2004-08-15
Amo-as, às pedras!
Viagens versáteis
De rochas!
Sedimentares
Magmáticas,
Metamórficas, sabem-me
A água, a terra, a ar, a fogo,
A tempo, coalhado de frutos,
Carnudo e maduro.
Aventura atómica indolor
Nas carnes milenares!
Humidades e brasidos múrmuros!
Sedutoras, deitam-se-me
Sobre o ócio diletante,
E desfibram morfologias
Sintaxes e semânticas,
Ao sabor da sede do meu Verbum.
Amo-as, às pedras!
Versáteis!
São uma poética de luxo
Raro e de fascínio doloroso
E obscuro!
É o basalto que me embala.
É o mármore que me grava
Epitáfios breves e brancos.
É o xisto luzente o êxito da álgebra.
É o granito que me excita,
Sobre lajes lisas e indóceis.
É o calcário que me lambe, nas
Águas agitadas, a saliva dos dias.
In Violeta Teixeira, LÂNGUIDAS FÚRIAS, Magno Edições, 2000
Nota: poema gentilmente enviado ao Farol pela autora Violeta Teixeira