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2004-08-31

 
A foto do Post abaixo



 
A bondade das coisas

Há imagens que ficam. É o caso da foto duma criança ao colo do pai. Num cenário de guerra, num primeiro plano, está uma cerca de arame farpado. O pai, de capuz enfiado na cabeça, para não reconhecer os guardas que o prendiam, acaricia o filho. A legenda explica que um soldado cortou o fio que amarrava os pulsos do prisioneiro para acariciar o filho. O ranho no nariz e os olhos inchados do miúdo indiciavam um choro prolongado. Também é dito que não se sabe do destino dos protagonistas desta foto.
Foram muitos os que dificilmente seguraram a lágrima teimosa ao olhar a fotografia ampliada, em exposição no Centro Cultural de Belém.
A imagem, à primeira vista violenta, encerra uma bondade para além do dizível. Primeiro a do fotógrafo que, até conquistou um prémio, soube captar um instante de ternura que vale uma eternidade. Depois a daquele pai que, numa situação limite, muito provavelmente à beira da morte, sabe que o fundamental naquele momento é tentar proteger o filho, dando-lhe um aconchego. Difícil de perceber mas real, há ainda a bondade do soldado que, arriscando também muito, cortou as algemas. Teria muitas razões para o não fazer, podia ser reconhecido, provavelmente estaria a desobedecer a ordens. Mas fê-lo.
Saberemos nós, mais propensos à maledicência, descobrir a bondade que há em naqueles que nos rodeiam?

Nicolas Fernandez - DN-M

2004-08-30

 
Feira de música em 2ª mão

A associação Cores do Globo vai promover no dia 1 de Outubro, uma feira de música em 2ª mão no Mercado da Ribeira. Para participares leva à loja de comércio justo, Mercearia do Mundo, R. São José nº 17, em qualquer dia de semana ou ao sábado e até ao dia 23/09, os teus CDs.

Caso queiras, metade do preço dos CDs reverte para ti, caso queiras ajudar ainda mais esta associação, bem que podes oferecer alguns daqueles CDs que nunca mais ouviste.

No dia 1/10, será o momento de ir comprar CDs e ver que "raridades" se conseguem encontrar. Afinal Reutilizar é um dos três "Rs" ecológicos.


 
O Regresso



Um filme de Andrei Zviaguintsev, com Valdimir Garine, Ivan Dobronravov, Konstantin Lavronenko e Natalia Vdovina.
Prémio 2003 Veneza, Leão de Ouro, Melhor primeira obra.

Ivan e Andrei são dois irmãos de 15 e 13 anos, unidos por fortes laços, que talvez a ausência de um pai tenha fortalecido.

Inesperadamente o Pai regressa, após 12 anos, sem justificação alguma, apenas com carro e algum dinheiro.
Propõe-se a levar os dois rapazes a pescarem, e aqui inicia-se uma viagem arriscada, o Pai é lacónico e por vezes violento, Andrei tenta agradar o Pai, enquanto Ivan se rebela contra a autoridade paterna, levando estes três destinos, a um trágico final.

O cenário de um lago e o tempo frio de chuva, contrastando com as expressões e estados de alma dos personagens, são muito bem jogados pelo realizador.

O trabalho dos actores é excelente, a fotografia é magnifica. É um filme imperdível

 


Umbiguismo

A moda dos umbigos de fora veio para ficar, tanto quanto uma moda pode durar, e abarcou mais faixas etárias do que poderia ser expectável.

Claro que na verdade a moda é sempre a mesma... há uns valentes anos atrás, uma mulher para ser atraente deveria ter a pele de um branco imaculado, ou seja: ser rica e não ter que trabalhar no campo. Cem anos passados a situação aparentemente inverteu-se, quanto mais bronzeada melhor, mas o principío mantinha-se - ter tempo para passar horas na praia sem fazer nada.

O umbigo de fora num ventre liso, é uma outra forma de exibir dinheiro e disponibilidade, para horas de ginásio ou de massagem. Mas dinheiro à parte, e apesar da morte dos bodies enquanto peça de lingerie, eu gosto.

E o que mais gosto não é de observar os umbigos, mas sim de reparar que estejam eles plantados num ventre liso, numa barriguinha redonda ou num verdadeiro pneu. Sejam eles pertença de uma miuda de 15 anos ou de uma mulher de 50. O que eu gosto é de ver que muitas mulheres não se coibem de mostrar as diferenças entre os seus corpos e aqueles que aparecem nas fotografias das revistas.

Ou seja, e isso é que me agrada, sentem-se bem nos seus próprios corpos, estão mais auto-confiantes, e é sobretudo isso que torna uma mulher interessante.


2004-08-29

 
CatWoman - Mulher-Gato (estreia dia 30)




Sharon Stone protagoniza a vilã do filme. Executiva numa empresa cosmética em parceria com o marido, e rosto da marca há já anos, é substituída por uma jovem modelo na imagem do creme, o que não lhe agrada.
Patiente, Halle Berry, é uma mulher reservada, tímida que trabalha como artista gráfica na empresa. Ao descobrir um terrível segredo é assassinada e salva pelo gato egípcio Mao. Ao “renascer” tem elevados poderes felinos e resolve descobrir quem a “matou”

A mulher gato desta vez é Halle Berry, lindíssima sem dúvida alguma, mas na minha opinião, a Michelle Pfeifer tinha mais “charme” encarnando esta felina.
O filme é banal, bastantes efeitos especiais nas lutas protagonizadas pela mulher-gato, mas....não convence.
Ao que se lê na imprensa, parece que Sharon Stone queria beijar Halle Berry para apimentar o filme, e não foi autorizado devido ao puritanismo do Sr. Presidente Bush, mas...mesmo com beijo, não creio que o filme convencesse.
Miauuuuuuuuuuuuuuu!

2004-08-27

 


As coisas da alma

Trata-se do mais recente livro de contos de João de Melo, ainda que alguns destes contos já tenham sido publicados de forma dispersa.

Como o próprio título indica, mais que histórias, João de Melo retrata-nos estados de alma. Por vezes vividos, por vezes sonhados.

Não se tratando de um grande livro, a qualidade da escrita do autor está bem presente.

Falava-nos de uma Lisboa não propriamente desconhecida, mas tão difusa que mais parecia um reino murado, contido dentro das suas fortalezas. Era a Lisboa da noite e do crime. A cidade dos que dormem ao relento sob arcadas e portais de prédios em ruína. Uma espécie de navio pirata que foge tanto das rusgas policiais como dos recifes traiçoeiros.

 
Na próxima 5ª feira a Visão, edita, em colaboração com o Jornal de Letras, um livro - Cem Poemas de Sophia - Os melhores cem poemas de Sophia de Mello Breyner Andresen, a selecção e introdução é de José Carlos de Vasconcelos. (preço: 3,99)

2004-08-26

 


Zoo de Lagos

"Há que educar a criança para não ter que punir o homem" - é esta frase de Pitágoras que serve de mote ao Zoo de Lagos, sito em Bensafrim. Trata-se de um pequeno jardim zoológico onde se destacam as presenças de aves e de primatas.

Mas o que mais apreciei no Zoo de Lagos foi a quase inexistência de barreiras físicas entree os visitantes e os animais e o extremo bom gosto e cuidado que se nota nos mais pequenos pormenores.

Ao longo dos caminhos existem pequenos recantos acolhedores, onde nos podemos sentar e ver, por exemplo, uma familía de gibões em alegres acrobacias, separada de nós apenas por um pequeno ribeiro.

Citações inscritas em placas de basalto aliam a cultura ao reino animal, e na quinta pedagógica podemos alimentar as cabrinhas anãs.

O Zoo está ainda dotado de restaurante, cafés, parques infantis e uma loja onde gastei bem mais do que os 21 euros do bilhete familiar de entrada (dois adultos e duas crianças).


P.S. É imperdoável não levar máquina fotográfica, tirei as minhas melhores fotografias de animais de sempre.

2004-08-24

 



Catherine (Fanny Ardant) descobre que o seu marido Bernard (Gerard Depardieu) tem tido casos esporádicos, durante o casamento. Catherine quer saber o que Bernard fazia na intimidade com essas mulheres, mas Bernard não lhe revela essas intimidades. Catherine decide então contratar Nathalie (Emmanuelle Béart), uma prostituta que trabalha numa casa de alterne, para seduzir Bernard e lhe contar todos os pormenores íntimos.

Um filme francês que nos fala de relações humanas, e da falta de diálogo nas relações entre casais.
As personagens cativam-nos desde o início do filme, os diálogos são interessantes. Recomendo.

2004-08-23

 



Ao descobrir a escrita de Gonçalo M. Tavares através do livro - Klaus Klump - Um homem, fiquei agradavelmente surpreendida.

O autor prosseguiu com A Máquina de Joseph Walser, e já com este me deixou desiludida, talvez a boa surpresa com o primeiro livro que li tenha apagado este.

Este livro retrata a maldade humana no homem, a máquina como bem supremo, a guerra, a morte...mas perde-se muito em filosofia, não nos cativa de imediato e cola-se um pouco ao anterior.

“É o teu ódio que te dá o nome. Só pelo teu ódio serás reconhecido pela tua mãe, pelo teu pai - por aqueles que te ofereceram o corpo. Não nos deixemos enganar pela moral ou pela história de um país, no fundo são duas forças idênticas: a mora e a História são apenas dois modos de o grupo, de a pátria, dizer, pedir, para não existires. Por favor não existas, diz a História de um país. Não existas, diz a moral colectiva”.

In A máquina de Joseph Walser
Goçalo M. Tavares
Caminho, Editores

2004-08-21

 
Levity (leveza) Redenção



Um filme de Ed Solomon, com Billy Bob Thornton, Kirsten Dunst, Morgan Freeman e Holly Hunter.

De “leve”, como nos sugere o título, este filme nada tem!
Após 22 anos preso, Manuel Jordan é solto. Cumpria a pena pelo assassinato de um jovem durante um assalto, mas não se sente bem sendo libertado, pois Manuel crê que merece estar preso.

Manuel tenta atingir a redenção pelo seu pecado, vive atormentado pela recordação do jovem que assassinou. Tenta praticar o bem, com boas acções e ajudando quem com ele se cruza. Conhece um reverendo e passa a ocupar-se com trabalho social, tomando conta de um pequeno estacionamento, usado por jovens frequentadores de uma discoteca.

Aí conhece Sofia, e tenta ajudá-la, na sua fase “teenager” irritante e alcoólica. Aproxima-se de Adele, irmã do falecido, para tentar conhecê-la e ajudá-la, mas não consegue revelar quem é.

É um filme bom, pesado, um drama que nos prende ao écran, os desempenhos dos actores são muito bons, e os diálogos do filme também. Billy Bob Thornton traz-nos de novo, uma personagem sombria, tal como em Monster’s Ball e o Barbeiro. A ver!



2004-08-20

 



Hoje passei o dia nas gravações de três programas do Um contra todos, apesar de ter regressado tão pobre como fui, e de nem sequer ter tido a oportunidade de sentar o traseiro na cadeira que se eleva (que talvez fosse mais confortável que as restantes que eram horriveis), a verdade é que não dei o dia como perdido.

O ambiente era agradável com concorrentes simpáticos e vindos dos mais variados pontos do país (até conheci uma blogger de Gaia mas que não me quis dar o nome do blog porque era "um pouco malandreco") e os elementos da produção eram igualmente simpáticos e descontraídos.

Quanto ao concurso em si, descobri que o difícil não é ir lá (bastou-me um SMS e meia hora de conversa ao telefone), nem ganhar depois de estar na cadeira. O difícil mesmo, é conseguir ir para a cadeira, pois só temos 6 segundos para cada pergunta, não podemos escolher a dificuldade para cada tema e não temos hipótese de "comprar" a resposta.

Estando em jogo falhei duas perguntas, vejam lá se sabem:
1. Qual o nome do álbum de 2003 de Madonna (life for rent, in the zone ou American life)
2. Quem escreveu o romance "A mulher de 30 anos" (Albert Camus, Honoré Balzac ou Jean Paul Sartre)

Pronto, ok, vocês sabiam, mas talvez falhassem algumas das que para mim foi fácil acertar...

 
O Enviado



Estreia nas salas portuguesas dia 26, este filme de Nick Hamm, com Robert De Niro, Greg Kinnear e Rebecca Romijn-Stamos.

Jessie e Paul perdem o seu filho Adam de 8 anos num acidente. Em estado de choque ainda, o casal é abordado por um antigo conhecido de Jessie, Richard, especialista em genética. Este faz-lhes uma proposta bizarra, a possibilidade de implante de um clone do falecido Adam no útero de Jessie. Assim Adam “renasce”, e é uma criança normal até completar 8 anos.

Este filme passa pela ficção cientifica, policial, suspense, terror, drama familiar, mas não se fica por nenhum, para quem goste do tema, talvez valha a pena, mas nem o bom elenco faz deste cenário um bom filme, e o final é bastante mauzinho.


2004-08-19

 
Há um ano "postavamos" assim...
Memórias de Farol


Que mundo é este que estamos a construir e vamos deixar aos nossos filhos? É o que me apetece perguntar, mais a mim mesmo, perante o atentado à ONU em Bagdad e, sobretudo, ao saber da morte de Sérgio Vieira de Mello. Por mais condenável que seja a intervenção no Iraque – e sempre fui um dos críticos à hegemonia americana -, não consigo entender que, mesmo lutando por uma causa, haja quem não consiga distinguir entre o combate e o assassínio.
É gente criminosa, que não olha a meios para atingir fim nenhum. Eles sabem que a ONU não apoiou a guerra. Sabem que Sérgio Vieira de Mello era um homem de paz. Sabem que a missão dele era, de certa forma, remediar, emendar, reconstruir. Mas não se importam. Matar militares ou civis é a mesma coisa. Pôr ainda mais em causa o papel da ONU é também um objectivo.
Isto é política. Mas também é cultura. É a Guernica de Picasso. O símbolo do Mundo que temos. Como se muda? Não sei, mas sinto ganas de contribuir para alguma coisa. Para não deixar uma Terra apodrecida sob os pés do meu filho.

Post de 2003.08.19 de Avelino



2004-08-18

 
Mulheres Perfeitas



Joanna é uma executiva bem sucedida e activa, que de repente sofre um colapso derivado do stress. O seu marido Walter, decide então mudar-se com a mulher e filhos, de armas e bagagens para a pacata cidade Stepford.
Nesta terra as mulheres são perfeitas, lindas, bem arranjadas, casas sempre impecáveis, obedientes aos maridos e felizes com a vida. (ARG)
Joanna começa a estranhar este comportamento e as várias tentativas de a converterem também numa mulher perfeita. Começa então uma investigação por conta própria.

Comédia negra, realizada por Frank Oz, remake do filme original de Bryan Forbes, 1975, na categoria de terror. Com Nicole Kidman, Bette Midler, Glen Close, Matthew Broderick, Christopher Walken e Jon Lovitz.

Um filme fraco, que nem o elenco de luxo o salva. Talvez este tema, humanidade versus máquinas, funcionasse melhor na categoria de terror que em comédia negra. De salientar as actrizes Nicole Kidman e Bette Midler.

 
Clubes de vídeo – Crónica de uma morte anunciada

Mal os vídeogravadores se generalizaram os clubes de vídeo nasceram como cogumelos com especial incidência nas periferias urbanas. O negócio era simples e de sucesso, cada cassete comprada assegurava um número de alugueres que ultrapassava, e em muito, o custo de aquisição.

Para os clientes, na altura com poucos canais de televisão e com os filmes a passarem a horas impróprias para quem trabalha em horário normal, afigurava-se como maravilhoso o leque de escolha possível e a comodidade de ver filmes em casa no horário mais conveniente.

Hoje, e apesar dos vídeoclubes já terem entrado definitivamente na era dos DVD, o cenário é completamente diferente. Um número considerável dos seus clientes passou a contar com uma enorme variedade de canais, sendo alguns deles vocacionados especificamente para o cinema. Serviços como o vídeo on demand começam a dar os primeiros passos, e o preço dos DVDs, nomeadamente das séries económicas lançadas por alguns órgãos de comunicação social tornam-se uma forte alternativa a esse negócio.

O mercado paralelo encontra-se em florescência e cada vez mais barato. A compra de um DVD na FIC (1) não é mais cara que o aluguer num Clube de Vídeo, e apesar da pior qualidade da imagem e da legendagem duvidosa, as novidades sucedem-se, sendo vulgar aparecerem os filmes ainda antes das estreias nas salas de cinema.

Durante quanto mais tempo irão sobreviver os Clubes de Vídeo ?

(1) Feira "Internacional" de Cascais

2004-08-17

 
Rei Artur



Um filme de Antoine Fuqua, realizador de Dia de Treino e Missão Especial. Com Clive Owen, Ioan Gruffudd, Keira Knightley, Hugh Dancy e Stellan Skarsgard.

Desenganem-se os fãs de Avalon, Morganas e afins, que esta história não os evidencia. Inspirado na mítica lenda do Rei Artur é um filme com um simples enredo, sem grande sentimentalismo. As batalhas estão bem feitas os efeitos especiais necessários de acção estão lá. Os actores nem muito bem nem muito mal, cumprem os seus papeis. Gostei bem mais deste filme que do “famoso” Tróia que me desiludiu.

2004-08-16

 



Sempre adorei a fabulosa série dos Peanuts, quem não se lembra do adorável Snoopy? Hoje no Público pode-se ler que a partir de dia 1 de Setembro os Peanuts chegam ao canal Panda, de 2ª a 6ª feira às 9.30 e 18.30, Sábados e Domingos às 06.30, 11.00 e 15.30. Esta é uma boa novidade!

 
Os “mitos” da TV

A Televisão cria “mitos” com pés de barro. Já todos o sabíamos, mas é quando um deles dá de novo que falar, que nos apercebemos da efemeridade da fama gratuita. Vem a propósito de uma noticiada tentativa de suicido do primeiro vencedor do Big Brother, aquele concorrente de Barrancos de nome Zé Maria. O Jornal é o Correio da Manhã de hoje.
Um rapaz franzino, com os olhos encovados, como a própria vida que levava, que terá pensado libertar-se das amarras das obras directamente para o Jet Set. O sonho não terá durado muito. O que terá ganho, em dinheiro e notoriedade, ter-se-á esfumado. Qual a responsabilidade dos meios de comunicação social que apostam em contos de fada? Porque as audiências ferozes de “realty shows” como este? “Vendem-se” porque as pessoas querem “comprar” ou impingem-se aproveitando o lado mais sórdido que as pessoas têm? E não vem a dar no mesmo?! Não me parece. Mas responda quem souber...

2004-08-15

 



Amo-as, às pedras!

Viagens versáteis
De rochas!

Sedimentares
Magmáticas,
Metamórficas, sabem-me
A água, a terra, a ar, a fogo,
A tempo, coalhado de frutos,
Carnudo e maduro.

Aventura atómica indolor
Nas carnes milenares!
Humidades e brasidos múrmuros!

Sedutoras, deitam-se-me
Sobre o ócio diletante,
E desfibram morfologias
Sintaxes e semânticas,
Ao sabor da sede do meu Verbum.

Amo-as, às pedras!
Versáteis!

São uma poética de luxo
Raro e de fascínio doloroso
E obscuro!

É o basalto que me embala.
É o mármore que me grava
Epitáfios breves e brancos.
É o xisto luzente o êxito da álgebra.
É o granito que me excita,
Sobre lajes lisas e indóceis.
É o calcário que me lambe, nas
Águas agitadas, a saliva dos dias.

In Violeta Teixeira, LÂNGUIDAS FÚRIAS, Magno Edições, 2000

Nota: poema gentilmente enviado ao Farol pela autora Violeta Teixeira

 
Felizmente o desporto português é muito mais que apenas o futebol




2004-08-13

 
Começaram os Jogos




 
Há um ano "postavamos" assim...
Memórias de Farol


Todas as manhãs, a caminho do trabalho, João e um amigo passavam pela tabacaria do Sr. Joaquim. Ao pagar o jornal, o João agradecia com um sorriso nos lábios e desejava ao Sr. Joaquim um bom dia! Como resposta, recebia sempre o mesmo silêncio e sempre a mesma carranca.
Certo dia, o amigo perguntou:
- João, por que insistes em desejar bom dia ao Sr. Joaquim e tratá-lo de forma tão amável se ele é sempre grosseiro e sem educação?
O João respondeu-lhe:
- Simplesmente porque não quero que ele decida como vai ser o meu dia.

Post de 2003.08.13 por Filomena

2004-08-12

 
Existem duas coisas que me põem assim, nesse estado, visão desfocada e os pés a tropeçarem em degraus inexistentes.

A primeira, é beber uns copinhos a mais. Mas a segunda, é bem mais fácil e económica, basta tirar os óculos.

 



Garfield - O filme

Estreia na próxima 5ª feira o filme deste meu herói, um gato simpático, manhoso, louco por lasanha, e super preguiçoso.
Não é um filme bestial, mas penso que para os fãs do famoso gato, é bom de ver.
Neste filme Garfield recebe em casa, contrariado o simpático e trapalhão Odie. Mas os ciúmes do nosso herói são bem grandes.
Um bom filme para ver neste verão, em familia.

2004-08-11

 



Este tempo faz-me uma preguiça daquelas ... assim...bem grandes!

2004-08-10

 
Há um ano "postavamos" assim...
Memórias de Farol


Pudessem as minhas lágrimas...

Pudessem as minhas lágrimas apagar as résteas de chamas e eu choraria.

Não iria chorar pelos que morreram pois a esses só desejo que tenham partido sem que se tenham apercebido de que o iriam fazer. Choraria, sim, pelos Sobreviventes.

Por todos aqueles que viram a sua vida mudada, acabada, transformada em escombros dificilmente re-erguíveis. Choraria por aquela mulher que após chorar pelas terras queimadas soube que o seu homem tinha morrido e percebeu que afinal ainda não chorara nada. Que a tristeza que sentira anteriormente não era nada. Nada.

Choraria por aquele bombeiro que se sentiu impotente face ao avanço inexorável das chamas e que sentia pousados nos seus ombros uma mão cheia de olhares de esperança. Que o peso dos olhares lhe curvavam os ombros, cansados, de uma luta desigual e inglória e que mesmo sabendo de que nada servia, mantinha a mangueira firme apontada, procurando segurar por mais um minuto que fosse a esperança ténue naqueles olhares.

Choraria por aquela criança que em Agosto iria passar as férias com os avós na “terra” e que já não vai, pois já não há “terra” nem coelhos, nem galinhas e que permanecerá encafuada num sol abrasador de betão.

Mas as minhas lágrimas de nada servem por isso não choro, apenas espero que a tristeza e as tragédias ocorridas não tenham sido completamente em vão. Que tenham sido as últimas... não apenas deste verão.

Post de 2003.08.10 por Pedro


 
The Terminal (Waiting for Life)
O Terminal
(Estreia em Setembro/2004)



Um filme de Spielberg com Tom Hanks, Stanley Tucci, Catherine Zeta- Jones e Diego Luna. Um cidadão da Cracóvia chega a Nova Iorque, enquanto voava o seu país natal sofre um golpe de estado, logo ao chegar às terras do “Tio Sam” o seu visto não está válido. No aeroporto também não lhe resolvem a situação, confrontando-o com uma espera sem final à vista no terminal de Nova Iorque. Um belíssimo filme, que retrata a sobrevivência deste homem, as relações humanas que vai tecendo com todos os que vivem um pouco, naquele terminal de partidas e chegadas e poucas estadas, em terra desconhecida, tendo que sobreviver até conseguir o seu sonho de entrar em na cidade e cumprir uma promessa.
Um filme a não perder.
*****

2004-08-09

 



Canção de amor da jovem louca

Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro
Ergo as pálpebras e tudo volta a renascer
(Acho que te criei no interior da minha mente)

Saem valsando as estrelas, vermelhas e azuis,
Entra a galope a arbitrária escuridão:
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro.

Enfeitiçaste-me, em sonhos, para a cama,
Cantaste-me para a loucura; beijaste-me para
a insanidade.
(Acho que te criei no interior de minha mente)

Tomba Deus das alturas; abranda-se o fogo
do inferno:
Retiram-se os serafins e os homens de Satã:

Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro.
Imaginei que voltarias como prometeste
Envelheço, porém, e esqueço-me do teu nome.
(Acho que te criei no interior de minha mente)

Deveria, em teu lugar, ter amado um falcão
Pelo menos, com a primavera, retornam com
estrondo
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro:
(Acho que te criei no interior de minha mente)

Sylvia Plath

 


Materna Doçura

Este romance de Possidónio Cachapa conta-nos a história dos afectos entre pais e filhos, ou entre filhos e mães. Ainda que os pais, por vezes, nem sempre sejam verdadeiramente pais ou que os afectos não tenham sempre o teor mais tradicional.

Conta-nos, sobretudo, a história de Sacha, o-de-olhos-azuis, o criador da pornografia maternal, e dos sentimentos que o mesmo soube despertar em pessoas tão diferentes.

É sem dúvida um livro a ler, e que consegue conjugar uma certa leveza com a profundidade dos temas tratados.

O rapaz pensou no homem da marginal. Um professor ?! Era o primeiro, simpático, que encontrava.
Tinha a cara cheia do sal trazido pela maresia. Tocou com a língua no joelho despido. Depois voltou a abrir o livro. Que chatice de história. Tanta conversa... E os olhos fecharam-se-lhe sem que desse conta.
Os dedos maternais de Gracinha encontraram-no, assim, estendido, sobre a colcha usada do hotel. Beijou-o suavemente na face. E os seus lábios sorriram, ao ver o murmúrio doce que lhe saía dos sonhos.


2004-08-07

 
O "Mestre"
Sir Alfred Hitchcock



Provavelmente já todos sabem, mas não faz mal recordar, às 3ªs feiras com a TV Guia, podem adquirir um dvd deste sublime Mestre pelo preço de 4,9 euros.
O 1º - O Homem que sabia demais, 2º - Jamaica Inn (já à venda).
Os próximos: 39 degraus, A dama desaparecida, Número 17, Sabotagem, O Agente secreto e Chantagem.
Nota 1 - Esta semana o Jamaica Inn, saiu apenas na sexta feira, e foram recebidos poucos exemplares.
Nota 2 - Sim voltei de férias! As saudades que eu tinha da minha gata!

2004-08-06

 
Regresso

Depois de duas semanas sem ver um blog, um site ou um jornal on line, heis que regresso a casa. Por onde andei não senti falta da net - foram apenas 15 dias, mas em casa se a rede falha por mais de 5 minutos fico logo bravo. Mas a verdade é que rascunhei um ou dois posts no meu caderno habitual. Um dia destes passo-os para aqui.

Entretanto O Farol das Artes, no passado dia 1, completou o seu primeiro ano de existência. Apenas o Jorge reparou. Como o tempo passa depressa...

2004-08-02

 
Férias

Quase meio mundo está de férias. Basta ver que o post abaixo, colocado há uma semana, permanece de pedra e cal. Felizmente os grandes incêndios que o motivaram desapareceram. Mas deixaram sequelas irreparáveis. Trata-se de compensar os que perderam tudo ou quase tudo, gesto devido e da responsabilidade do Estado. Mas, gostaria de saber também que alguém já está a trabalhar, tirando as ilações que se impõem, para, embora tardiamente, demonstrar que somos capazes de aprender as lições e de, na prática, implementar mecanismos que, pelo menos minimizem este flagelo anual.
Hoje saíram os resultados dos exames de matemática e física. Bem abaixo da média dos países com que nos queremos comparar. Parecem outra inevitabilidade. Seremos assim tão burros? Ou não nos ensinam a entender e motivam para as coisas importantes, que, quer se goste ou não, determinam o nosso próprio desenvolvimento?
Por vezes, fico cansado deste país que temos. Não do rectângulo, nem das suas paisagens e das praias e do mar que nos vai embalando, e, muito menos, das gentes, mas de alguns, uns quantos que, apesar de todos os projectos que apregoam, nos vão minguando a esperança.
Mas é tempo de férias. Para todos, que seja um período de merecido descanso e retemperante das forças. E que o Outono nos traga... Desejem vocês, que eu estou a ficar sem pachorra.