2004-06-16
Eurocrónicas
Estórias ficcionadas que por pura coincidência ás vezes até são verdadeiras.
A minha rua tal como a maior parte das ruas do país ficou com as janelas cheias de bandeiras nacionais um ou dois dias antes de começar o Euro.
Quando cheguei a casa, depois do jogo com a Grécia temi o pior, que as janelas se encontrassem de novo despidas. Mas não, firmes e hirtas, lá se mantinham as cortinas verde-rubras.
Portanto imaginem o meu espanto quando, ainda há pouco, ao virar para a minha rua, vejo uma enorme quantidade de bandeiras retiradas. Será que afinal Portugal não ganhou ? Será que resolveram passar a apoiar a equipa apenas quando perde ? A resposta foi-me dada ruidosamente quando um carro passou. As bandeiras tinham descido à rua, empunhadas por mão jovens e saudavam os carros que passavam que devolviam a alegria com umas buzinadelas. Ao meu lado surgiu a presença, omnipresente na minha rua, do Sr. Joaquim.
- Não gosto nada deste patriotismo que só parece nestes momentos – diz-me.
É então que eu lhe explico, qual patriotismo qual quê. Estas pessoas apoiam é uma equipa de futebol, que por acaso é a nossa selecção e que por isso também usa como símbolo as cores nacionais e a nossa bandeira. Se a equipa vestisse de azul com uma cruz branca ao peito, seriam dessas cores as bandeiras que veríamos penduradas nas janelas.
- Então pode-se ter uma bandeira de Portugal e continuar a dizer mal deste país ?
- Claro que sim, sr. Joaquim !
Desconfio que amanhã, a loja chinesa do fim da rua, venderá mais uma bandeira para a nossa rua.