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2006-07-26

 
Pequeno drama com net

Quando ela saiu da vida dele, ele ficou um farrapo. Um pedaço de nada. Uma coisa vazia e sem sentido.

Arrastava-se pelas ruas, sob o sol tórrido e os seus passos deambulantes naufragavam, instintivamente, na rua onde ela morava, naquele restaurante simpático onde costumavam jantar os dois depois dos ensaios ou mesmo, no banco de jardim onde trocaram caricías de amor eterno.

Por vezes, percorrendo os mesmos lugares, ela passava à frente dos seus olhos que a seguiam. Primeiro involuntaria e depois voluntariamente. Tornou-se uma sombra dela. Espiava-lhe cada movimento, com quem se encontrava e qual o comprimento da saia que vestia. Ele julgava-se encoberto, mas ela descobriu-o e deu-lhe uma reprimenda tal que até as minhas janelas, testemunha silenciosa deste drama, estremeceram.

Foi então que ele tornou a casa e nas horas de amargura navegou sem direcção nem destino pelas águas da internet. Mas milagre dos milagres, glória a deus nas alturas e aos homens de boa vontade na terra. Os seus cliques certeiros deram com o blog dela onde descrevia, quase que passo a passo o seu dia-a-dia repetitivo.

Hoje ele continua a espiar a vida dela mas perdeu o receio de voltar a ser descoberto.

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