2007-05-27
Olhos de cão azul
Recentemente foi reeditada esta colectânea de 14 contos de Gabriel Garcia Marquez escritos quando o prémio Nobel ainda tinha entre os vinte e os vinte e oito anos.
A qualidade da escrita já era notória ainda que a maior parte destes contos não tenham aquela aparente simplicidade da boa escrita que faz com que textos riquissimos sejam de leitura leve.
Os temas são recorrentes e giram em torno da morte e da ligação entre os vivos e os mortos, ou da forma como uma pessoa viva sente a presença do seu irmão, amigo ou companheiro que já faleceu. Como de costume, a fantasia e o sobrenatural misturam-se com os sentimentos e as vidas das personagens. A ler, mas sem demasiadas expectativas.
E ele sabia que agora estava realmente morto. Sabia-o por aquela aprazível tranquilidade com que o seu organismo se deixava levar. Intempestivamente, tudo mudara. Os latejos imperceptíveis, que só ele podia sentir, haviam-se desvanecido agora do seu pulso. Sentia-se pesado, atraído por uma força exigente e poderosa para a primitiva substância da terra. A força da gravidade parecia atraí-lo agora com um poder irrevogável. Estava pesado como um cadáver real, inegável. Mas estava descansado assim. Nem sequer tinha de respirar para viver a sua morte.
De David Fincher, com Jake Gyllenhaal, Mark Rufallo, Robert Downey Jr.
Baseado em factos verídicos, um relato de uma investigação a um assassino, em S. Francisco, que vai enviando cartas e códigos após os crimes, para um jornal, assinando como Zodiaco, e exigindo a sua publicação.
As pistas infrutíferas vão “minando” a vida pessoal e profissional dos investigadores – policias e jornalistas, conduzindo-os numa espiral de destruição.
2007-05-24
Há quem considere Mário Lino um OTImista, outros um OTÁrio, julgo que nada disso, apenas um sério concorrente ao lugar especial que Manuel Pinho ocupa no nosso governo. Mas o seu último discurso, esse é mesmo uma anedOTA
2007-05-23
Ruptura
De Gregory Hblit, com Anthony Hopkins, Ryan Gosling, David Strathairn
A história de um crime perfeito. Ted é traído pela sua mulher Jennifer, decide então matá-la. Quando chega ao local do crime, o Inspector Rob é surpreendido pois a vítima é a sua amante.
De início o caso parece fácil, e Willy um ambicioso e excelente advogado do Ministério Público, conta com a vitória.
Mas nem tudo é o que parece, e as provas revelam-se frágeis.
Começa então um “pulso de ferro” entre Ted e Willy. Entre orgulho e ambição.
Um filme bem interessante, com boas interpretações de Hopkins e Gosling.
2007-05-21
Ota fora de tempo
Tudo tem o seu tempo e quando o tempo não é respeitado arriscamo-nos a tomar decisões erradas, efectuar escolhas erradas ou, ainda pior, não chegar a fazer nada.
A discussão em torno de um novo aeroporto para Lisboa começou na década de 70, tendo o governo da época determinado a sua localização em Rio Frio em 1972.
Desde então até 1999 em que o governo decidiu a sua localização na OTA, têm ocorrido inúmeros estudos que basicamente vão alternando posições sobre estas duas possíveis localizações.
Mas há 30, 20 ou mesmo 10 anos atrás a realidade da mobilidade por via aérea era bem diferente da actual. E o primeiro grande problema que se coloca é que foi numa outra realidade, que se restringiu as opções a estas duas, ou porventura mais uma, opções. Este tipo de atraso entre o tempo da decisão e o da implementação, como sucedeu por exemplo no Alqueva, pode levar a que um projecto dedicado a abastecer de água terrenos agrícolas seja implementado para a construção de resorts junto à albufeira ou para a rega de campos de golfe.
Também a discussão actual em torno da Ota vem fora de tempo. É que não é necessário um novo aeroporto de Lisboa para amanhã, é mesmo para ontem. O incremento de tráfego aéreo para Lisboa, o correspondente aumento de receita no turismo e o facto de Lisboa conseguir ser hoje uma placa giratória para voos internacionais, corre-se o risco de perder por incapacidade de resposta aos pedidos feitos.
O aeroporto da Portela está verdadeiramente sem capacidade de resposta e mesmo que a obra da Ota comece amanhã, já vai ficar pronta muito fora de tempo útil.
A meu ver, portanto, mal grado pensar que a opção da Ota não foi feita tendo em consideração todos os factores essenciais para a escolha da localização de um novo aeroporto: ordenamento do território, operacionalidade aeroportuária, racionalidade económica, acessibilidades privilegiando acessibilidades com outros transportes públicos e impacte ambiental e social; julgo que a discussão oportuna seria aceitar a Ota como decisão definitiva e impedir que se acumulem novos erros.
O primeiro desses erros seria desactivar o aeroporto da Portela e entregar esse espaço à especulação imobiliária aproveitando a sua boa localização e a futura linha de Metro que irá servir essa área.
O segundo seria esquecer rapidamente que a opção Rio Frio foi marginalizada, quase exclusivamente devido a um maior impacte ambiental em termos de número de sobreiros que seria necessário abater, e deitar, à mesma os sobreiros abaixo para construir urbanizações como é o caso da Herdade de Rio Frio.
Por último assumir que necessidade de melhorar as acessibilidades deve ser feita com recurso ao TGV. É que o comboio de alta velocidade é muito mais um modo de transporte concorrente do que complementar do avião para distâncias inferiores a 400 km.
Fazer uma estação na Ota e outra em Lisboa de TGV, com uma distância da ordem dos 45 km, é um profundo disparate. Os passageiros que aterrem na Ota devem ter um transporte ferroviário pesado para uma estação que faça interface com o Metropolitano e o TGV em Lisboa.
A opção de colocar uma estação de TGV junto ao aeroporto da Ota só faria sentido se o objectivo fosse desactivar os aeroportos do Porto e Faro, e então, reencaminhar para essas cidades, via TGV, os passageiros com esse destino.
Outro dado que deveria ser rapidamente debatido é o urbanismo que se irá gerar em volta do novo aeroporto. Por forma a evitar, daqui a uns tempos, ter os mesmos riscos acrescidos para a segurança por termos habitação na zona de rota dos aviões junto à Ota.
artigo publicado em Ota em debate em esquerda.net
2007-05-20
Campeões
2007-05-18
Simples, hilariante e muito comovente, lê-se bem! Um hino a um grande companheiro!
2007-05-11
Combateremos a sombra
Osvaldo Campos é um psicanalista e tem sempre a agenda cheia, uns pacientes a lápis e outros a caneta, sendo a sua secretária Ana Fausto que tenta que os a caneta, os clientes pagantes, sejam pelo menos tão numerosos como os a lápis.
Mas de entre todos os pacientes existe uma que é a sua preferida, a paciente magnifica ou a visita da noite como Osvaldo Campos gosta de lhe chamar. Só que entre as fantasias de alguns, os devaneios oníricos de outros ou as fobias, encontram-se verdades terríveis que fazem o psicanalista entrar naquilo que ele chama os territórios proibidos – a vida real dos pacientes.
Este novo romance de Lídia Jorge é excepcional. Trata-se de um livro que vai ganhando ritmo à medida que avança, à medida que se passa do universo da psicanálise para o universo da sombra. É , também, um livro mordaz quanto à sociedade em que vivemos, ao mundo das sombras que existe entre nós.
Combateremos a sombra ?
Essa é a dúvida que fica. Combateremos a sombra, ou mais vale ignorá-la.
Maria London desembaraçou-se do casaco e deitou-se sobre o divã. Estava tãoansiosa que não sabia onde colocar as mãos. Tinha-as cruzado sobre o peito e olhava em frente, para a parede cor de areia onde se desenrolavam as cenas dum episódio que precisava impreterivelmente de contar. Contar. Era extraordinário saber que o poderia fazer ali dentro daquele gabinete em toda a segurança. Pois por mais que contasse factos ao professor, ele sempre os desprezaria, ele sempre procuraria outra coisa para além dos factos.
Um livro a não perder.
Tivesse eu dinheiro e talento e este era o livro que eu adoraria adaptar ao cinema.
2007-05-10
Harlan Coben, autor de Não Contes a Ninguém, Desaparecido para sempre, Apenas um olhar, regressa agora com Um estranho Caso de culpa.
Numa rixa de estudantes Matt assassina acidentalmente um colega. É condenado e sai após 4 anos, determinado a recomeçar a sua vida. Tudo parece ir bem, até recebe no seu telemóvel uma fotografia e um vídeo da sua mulher Olive numa situação constrangedora. Na mesma altura uma freira é misteriosamente assassinada, Matt é seguido e torna-se mais uma vez suspeito de homicídio.
Um livro que nos prende desde o inicio.
Aproveito também para sugerir, enquanto está em exibição, o filme Não contes a ninguém, baseado no livro do autor. Apesar de já ter lido o livro há bastante tempo, pareceu-me muito fiel à história. Conquistou, na última edição dos Césares, quatro categorias (Melhor Actor, Melhor Realizador, Melhor Música e Melhor Montagem.
De Guillaume Canet, com François Cluzet, Marie-Josée Croze, André Dussollier e Kristin Scott Thomas.
Alex, médico pediatra, é casado com Margot e são ambos muito felizes. Um dia, tragicamente são atacados, e Margot é assassinada. Passados 8 anos, Alex todos os dias recorda a sua mulher, mas segue a vida serenamente, até que recebe um estranho email, para se ligar num endereço, onde pode ver uma câmara de rua, é aqui que a sua serenidade desaba, ao ver uma mulher que é Margot.
Um thriller extremamente sóbrio, um fantástico desempenho dos actores nomeadamente François Cluzet que vive o medo e a paranóia, da sua personagem obstinada em encontrar a mulher. A ler, a ver ou quiçá ambos!
2007-05-09
Dicas – Site Útil
Para não se esquecer de desparasitar as mascotes lá de casa, podem ir a este site:
www.bayervet.com.pt - inscrevem-se os bichos, e eles avisam-nos quando devemos voltar a fazê-lo!
2007-05-08
De Guillaume Nicloux, com Monica Bellucci, Catherine Deneuve e Moritz Bleibtreu
Laura é mãe adoptiva de Siu Lan. Quando o rapaz faz sete anos, uma estranha marca aparece em seu corpo, e Laura começa a ter pesadelos. Pouco tempo depois Siu Lan é raptado e Laura entra num universo sobrenatural para o poder resgatar.
Um filme que entretém, mas não convence por aí além.
2007-05-07
À boleia da licenciatura de Sócrates
Agora que apenas o Ministro Mário Lino e os Gato Fedorento continuam a fazer piadas sobre a licenciatura de Sócrates, penso que já se pode falar seriamente sobre algumas das questões sérias abordadas com ligeireza em todo este falatório e que são aquelas que verdadeiramente interessam pois a questão pessoal de José Sócrates não interessa nada.
A primeira questão é cultural, aconteceu com Sócrates aquilo que aconteceu comigo e provavelmente com muitos outros estudantes do ensino superior, um tempo imenso entre fazer os exames das disciplinas e os professores lançarem as notas. Como se não fosse uma questão meramente burocrática que deveria ser feita no dia seguinte ou pouco mais. Com alguns professores meus do ISEL tive de literalmente andar atrás deles para me lançarem as notas, fiquei logo ensinado pelo exemplo negativo da importância de cumprir prazos, é que com esse laxismo, não fosse ter acontecido comigo aquilo que também aconteceu com Sócrates que foi fiarem-se na minha palavra, poderia ter perdido a oportunidade de arranjar emprego que ainda hoje tenho.
A segunda questão, deixo-a como pergunta, porque razão é importante para alguém que tem carreira firmada na política e que não trabalha na sua área de formação (engenharia civil) ter uma licenciatura nessa área ?
E finalmente, que o post já vai longo, a terceira e mais importante questão que foi a que, segundo José Sócrates, o fez transferir-se do ISEL para a UNI. Enquanto no ISEL se tira dois anos após o bacharelato para se ser licenciado, tal como acontece numa privada, não se é automaticamente reconhecido como licenciado sendo preciso um organismo corporativo e que sempre manifestou má fé contra os engenheiros técnicos como é a ordem dos engenheiros, lhe fazer um exame para o reconhecer como Engenheiro. Aliás e isto é também válido para médicos, advogados e arquitectos, porque é que não basta a um aluno tirar um curso reconhecido oficialmente pelo Ministério da Educação para se poder exercer de todo (ou em parte) a sua profissão, obrigando compulsivamente um conjunto de profissionais a inscreverem-se numa Ordem profissional que,como se vê pelo menos no caso da dos engenheiros não trata de igual modo alunos que saem da UNI de outros que saem do ISEL.
O livro dos sonhos
Todos os anos o Conservatório de música D.Dinis junta os seus elementos das orquestras e dos coros e faz um espectáculo, desta vez abrilhantado com duas excelentes solistas (Joana Gil e Margarida Silva) e a actriz Mara Milheiras que dá um fio condutor a esta história mágica de um caminhante que percorre um livro dos sonhos onde a música erudita se cruza com a canção infantil ou autores portugueses como José Afonso ou Sérgio Godinho.
O resultado é de grande harmonia e o espectáculo acontece.
Teatro da Malaposta (Senhor Roubado) às sextas e sábados à noite e aos domingos de manhã.
As más noticias esperadas confirmaram-se. E se na Madeira não havia dúvidas, em França tinha esperança que os franceses não dessem a presidência ao xenófobo assumido que ao classificar os jovens imigrantes dos arredores de Paris como escumalha desencadeou actos de vandalismo por todo o país.
Que a democracia impere e espero estar enganado, mas a vitória de Sarkozy arrisca-se a por a França a ferro e fogo e a acender um rastilho por toda a Europa.
2007-05-05
Homem Aranha 3
Vê-se lindamente! Efeitos especiais e acção, que deliciam os mais novos, principalmente!
2007-05-03
Esta Lisboa que eu amo
Ainda ninguém sabe se vai mesmo haver eleições e os precipitados das sondagens já dão a vitória ao PS. Será que isso significa que os eleitores já sabem em quem vão votar mesmo sem saberem quem são os candidatos ? A avaliar por esta noticia 40,1 % sim.
Mas será mesmo possível que, por exemplo, os eleitores do PS votassem, outra vez, no Manuel Maria "jet set" Carrilho depois dele ter desistido do mandato para que foi eleito? Ou que no PSD houvesse alguém que voltasse a votar em Santana Lopes se for este o candidato? Já nem sequer pondo a hipótese de um candidato se demitir e voltar a se candidatar.
Sim, porque ainda não chegamos à Madeira, aqui isso não seria possível.
Confesso que não quero acreditar que as pessoas já sejam completamente imunes aos candidatos e que se limitem a apoiar cores, bandeiras ou aventais.
2007-05-01
Se no dia do trabalhador os meus filhos não trabalham tal como eu, porque é que no dia da criança eu em vez de trabalhar não tenho actividades tal como eles ?
Ora aqui está mais uma causa para um Cantor de intervenção como este