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2007-01-27

 

Asfixia

Escreve. É duro. De onde saem as palavras ninguém sabe. Ele não sabe. Ele ignora quase tudo. Sabe que o lugar onde está não tem nome. É de onde saem as palavras, e as palavras fazem-se frases. De repente corta tudo e recomeça. Recomeça pelo mesmo. Por ela. Tudo aquilo é um sacrificio por ela. Uma maneira de amor. Uma forma de sexo.


O novo livro de contos de Pedro Paixão não soa a novo. Os temas são os do costume: amor, sexo, depressão, escrita e leitura compulsiva. A amizade masculina e acima de tudo a solidão. No entanto, e como também é hábito no autor, a qualidade da escrita e a forma como os sentimentos e os estados de alma são descritos, fazem com que valha a pena ler o livro e dão momentos de verdadeiro prazer.

Lia deitado, sentado, a andar. Quando não estava a fazer outra coisa, estava à espera de terminar de fazê-la para poder voltar a ler. Ler fazia-o escapar para um lugar mais seguro, mais belo, mais real do que aquele em que estava condenado a habitar. Nunca tinha gostado da vida vivida. Da família, da escola, da gente com quem se tem de tratar no trabalho. Tudo isso lhe era desprezível. Só os livros podiam salvar o mundo de se desmoronar.

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