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2004-03-23

 


Olhos nos olhos
Histórias de sexo e de vida de Júlio Machado Vaz

O sexo sempre foi um tema abordado na literatura seja de uma forma mais despudorada ou mais encoberta e mais insinuada que descrita.

Diria mesmo que em qualquer livro, o sexo está sempre presente, como é aliás perfeitamente natural pois os livros falam de pessoas e das suas inter-relações e, nesse dominío, o sexo também está sempre presente. No entanto, raros são os livros em que, partindo do sexo, se constroi uma teia de sentimentos, histórias e coincidências, como podemos apreciar neste livro de Júlio Machado Vaz.

Ao todo são cinco histórias onde em cada uma existe um problema clínico de índole sexual, mas que valem pela trama que se desenrola em torno desse problema e pela sensibilidade que Júlio Machado Vaz coloca nas suas personagens.

Continuou a acariciar-lhes os cabelos, separando-os devagarinho, até os dedos encontrarem o pescoço e enviarem, trémulos, o primeiro aviso. A tremideira estendeu-se à alma, em que momento se transformara a ternura em desejo? Tentou com afinco sentir vergonha escandalizada, Mas só esbarrava no espanto. E no medo! Estaria Laura a aceitar com prazer as carícias ou sem pinga de sangue, perante a perspectiva de ser violada? Os dedos tinham menos dúvidas existenciais, desaguavam, felizes e travessos, nas costas dela, por baixo da T.Shirt. Pareceu-lhe que se encostava mais a si, mas admitiu falsear a realidade por lhe convir. Sentiu flancos firmes, uma cintura arqueada, vagueou pela orla das calcinhas. Depois voltou ao cabelo e dele à face, puxando-a gentil mas firmemente para cima. Beijou-lhe a testa e os olhos devagarinho, com o desejo a aumentar e o medo de a ver esquivar-se também. quando se aproximou dos lábios, ouviu o murmúrio de voz afectada por ruoquidão recente,
- Por mim alinho, mas tens de me ensinar.
Clara sorriu, no escuro,
- Não, aprendemos as duas.



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