2004-07-03
A ilha dos jacintos cortados - Gonzalo Torrente Ballester
Como é uso nos livros deste escritor galego, a fantasia histórica impera. No entanto, e ao contrário de alguns dos seus livros mais conhecidos como "Crónicas do rei pasmado" ou "A bela adormecida", a habitual fluidez da escrita emaranha-se e intrinca-se na própria filigrana da história.
O livro conta-nos, através de um triângulo amoroso platónico da actualidade, a história de Górgona e a procura sobre se Napoleão existiu ou se foi uma figura inventada.
O personagem principal consegue ler o passado e mergulhar nas páginas da história através de um espelho ou nas chamas da lareira. É assim omnisciente ainda que por vezes não consiga ir ao encontro daquilo que procura.
Um livro interessante mas que em certos momentos se torna um pouco massudo.
"Necessitamos de um rei que simbolize a França". "E porque não um rei fantasma ? - interveio o cônsul -;daria o mesmo resultado"."Um rei fantasma não pode subsistir se não aparecer incluído numa dinastia de prolongado avoengo, e isso é coisa que não temos. A républica pode destruir os retratos dos reis e atirar ao vento as suas cinzas, mas não a sua lembrança."