2007-03-26
Um país salazarento
Se Arístide de Sousa Mendes tivesse ganho o concurso dos grandes portugueses, estaria aqui a enaltecer o papel da RTP ao ter dado a conhecer esta figura ímpar da nossa história mas afinal tão pouco conhecida do povo português.
Por isso, e por honestidade intelectual, não posso deixar de relevar o facto de ter sido Salazar a pessoa que recolheu mais votos telefónicos. Mas será que vivemos num país onde as pessoas têm memória curta ? Onde as pessoas já não se lembram, ou nunca souberam ou quiseram saber do que era o antigo regíme ?
Penso que todos estes votos são sintomáticos de uma parte da população portuguesa, que teve todo o gosto em gastar 60 centimos na chamada telefónica. Nada de nazis nem de neo-fascistas, mas sim pessoas simples e saudosistas. Aquelas pessoas que tanto dizem que agora são tudo facilidades, que as crianças de hoje têm tudo e que dantes não havia nada, que recordam os quilómetros feitos a pé e ao frio até à escola mais perto, muitas vezes descalços. Mas que, ao mesmo tempo, e em perfeita contradição brilha-lhes os olhos com o antigamente é que era e que faltam meia dúzia de salazares para pôr isto em ordem.
Mais que uma questão política, esta é uma questão sociológica, o saudosismo habitual que as pessoas de mais idade têm dos seus tempos de juventude, e a dificuldade de “encaixarem” algumas das coisas menos boas que a modernidade trouxe a este país.
Se Arístide de Sousa Mendes tivesse ganho o concurso dos grandes portugueses, estaria aqui a enaltecer o papel da RTP ao ter dado a conhecer esta figura ímpar da nossa história mas afinal tão pouco conhecida do povo português.
Por isso, e por honestidade intelectual, não posso deixar de relevar o facto de ter sido Salazar a pessoa que recolheu mais votos telefónicos. Mas será que vivemos num país onde as pessoas têm memória curta ? Onde as pessoas já não se lembram, ou nunca souberam ou quiseram saber do que era o antigo regíme ?
Penso que todos estes votos são sintomáticos de uma parte da população portuguesa, que teve todo o gosto em gastar 60 centimos na chamada telefónica. Nada de nazis nem de neo-fascistas, mas sim pessoas simples e saudosistas. Aquelas pessoas que tanto dizem que agora são tudo facilidades, que as crianças de hoje têm tudo e que dantes não havia nada, que recordam os quilómetros feitos a pé e ao frio até à escola mais perto, muitas vezes descalços. Mas que, ao mesmo tempo, e em perfeita contradição brilha-lhes os olhos com o antigamente é que era e que faltam meia dúzia de salazares para pôr isto em ordem.
Mais que uma questão política, esta é uma questão sociológica, o saudosismo habitual que as pessoas de mais idade têm dos seus tempos de juventude, e a dificuldade de “encaixarem” algumas das coisas menos boas que a modernidade trouxe a este país.