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2004-11-17

 


O anjo da tempestade

Primeiro estranha-se depois entranha-se.

Esta frase resume o sentimento que tive ao ler este livro. Espécie literária do célebre Bolero de Ravel, onde Nuno Júdice volteia sobre a história do assassinato do tio-bisavô do narrador, adicionando-lhe personagens ou factos em cada volteio e tecendo uma complicada filigrana de relações entre seres existentes, ficcionados ou saídos de pinturas onde independentemente da ordem temporal se estabelecem paralelos e parecenças.

É um romance diferente mas depois de entrar naquele imaginário, o livro torna-se realmente bom.

Um outro elemento se acrescenta, porém, a esta história. A mulher que ali tocava piano, uns anos mais tarde, foi minha explicadora de francês; e foi ela que me abriu o caminho para que eu, num tempo em que os livros de Marx só se podiam ler nessa língua, tivesse entrado no universo do materialismo histórico, e tivesse percebido os mecanismos que conduziram, sem qualquer alternativa, à morte do meu tio-bisavô.

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