2007-01-21
De que cor é a redoma dos amantes ?
Há os que lêem. Os que lêem jornais, jornais gratuitos, oferecidos na entrada da estação. Os que lêem livros. Os que forram os livros e que me impedem de espreitar a capa.
Há os que ouvem música. Os discretos. Os que se balançam ao som do MP3 e aqueles a quem o som, electrizado, salta para fora dos auscultadores em vozes de pato Donald.
Há os que brincam com o telemóvel. Jogam, mandam furiosamente mensagens carregando nas teclas como se a sua vida dependesse da rapidez dos dedos vorazes sobre teclas minúsculas.
E há os amantes. Envoltos numa redoma que não dão por nenhuns destes nem pelo resto da multidão cinzenta e anónima que enche o comboio em hora de ponta.
Os amantes.
De que é feita aquela redoma que os protege do solavanco do comboio, dos encontrões suados à subida e descida em cada apeadeiro. Os seus olhos apenas se vêem nos olhos do outro e se as mãos agarram o outro corpo não é com medo de cair. Não. É um bailado silencioso em passos de valsa que ensaiam entre corpos cansados de mais um dia de trabalho. Não notam os empurrões. A falta de espaço. O cheiro a ar rarefeito, a discussão do diz-que-disse nem a voz estridente ao telemóvel, esforçando-se por se fazer compreender acima do som ritmado dos bogies nos carris.
Os amantes nem reparam que olho para eles enquanto escrevo estas palavras no meu caderninho verde que me acompanha.
Há os que lêem. Os que lêem jornais, jornais gratuitos, oferecidos na entrada da estação. Os que lêem livros. Os que forram os livros e que me impedem de espreitar a capa.
Há os que ouvem música. Os discretos. Os que se balançam ao som do MP3 e aqueles a quem o som, electrizado, salta para fora dos auscultadores em vozes de pato Donald.
Há os que brincam com o telemóvel. Jogam, mandam furiosamente mensagens carregando nas teclas como se a sua vida dependesse da rapidez dos dedos vorazes sobre teclas minúsculas.
E há os amantes. Envoltos numa redoma que não dão por nenhuns destes nem pelo resto da multidão cinzenta e anónima que enche o comboio em hora de ponta.
Os amantes.
De que é feita aquela redoma que os protege do solavanco do comboio, dos encontrões suados à subida e descida em cada apeadeiro. Os seus olhos apenas se vêem nos olhos do outro e se as mãos agarram o outro corpo não é com medo de cair. Não. É um bailado silencioso em passos de valsa que ensaiam entre corpos cansados de mais um dia de trabalho. Não notam os empurrões. A falta de espaço. O cheiro a ar rarefeito, a discussão do diz-que-disse nem a voz estridente ao telemóvel, esforçando-se por se fazer compreender acima do som ritmado dos bogies nos carris.
Os amantes nem reparam que olho para eles enquanto escrevo estas palavras no meu caderninho verde que me acompanha.