2007-04-30
Susana em lágrimas
Susana é uma jovem israelita que tem agorafobia e vive com a sua mãe que construiu um mundo à sua volta, qual espécie de casulo, onde ela se sente segura e onde alterações à rotina não têm lugar.
É esta vida, rotineira e desinteressante mas onde Susana se sente protegida que é posta em causa com a chegada do seu primo da América.
Este romance de Alona Kimhi, ucraniana residente em Israel, relata muito bem o estado de espiríto de Susana e a forma como aos poucos ela consegue mudar e abrir-se ao exterior, sendo que cada pequena mudança é uma grande vitória. Como ponto menos positivo algum arrastar da narrativa.
É, no entanto, um romance bastante interessante que já data de 2002 mas que só agora tive oportunidade de ler.
2007-04-29
33 anos depois, ainda há muito Abril por cumprir
a malta é que já está resignada
Bora lá fazer a puta da revolução
Dar a volta a esta merda toda duma vez por todas
Não consigo pactuar com este estado de coisas
Tá na hora de pegarmos no assunto com as nossas mãos
(se tivermos que as sujar pois que assim seja, então)
Vamor ver:
Segunda não me dá jeito porque saio sempre tarde
À terça e à quinta tenho terapia e não dá para faltar e
(são dez contos por hora e faz-me bem chorar)
Às quartas tenho a lerpa com a rapaziada
Sabes que a cartada é sagrada – não me digas nada...
Sexta-feira é o dia de apanhar uma bela touca e
Sábado levo o puto ao happy meal com um sorriso na boca
Resta o domingo – só espero não estar cansado
Se o Benfica não jogar – tá combinado!
Carlos “Pac” Nobre (Da Weasel)
Grafitti de Bansky
2007-04-26
PORTUGAL RESSUSCITADO
Depois da fome, da guerra
da prisão e da tortura
vi abrir-se a minha terra
como um cravo de ternura.
Vi nas ruas da cidade
o coração do meu povo
gaivota da liberdade
voando num Tejo novo.
Agora o povo unido
nunca mais será vencido
Nunca mais será vencido.
Vi nas bocas vi nos olhos
nos braços nas mãos acesas
cravos vermelhos aos molhos
rosas livres portuguesas.
Vi as portas da prisão
abertas de par em par
vi passar a procissão
do meu país a cantar
Agora o povo unido
nunca mais será vencido
nunca mais será vencido
Nunca mais nos curvaremos
às armas da repressão
somos a força que temos
a pulsar no coração
Enquanto nos mantivermos
todos juntos lado a lado
somos a glória de sermos
Portugal ressuscitado
Agora o povo unido
nunca mais será vencido
nunca mais será vencido.
José Carlos Ary dos Santos
(Caxias, 26 de Abril de 1974)
Cartoon de Siné de Maio de 74
2007-04-25
Cobre-te canalha
Na mortalha
Hoje o rei vai nu
Os velhos tiranos
De há mil anos
Morrem como tu
Abre uma trincheira
Companheira
Deita-te no chão
Sempre à tua frente
Viste gente
Doutra condição
Ergue-te ó Sol de Verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores
Livra-te do medo
Que bem cedo
Há-de o Sol queimar
E tu camarada
Põe-te em guarda
Que te vão matar
Venham lavradeiras
Mondadeiras
Deste campo em flor
Venham enlaçdas
De mãos dadas
Semear o amor
Ergue-te ó Sol de Verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores
Venha a maré cheia
Duma ideia
P´ra nos empurrar
Só um pensamento
No momento
P´ra nos despertar
Eia mais um braço
E outro braço
Nos conduz irmão
Sempre a nossa fome
Nos consome
Dá-me a tua mão
Ergue-te ó Sol de Verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores
Coro da Primavera de José Afonso (para o dia em que relembramos o fim do longo inverno em Portugal)
2007-04-24
Tempo de solidão e de incerteza
Tempo de medo e tempo de traição
Tempo de injustiça e de vileza
Tempo de negação
Tempo de covardia e tempo de ira
Tempo de mascarada e de mentira
Tempo de escravidão
Tempo dos coniventes sem cadastro
Tempo de silêncio e de mordaça
Tempo onde o sangue não tem rasto
Tempo da ameaça
Sophia de Mello Breyner Andresen
Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.
Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder
Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci
E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor que aprendi
De novo vieste em flor
Te desfolhei...
E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós
2007-04-22
Negócios Estrangeiros
Já foi ao Intendente, Sr Presidente?
Compreendo que tenha pouco tempo,
Cada movimento precisa de um documento,
Isso é algo que eu consigo compreender
Mas, precisa de ver, Sr. Presidente, os seus próprios
olhos, têm um olhar diferente de toda a gente.
Deixe em casa os óculos de ver ao longe, a realidade
não foge,
A realidade está sentada e espera toda a noite por
nada,
ou encosta-se a uma parede,
Talvez com fome, talvez com sede.
Fumo um cigarro no infinito,
Descubro na escuridão 1 grito, dentro de si próprio.
A realidade chegou à 6 meses da Nigéria, do Senegal ou
da Costa do Marfim.
A realidade não tem fim.
Com uma nota de 20 euros chego onde quiser,
A realidade é uma mulher.
Já foi ao Intendente, Sr. Presidente?
Não vá em visita de Estado, deixe o carro blindado na
garagem,
Dê folga aos guarda-costas,
Finja que vai de viagem e apanhe o metro,
Saia no Martim Moniz e caminhe,
Faz bem caminhar, apanhar ar, respirar.
Passear no Intendente é um passeio original,
È um passeio diferente sem sair de Portugal.
Vá para fora cá dentro, vá aos subúrbios do Mundo no
centro da cidade
Igualdade, integração social, seja por 10 minutos um
emigrante ilegal, como se chegasse do Brasil, do
Paquistão.
Vá ao Intendente e invente uma solução que satisfaça
aos que já chegaram e chegarão.
Mesmo que não tenha vontade de ir, vá ao Intendente,
Sr Presidente.
Aprenda, para chegar é sempre preciso partir.
Já foi ao Intendente, Sr presidente?
Não leve a sua comitiva, não leve o telejornal
Leve-se a si próprio e avance natural,
Como se não fosse ignorado
Vá num dia normal ou num feriado, mas vá.
Por lá sua presença é urgente, no intendente.
Tem pouca diferença de uma Assembleia das Nações
Unidas.
A sua presença pode ajudar a salvar vidas vindas da
Ucrânia, da Roménia, Moldávia, Moçambique, Cabo Verde
e Angola.
Porque o Mundo, Sr. Presidente, não é mais do que uma
bola, talvez colorida, talvez entre as mãos de uma
criança.
Mas esse mesmo Mundo, Sr. Presidente, perde cor todos
os dias.
Quando eu largo, nesse largo, que eu largo, quando eu
largo, no Intendente.
Letra de José Luís Peixoto para os Da Weasel acompanhados pela orquestra sinfónica de Praga - vale a pena ouvir (e ler)
2007-04-20
Mudámos de sistema de comentários devido às inúmeras dificuldades que temos tido. Esperamos que corra melhor.
2007-04-17
No entanto ainda há muito a fazer. Regulamentar. Criar condições. Mudar mentalidades. Apoiar as mulheres nas opções que tomarem e dar-lhes todos os dados para que possam decidir em consciência.
2007-04-15
2007-04-14
Milhares de pessoas em Moscovo saíram à rua chamando fascista a Putin. Poucos minutos depois as forças policias deram-lhes razão.
2007-04-10
Não está nos meus planos, pelo menos nos mais próximos, vir a ser primeiro ministro. No entanto e antes que me esqueça quero já declarar publicamente que nunca cheguei a fazer a 3ª classe, pelo que por muito que vasculhem no meu currículum nunca perceberão em que escola ou ano eu frequentei a 3ª classe que na verdade na época se chamava o primeiro ano de segunda fase.
Fiz a primeira, a segunda, a quarta classe e mais uma série de anos por aí fora, mas a terceira classe na verdade não a fiz. Tenho dito. Obrigado.
2007-04-06
Ver um filme de David Lynch, requer sempre um exercicio mental complexo. Apenas vos deixo um conselho em relação a Inland Empire, se são fãs de David Lynch vejam, se não são evitem-no.
2007-04-05
mas devia ser retirado era o outro posto ao lado