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2005-03-20

 


O JARDIM DAS DELÍCIAS de João de Aguiar


Neste livro de João de Aguiar é descrito um futuro possível para o nosso país e para a Europa: Passará a existir uma Federação Europeia; Portugal será uma região dessa federação; desaparecerão os símbolos nacionais, o artesanato e os produtos regionais; comunicaremos por videofone; poderemos beber e depois programar o automóvel para o automático; a comida será feita em laboratório; poderemos jantar por videoconferência …
João Carlos, um jornalista na etapa final dos quarenta, aprecia algumas destas coisas ; mas coloca outras em causa com o seu amigo belga Claude:
“Eu, súbdito feliz da Europa federada, recebo todos os dias o recado subliminar: Alegra-te, cidadão, que estás no melhor dos mundos. Tens a Federação e a prosperidade; enfim estás no Jardim das delícias. Agora goza-o, paga os impostos, olha para o écran da televisão e não chateies. Tudo isto evidentemente omitindo os despedimentos em massa de cada vez que há uma fusão de empresas… “
Portugal perdeu o seu vinho, o seu queijo e muitas outras coisas devido a normas da Federação com a justificação de falta de higiene na produção; mas na verdade, estas medidas foram tomadas para proteger os vinhos e queijos das regiões mais ricas. Perante este desaparecimento das identidades regionais surgem movimentos integristas nas várias regiões europeias, que acabam por cometer os mesmos erros que os fascismos ou nazismos da primeira metade do século XX.
É um livro aparentemente leve, que se lê de uma rajada; mas que nos deixa a reflectir sobre o Portugal e a Europa que legaremos aos nossos vindouros!
Para rematar quero dizqe que gostei desta nova faceta de futurista de João de Aguiar; cuja obra aprecio quando fala sobre outros tempos como o passado em "A Voz dos Deuses" , ou o presente em "O Navegador Solitário".

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