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2005-05-26

 
Carta aberta ao Primeiro Ministro

Senhor primeiro ministro eu não votei si, ou melhor, eu não votei no seu partido. No entanto foi com alguma alegria e esperança que o vi assumir o cargo.
Já quando das eleições primárias no PS, e apesar de na dicotomia esquerda-direita, ser o candidato da direita contra a pretensa esquerda de Alegre, achei que era preferível um líder do PS com vontade, competência e coragem para afrontar interesses instalados, que um livre pensador mas que no episódio da co-incineração em Souselas se mostrou igual a qualquer outro cacique local.

Desde que tomou posse tenho visto o seu Governo a actuar de forma a que eu chamaria de “profissional”. A encarar os problemas de frente e a tomar medidas concretas e eficazes, por exemplo na saúde e na justiça.

Senhor primeiro ministro, dei por mim a respeitar e a admirar o seu equilibrio entre o pragmatismo e a preocupação com o social.

Sendo certo que após o governo anterior, não era dificil causar boa impressão, de uma forma geral todo o Governo tem acompanhado uma nova forma de estar na política com a qual concordo. Na Europa, apenas considero como melhor o Governo de Zapatero.

Senhor primeiro ministro, após o relatório Constancio, e contra os meus habituais companheiros de tertúlia, defendi que a sua coerencia e a sua competência não nos iriam arrastar para soluções estafadas, injustas e ineficazes.

Hoje percebi que me enganei. O aumento do IVA de 19 % para 21 % é um erro crasso. É uma traição política e um desastre económico. Das outras medidas apresentadas, até concordo com quase todas elas, mas essa é imperdoável, porque para além de ser uma quebra do compromisso assumido com os portugueses ao longo da campanha eleitoral e na tomada de posse, é principalmente um ataque à capacidade de exportação dos produtos portugueses, ao nível de vida dos mais carenciados e duvido que se venha a traduzir num aumento de receita fiscal – é que 21 % só é mais do que 19 % se as percentagens incidirem sobre a mesma quantia. Se o consumo se retrair pode muito ser bastante menos.

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