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2007-03-05

 


Até onde se pode ir ?

Estamos em Londres, em 1952, e um grupo de jovens católicos reune-se diariamente. Mas mais do que a fé que os move, é o medo do inferno. Assumem, assim, que esta missa diária os pode compensar dos seus pecadilhos diários, quase sempre cometidos apenas com o pensamento.

David Lodge, conta-nos a vida destes jovens e da sua evolução no seio de uma igreja que também evolui. Dos movimentos dentro e fora da igreja e acima de tudo de como a repressão sexual, antes do casamento, e do não uso de contraceptivos, depois do casamento, os marcou ao longo da vida.

O tema é recorrente no autor, mas talvez nunca David Lodge tenha descrito tão pormenorizadamente as grandes discussões teológicas e morais após o vaticano II, e a forma como isso afectou a vida das pessoas duma Inglaterra profundamente religiosa. Uma das qualidades deste livro, é não tentar concluir nada. Não há bons, nem maus. Não existem práticas boas, nem práticas más, ainda que algumas personagens sofram verdadeiros pesadelos com as opções que tomaram.

A outra grande qualidade deste livro, é a escrita. David Lodge nunca desilude, e no seu estilo sóbrio, descreve sentimentos e estados de alma como ninguém. Talvez porque, como acaba por “quase” confessar no final do livro, ele também era um deles.

Miriam tinha razão. Para todos os que casaram nos anos cinquenta, com excepção da pobre Violet, a década seguinte foi dominada por bebés. No final de 1966, Dennis e Angela, Edward e Tessa, Adrian e Dorothy, Michael e ela própria, Miriam, tinham ao todo produzido catorze filhos, apesar dos esforços permanentes para que tal não acontecesse. Quer dizer, embora cada um dos casais quisesse ter filhos, eles chegavam mais depressa e com maior frequência do que os pais desejavam ou planeavam. A razão óbvia era a de obedecerem ao ensinamento da Igreja e confiarem na abstinência periódica como meio de planear a família, sistema conhecido como método das temperaturas ou método seguro e que, na prática, não era seguro nem aferível.

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