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2004-05-12

 


Romance em Amesterdão

Zé Pedro tem um sonho, ser escritor, e escreve um livro. Face às “negas” editoriais, publica uma edição de autor, que pouco vende. Desiludido nos seus sonhos, muda-se para Amesterdão e é empregado de café em Amesterdão. Um belo dia irrompe pelo café adentro Mariana, uma simpática portuguesa, que para surpresa de Zé Pedro tinha adquirido e lido o seu único livro, cuja leitura a levara à Holanda, onde se passava a acção do romance do Zé Pedro.
Em Amesterdão surge o amor, a paixão, um sonho novamente, mas que se desvanece. Quinze anos depois reencontram-se numa estação de metro, no Rossio e não ficam impávidos a esta partida do destino.

“Ao ler o romance de Zé Pedro, tivera aquela ideia louca de ir a Amesterdão à procura do café de que falava o livro e, quem sabia, reconhecer o lugar onde o empregado e a viajante se conheciam, se apaixonavam e viviam um amor perpétuo. Pois bem, agora a fantasia de Mariana começava a ganhar contornos da realidade, o que era, no mínimo, perturbador.”

In Romance em Amesterdão
Tiago Rebelo
Editorial Presença


Tiago Rebelo iniciou a sua actividade jornalistica na RTP e na Rádio Renascença em 1986 e é, actualmente, o editor executivo da informação diária da TVI. Do seu percurso literário destacam-se os romances Para ti uma vida Nova, Não vou chorar o passado, Uma promessa de amor, Uma questão de confiança. Publicou também diversos livros infantis. Romance em Amesterdão é o seu mais recente romance, que nós recomendamos, e não resistimos a fazer umas perguntas, a que o autor simpaticamente nos respondeu e que aqui partilhamos.

Farol: Porquê Amesterdão? Podia ser Paris, Londres... mas a sua escolha foi Amesterdão, algum carinho especial para com esta cidade?
Tiago: Porque a ideia me surgiu em Amesterdão. As ideias e as inspirações dependem muito dos ambientes que frequentamos. Uma pessoa que não saia de casa dificilmente terá grandes ideias para escrever. Se eu tivesse pensado a história em Paris, ou se ela me tivesse surgido em Londres, teria sido uma dessas cidades, assim, foi Amesterdão.

Farol: Continuando na minha curiosidade "fisica", porquê uma estação de metro (Rossio)? para o reencontro no seu romance? Aqui há uns tempos >li um poema do Pedro Mexia, que dizia, "...Mas em certas horas/e >certos meses/estamos tão sózinhos/que até os nomes das >estações/fazem companhia. - quer comentar?
Tiago: Das estações de Metro ou das estações do ano? De qualquer forma, não costumo sentir-me assim tão sozinho porque nunca estou assim tão sozinho. E também não gosto de cultivar - ou curtir -depressões. A solidão é um estado de espírito.

Farol: Achei curioso no seu romance, e muito positivo, explicar um pouco os tempos da revolução em Portugal, o Tiago sente que a revolução teve um papel significativo na sua vida?
Tiago: Claro que sim. Quer se goste dela, quer não, a revolução alterou a vida do país e de todos nós. Qualquer pessoa que tenha vivido antes de 25 de Abril de 1974 tem a noção de que a vida em Portugal mudou, desde logo, em questões essenciais como a liberdade de expressão e a democratização da educação. E no entanto, teria sido preferível uma mudança mais suave, sem tanques, cravos, nacionalizações e ocupações selvagens e outros abusos próprios das revoluções.

Farol: Continuando a minha anterior questão, ao lermos num romance de amor, os meandros do terrorismo, nomeadamente com o Coronel Khadafi, esta temática surge devido aos tempos correntes?
Tiago: É que eu nunca pretendi que fosse apenas um romance de amor. Quanto à actualidade, o senhor Tony Blair decidiu reabilitar o Coronel já depois de eu ter escrito o livro. Agora, Khadafi já não é mais um louco terrorista que põe bombas em aviões e sim um parceiro diplomático do Reino Unido. Fico com a impressão de que Khadafi nunca foi mesmo louco. Louco é o Saddam, que não mudou a tempo...

Farol: O seu personagem, o escritor Zé Pedro, é caracterizado na pág. 129: "...Desconfiava dos escritores da moda, certo que escreviam livros á la carte com o único propósito de melhor os venderem...Era um escritor considerado pela comunidade intelectual, mas quase ignorado pelo grande público porque se recusava a fazer concessões..." E o Tiago? Como escritor como se sente na nossa sociedade?
Tiago: Eu não sou nada como o Zé Pedro, mas não me preocupo muito com esse género de coisas. Em geral, tenho sido sempre bem tratado e não tenho razões de queixa. Os leitores gostam dos meus livros e isso é o mais importante.


Ao Tiago Rebelo desejamos que o livro venda muito, e que em breve nos presenteie com mais livros seus. Obrigada pela sua simpatia e disponibilidade


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