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2004-12-28

 


Budapeste

"A minha pátria é a língua portuguesa" disse Fernando Pessoa, e essa seria também a pátria de José Costa, o protagonista deste romance, ainda que o seu português de carioca se diferenciasse do de Pessoa. Neste romance, ao trocar a língua portuguesa pela magiar, José Costa transforma-se em Zsoze Kósta e muda realmente de pátria. Com as novas palavras vêem, também, novas emoções e a vida deste escritor anónimo entra num rodopio frenético.

O livro é excelente e cheio de ritmo, ou não fosse ele escrito por Chico Buarque.

A passagem por Budapeste se dissipara no meu cérebro. Quando a recordava, era como um rápido acidente, um fotograma que trepidasse na fita da memória. Um lance ilusório, talvez, que me dispensei de referir a Vanda ou a quem quer que fosse. É verdade que a Vanda tampouco se preocupava em saber que grandes escritores eram esses que eu encontrava todo o ano, em congressos que ninguém noticiava. Talvez se defendesse de fantasiar aventuras do marido mundo afora, poetisas, dramaturgas, antropólogas que me fizessem perder o juízo e o avião de volta.

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