2006-09-28
O cego de Sevilha
Tudo começou no momento em que entrou naquela sala e viu aquele rosto.
Tinha recebido a chamada às 8h15, precisamente quando se preparava para sair de casa: um cadáver, uma suspeita de crime e uma morada.
A vida de Javier Falcon, sempre tão contida e regrada, muda completamente a partir daquele crime. E não se trata apenas da cena macabra que vê, mas sim da ligação que sente em relação ao seu próprio passado. Javier Fálcon, Inspector-Chefe dos homicídios em Sevilha, parte para uma investigação dupla, a dos crimes e a da vida de seu pai, o famoso pintor Francisco Falcon.
Este policial de Robert Wilson é um excelente livro de suspense e relações humanas. Muito perturbante também. Pelo meio fica uma descrição crua e sem pudor da guerra civil em Espanha, da segunda guerra mundial e da vida em Tanger no pós-guerra.
Aconselho a leitura do livro, mas os mais sensiveis não se queixem depois que não conseguem dormir à noite.
Foi para casa. Não estava capaz de coisa nenhuma. A sua concentração esvoaçava como uma bandeira rasgada. A memória criava imagens e pensamentos desconexos no cérebro. Arrastou-se até ao quarto e atirou-se de barriga para baixo em cima da cama. O corpo balouçava a cada soluço, levantando-lhe os ombros. A pressão era demasiada. As lágrimas correram-lhe para a almofada. Combateu o nó que queria sair da garganta. E adormeceu. Sem pastilhas. Pura exaustão.