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2006-07-03

 
Má Concorrência

Vai um tipo(1) de férias, goza uma manhã de sol e mar(2), retempera as forças com um almoço enfarta brutos(3) e a seguir ao cafezinho, em vez de um cochicho, resolve ligar a televisão, refastelado no sofá, para uma calma e prolongada digestão. Telenovela, religião, telenovela e telenovela(4). Pois, porque é que não tenho Cabo na casa de férias? Porque ordenado de funcionário público, apesar da maldicência que grassa por aí, não dá para tudo.
Mas voltando à vaca fria(5), fiquei chateado. Então isto da concorrência dos ditos canais abertos leva a que transmitam todos a mesma coisa às mesmas horas da tarde? Nem um filmezinho daqueles baratuchos, repetido pela enéssima vez, com muita porrada, carros partidos e um herói que dá cabo de tudo e todos com uma pistola milagrosa que nunca fica descarregada? Não há direito(6). Não gosto mesmo desta concorrência standardizada(7).

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(1) – Que é uma espécie de gajo mais prosáico. (2) - Mar só mesmo de vista que a água até gela os ossos. (3) - Expressão figurativa, já que bruto foi mesmo o almoço: o frango de churrasco, as batatinhas fritas, a salada bem temperda e umas fatias de melão, tudo regado com um bom vinho alentejano. (4) - A telenovela é assim como uma espécie de série televisiva, que nunca mais acaba, com enredo caseiro, em que há gente que se revê nas tramas ou, pior, sente inveja da outra gente e desata a querer imitar. (5) - Expressão de que até hoje desconheço a origem, já que gosto da carninha bem quente, apesar de mal passada. (6) – Não confundir com “Direito”, como se faz nas legendagens das Tvs. “direito” é a possibilidade de fruição, neste caso negada. “Direito” enforma a lei que permite gozar o “direito”, neste caso inexistente pelos vistos. (7) – Termo que em português significa normalização, mas como isto é tudo menos normal, prefiro o estrangeirismo, até para que conste que não sou mesmo bruto.

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