2007-06-18
Tudo tem um fim menos a salsicha que tem dois
Também O Farol das Artes chegou ao seu fim. Iniciámos a nossa actividade no dia 1 de Agosto de 2003 e ao longo destes quase quatro anos, com perto de 150 mil visitas, tivemos vários faroleiros (Alexandre Coelho, Avelino Rosa, Cristina Augusto, Filomena Gonçalves, Henriqueta Alface, José Alexandre Ramos, Nuno Vicente, Paula Santos, Pedro Farinha, Rui Luís Lima e Susana Camacho), inúmeras participações especiais e algumas menções e prémios noutros blogs e na imprensa escrita que muito nos orgulharam.
Acima de tudo não podemos deixar de agradecer a todos aqueles que nos visitaram, comentaram e partilharam connosco este espaço.
Vemo-nos por aí.
O Farol das Artes
2007-06-09
pel' O Profano a quem agradecemos desde já a distinção. Afinal um Blog com tomates deve ser um blog que não tem medo em exprimir as suas opiniões e isso nunca o tivémos.
Manda a tradição que seja a nossa vez de nomear cinco Blogs com tomates, cá vão eles por ordem alfabética:
Arrastão
Casario do Ginjal
Lilás com gengibre
Os tempos que correm
Puxapalavra
porque todos eles (como muitos outros que me lembro) sempre "os" tiveram no sítio para defender aquilo em que acreditam.
2007-06-06
Um casamento feliz
O nome deste romance de Andrew Klavan é enganador. Não se trata de uma história de amor ainda que o amor esteja presente, mas sim de um enredo policial. De um thriller psicológico.
Cal é um psiquiatra respeitado na sociedade e vive um casamento feliz com a sua mulher e os seus três filhos. Ele sabe que a mulher tem um passado complicado, no entanto a irmã antes de morrer dissera-lhe - não queiras saber, vive a tua vida sê feliz e não queiras saber - e ele assim fez.
Mas a sua vida pacata estava prestes a terminar...
O livro é interessante e está escrito como se fosse uma confissão de Cal a um hipotético leitor. Uma forma de ele desabafar os dias terriveis que viveu com alguém que não existe e a quem, por isso, pode contar toda a verdade.
- O que é que um tipo simpático como você faz numa espelunca como esta ?
- Ah, bem... bati na minha namorada, roubei uma arma e lancei fogo a uma igreja. Tentei enforcar-me na prisão. Onde mais poderia estar ?
Apenas um pequeno destaque para a belíssima capa do Henrique Cayatte.
2007-06-05
Sou pela paz
sou pela anarquia
sou pela ordem sem coacção
sou contra a violência
toda a violência
e todas as formas de pressão
não só as formas maiores de violência como a guerra, a fome ou a construção de muros a separarem pessoas ...
... mas também as formas menores que (quase) convivem connosco no dia a dia: o assédio sexual, o bulling, as praxes académicas ou os piquetes de greve.
2007-06-04
Sempre tive dificuldade em perceber o sintoma da abstinência. Essa ânsia que faz pessoas normalmente razoáveis e consequentes, decidirem deixar de fumar e contorcerem-se ao verem um cigarro.
Pessoas decididas a não resistirem a mais um copo. Pessoas inteligentes vergadas sob o peso da droga.
E se por vezes, num dia sem cafeína, me dava alguma dor de cabeça pensava eu que isso deveria ser o tal sintoma da abstinência. Mas só agora que acabei de ver a 3ª série do Lost e sei que a 4ª temporada só começará lá para Fevereiro do ano que vem, é que se me fez luz e percebo realmente o desespero.
2007-06-03
2007-05-27
Olhos de cão azul
Recentemente foi reeditada esta colectânea de 14 contos de Gabriel Garcia Marquez escritos quando o prémio Nobel ainda tinha entre os vinte e os vinte e oito anos.
A qualidade da escrita já era notória ainda que a maior parte destes contos não tenham aquela aparente simplicidade da boa escrita que faz com que textos riquissimos sejam de leitura leve.
Os temas são recorrentes e giram em torno da morte e da ligação entre os vivos e os mortos, ou da forma como uma pessoa viva sente a presença do seu irmão, amigo ou companheiro que já faleceu. Como de costume, a fantasia e o sobrenatural misturam-se com os sentimentos e as vidas das personagens. A ler, mas sem demasiadas expectativas.
E ele sabia que agora estava realmente morto. Sabia-o por aquela aprazível tranquilidade com que o seu organismo se deixava levar. Intempestivamente, tudo mudara. Os latejos imperceptíveis, que só ele podia sentir, haviam-se desvanecido agora do seu pulso. Sentia-se pesado, atraído por uma força exigente e poderosa para a primitiva substância da terra. A força da gravidade parecia atraí-lo agora com um poder irrevogável. Estava pesado como um cadáver real, inegável. Mas estava descansado assim. Nem sequer tinha de respirar para viver a sua morte.
De David Fincher, com Jake Gyllenhaal, Mark Rufallo, Robert Downey Jr.
Baseado em factos verídicos, um relato de uma investigação a um assassino, em S. Francisco, que vai enviando cartas e códigos após os crimes, para um jornal, assinando como Zodiaco, e exigindo a sua publicação.
As pistas infrutíferas vão “minando” a vida pessoal e profissional dos investigadores – policias e jornalistas, conduzindo-os numa espiral de destruição.
2007-05-24
Há quem considere Mário Lino um OTImista, outros um OTÁrio, julgo que nada disso, apenas um sério concorrente ao lugar especial que Manuel Pinho ocupa no nosso governo. Mas o seu último discurso, esse é mesmo uma anedOTA
2007-05-23
Ruptura
De Gregory Hblit, com Anthony Hopkins, Ryan Gosling, David Strathairn
A história de um crime perfeito. Ted é traído pela sua mulher Jennifer, decide então matá-la. Quando chega ao local do crime, o Inspector Rob é surpreendido pois a vítima é a sua amante.
De início o caso parece fácil, e Willy um ambicioso e excelente advogado do Ministério Público, conta com a vitória.
Mas nem tudo é o que parece, e as provas revelam-se frágeis.
Começa então um “pulso de ferro” entre Ted e Willy. Entre orgulho e ambição.
Um filme bem interessante, com boas interpretações de Hopkins e Gosling.
2007-05-21
Ota fora de tempo
Tudo tem o seu tempo e quando o tempo não é respeitado arriscamo-nos a tomar decisões erradas, efectuar escolhas erradas ou, ainda pior, não chegar a fazer nada.
A discussão em torno de um novo aeroporto para Lisboa começou na década de 70, tendo o governo da época determinado a sua localização em Rio Frio em 1972.
Desde então até 1999 em que o governo decidiu a sua localização na OTA, têm ocorrido inúmeros estudos que basicamente vão alternando posições sobre estas duas possíveis localizações.
Mas há 30, 20 ou mesmo 10 anos atrás a realidade da mobilidade por via aérea era bem diferente da actual. E o primeiro grande problema que se coloca é que foi numa outra realidade, que se restringiu as opções a estas duas, ou porventura mais uma, opções. Este tipo de atraso entre o tempo da decisão e o da implementação, como sucedeu por exemplo no Alqueva, pode levar a que um projecto dedicado a abastecer de água terrenos agrícolas seja implementado para a construção de resorts junto à albufeira ou para a rega de campos de golfe.
Também a discussão actual em torno da Ota vem fora de tempo. É que não é necessário um novo aeroporto de Lisboa para amanhã, é mesmo para ontem. O incremento de tráfego aéreo para Lisboa, o correspondente aumento de receita no turismo e o facto de Lisboa conseguir ser hoje uma placa giratória para voos internacionais, corre-se o risco de perder por incapacidade de resposta aos pedidos feitos.
O aeroporto da Portela está verdadeiramente sem capacidade de resposta e mesmo que a obra da Ota comece amanhã, já vai ficar pronta muito fora de tempo útil.
A meu ver, portanto, mal grado pensar que a opção da Ota não foi feita tendo em consideração todos os factores essenciais para a escolha da localização de um novo aeroporto: ordenamento do território, operacionalidade aeroportuária, racionalidade económica, acessibilidades privilegiando acessibilidades com outros transportes públicos e impacte ambiental e social; julgo que a discussão oportuna seria aceitar a Ota como decisão definitiva e impedir que se acumulem novos erros.
O primeiro desses erros seria desactivar o aeroporto da Portela e entregar esse espaço à especulação imobiliária aproveitando a sua boa localização e a futura linha de Metro que irá servir essa área.
O segundo seria esquecer rapidamente que a opção Rio Frio foi marginalizada, quase exclusivamente devido a um maior impacte ambiental em termos de número de sobreiros que seria necessário abater, e deitar, à mesma os sobreiros abaixo para construir urbanizações como é o caso da Herdade de Rio Frio.
Por último assumir que necessidade de melhorar as acessibilidades deve ser feita com recurso ao TGV. É que o comboio de alta velocidade é muito mais um modo de transporte concorrente do que complementar do avião para distâncias inferiores a 400 km.
Fazer uma estação na Ota e outra em Lisboa de TGV, com uma distância da ordem dos 45 km, é um profundo disparate. Os passageiros que aterrem na Ota devem ter um transporte ferroviário pesado para uma estação que faça interface com o Metropolitano e o TGV em Lisboa.
A opção de colocar uma estação de TGV junto ao aeroporto da Ota só faria sentido se o objectivo fosse desactivar os aeroportos do Porto e Faro, e então, reencaminhar para essas cidades, via TGV, os passageiros com esse destino.
Outro dado que deveria ser rapidamente debatido é o urbanismo que se irá gerar em volta do novo aeroporto. Por forma a evitar, daqui a uns tempos, ter os mesmos riscos acrescidos para a segurança por termos habitação na zona de rota dos aviões junto à Ota.
artigo publicado em Ota em debate em esquerda.net