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2007-01-13

 

Gertrudes

O trabalho no hospital deixa-lhe as tardes livres. Tirando os bancos é claro, mas isso é apenas uma vez por semana e Gertrudes até os aguenta bem. Pelo menos desde que deixou o outro hospital onde fazia bancos de 24 horas.


NÃO

Por isso à tarde aproveita o tempo livre para fazer um dinheiro extra. Sabe que não tem as condições necessárias para se algo correr mal, mas é para isso que serve o 112 – pensa – e se não for eu será outra qualquer. Se calhar até com menos cuidado e assim, pelo menos, elas são atendidas por uma profissional.

Gertrudes justifica-se perante si mesma. E o resto de remorsos que lhe resta, desfazem-se perante a perspectiva de uma reforma choruda.

Elas vêm aflitas, elas pagam o que ela lhe pedir e ainda agradecem no fim. Afinal sou uma benfeitora – pensa. – Eu resolvo o problemas delas e raramente surgem complicações. Só o caso daquela miúda de 14 anos que morreu a caminho do hospital, Gertrudes ainda estremece a relembrar esse dia, mas quem podia adivinhar que estava já tão avançada no período de gestação.


SIM


Por isso à tarde aproveita o tempo livre. O dinheiro que ganha não lhe permite grandes fantasias, mas Gertrudes sabe que não se pode queixar e já aprendeu, em tantos anos de hospital, como a saúde que tem é o mais importante.

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