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2006-12-07

 

Um poeta diria que se tratou de um mero beijo entre os carros. Eu não chegaria a tanto, mas pouco ultrapassou o roçar de pára-choques e, pelo menos sob o meu olhar míope, não era possível vislumbrar qualquer vestigio de dano em qualquer uma das viaturas.

No entanto, e apesar do transito intenso eles não hesitaram em se apear. Ele e ela, não hesitaram em vestir os seus coletes florescentes. O dele amarelo, o dela verde. Convictamente, ele abriu mala traseira do carro, desdobrou o triângulo e, abanou a cabeça descontente, ao ver que o teria de colocar bem junto ao seu carro, porque a fila de carros acumulada que em vão se tentava esgueirar para a outra faixa, não lhe permitia distanciar o triângulo.

Ela olhou para ele e com ar decidido abriu também a mala do carro, sacou do seu próprio triângulo e pousou-o no chão entre os dois carros com ar desafiador. Depois miraram-se nos olhos e precipitaram-se, cada qual para o seu porta-luvas, de onde emergiram com a declaração amigável na mão. Quase que esboçaram um sorriso, mas ela lembrou-se que o cupado era ele. Afinal ele é que lhe tinha batido (eu diria encostado) por trás. O sorriso extingiu-se e, da sua mão veloz, surgiu um telemóvel. É a polícia que atende.

Apesar da cena ser idílica não pude observar a sua conclusão, mas fez-me pensar se não seria mais justo uma taxa moderadora a pagar para quem chama a polícia, sem razão, do que, para quem estando efectivamente numa situação de urgência, se dirige Às urgências hospitalares.

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