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2006-01-15

 


O homem das castanhas

A enorme praça está deserta. A única presença visível é um vendedor de castanhas que, apesar de não se ver mais vivalma, mantém o assador aceso como se pode ver pelo fumo espesso que torneia em seu redor.

A diagonal que traço, ao atravessar a praça, força-me a passar bem perto dele. Dois humanos ainda que estranhos, num mesmo espaço, obriga a um contacto ou a um forte constrangimento. O tipo de constrangimento que me assalta quase diariamente no elevador, sempre que subo ou desço com outrém. Os olhos que se evitam, o tempo que demora.

Apesar de não ter vontade nenhuma dou por mim a pedir uma dúzia de castanhas. Dois euros, diz ele. E acrescenta, faz cá um frio...
Fruta da época, respondo.

Meia dúzia de banalidades e uma dúzia de castanhas, num cartucho de páginas amarelas, comidas a contragosto ao exorbitante preço de dois euros – eis o preço da civilidade.

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