2006-12-15
Cemitério de Pianos
Neste seu novo romance José Luís Peixoto traz-nos a saga do quotidiano da familia de Francisco Lázaro. Atletas português que morreu ao quilómetro trinta na maratona olímpica de Estocolmo.
Mas a maratona de Lazaro é apenas o ritmo que marca a história. Esta é composta do dia a dia das várias gerações desta familía. Do amor, da morte e do cemitério de pianos que se esconde para lá da oficina de Benfica.
Quanto a mim, e não comparando com morreste-me que é um livro onde a emoção escreve mais alto, trata-se do melhor livro de José Luís Peixoto. A poesia posta na prosa e a rugosidade que empresta à escrita fazem deste livro um bom exemplo do que é a verdadeira qualidade literária.
A forma como a própria história é contada, entremeando diferentes tempos e a confusão familiar dos nomes repetidos, um pouco ao jeito do Cem anos de solidão, está também muito bem conseguida. Um único senão, o livro ganhava em ser ligeiramente mais curto, há um ligeiro arrastar excessivo de algumas situações que podem até fazer perder ao leitor a natureza circular do romance.
Um livro a não perder, para ler e, porque não, para oferecer no Natal.
Foto de Daemoon