dos outros. Geralmente, têm a cabeça cheia de números, cifrões, aparência, arrogância, desfaçatez. E só não têm medo do escuro, porque raramente pensam que um dia acabarão iguais a todos os outros, agora finalmente semelhantes, desfeitos pelos mesmos vermes. Ou talvez seja por isso mesmo. Porque não entenderam que a vida é mais importante quanto saboreada de pequenos nadas.
O tema presta-se a diversas abordagens. Desde o medo do escuro à escuridão em que muita gente vive. Confesso que, como muitos outros mortais, tenho uma ambivalência com o escuro. Ou me sinto calmo e entranhado na noite que, por vezes, tenho necessidade de criar, ou desassossegado, inquieto, com fantasmas que não convidei. Diga-se que não são seres irascíveis, truculentos, dos que arrastam correntes. São mais de um mundo próximo, demasiado, o meu. Raramente tenho medos normais. O de estar no escuro sozinho. Aí abro a luz, percorro o meu espaço e esqueço os receios.
A escuridão que mais me preocupa é a daqueles que vivem nas trevas. E não são poucos. Os que recusam a luz, por vezes, até uma réstia que seja. Vivem de coisas fúteis, inúteis, efémeras. Sem sentido. Não sei se são pobres de espírito, mas por vezes determinam a vida dos outros. Geralmente, têm a cabeça cheia de números, cifrões, aparência, arrogância, desfaçatez. E só não têm medo do escuro, porque raramente pensam que um dia acabarão iguais a todos os outros, agora finalmente semelhantes, desfeitos pelos mesmos vermes. Ou talvez seja por isso mesmo. Porque não entenderam que a vida é mais importante quanto saboreada de pequenos nadas.