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2006-01-30

 


Os maus exemplos que vêm de cima

Manuel Alegre está de baixa médica até dia 13 de Fevereiro, o que implica passar 15 dias sem ir ao Parlamento, onde é vice-presidente, nem desempenhar as suas funções directivas no PS. O socialista disse ontem aos jornalistas que “está de atestado médico”, mas este facto “não esteve contra” a ida à reunião que juntou no hotel Altis, em Lisboa, perto de meia centena de pessoas que o acompanharam na campanha. Ora aqui está um exemplo de uma baixa fraudulenta.

 

MISS SAIGON
Está em cena, no Coliseu dos Recreios de Lisboa, o musical Miss Saigon. O espectáculo estreou em 1989 e é um dos musicais ingleses mais famosos.
Baseado em factos reais fala-nos do amor em tempo de guerra, da colonização francesa e “americana” no Vietname, do sonho americano ( do engenheiro) e da situação das crianças nascidas de relacionamentos entre soldados e raparigas vietnamitas: A abordagem privilegia o factor emocional com muita paixão e drama à mistura.
Resumo do argumento : Durante a Guerra do Vietname, um recruta apaixona-se por uma jovem vietnamita dando origem a uma condenada história de amor.... Em 1975, as tropas vietnamitas invadem a Embaixada Americana em Saigão e as tropas americanas são evacuadas pelo telhado em helicópteros. Chris, desesperado, procura Kim na multidão. Não quer partir sem levar o seu grande amor. Sem outra hipótese, é empurrado para o helicóptero e afasta-se da caótica Saigão. Para trás deixa uma existência que não compreende, um amor verdadeiro e um filho que desconhece existir.Três anos depois, já casado, Chris descobre Kim em Banguecoque e vai ao seu encontro… Kim fica desesperada quando percebe que Chris é casado e decide que o seu filho crescerá na América, optando por se suicidar.
As interpretações são excelentes, tal como as vozes, os cenários… em suma todo o espectáculo é de grande qualidade. O único senão é o palco do Coliseu ser de dimensões reduzidas e não permitir a aterragem de um helicóptero real .
Se tiver oportunidade vá assistir a este musical que estará em cena até ao próximo dia 12 de Fevereiro. Vale a pena!

 

WC para cães
Gosto de animais, sobretudo de cães! Adoro-os!
Defendo que os donos devem respeitar os outros cidadãos e ensinar o seu animal a usar um espaço próprio para fazer as suas necessidades fisiológicas. Se eles não o fazem, não é culpa sua mas dos seus donos! Sim porque não há coisa mais desagradável do que pisar excrementos de cão! Mas os cães desta zona já têm esse espaço ... será que os seus donos vão leva-los até lá? ...

 


THE DAY AFTER ....

 



Coisas em comum

Hoje no balneário do ginásio, a conversa centrava-se à volta do frio, e quase todas as senhoras lá presentes comentavam o frio que se tem sentido, principalmente no dia de ontem. Todas falavam, em comum, ter gatos, e que eles dormiam aos seus pés, o que era bom pois aquecia, e todas, incluindo eu, nos queixávamos de quase não nos mexermos nas camas, para não incomodar os felinos que lá dormem, no meu caso pessoal são três. O respeito pelos animais é uma coisa muito bonita!

2006-01-29

 


Mas o que é isto ?


o meu espanto foi igual ao do meu gato... a diferença é que eu saí logo para a rua ao invés de ficar a tentar apanhar flocos através da janela.

 
Perdoem-me colocar tantas fotos mas Évora está linda vestida de branco ... o templo romano a cada hora que passa fica mais branco!

 

 

 

 

 

 

ESTÁ A NEVAR !!!! É LINDO!!!

2006-01-28

 


O Amor

O Amor não obedece a leis, a enciclícas papais ou às conveniências do momento. O Amor é um cavalo a galopar livre contra o vento e não há nada que o possa impedir de existir, de acontecer e de lutar para ter de sair das sombras onde por vezes o tentam meter.

O amor, como sentimento forte e poderoso que é, está sempre disposto a quebrar barreiras, preconceitos e, por vezes, quanto maiores as dificuldades, mais ele arranja forças para se fortalecer.

Mas urge derrubar os muros que impedem o amor de fluir livre, que ele não se detenha por questões menores como nacionalidades, credos, cores de pele ou género.

Que histórias de amores proibidos e escondidos que acabam em tragédia como Romeu e Julieta sejam coisas do passado, enredos de ficção e não a vida real.

Para a Teresa, para a Lena e sobretudo pela Marisa, o meu desejo e solidariedade para que a força do vosso amor vença os preconceitos que ainda têm força de lei.


Escultura de Cándido Monge

2006-01-26

 
Memórias de uma Gueixa



“O meu mundo é tão proibido quanto frágil, sem os seus mistérios, não sobrevive”.

Baseado no livro de Artur Golden,, realizado por Rob Marshall com Ziyi Zhang, Michelle Yeoh, Ken Watanabe, Koji Yakusho e Li Gong

Um história de amor simples, num mundo complexo detentor de inúmeros mistérios.

Em 1929 Sayuri é vendida juntamente com a irmã, e vai parar a um bairro de gueixas como escrava, separando-se da sua irmã.
È vitima de uma gueixa mais velha que a maltrata, com requintes de malvadez.
Mais tarde recebe um carinhoso gesto de um desconhecido, que lhe vai mudar toda a sua vida, pois Sayuri, decide aqui neste momento ser Gueixa, ser alguém na vida, e mais tarde reencontrar este homem.
De escrava passa a Gueixa, tendo como mentora, Mameha , que lhe ensina a diferença entre ser carinhosa com o seu protector e amá-lo. Uma gueixa não pode deixar-se sucumbir a nenhuma paixão por nenhum homem. Aqui impõe-se um grande dilema no coração de Sayuri.
É um filme muito interessante, bem realizado e bem interpretado, ficamos a conhecer melhor o mundo e a definição de Gueixa, a mulher, a artista, que pinta, dança e entretém.
A ver sem dúvida alguma.

2006-01-25

 


adopt your own virtual pet!

 
Match Point



Um filme de Woody Allen com Scarlett Johansson; Jonathan Rhys-Meyers; Emily Mortimer; Brian Cox; Matthew Goode; Penelope Wilton; Layke Anderson; Morne Botes; Ewen Bremner; Scott Hanay; Rose Keegan

Desta vez Woody Allen troca o cenário americano pela paisagem de Londres e a troca foi benéfica. Apresenta-nos uma trama sórdida com um belíssimo desenvolvimento e com um talvez inesperado final.

Chris é um jovem irlandês, leitor de Dostoievski e ouvinte de ópera, que se instala em Londres, como Professor de Ténis. Trava amizade com Tom um dos seus alunos que o leva consigo para a sua abastada família. Chris cativa a irmã de Tom, Chloé, que rapidamente se apaixona.
Tom namora com a sensual Nola, uma americana aspirante a actriz que tem tido pouca sorte. A atracção de Chris por Nola, acaba num envolvimento entre ambos.
E apesar de Tom e Nola se separarem, e de Chris já estar casado com Chloé, Chris não desiste de Nola. Match Point, fala-nos de sedução, traição, interesse monetário, amor e paixão...em que a premissa é a sorte, que pode ou não acontecer...Um excelente filme para ver.

2006-01-23

 
Portugal Maior

E eu que pensava que os únicos que defendiam um Portugal Maior eram estes aqui


Potugal Menor


Se metade dos que votaram em branco tivessem votado em qualquer um que não em Cavaco Silva, teríamos tido segunda volta.

Portugal Difícil

Se é o Governo que governa e Sócrates tem-no feito menos mal, existem assuntos fundamentais que se tornarão bem mais dificeis: a despenalização da IVG, o direito ao casamento dos homosexuais e as politicas de integração.

 
Dias Exemplares, Michael Cunningham



Um livro que se apresenta em três partes distintas, tendo como fio condutor o poeta Walt Whitman, e a sua poesia.

“Dentro da Máquina” – A revolução Industrial
“A cruzada das crianças” – Um policial negro com bombistas suicidas
“Uma espécie de beleza” – Algures no futuro, onde a terra tinha sido invadida por extraterrestres

para quem conhece a obra de Michael Cunningham este talvez não seja o seu melhor livro, para mim não é, mas nada se perde em ler. Destaco a 2ª parte – A cruzada das crianças, excelente!

"- Olhe à sua volta – Disse ela – Vê felicidade? Vê alegria? Os americanos nunca foram tão prósperos, as pessoas nunca estiveram tão seguras. Nunca viveram tantos anos, em tão boa saúde, nunca, em toda a história. Para alguém que tenha vivido há cem anos, nem precisamos de recuar mais, este mundo seria o próprio paraíso. Voamos. Os nossos dentes não apodrecem. Os nossos filhos não morrem repentinamente com uma febre. Não há estrume no leite. Temos todo o leite que precisamos. A igreja não nos pode assar vivos devido a pequenas diferenças de opinião. Os anciãos não podem apedrejar-nos até à morte por adultério."

Michael Cunningham in Dias Exemplares
Gradiva Editora

 
Jarhead



Um filme de Sam Mendes, com Jake Gyllenhaal, Jamie Foxx, Peter Sarsgaard, Lucas Black, Chris Cooper, Dennis Haysbert, Rini Bell

Baseado no livro de Anthony Swofford, que nos relata a sua experiência pessoal na guerra do Golfo.

Não é um filme de guerra, desenganem-se os que vão a pensar nesse tipo de filme. É um relato muito pessoal de um soldado americano, a tensão psicológica que vive, o calor, a inércia, a vontade de disparar...A namorada que ficou para trás, os ciúmes, a solidão....O convívio entre soldados, as piadas sexuais, os extremos ...
O filme é muito interessante, arrasta-se um pouco, mas Sam Mendes apanha planos fabulosos e Jake Gyllenhaal mantém-nos colados ao filme!

2006-01-22

 
Um país que sobreviveu a Santana Lopes como Primeiro ministro, saberá sobreviver a Cavaco Silva como Presidente

 

VOTAR OU NÃO VOTAR ? EIS A QUESTÃO!
Tal como a maior parte dos Portugueses estou descontente com o estado da nação e estive indecisa, até 6º feira, acerca da minha participação no acto eleitoral.
Um testemunho de um cidadão, que teve a ousadia de votar num partido que não era apoiado pelo regime nas eleições de 1968 ou 69 e foi perseguido pela PIDE/DGS, fez-me tomar consciência da realidade e decidi ir votar.
Já fui cumprir o meu dever cívico e, à hora de almoço conclui que todos os que estavam na minha mesa iam ( ou já tinham ido) votar no mesmo candidato que eu. E ninguém irá optar pela abstenção ou pelo voto naquele candidato que detesto ( que me obrigou a comparecer no trabalho no ano de 1993 na 3ª feira de Carnaval ... sim leram bem comparecer porque não produzi durante todo o dia) .
Aguardemos pelos resultados no princípio da noite e oxalá o resultado seja a 2ª volta!

2006-01-19

 


Haja esperança.
Sondagem diária da Marktest (Percentagem de votantes em Cavaco Silva do dia 9 ao 19 - apreciem a evolução.
9 - 61 %
10 - 60,2 %
11 - 60,3 $
12 - 58,8 %
13 - 56,8 %
14 - 56,6 %
15 - 56,7 %
16 - 56,4 %
17 - 54,6 %
18 - 53,2 5
19 - 52,7 %

Se a evolução continuar no dia 22 deverá rondar os 49 % e no dia 12 de Fevereiro será bem menor.

2006-01-18

 
Duas teorias maquiavélicas.

Não gosto de falar de política neste espaço, mas estas duas teorias sobre as candidaturas à Presidência da República de Mário Soares e Manuel Alegre justificam a excepção e, bem vistas as coisas, são um hino à inteligência ou à imaginação de alguém.

I – Sócrates, ao assumir o poder no PS, quis desfazer-se do clã Soares, principal corrente que o podia afrontar nos seus propósitos, quer internos quer a nível do Governo. Primeiro tiro certeiro: empurrou João Soares para a candidatura à CMS, apostando na impossibilidade da eleição e na travessia do deserto (político) que este teria de fazer a seguir. Segundo tiro, que parece possível de concretizar: empurrou Mário Soares como candidato oficial à presidência da República, apostando também na sua derrota e, logo, no enfraquecimento do “pai fundador”.

II – Os dois candidatos da área do PS foram obra do aparelho do partido. Sabendo-se de antemão que o candidato oficial do Partido seria penalizado em função das medidas do Governo, Mário Soares prestou-se a esse “frete”, já que nada tinha a perder. Mas o candidato que realmente o aparelho do PS quer ver eleito é Manuel Alegre que, ao não ter apoio declarado do Partido e até um pseudo conflito com este, escapa àquele desgaste. Ao passar a uma segunda volta, cada vez mais previsível, Manuel Alegre contaria com toda a esquerda, incluindo o PS que, neste caso, apareceria diluído no seio de um apoio mais vasto e, portanto, sem as sequelas atrás indicadas.

Eu, por mim, não afirmo, mas também não desminto.

2006-01-17

 
Globos de Ouro

Os sensíveis temas da homossexualidade e do transexualismo, estão em destaque na 7ª Arte.



Os filmes “O segredo de Brokeback Mountain”, “Transamerica” e “Capote”, foram estes os grandes vencedores dos globos de ouro.



"Brokeback Mountain", ganhou Melhor Filme em Drama, Philip Seymour Hoffman e Felicity Huffman ganharam os respectivos prémios de interpretação por "Capote" e "Transamerica".



Hoffman pelo seu desempenho no papel do escritor Truman Capote e Felicity Huffman no papel de um homem que aguarda a cirurgia para se transformar em mulher.

2006-01-16

 


Chile, Finlandia, Libéria...

Três países tão distintos que têm em comum o facto de terem eleito, ou estarem prestes a eleger, uma mulher para presidente.

Aqui em Portugal a política continua máscula, e é uma pena. Talvez sejam saudades de Maria de Lourdes Pintasilgo, mas a verdade é que a campanha seria bem mais interessante se os candidatos fossem:

Leonor Beleza
Helena Roseta
Elisa Ferreira
Odete Santos
Ana Drago

2006-01-15

 


O homem das castanhas

A enorme praça está deserta. A única presença visível é um vendedor de castanhas que, apesar de não se ver mais vivalma, mantém o assador aceso como se pode ver pelo fumo espesso que torneia em seu redor.

A diagonal que traço, ao atravessar a praça, força-me a passar bem perto dele. Dois humanos ainda que estranhos, num mesmo espaço, obriga a um contacto ou a um forte constrangimento. O tipo de constrangimento que me assalta quase diariamente no elevador, sempre que subo ou desço com outrém. Os olhos que se evitam, o tempo que demora.

Apesar de não ter vontade nenhuma dou por mim a pedir uma dúzia de castanhas. Dois euros, diz ele. E acrescenta, faz cá um frio...
Fruta da época, respondo.

Meia dúzia de banalidades e uma dúzia de castanhas, num cartucho de páginas amarelas, comidas a contragosto ao exorbitante preço de dois euros – eis o preço da civilidade.

2006-01-13

 


Três cavalos

Segundo Erri de Luca, neste livro, a vida de um homem dura a vida de três cavalos. A personagem central vive o seu segundo cavalo, como jardineiro em Itália, mas recorda entrecortadamente o seu "primeiro cavalo" nos tempos em que viveu na Argentina e de como teve de fugir ao regime repressivo de então. O passado violento deixa marcas e são essas marcas que moldam o homem que se tornou jardineiro.

Trata-se de um excelente livro, editado em Portugal pela Âmbar, onde a escrita envolvente de Erri de Luca nos transporta para um outro mundo, feito de cheiros, de sabores e de vivências.

Deixo aqui um pequeno parágrafo para poderem saborear:

É noite e os nossos pés ainda se entendem. O resto do corpo já se separou.
Penso numa ilha onde ande descalço, numa ilha depois de Laila, quando é altura de deixar a terra firme.
Preciso de uma ilha depois dela, depois dos pés soltos dela.
- "Em que pensas" ?, pergunta, para me ouvir dizê-lo.
Numa ilha, em ondas a baterem contra escolhos, num vento que deixe crescer as árvores, num poço e numa caleira que lhe leve a água da chuva. Penso no soluço de uma roldana sobre o poço e no sussurro de tagarelice que a água faz no fundo e na paz que é ter uma reserva de água.
Depois invento coisas para dizer: penso eu.
Tens muita imaginação, diz.
Sim, a de quem faz a barba sem espelho.
Laila escuta-me e está tão próxima da minha orelha que sopra dentro ilhas.

2006-01-12

 
Pride and Prejudice – Orgulho e Preconceito



Um filme de Joe Wright, com Keira Knightley, Matthew MacFadyen, Brenda Blethyn, Donald Sutherland, Jena Malone, Judi Dench, Tom Hollander, Rosamund Pike, Talulah Riley, Penelope Wilton, Simon Woods

Baseado no romance da grande escritora Jane Austen, conta-nos a história da família Bennet, um casal com cinco filhas, em situação financeira precária. O sonho da mãe das jovens é casá-las rapidamente com pretendentes ricos. Quando na terra surgem dois jovens rapazes solteiros e ricos, surgem as manobras para os apanhar, mas até ao final feliz, terão de engolir algum orgulho e preconceito.

As adaptações desta obra têm sido várias, o que nos retira toda a parte de surpresa pois sabemos o que vai acontecer, Wright apostou e bem, num toque subtil de comédia e sátira à época e aos costumes. Todo o elenco tem um perfeito sotaque inglês e o histerismo da Mãe casamenteira é muito engraçado, por vezes temos a sensação de uma certa condensação de cenas, o filme tem apenas 2 horas para esta grande história. Wright concentrou-se essencialmente no romance de Lizzie com Mr. Darcy. De qualquer modo vê-se muito bem, principalmente aconselhado para os fãs de Jane Austen.
Estreia dia 19 de Janeiro.

2006-01-10

 
Para a Maria

A Maria não tem internet nem sabe o que é um blog.

Mas se a Maria viesse espreitar este blog ia dizer que era muito bonito, o blog do menino Pedro e da menina Cristina, e dos seus dois amigos. A Maria é assim. Acha sempre bonitas as coisas feitas pelas pessoas de quem gosta e não se coíbe de o dizer.

É também por isso que gosto tanto dela.

Claro que me podem perguntar porque escrevo aqui este post, qual o motivo. A resposta é bem simples, não é preciso nenhuma efeméride especial, aniversário, casamento ou funeral para escrever sobre quem gostamos. Aqui está uma das coisas que também aprendi com a Maria.

A Maria é a única pessoa da minha família com quem não tenho nenhum grau de parentesco.


2006-01-09

 


As presidenciais segundo o Senhor Kraus #7

- A ideia é a seguinte, senhor Chefe. Fazemos duas pontes, uma ao lado da outra. Cada uma delas só terá um sentido. Numa ponte os carros vão para lá, na outra os carros vêm para cá. Que lhe parece? Lado a lado, com distância entre elas de menos de cinquenta metros. Dá para dizer adeus de uma para outra. Seriam como duas pontes irmãs. Duas pontes inéditas na Europa!
E mesmo no mundo.
No mundo!
O Chefe abanou a cabeça e apostou num longo silêncio. Depois com voz grave, disse:
- Ainda antes das soluções engenhosas deve estar a preocupação com o dinheiro que se gasta. Porque o dinheiro não é nosso, é da população-
- Muito bem, chefe.
- Bonito.
- Sendo assim, em vez de duas pontes proponho que se faça apenas uma, com os dois sentidos – disse o Chefe.
- Bravo! Excelente ideia, senhor Chefe.
- Impressionante.
- Passamos os gastos para metade – acrescentou.
- Pelas minhas contas, assim de cabeça, exactamente cinquenta por cento – concordou o Auxiliar.
- Bravo, senhor Chefe!
- Agora é o momento de anunciarmos que começamos a reduzir os gastos deste empreendimento para metade. Para que a população veja como zelamos pelo dinheiro comum.
- Muito bem.
- Só tenho pena – disse o Chefe – de que os meus excelentes Auxiliares não tenham proposto de inicio três pontes em vez de duas. Se tivesse sido assim hoje poderiamos anunciar a redução dos gastos para um terço.
- Tem razão, senhor Chefe.
- Falhámos! – murmurou o Auxiliar, baixando os olhos envergonhado.

(texto roubado ao Senhor Kraus de Gonçalo M. Tavares)

 


As presidenciais segundo o Senhor Kraus #6

- Essa coisa de ganhar balanço levando o voto a todos os espaços e a todos os momentos.
- Estamos no século da democracia: a população deve ter voz sobre todas as coisas.
- Até aqueles cuja voz...
- Até esses.
- Portanto: a população decidia tudo.
- Falava por exemplo de um jogo de futebol.
- Jogo que não passa de uma ditadura dos jogadores.
- O que propõe então é...
- Vou repetir: que a decisão seja dos espectadores do jogo, não dos jogadores.
- Muito bem.
- Em vez de 22 jogadores mais um árbitro decidirem, seriam 30 000 espectadores a fazê-lo. Por voto. É uma grande diferença. É só fazer as contas.
- Só valeriam os votos dos espectadores no Estádio?
- Sim.
- É justo.
- E uma excelente maneira de levar as pessoas a ver o jogo. Iriam decidir mesmo o resultado. Valeria a pena a deslocação. Não me parece justo deixar algo tão importante – como o resultado de um jogo – apenas nas mãos (ou nos pés) de menos de duas dúzias de cidadãos.
- Neste caso, designados como: jogadores de futebol.
- Exactamente.
- O resultado dos jogos seria então determinado não por habilidades momentâneas, mas por decisões reflectidas da população.
- Parece-me justo. Estamos no século do cérebro e do voto.

(texto roubado ao Senhor Kraus de Gonçalo M. Tavares)

2006-01-08

 


As presidenciais segundo o Senhor Kraus #5

As eleições aproximavam-se e as sondagens não eram boas para o Chefe.
- A questão é esta – disse o Chefe -, quando um individuo, mesmo na plena posse do seu cérebro, diz que a sua opinião é para a esquerda e não para a direita, quem nos diz a nós que ele não pensa precisamente o contrário?
- É uma questão que se pode sempre pôr.
- Mais – prosseguiu o Chefe. – Quem nos diz que quando ele diz que quer ir para a esquerda não quer afinal ir para a direita?
- Já tinha pensado nisso – murmurou um Auxiliar.
- Eu também tinha pensado nisso – acrescentou o outro.
- Pensámos ao mesmo tempo – concordaram os dois.
- A minha teoria sobre as sondagens da opinião é, pois, em primeiro lugar, a seguinte – e passo a explicar...
Os dois Auxiliares haviam já colocado o rosto, por completo, em posição de orelha.
O Chefe avançou:
- Não basta receber a opinião da população. É necessário interpretá-la. Mesmo quando só escrevem uma cruz: o que significa essa cruz? Cada opinião pessoal deverá ser interpretada à lupa, por especialistas.
- Que são... ?
- Que são aquilo que eu designo como: Especialistas do Eu.
- Especialistas, portanto...-murmurou o Auxiliar - ...no estudo da mente humana, da personalidade...
- Quem falou de humanos?! – ripostou o Chefe, carregando depois na primeira palavra. – Eu disse: especialistas no Eu. No Eu, percebem?!
- Ah, especialistas em Vossa Excelência, no Chefe.
- Ora aí está! Finalmente! E qual o melhor especialista no Eu, pergunto Eu? Quem está mais bem habilitado para interpretar a subjectiva opinião dos individuos altamente subjectivos deste país. Qual o melhor especialista no Eu?
- Vossa Excelência? – arriscaram os Auxiliares.
- Exacto. Eu! Eu! Eu é que vou interpretar objectivamente a opinião subjectiva das pessoas.
- Bravo! Eis a ciência.

(texto roubado ao Senhor Kraus de Gonçalo M. Tavares)

 


As presidenciais segundo o Senhor Kraus #4

Fechou a porta por dentro. Depois, sempre poderia dizer que estava numa reunião importante.
Se ele era o Chefe, portanto o ponto máximo, pensar de si para si próprio era ou não importante ?
Aliás, sózinho conseguia fazer, de longe, a mais importante das reuniões.
Para se sentir mais convincente, quando apresentar-se a justificação para a porta fechada, começou a falar sozinho, como se discutisse com um seu qualquer pensamento anterior.
Como não tinha prática em não concordar consigo próprio, as primeiras palavras que lhe saíram, foram:
- Bravo ! Excelente ideia !

(texto roubado ao Senhor Kraus de Gonçalo M. Tavares)

2006-01-06

 
A melhor anedota de loiras que alguma vez já li

Os presidenciáveis que me desculpem a interrupção, mas não podia deixar de linkar esta anedota. Ao que consegui apurar esta anedota foi traduzida de um blog espanhol, mas há quem fale que a melhor versão é a inglesa.

 


As presidenciais segundo o Senhor Kraus #3

O Chefe gostava de mudança porque não gostava de estar parado. E não gostava de estar parado porque gostava da mudança. Eram estas as suas ideias sobre o assunto. O Chefe tinha outras ideias, mas sobre outras questões. Sobre estar parado e movimentar-se eras estas as suas ideias.
Duas.
Tentava alternar. Por vezes orgulhava-se de uma delas, outras vezes da outra. O Chefe dizia:
- Chama-se a isto propriedade comutativa da linguagem. Tal como dois mais três é igual a três mais dois, não gostar de estar parado é igual a gostar de movimento. E mais: gostar do movimento é igual a não gostar de estar parado. Não sei se me entenderam ?
Os dois auxiliares tinham entendido.
- Portanto – disse o Chefe, apontanto para um deles -, você!
- Eu ?!
- Sim, você!
- Que fiz eu?
- Nada. É esse o problema. Precisamos de fazer coisas. Não podemos estar parados. Já vos expliquei a questão da propriedade comutativa?
- Já, Chefe. Gostámos muito! Dá cinco; três, mais dois, dá cinco.
- Pelos vistos não percebeu. Não importa o resultado. O que importa é o movimento. Entende ?
Os dois auxiliares do Chefe entenderam. Pela segunda vez.
- Pois bem. Os dois, agora, mantendo-se sentados, vão bater com os pés no chão, muitas vezes, até eu mandar parar. Não param até às eleições!
- Que bela ideia, Chefe.

(texto roubado ao Senhor Kraus de Gonçalo M. Tavares)

2006-01-05

 


As presidenciais segundo o Senhor Kraus #2

- A questão é simples: os impostos servem para melhorar a vida do país. Certo ?
- Certo.
- Portanto...
- Portanto: quanto mais impostos um individuo pagar, mais o país melhora a sua qualidade de vida.
- Ou seja...
- Ou seja: quanto menos dinheiro cada pessoa tiver por mês para viver – pelo facto de pagar mais impostos – mais dinheiro tem o país, no geral.
- No limite: quando alguém compra um pão com manteiga e o come, está, objectivamente, a roubar esse pão com manteiga ao país.
- Isto é: quanto pior cada pessoa viver melhor viverá o país.
- Exacto.
- Viva pois o país! – exclamou o Primeiro Auxiliar.
O segundo concordou.
- A questão é: estamos ao serviço dos interesses do cidadão singular ou do país como um todo?
- Do país como um todo, chefe! – gritaram, em uníssono, os Auxiliares.
E repetiram ainda, com os braços levantados;
- Como um todo! Como um todo!
- E o país pertence a todos! – insistiu o Primeiro Auxiliar.
- Exacto. A todos!
- Portanto, se o nosso objectivo patriótico é melhorar a qualidade de vida do país, o que temos a fazer é...
- Piorar a qualidade de vida de cada cidadão!
- Aí está.

(texto roubado ao Senhor Kraus de Gonçalo M. Tavares)

 
Um livro a propósito, ou
As presidenciais segundo o Senhor Kraus
#1

Hoje li O Senhor Kraus do Gonçalo M. Tavares, mais um excelente livro deste autor versátil e a leitura não podia vir mais a propósito dada a campanha eleitoral em curso.

Na verdade foi-me impossivel, ao lê-lo, não pensar num ou noutro candidato a PR deste país. O Gonçalo M. Tavares que me perdoe (mas não deve haver o perigo de ele vir a este blog) que vou transcrever seis excertos do livro e intercalar com uma ou outra fotografia, mais ou menos ao acaso.

2006-01-04

 


Nas Asas da Net

O novo romance de Avelino Rosa, nosso ilustre faroleiro, traz-nos a história de Carlos e Isabel, duas personagens com um passado marcante que as fez solitárias, e da forma como, através da net, se conheceram.

Com a sensibilidade que lhe é muito própria, Avelino descreve todo um enrodilhado de sentimentos, da forma como em certos aspectos o conhecimento virtual, com teclados e modems pelo meio, se torna facilmente mais íntimo e dos receios que aparecem sempre que um relacionamento destes pode mudar de rumo.

Este romance é de leitura rápida e agradável e o seu download está disponível aqui

2006-01-03

 


Cáceres Monteiro
1948 - 2006


Faleceu um dos maiores nomes do nosso jornalismo. O mundo ficou mais pobre.

 

ANO NOVO, VIDA NOVA.... mas o que mudou?

O custo de vida aumentou, a miséria e a exclusão social continuam em ascensão, os políticos cada dia apresentam discursos mais ocos e vazios, não temos coragem para implementar uma cultura de mérito e excelência porque continuamos a ser uns coitadinhos ... que assim sobrevivemos há mais de oito séculos ...
Será que no fundo não temos o país e os políticos que merecemos? São muitas as questões que fervilham nesta cabeça "idiota" e ... nas vossas?

2006-01-02

 


Autor, Autor

O mais recente livro de David Lodge é um romance biográfico centrado em Henry James, ainda que muitos outros autores passem, mesmo que de triciclo como Agatha Christie nos seus cinco anos, por algumas páginas deste romance.

Trata-se de uma obra bem diferente do estilo que David Lodge nos habituou e que, pessoalmente, menos me cativou. No entanto e após um inicio algo “massudo” a história evolui, ganha ritmo, e damos por nós nervosos antes de cada estreia teatral de nova peça de Henry James ou a tentar perceber a forma como ele não vive a sua sexualidade.

Um livro a ler, mas longe de obras-primas como Um almoço nunca é de graça, ou Pensamentos Secretos.

2006-01-01

 
A noiva cadáver, de Tim Burton




O meu último filme de 2005, foi soberbo, A Noiva Cadáver, de Tim Burton, que mais uma vez nos delicia e surpreende.

Baseado num antigo conto russo, Tim Burton conta-nos a história de dois mundos, o dos vivos, um mundo cinzento e nada feliz, e um mundo dos mortos onde a música e a alegria impera e contagia.

Victor que pertence a uma família de novos ricos sem “berço” vai se casar com Victoria, uma rapariga da alta sociedade mas sem dinheiro. Após se conhecerem apaixonam-se, mas Victor é super desastrado e falha no ensaio da boda, enganado-se nos votos. Acaba por os ensaiar junto a um cemitério e sem querer vê-se noivo da noiva cadáver que espera o amor há já muito tempo, mas as incompatibilidades revelam-se e Victor quer regressar a Victoria.

A ver!!! Sem dúvida alguma, no final apenas ficamos a pensar que poderia ser um bocadinho maior. Delicioso.