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2004-10-29

 
Este texto foi escrito em Abril 2002, mas agora ao reler senti como há coisas intemporais, como há coisas que realmente não mudam, como as pessoas continuam a correr.... e como continuam a não saber que... simplesmente não vale a pena a pressa.
Apeteceu-me partilhar...



Rostos sem nome
Sem idade, sem cor, sem cheiro
Simplesmente rostos
Com que nos cruzamos
Na caminhada diária

Olham-se; não se vêem,
Cruzam-se; não se tocam,
Inconscientemente (ou não) afastam-se para não se encontrarem
Por vezes esboça-se um sorriso
Às vezes forçado...
Algumas, essas mais raramente,
Tocam-se as mãos num cumprimento apressado.

Faça sol ou faça chuva
Os mesmos rostos sem nome
Faça dia ou faça noite
A mesma estrada palmilhada
Com pressa ou sem pressa
Os mesmos rostos cabisbaixos....

Nunca há tempo...
Há sempre alguém ou algo à espera
Saímos a correr e chegamos cansados
Com vontade de tudo
Sem vontade de nada
Com mil e um planos na mente
Sem nenhum deles realmente concretizado...

Corremos apressados para quê?...
Olhamos sem ver porquê?....
Chegaremos onde?...
Chegaremos como?....

Valerá a pena a pressa!?.....


Susana Fernandes

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