2005-08-18
Novo aeroporto de Lisboa e TGV - A solução tem de ser pensada de forma articulada
Sempre tenho sido um grande defensor da ligação a alta velocidade Lisboa - Madrid e sempre fui contrário à localização do novo aeroporto na OTA. Hoje, ao ler a Transportes em Revista deparei com um dos melhores artigos sobre o tema, escrito por um dos maiores especialistas portugueses na área da mobilidade e dos transportes - Fernando Nunes da Silva, que recomendo a leitura completa para quem se interessa sobre o tema.
De qualquer forma deixo aqui um pequeno excerto:
"segundo inquéritos realizados em vários aeroportos europeus, 60 % dos passageiros de avião e da AVF, elegem como principais motivos da sua opção modal, o preço do bilhete, o tempo total de viagem e a facilidade de acesso ao aeroporto ou à estação. Nestas circunstâncias, localizar um novo aeroporto a 40 km a norte de Lisboa – ainda para mais servido por uma auto-estrada congestionada e obrigando à travessia do centro da área metropolitana para a maioria dos seus potenciais utilizadores – não parece ser a opção mais indicada, antes podendo conduzir ao completo fracasso da operação. Além do mais, tendo em conta a desejável complementaridade entre o transporte aéreo e a AVF, tal localização implicaria um significativo desvio em relação aos dois eixos ferroviários de maior interesse no país – as ligações Lisboa-Madrid e Lisboa-Porto – e a construção de duas pontes ferroviárias sobre o Tejo, face às enormes dificuldades e custos que uma saída de Lisboa pela margem norte implicam.
Contrariamente às opiniões que vêm sendo divulgadas nalguma imprensa, as questões do novo aeroporto de Lisboa, da rede de alta velocidade ferroviária e da nova travessia do Tejo, estão indissociavelmente ligadas. Uma boa decisão sobre elas será aquela que permita potenciar ao máximo a complementaridade entre estes dois modos de transporte, ao menor custo total possível e com o menor tempo de acesso para a maioria dos seus potenciais utilizadores. A localização do novo aeroporto de Lisboa deverá assim aproximar-se do ponto de intersecção entre os dois novos eixos ferroviários, o que desde logo aponta para a margem sul do Tejo."