2004-04-22
Os poetas que Abril abriu #4
De coração e raça
Sou português de coração e raça
Meio século comido pela traça
Fechados numa caixa
E agora ou vai ou racha
E agora ou vai ou racha
Agora vamos é ser
Donos do nosso trabalhar
Em vez de andar para alugar
Com escritos na camisa
E o dinheiro que desliza
Do salário p'ra despesa
Compro cama vendo mesa
deito contas à pobreza.
Sou português de coração e raça
Meio século comido pela traça
Fechados numa caixa
E agora ou vai ou racha
E agora ou vai ou racha
Agora vamos é ser
Donos do nosso produzir
Em vez de ter de partir
Com escritos numa mala
E a idade que resvala
Do nascimento p'ra morte
Vou p'ró leste perco o norte
E o meu corpo é passaporte.
Sou português de coração e raça
Meio século comido pela traça
Fechados numa caixa
E agora ou vai ou racha
E agora ou vai ou racha.
Sérgio Godinho
De coração e raça
Sou português de coração e raça
Meio século comido pela traça
Fechados numa caixa
E agora ou vai ou racha
E agora ou vai ou racha
Agora vamos é ser
Donos do nosso trabalhar
Em vez de andar para alugar
Com escritos na camisa
E o dinheiro que desliza
Do salário p'ra despesa
Compro cama vendo mesa
deito contas à pobreza.
Sou português de coração e raça
Meio século comido pela traça
Fechados numa caixa
E agora ou vai ou racha
E agora ou vai ou racha
Agora vamos é ser
Donos do nosso produzir
Em vez de ter de partir
Com escritos numa mala
E a idade que resvala
Do nascimento p'ra morte
Vou p'ró leste perco o norte
E o meu corpo é passaporte.
Sou português de coração e raça
Meio século comido pela traça
Fechados numa caixa
E agora ou vai ou racha
E agora ou vai ou racha.
Sérgio Godinho