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2004-10-17

 
Não sei como se chama, apesar de a ver todos os dias a despejar os cestos de papeis dos gabinetes do edifício onde trabalho e a limpar as casas de banho. E prestava esse serviço com um sorriso permanente nos lábios. Prestava.

Poucos dias atrás vi-a a enxugar furtivamente as lágrimas dos olhos e a arrastar penosamente a esfregona e o balde. Espantei-me, até que fiquei a saber, o seu irmão morrera numa bala perdida no golpe de estado, intentona ou lá o que foi que aconteceu na Guiné. E de repente, como que com uma estalada, aquilo que era apenas uma notícia de jornal atingiu-me a cara ao ganhar rostos e dores e sofrimento.

Por vezes, de tanto vermos sofrimento e relatos de mortes violentas na televisão, esquecemo-nos do que na verdade tal significa. Não são números, são pessoas. E cada pessoa que morre antes do seu tempo e sem razão, é um rio de dor que se espraia... em vão.

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