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2007-01-25

 
Isabel

Isabel confirma mais uma vez a morada no pedaço de papel que Joaquina lhe entregou. É ali, não há duvidas. Ainda antes de subir os degraus, apalpa com a mão o maço de notas que traz dentro da bolsa. Eram todas as suas economias. Tudo o que tinha conseguido juntar do que lhe pagavam na fábrica de tecidos. Era o seu fundo de emergência.

Mas afinal se aquilo não era uma emergência, o que seria uma emergência. Isabel nem tinha querido acreditar quando as duas linhas azuis tinham aparecido no teste. Ainda pensou que se podia ter enganado, mas a D. Filomena da farmácia tinha-lhe dito que era mesmo assim, tão fácil. Uma risca ou duas riscas, não havia que enganar.


NÃO


Isabel sobe os degraus e toca à campainha. Quem lhe abre a porta é uma senhora simpática, mas a simpatia não foi suficiente quando a raspagem foi mal feita.

Isabel não chega sequer ao hospital. Era uma operária fabril. Agora é apenas mais um número a engrossar as estatísticas da vergonha.


SIM

Isabel entra no edifício e, automaticamente, depois de dizer ao que vem, estende o envelope recheado de notas. – Para que é esse dinheiro todo menina, pergunta-lhe a recepcionista sorridente. Não paga impostos todos os meses ? O que tem a pagar é muito menos, mas entre para o consultório nº 2 e fala comigo à saída que a Doutora já está à sua espera.

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