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2004-05-31

 
La Mála Educación – A má educação



É o 15º filme de Pedro Almodóvar. A história é contada em duas partes, uma nos anos 60, a outra na década de 80. Ignacio e Enrique, são dois jovens que conhecem o amor, e a descoberta do cinema, quando estudantes de um colégio religioso. Ignacio é vítima de abusos sexuais do Padre Manolo, que acaba por expulsar Enrique do dito colégio, ao se aperceber dos sentimentos dos dois rapazes. Mais tarde, vinte anos depois, os jovens reencontram-se, Enrique é um realizador de cinema e Ignacio é travesti.
Neste filme, Almodóvar apresenta-nos o desejo, a paixão, o abuso, o amor, a homossexualidade, a morte, no universo masculino. A única presença feminina é a mãe de Ignacio que pouco aparece. Gael García Bernal, brilha no seu papel, tanto como Ignacio como Zahara a bela travesti fã de Sara Montiel. Um belíssimo filme, excelente realização, boa fotografia e excelentes interpretações. O guarda roupa a cargo de Gautier, também não passa despercebido recriando muito bem a moda em 60.

2004-05-30

 
Em branco

Se calhar nem devia postar isto mas enfim,lá vai! É só para dizer que não ando em campanha eleitoral, nem morri, nem deixei de pagar a conta da netcabo. Simplesmente não tenho tido ideias de jeito para escrever aqui. Eu podia desculpar-me com o trabalho mas isso não é desculpa...
Há dias recebi um mail daqueles que têm um .ppt em attach cheio de bebés que diziam "TOU QUALQUER-COISA".
Pronto, é isso, ultimamente tenho uma legenda por cima de mim que diz "Tou em branco" ...


 
Ao sabor do Vento, de Ramiro Marques



"Livre, por assim dizer. Livre, livre como uma águia. Sem laços nem amarras. Assim, ao sabor do vento. O problema é que gosto muito de mulheres. A bem dizer, não posso passar sem elas. E não é só o sexo que me atrai nelas. É também a cumplicidade e os afectos. Gosto de amar uma mulher, mas não consigo pensar em constituir família. As mulheres casadas são, por definição, mulheres que não podem casar. Pelo menos enquanto forem casadas. Foi por isso que me desinteressei sempre das mulheres casadas que acabaram por se divorciar. Quando eram casadas, sentia por elas fascínio e desejo. Divorciadas, passei a afastar-me delas, a receá-las até.Passaram a ser livres e comecei a vê-las como adversárias do meu modo de vida."
Este é o retrato de Jorge, professor universitário, de 56 anos que dá cor ao mais recente romance de Ramiro Marques. Recomendo.

2004-05-29

 


Domingo de Ramos

Este romance de Clara Pinto Correia é também o livro que Mário Rosa escreveu no longínquo ano de 1975. E são essas memórias que Mário Rosa, vinte anos depois mais conhecido por Dr. Nobrega de Sousa, revive ao encontrar a grande paixão da sua vida na altura.

Trata-se de um romance que retrata o período revolucionário e a juventude da época. A ingenuidade com que as coisas eram vividas mas também a sua autenticidade. É que não eram só revolucionários... eram também psicadélicos, como diz certa personagem às páginas tantas. Recomendo este livro, achei-o bem interessante.

Imagina um páis livre de moldes e de rumos. Imagina um intervalo de tempo em que não estão estabelecidas leis nem regras, em que não se conhecem os dogmas nem se reconhecem os dados adquiridos.
Imagina uma página em branco, e essa página é uma nação em delírio que pode, pode naquele momento preciso e em mais nenhum outro, escolher a língua em que vão ser escritas palavras que ainda nem sequer existem. Imagina esta coisa inimaginável.
Era a nossa coisa.
Vivemos dentro dela sem nunca podermos parar para respirar fundo. Foi a mais vertiginosa de todas as travessias. O mais violento de todos os ritos de passagem.


 


Rock in Rio

Mesmo quem não tem a alegria de participar directamente nesta grande festa da música e da solidariedade, pode sempre ir acompanhando o Rock in Rio mesmo sem sair de casa.

Como?

Com imagem através da Sic Radical, com som e reportagem através da Mega FM ou com pequenos apontamentos, quase minuto a minuto, através do site da organização.

De uma forma ou de outra - Por um mundo melhor !


 
A Cruz que temos de carregar...

Sei que este Bolg não é de política e, com a minha ausência nos últimos tempos, por razões diversas, ainda me sinto menos à vontade para colocar este post. Mas há coisas que me fazem ferver o sangue nas veias... porque tocam os mais elementares direitos que nos assistem. E, nesta óptica, este post não deixa de ser um acto de cultura. Porque alguém anda a querer reverter o tempo ou a fazer-nos de tolinhos de uma história que começa a ser mal contada. Escondidos sobre o anonimato... Como medo de dar a cara, mas tentando criar medos que pareciam ultrapassados. O “Alerta” abaixo, colocado, há pouco na minha caixa de correio, é explícito e não necessita de mais comentários.




2004-05-28

 
Hoje às 16 horas


2004-05-27

 
O destronar de um ídolo


Existem certas pessoas que, para mim, personificam a sua profissão ou a sua área de actuação. A isso chamo o Ídolo de dada área. Por exemplo Humphrey Bogart para mim é O Actor, Tintim é A personagem de BD e Amália é A Fadista.

Também no desporto português nunca tive dificuldade em associar Eusébio ao Futebolista, Carlos Lopes ao Atletismo, Livramento ao Hóquei ou Joaquim Agostinho ao Ciclismo. São referências tão metidas no subconsciente que dificilmente serão destronadas.

Dou, no entanto, por mim a começar a colocar José Mourinho como o treinador de futebol, lugar esse até agora ocupado por Pedroto.

Será que também um dia o Eusébio deixará de ser o Futebolista ?

2004-05-26

 
Na Europa como em Portugal



 
Retrato de um Amor
Iluminas a sombra dos meus dias
neste mundo que abrimos devagar
entre o corpo e a alma, sempre mais
secretos no abismo que os devora.

Maior do que este amor nada haverá
até ao fim dos tempos: os teus olhos
respondem ao destino, à sua eterna
graça que paira sobre as nossas vidas
agora a transbordarem numa única
razão feita de luz. a tua boca
inunda a minha língua com o sabor
de todos os sentidos que mergulham
a noite numa água sem retorno.

Para ti absorvo o hálito de um verão
em cada beijo cego, surdo e mudo
respirando de súbito em uníssono:
enigma revelado num só frémito,
insónia submersa que , em silêncio,
regressa pouco a pouco aos nossos braços
afogados na espuma do seu mar.

Perto do teu sorriso há uma fonte
embriagada e pura- meu amor,
dá-me esse coração, essa primeira
raiz de todo o fogo, esse relâmpago
onde cresce para nós a flor de um grito;
segreda-me às escuras mais um sonho
antes de adormeceres sobre o meu ombro.

Fernando Amaral


 
Livros do dia

Como de costume, n'A feira do Livro de Lisboa, há que aproveitar os livros do dia que é onde os descontos podem realmente valer a pena.

De hoje destaco:
Título: A Cidade dos deuses Selvagens
Autor(es): Isabel Allende
Stand: 106
Editor: Difel

Título: O Nome da Rosa
Autor(es): Umberto Eco
Stand: 108
Editor: Difel

Título: El Gaucho
Autor(es): Hugo Pratt; Milo Manara
Stand: 93
Editor: Meribérica

Título: A criança em ruínas
Autor(es): José Luís Peixoto
Stand: 177
Editor: Quasi

Título: Cem Anos de Solidão
Autor(es): Gabriel Garcia Marquez
Stand: 72
Editor: Dom quixote

Título: Até Amanhã Camaradas
Autor(es): Manuel Tiago
Stand: 88
Editor: Caminho


2004-05-25

 
Tróia



Paris, príncipe de Tróia, apaixona-se por Helena rainha de Esparta, que foge com este deixando o Rei Menelao furioso. Este pede ajuda ao seu irmão, Agamenon, que vê aqui a oportunidade de conquistar Tróia, além de defender a honra do irmão.
Começa então a batalha, de um lado os troianos, com o príncipe Hector (irmão de Paris) a comandar, sob a vigilância de seu pai, o Rei Priamo.
Aquiles é um jovem e poderoso guerreiro que procura a glória e junta-se aos gregos na conquista de Tróia para o seu nome fazer história.
Um épico que vale a visita ao cinema mas nada mais. Para os custos que teve o filme poderia estar bem acima do que nos é apresentado. Os personagens estão pouco desenvolvidos, Aquiles não tem a sua dimensão histórica devida, nem o talento de Brad salva a personagem. Helena de Tróia também poderia ter aqui a sua personagem de “beleza” mais desenvolvida. A personagem que mais surpreende pela positiva é a construída por Eric Banna, do Príncipe Hector um herói calmo e ciente das suas obrigações para com o povo e a família.
Enfim, vale o preço do bilhete, e podem aproveitar para se deleitar com os magníficos pares de pernas que se podem visualizar ao longo do filme.

2004-05-24

 


O impacto das notícias

Em França, ruíu parte de um aeroporto soterrando quatro pessoas...
Realmente é chato, não achas Maria ? Um gaijo vai dar uma voltinha pela Europa... Aliás por isso é que eu não saio de casa.

Israel continua a destruir habitações na Palestina e dispara a matar contra jovens e crianças que se manifestavam pacificamente contra os bulldozers...
Aquilo também deviam ser casas de lama ou assim, para irem abaixo daquela maneira... e os americanos também têm razão, um gajo tem de se defender dos terroristas, não é ?

Segundo o Washington Post, altas patentes militares tinham conhecimento das torturas aplicadas nas prisões do Iraque...
E se fosse ao contrártio hã ?! Eles não faziam pior ? E não foram eles que mandaram abaixo as gémeas da torre ?

Scolari não convoca Vitór Baía para o Euro 2004
Mas que pouca vergonha é esta ??? E ninguém faz nada ? Mas não correm com o brazuca que deve ser cego. É que não há respeito, existem noticías que deixam uma pessoa mesmo mal disposta, como este mundo vai, poça ! Desliga mas é a televisão e traz-me o jantar. Fogo, o Baía ? Mas que raio de mundo vamos dar às gerações vindouras ?


 
Recebi um e-mail com esta sugestão e achei engraçado ... e alguém do Farol sugeriu que divulgasse estas sugestões ... aqui vão elas !



PARA QUEM NÃO TEM MUITO TEMPO PARA LER …
Resumos de grandes obras

Para quê perder tempo a ler milhares de páginas?! Aproveitem e instruam-se com estes magníficos resumos de grandes clássicos da literatura mundial..


1. Marcel Proust. "À la recherche du temps perdu", Paris, Gallimard, 1922 - "À procura do tempo perdido" Livros do Brasil, Colecção Dois Mundos, 1965

Resumo: Um rapaz asmático sofre de insónias porque a mãe não lhe dá um beijinho de boas-noites. No dia seguinte (pág. 486. I vol.), come um bolo e escreve um livro. Nessa noite (pág. 1344. VI vol.) tem um ataque de asma porque a namorada (ou namorado?) se recusa a dar-lhe uns beijinhos. Tudo termina num baile (vol. VII) onde estão todos muito velhinhos e pronto.



2. Leão Tolstoi, "Guerra e Paz", (1800 páginas)

Resumo: Um rapaz não quer ir à guerra e por isso Napoleão invade Moscovo. A rapariga casa-se com outro. Fim.



3. Luís de Camões, "Os Lusíadas" (várias edições), versão portuguesa de João de Barros.

Resumo: Um poeta com insónias decide chatear o rei e contar-lhe uma história de marinheiros que, depois de alguns problemas (logo resolvidos por uma deusa porreiraça), têm o justo prémio numa ilha cheia de gajas boas.



4. Gustave Flaubert, "Madame Bovary", (378 páginas)

Resumo: Uma dona de casa engana o marido com o padeiro, o leiteiro, o carteiro, o homem do talho, o merceeiro, e um vizinho cheio de massa.
Envenena-se e morre.



5. William Shakespeare, "Hamlet", Londres, Oxford University Press

Resumo: Um príncipe com insónias passeia pelas muralhas do castelo, quando o fantasma do pai lhe diz que foi morto pelo tio que dorme com a mãe, cujo homem de confiança é o pai da namorada que entretanto se suicida ao saber que o príncipe matou o seu pai para se vingar do tio que tinha matado o pai do seu namorado e dormia com a mãe. O príncipe mata o tio que dorme com a mãe, depois de falar com uma caveira e morre, assassinado pelo irmão da namorada, a mesma que era doida e que se tinha suicidado.



6. Anónimo colectivo, "Novo Testamento" (4 versões)
Resumo: Uma mulher com insónias dá à luz um filho cujo pai é uma pomba. O filho cresce e abandona a carpintaria para formar uma seita de pescadores.
Por causa de um bufo, é preso e morre.


2004-05-22

 



E a palma de ouro foi para Fahrenheit 9/11, de Michael Moore.

Podes saber mais aqui.

 
Na Feira do Livro de Lisboa, hoje pelas 19h30

“Portugueses e Europeus: Sete Escritores para o Futuro.”

Debate com:
Gonçalo M. Tavares
Filipa Melo
Ana Eduarda Santos
José Luís Peixoto
António Manuel Venda
José Vieira Mendes
Maria David

Moderadora: Luísa Costa Gomes

Apareçam que deve valer a pena



2004-05-21

 
Eleições

A menos de um mês de um acto eleitoral, para o Parlamento Europeu, o texto abaixo, suscita-me, mais que a curiosidade e o natural repúdio pela desigualdade de tratamento, algumas outras questões, com muito porquês. É ainda aceitável o alheamento das eleições Europeias? Como se explica o divórcio entre os cidadãos e os políticos? Em democracia perdemos a nossa capacidade de contestar, fazendo valer a opinião em fóruns e em inquéritos ou sondagens, mas ficando, refastelados no sofá, à espera que os outros se manifestem na rua? Como... Porquê?... Há muitas mais perguntas e múltiplas respostas. Vamos debater?!


 
Novidades no canal 2

A partir de dia 31 pelas 22.30 série - Anjos na América de Mike Nichols, uma minissérie de seis horas sobre a América dos anos 80, a sida, a administração Reagan, os mormons, e a homossexualidade, entre muitos outros temas, vencedor de cinco globos de ouro, e que conta com Al Pacino, Meryl Streep e Emma Thompson.

2004-05-20

 


Exiguidades #2

Olha-me rapidamente e depois esboça um sorriso. Um sorriso que mal se começou a formar, já se desvaneceu sem deixar marca, sombra ou vestígio.

O meu olhar permanece preso à cara dela, até que ela o sente e me olha num repente. Automaticamente, baixo os olhos que chocam, inevitavelmente, com o seu decote. Desvio de novo os olhos, e com o máximo cuidado para não lhe tocar, tão exíguo que é o espaço, volto-me para o outro lado onde esbarro num espelho que a mostra por trás.

Antes que ela possa sonhar que lhe estou a admirar o traseiro, olho para a mão que segura as chaves que volteio, eternamente, entre os dedos, enquanto me sinto a transpirar abundantemente; e ela, de tão próxima, deve sentir o cheiro dos meus sovacos em estereofonia.

Finalmente o elevador pára e ela sai, não sem antes me mirar de soslaio enquanto a espreito por entre as sobrancelhas dado não me atrever a levantar o queixo, descaído. Mal a porta se fecha, endireito-me e vejo-me ao espelho, tentanto atabalhoadamente endireitar o cabelo e a camisa, ambos amachucados. Só então me lembro, da improbabilidade absoluta de ela voltar a entrar no elevador antes que este atinja o meu andar.

 
O escritor

O rapaz, de treze anos, escreveu um texto de vinte páginas sobre a separação dos pais. "A minha mãe é a pessoa mais triste do mundo", é a primeira frase.

Pedro Paixão
in Quase gosto da vida que tenho
Quetzal Editores

 
Quinta feira... sem tema...

E hoje é Quinta-feira! E... não há tema?!...
Pois, lá se foram os temas propostos. Sendo assim, posso falar de tudo e de nada.
Posso escrever sobre o tema que não pensei ou posso escrever sobre a falta de um tema.
Afinal o "Farol das Artes" ainda está mais livre do que sempre foi! Mesmo naquelas quintas-feiras em que dissertávamos sobre temas como "O Gato", "Os ciúmes", "O olhar", "A chuva", entre outros, a liberdade de expressão sempre imperou e até falicitava a inspiração para escrever. Havia provavelmente até quem levasse alguns dias a preparar essa escrita... Mas a liberdade, sempre foi e continua a ser o tema principal subjacente a todos os outros propostos ou não!
E hoje, quinta-feira, apeteceu-me escrever! De repente, parei, entrei no blog e ... senti saudades...
Eu que quase sem me aperceber fui elevada à condição de Faroleira, mas que sou uma faloreira muito ausente! Talvez tenha sido só por ser de uma ilha... ilha - farol... tem algo a ver não é?... Porque... de vez em quando venho aqui me refugiar um bocadinho, lendo palavras escritas por vós, apreciando os vossos textos, saboreando as vossas experiências e emoções que tão bem partilham connosco. Algumas vezes, bem poucas, ou cada vez menos, ao menos demasiado poucas, ainda deixo uma farolice (quase que a querer dizer que estou aqui e que também apareço), mas reconheço que não mereço o tal destaque de faroleira, que me foi dado!!!
Sim, gosto de escrever!!! Aliás, adoro escrever!!! Nem penses o contrário!
Mas... não sei escrever! Não, não sei...
Por vezes faltam-me as palavras! Por vezes o vocabulário é escasso! Por vezes é difícil a construção das frases! Por vezes acho escrevo, escrevo e não digo nada! Por vezes acho que não me faço entender! Mas sim, continuo a adorar escrever!
A liberdade que a caneta me oferece é magnífica! Sim, a caneta! Eu não disse teclado! Porque eu, apesar de ser uma mulher das "informáticas", antes de teclar esats palavras, deixei-as divagar em primeiro lugar numa folha branca, com uma caneta "bic" que testemunhou este meu sentimento, esta minha alegria de livremente escrever sobre tudo e nada, escrever sobre simplesmente o que me apeteceu neste exacto momento.
A caneta ainda tem o poder especial de me inspirar mais do que o som do teclado... talvez porque apesar da experiência de anos no teclado ainda não consiga escrever suficientemente depressa para acompanhar o meu pensamento. Faz-me lembrar o meu filho que numa determinada altura queria falar tudo e como o pensamento dele era mais rápido do que as palavras que ele já conhecia e conseguia dizer, quase que me convenceu que era gago! Afinal não passavam dos tropeções que a língua dava nos seus pensamentos!
Assim é o teclado para mim! Por isso uma caneta que rapidamente testemunha os meus sentimentos e uma folha branca ou várias folhas que se vão enchendo de emoções são sempre mais inspiradoras! Confesso é que não gosto da parte de transcrever para o computador, porque há sempre a tentação de corrigir ou mudar alguma coisa! E não gosto! O que escrevo, escrevo uma vez. É o que sinto num determinado momento!
E neste emomento senti a saudade de aqui estar convosco!
Senti a necessidade de vos dizer isso!
Por isso, hoje, Quinta-feira sem tema, fiz do meu sentimento o ... tema...


e ... claro que compreendo! está mesmo na hora de me calar! Não precisas dizer... fico por aqui, sem voltar atrás a rever... porque senão.. ainda escrevo mais! Estava a brincar :) ... retiro-me!


2004-05-19

 


Quando a liberdade de expressão passa a ser crime

É porque alguma coisa está profundamente errada. Tal prática é típica de países com regimes ditatoriais. No entanto nos EUA, o governo de George Bush tentou processar criminalmente a organização Greenpeace nos Estados Unidos por causa de um protesto pacífico realizado em Abril de 2002, contra a exportação ilegal de madeira da Amazónia, realizado em Miami.

Na sequência desse protesto seis activistas foram detidos durante um fim de semana dado terem entrado a bordo de um navio que transportava mogno e foram processados. Essa situação já aconteceu diversas vezes na sequência de acções deste tipo do Greenpeace.

Dois anos passados, o governo de George Bush resolveu considerar a Greenpeace como uma organização criminosa, acusando-a de um crime bizarro: "O governo Bush acusa o Greenpeace pelo crime de “venda de marinheiro” (sailor-mongering, em inglês), uma lei da época da pirataria que não é utilizada há 114 anos. O crime de “venda de marinheiro” foi tipificado no século 19, quando bórdeis enviavam prostitutas com bebidas alcóolicas aos navios. O objetivo era embebedar a tripulação e trazê-los para terra firme, onde os marinheiros eram mantidos em cativeiro."


Na fotografia podem-se ver activistas do Greenpeace brasileiro, com uma mordaça preta, a entregarem um pedaço de mogno ilegal ao Cônsul Geral dos Estados Unidos no Rio de Janeiro com a mensagem “Presidente Bush: combata a madeira ilegal, não o Greenpeace” gravada na madeira.

Felizmente o tribunal de Miami, por intermédio do Juiz Adalberto Jordan considerou o caso nulo por insuficiencia de provas.


 
Veronica Guerin



Em 1996, na Irlanda, a jornalista Veronica Guerin, foi assassinada. Veronica fez trabalho de campo em Dublin e expôs publicamente os grandes chefes das esferas das drogas. Veronica enfrenta os perigos, as chantagens, os subornos, as ameaças, e segue sempre convicta na sua luta, por vezes até deixa um pouco a família em segundo plano. Em 1996 acaba por ser assassinada e deixa entre a família um filho pequeno. Só nesta altura após a sua morte, é que o governo decide rever as leis e combater os grandes poderosos.
Cate Blanchet é Veronica, Joel Schumacher realiza. O filme relata os dois últimos anos de Veronica de forma aberta e franca.

2004-05-18

 
Os nossos 23

A escolha está feita. Já não interessa mais falar sobre se é a melhor ou deixa de o ser. A partir de agora é a melhor. Viva Portugal. Força Selecção.


E eles são:

Guarda-redes
Ricardo
Quim
Moreira

Defesas
Jorge Andrade
Fernando Couto
Ricardo Carvalho
Miguel
Paulo Ferreira
Nuno valente
Rui Jorge
Beto

Médios
Tiago
Petit
Costinha
Deco
Rui Costa
Luís Figo
Maniche

Avançados
Pauleta
Cristiano Ronaldo
Simão Sabrosa
Nuno Gomes
Hélder Postiga

 


Lourenço Marques

Esta é a história de um homem que foi procurar um sonho guardado na sua memória. Maria de Lurdes, a sua paixão da adolescência.

Miguel, assim se chama a personagem central deste romance de Francisco José Viegas, voltou a África tentando reencontrar Lourenço Marques da sua memória. Mas Lourenço Marques, a pérola do índico, como ele recordava já não era possível de ser achada pois ficou para trás no tempo. Era tão fácil encontrar Lourenço Marques em Moçambique como mangas verdes num campo imenso de algodão... isto nas palavras de um outro personagem deste livro.

Já há muito que não lia Francisco José Viegas, tirando aqui naturalmente, e gostei bastante da segunda metade do livro. A primeira metade, excessivamente referenciada a locais e nomes de uma época e de um sitio que não conheço, apresentava pouco ritmo e, talvez fruto desse meu desconhecimento, tive dificuldade em seguir os ambientes que FJV também sabe criar com palavras. No entanto, aos poucos, o livro ganha ritmo, as personagens brilho e foi com alguma pena que cheguei ao fim.


"Sabe o que eu quero ir fazer ao Niassa ?"
"Sei. Vai procurar um a mulher chamada Maria de Lurdes. Esteve aqui há uns meses, por esta altura mais ou menos. Ela ia e vinha, de vez em quando ficava na casa do professor, essa onde o senhor está. Ia ter comigo À porta da mesquita, e ria muito destas histórias. Parecia um fantasma, se quer saber. Um dia julguei que estava a ver um fantasma que andava ao longo do passeio da praia, ao pé da Pousada."


2004-05-16

 


O Mocho e a Gatinha

A campainha toca a meio da noite e Marcelino Silveira desconfiado abre a porta e descobre que a abriu à prostituta, Dora, que denunciara ao respectivo senhorio, depois de a ter espiado através de uns binóculos. Ele, o mocho, fica completamente aturdido. Ela, a gatinha, está furiosa e descontrolada.


É assim que começa esta magnifica peça, onde o humor impera, apesar de correr em vários registos, entre o romântico e o dramático. Simão Rubim está melhor que nunca, com uma expressividade corporal e facial extremamente eloquente e que valoriza o texto. Ao seu lado, podemos ver Vanessa Agapito que o acompanha muito bem.

Que mais dizer ? Que a música, o jogo de luzes (fantástico) e a encenação também estão de parabéns ? Que o retrato do pseudo-intelectual e escritor frustrado está demais, que a relação amor-ódio é perfeita ?

Olha o melhor é mesmo ires ver a peça e passares uma noite bem passada. Para mais informações podes espreitar aqui.

 



O meu clube! a foto é do Público

2004-05-15

 
Uma Casa na Bruma



Kathy, uma cidadã americana, com problemas de álcool e tendências depressivas, vê-se subitamente despejada de sua casa, devido a um erro do Município que lhe cobra impostos indevidos. A casa é posta em leilão, e adquirida por Behrani, um antigo Coronel do Irão, (expulso do seu país), residente na América. Este muda-se com a sua família, mulher e filho, para a recém adquirida casa, e começa o confronto entre ele e Kathy que é ajudada por Lester um policia.
É um filme repleto de “brumas”, o confronto entre a jovem em tentar adquirir a sua casa, e o indivíduo que só a pretende largar por 4 vezes o preço que pagou por ela. Um filme triste, em que o confronto humano por vezes choca. O desespero que está em todo o filme, deixa-nos um amargo na boca. Um excelente filme, com excelentes interpretações, nomeadamente Ben Kingsley, a quem, este filme, valeu a nomeação para a categoria de melhor actor.

 
A diferença entre a antiga Direita e a actual Dieita

O que hoje está mal não é culpa da Revolução, mas da Evolução e dos governos, sobretudo nos últimos vinte anos.

Freitas do Amaral in Visão

2004-05-14

 
Já só falta uma semana

É já no dia 21 de Maio que abre a Feira do Livro de Lisboa. Onde mais do que comprar livros, apraz-me passear entre lombadas enquanto sinto no ar o cheiro doce das palavras.

Este ano a organização é da responsabilidade da Paula Moura Pinheiro e da Helena Vasconcelos. A programação, infelizmente, ainda não está disponível no site respectivo.

 



Hoje pelas 22 horas, FRIDA, no telecine premium.

2004-05-13

 


Destak

Amanhã é sexta-feira e é dia de Destak. Isto significa que em vez de comprar o meu jornal habitual vou deixar que me ofereçam este jornal, gratuito, à porta da estação de comboio.

Trata-se de um jornal que acho bastante simpático. Apesar de ter pouco espaço noticioso, aliás todo o jornal é pequeno pois tem a dimensão adequada para a leitura no percurso de um transporte público, não deixa de referir as noticías mais importantes da actualidade. Até com um certo cuidado na divulgação de alguns eventos daqueles que normalmente são menos visiveis na comunicação social mais tradicional.

Também a cultura merece um habitual relevo, em filmes, livros e teatro. Por último possui ainda um espaço aberto à participação dos leitores onde, normalmente, publica poemas um tanto ingénuos mas por vezes bonitos.

Espera...

Já sei porque gosto deste jornal: grátis, noticías da actualidade escritas de modo eficaz e conciso, destaques culturais, divulgação de eventos menos badalados e espaço para a publicação de poemas originais... é que este jornal parece um blog !


2004-05-12

 


Romance em Amesterdão

Zé Pedro tem um sonho, ser escritor, e escreve um livro. Face às “negas” editoriais, publica uma edição de autor, que pouco vende. Desiludido nos seus sonhos, muda-se para Amesterdão e é empregado de café em Amesterdão. Um belo dia irrompe pelo café adentro Mariana, uma simpática portuguesa, que para surpresa de Zé Pedro tinha adquirido e lido o seu único livro, cuja leitura a levara à Holanda, onde se passava a acção do romance do Zé Pedro.
Em Amesterdão surge o amor, a paixão, um sonho novamente, mas que se desvanece. Quinze anos depois reencontram-se numa estação de metro, no Rossio e não ficam impávidos a esta partida do destino.

“Ao ler o romance de Zé Pedro, tivera aquela ideia louca de ir a Amesterdão à procura do café de que falava o livro e, quem sabia, reconhecer o lugar onde o empregado e a viajante se conheciam, se apaixonavam e viviam um amor perpétuo. Pois bem, agora a fantasia de Mariana começava a ganhar contornos da realidade, o que era, no mínimo, perturbador.”

In Romance em Amesterdão
Tiago Rebelo
Editorial Presença


Tiago Rebelo iniciou a sua actividade jornalistica na RTP e na Rádio Renascença em 1986 e é, actualmente, o editor executivo da informação diária da TVI. Do seu percurso literário destacam-se os romances Para ti uma vida Nova, Não vou chorar o passado, Uma promessa de amor, Uma questão de confiança. Publicou também diversos livros infantis. Romance em Amesterdão é o seu mais recente romance, que nós recomendamos, e não resistimos a fazer umas perguntas, a que o autor simpaticamente nos respondeu e que aqui partilhamos.

Farol: Porquê Amesterdão? Podia ser Paris, Londres... mas a sua escolha foi Amesterdão, algum carinho especial para com esta cidade?
Tiago: Porque a ideia me surgiu em Amesterdão. As ideias e as inspirações dependem muito dos ambientes que frequentamos. Uma pessoa que não saia de casa dificilmente terá grandes ideias para escrever. Se eu tivesse pensado a história em Paris, ou se ela me tivesse surgido em Londres, teria sido uma dessas cidades, assim, foi Amesterdão.

Farol: Continuando na minha curiosidade "fisica", porquê uma estação de metro (Rossio)? para o reencontro no seu romance? Aqui há uns tempos >li um poema do Pedro Mexia, que dizia, "...Mas em certas horas/e >certos meses/estamos tão sózinhos/que até os nomes das >estações/fazem companhia. - quer comentar?
Tiago: Das estações de Metro ou das estações do ano? De qualquer forma, não costumo sentir-me assim tão sozinho porque nunca estou assim tão sozinho. E também não gosto de cultivar - ou curtir -depressões. A solidão é um estado de espírito.

Farol: Achei curioso no seu romance, e muito positivo, explicar um pouco os tempos da revolução em Portugal, o Tiago sente que a revolução teve um papel significativo na sua vida?
Tiago: Claro que sim. Quer se goste dela, quer não, a revolução alterou a vida do país e de todos nós. Qualquer pessoa que tenha vivido antes de 25 de Abril de 1974 tem a noção de que a vida em Portugal mudou, desde logo, em questões essenciais como a liberdade de expressão e a democratização da educação. E no entanto, teria sido preferível uma mudança mais suave, sem tanques, cravos, nacionalizações e ocupações selvagens e outros abusos próprios das revoluções.

Farol: Continuando a minha anterior questão, ao lermos num romance de amor, os meandros do terrorismo, nomeadamente com o Coronel Khadafi, esta temática surge devido aos tempos correntes?
Tiago: É que eu nunca pretendi que fosse apenas um romance de amor. Quanto à actualidade, o senhor Tony Blair decidiu reabilitar o Coronel já depois de eu ter escrito o livro. Agora, Khadafi já não é mais um louco terrorista que põe bombas em aviões e sim um parceiro diplomático do Reino Unido. Fico com a impressão de que Khadafi nunca foi mesmo louco. Louco é o Saddam, que não mudou a tempo...

Farol: O seu personagem, o escritor Zé Pedro, é caracterizado na pág. 129: "...Desconfiava dos escritores da moda, certo que escreviam livros á la carte com o único propósito de melhor os venderem...Era um escritor considerado pela comunidade intelectual, mas quase ignorado pelo grande público porque se recusava a fazer concessões..." E o Tiago? Como escritor como se sente na nossa sociedade?
Tiago: Eu não sou nada como o Zé Pedro, mas não me preocupo muito com esse género de coisas. Em geral, tenho sido sempre bem tratado e não tenho razões de queixa. Os leitores gostam dos meus livros e isso é o mais importante.


Ao Tiago Rebelo desejamos que o livro venda muito, e que em breve nos presenteie com mais livros seus. Obrigada pela sua simpatia e disponibilidade


 
Van Helsing



Do realizador Stephen Sommers , que já conhecemos pelos filmes a Múmia e O regresso da Múmia.
A ideia até era engraçada, um caçador de vampiros, que encontra Frankestein, Jekyl & Hyde, as noivas de drácula, lobisomens e outras criaturas bizarras, tem por missão matar o famoso Conde Drácula. Um filme de acção, com muitos efeitos especiais, e não passa disto. A história é quase inexistente, o ritmo um pouco alucinado. Enfim, muito inferior aos seus filmes anteriores Múmia e o Regresso da Múmia, que dentro do género de aventuras e efeitos especiais estão muito bem.
Destaque para um simpático Frade, protagonizado por David Wenman ( o Faramir do Senhor dos Anéis). Enfim, um filme a evitar, apesar de fazer as delicias dos pequenos cinéfilos de 8 anos.

2004-05-11

 



Salvador Dalí faria hoje 100 anos.

2004-05-10

 


Dona Julinha

A Dona Julinha morreu. Não saía de casa há vinte anos, por birra, tristeza e desepero. Nos últimos andava em casa de cadeiras de rodas. Nunca a fui visitar, embora algumas vezes me tenha proposto fazê-lo. Por falta de tempo, receio, preguiça. Agora é irremediável.

Dona Julinha é um conto de Pedro Paixão do livro "Quase gosto da vida que tenho".

 
No silêncio da noite, Donna Leon



Guido Brunneti é um comissário da policia italiana, que é procurado por uma ex-freira que lhe revela as suas suspeitas, na morte de algumas pessoas idosas, internadas num lar. Este é gerido por religiosos e padres, e os falecidos teriam beneficiado estas entidades, através das suas heranças.
Um livro policial, com Itália de pano de fundo, que revela o abuso do domínio da igreja na sociedade.
O comissário Guido Brunetti revela-se um personagem bem simpático, pelo que podemos conhecê-lo melhor em mais livros desta autora, americana, residente em Itália, que nos dá a conhecer o Comissário na sua obra.

2004-05-09

 
Entrevista

Gostos não se discutem e o site alternancia achou interessante efectuar-me uma pequena entrevista sobre a minha relação com a literatura, As letras de Paganini ou O Farol das Artes.

Se quiserem vão ver e aproveitem para espreitar o site que tem, aliás, algumas coisas muito mais interessantes do que a dita entrevista.

2004-05-08

 



Diz-me o teu nome - agora, que perdi
quase tudo, um nome pode ser o princípio
de alguma coisa. Escreve-o na minha mão

com os teus dedos - como as poeiras
se escrevem, irrequietas, nos caminhos e os
lobos mancham o lençol da neve com os
sinais da sua fome. Sopra-mo no ouvido,

como a levares as palavras de um livro para
dentro de outro - assim conquista o vento
o tímpano das grutas e entra o bafo do verão
na casa fria. E, antes de partires, pousa-o

nos meus lábios devagar: é um poema
açucarado que se derrete na boca e arde
como a primeira menta da infância.

Ninguém esquece um corpo que teve
nos braços um segundo - um nome sim.

Maria do Rosário Pedreira
in Nenhum nome depois
Gótica Editores

2004-05-07

 


Vem festejar o dia mais justo do ano

Dia 8 de Maio comemora-se o dia mundial do comércio justo. Como já vem sendo hábito, este dia é assinalado com alguns eventos nas várias cidades portuguesas que têm já organizações associadas ao movimento.

Este ano, a Cores do Globo organiza dois eventos para os quais estão todos, desde já convidados

1. Pequeno-almoço justo

Estaremos na nossa nova loja-sede, entre as 10h e as 13h, para uma manhã com um pequeno-almoço saboroso e reforçado, muito convívio, animação e em que todos podem também aproveitar para visitar a nossa exposição, ver e adquirir os nossos novos produtos, acabados de chegar.

R. São José, nº 17-19 (100 metros acima do Coliseu)


2. Marque um golo contra o trabalho infantil

No âmbito da Campanha Jogo Limpo, organizada pela Coordenação Portuguesa do Comércio Justo, realiza-se entre as 15 e as 18 horas, no Parque das Nações, em evento simbólico com equipamentos e bolas justas que procurar alertar a população lisboeta para as condições de permanente violação dos direitos laborais e humanos que envolve a produção da generalidade dos artigos desportivos actualmente.

Note-se que as bolas oficiais e os equipamentos que entrarão em campo no Euro 2004, em Portugal, e nos Jogos Olímpicos, em Atenas, são produzidos por trabalhadores que não têm direito a uma vida digna, continuando a viver na miséria, sem liberdade, sem condições e sem infância. Esta situação não é inevitável. A sua mudança é necessária e depende também do envolvimento dos cidadãos e organizações dos países do Norte.

Estão, pois, todos convidados para esta iniciativa dupla de comemoração do Dia Mundial do Comércio Justo. Aparecem e divulgem junto de amigos e conhecidos, para que a festa se possa alargar a toda a "comunidade justa" de Lisboa e arredores.

Para mais informações:
e-mail: info@coresdoglobo.online.pt

P.S. - Texto e imagem da autoria das Cores do Globo


2004-05-06

 
Exiguídades

Passavam o dia inteiro a roçar um pelo outro, e esse contacto físico era insuportável para ambos.

Para ele porque a desejava mais do que tudo e cada contacto fortuito lhe aumentava a dor da ausência de um outro contacto, mais profundo. Consentido. Desejado também, mas pelos dois.

Para ela porque ela sabia. Porque sentia o estremecimento involuntário do corpo dele todas as vezes que se tocavam, o que era constante naquele espaço tão exíguo.
Porque para ela, ele era um bom amigo, e ela não dizia que nada mais porque sabia que a amizade é tudo o mais. E tinha medo. Medo de perder o amigo no dia em que fosse forçada a dizer a palavra "não".

Por vezes era ela que ia à caixa quando ele estava a tirar os cafés e eram as nádegas que se tocavam. Mas o mais incómodo era quando ele estava à caixa e ela corria, por detrás dele e tocando-lhe com o peito, macio mas firme, nas costas, num aparente afago; de um balcão para outro.

Havia ainda o suplício de vê-lo ajoelhar-se a seus pés mais baixo que a mini-saia que a farda obrigava, para retirar uma cerveja ou um refrigerante do armário frigorífico.

E assim decorriam os dias naquele balcão de café em plena estação de comboios. Um desejo mal dissimulado, um constante roçar de corpos, e muita angústia a dois.

Um dia puseram-na a trabalhar sozinha, aumento de produtividade disseram os patrões. O trabalho aumentou e com ele o cansaço, mas o que mais lhe custou, a ela que o evitava diariamente, foi a ausência do calor envergonhado dele.

2004-05-05

 


Quase gosto da vida que tenho - Pedro Paixão

Este novo livro de Pedro Paixão junta dois registos diferentes a que o autor já nos habituou. Entre os diversos contos, alguns extremamente curtos, que o compõem, encontram-se contos que me fazem lembrar as "Doze noites em Jerusalém" (onde a problemática judaica e os sentimentos que levanta no autor são cruciais) e as habituais crónicas de um cotidiano cheio de encontros e desencontros, de amores e de desencantos e, acima de tudo, de solidão.

É, assim, um livro sem fio condutor, mas em que essa ausência em nada afecta a qualidade dos escritos, pois como diz Pedro Paixão "são estilhaços de um mundo em fogo. só uma capa os protege".

EXCERTO

Tenho de continuar a aturar o adolescente em mim. Tenho de continuar a aturar todos os que estão em mim, porque nunca tive a coragem de crescer abandonando quem fui. De sufocar com as minhas mãos os que devia deixar para trás, moribundos. Fui acumulando quem sou. Por isso esses gritos desesperados em linguagem adolescente. E até coisas mais infantis. Fui-me conservando a mim próprio pelo respeito de nunca saber quem era, o que seria, de ignorar o que se estava a passar, o que por mim passava, aquilo a que chamamos tão inconscientemente vida. Fiquei suspenso nesse espanto, tal e qual como agora, olhando-me, sem conseguir dizer a palavra decisiva que me fizesse subir por uma escada que me levasse mais alto e me fizesse definitivamente ser outro. Sou quem fui, quem serei, o mesmo adulto enquanto criança, a mesma criança enquanto adulto e a aparência física é só o estranho disfarce que tem de ser.

Por vezes encontramo-nos todos numa roda e o mais velho tem certamente mais experiência mas é nitidamente menos inteligente e sofre de falhas de memória.

2004-05-04

 
Butterfly Effect - O efeito borboleta



Estreia entre nós na próxima 5ª feira, trata-se de um filme que retrata a vida de um jovem, desde a infância ao estado de adulto. Em situações de grande "stress", o jovem acaba por desmaiar e quando vem a si de novo de nada se lembra. É aconselhado, por médicos, a escrever diários para ajudar a trabalhar a sua
memória. Mais tarde aquando estudante descobre um meio de regressar ao
passado a essas situações, que viveu "em branco" e pode inclusivé alterá-las
mudando o futuro dos acontecimentos.
Para quem goste desta temática, o filme não é mau, penso que os fãs de
Donnie Darko devem apreciar, para os mais cépticos, talvez não seja um filme
ideal.

 
O regresso de Derlei


Com o regresso do "Ninja" Derlei e uma brilhante exibição do "Mago" Deco, a equipa que não é do Mourinho mas sim de todos nós estará presente na final da liga dos campeões no próximo dia 26.

E a noite é azul e branca...

 
Cannes #8

De-Lovely
Realizado por Irwin Winkler, a encerrar este festival, a vida do músico americano Cole Porter, protagonizado por Kevin Kline. Conta com outros cantores que aparecem no filme: Diana Krall, Natalie Cole, Robbie Williams, Sheryl Crow e Elvis Costello.


2004-05-03

 
Galos de crista baixa

Há cada vez mais galos com a crista baixa. Sinal dos tempos. Agora olham à distância a paisagem que antes não viam. Talvez se surpreendam com o que os rodeia ou, simplesmente, começaram a entender que deixaram de ser o centro das atenções e passaram a alvo. Os muros do mundo de ficção que foram criando, ao longo do tempo, no doce embalo do poder das coisas efémeras, ruiu. Começam a sentir-se só, abandonados. Alguns, estrebucham, ainda, como o galo mal decepado que bica sem ver, apenas porque presente o segundo golpe da faca. Finalmente, há galos que não sendo dignos da capoeira, vão perdendo o canto (e o encanto), vão baixando a crista, recuando, aos poucos, para o canto mais escuro do galinheiro.


 
Blogayesfera

Hoje fui visitar a Blogayesfera, já tinha visto aqui e ali o seu nome feito arco-íris a piscar, mas nunca tinha carregado no respectivo link. Trata-se de uma lista de blogs essencialmente da autoria de gays, lésbicas, transexuais mas também de muitas outras pessoas que respeitam o direito à livre escolha – afinal é disso que se trata.

Fico sempre a pensar se faz sentido este tipo de coisa, quer dizer, ao se associarem os diversos blogs (uns tão diferentes dos outros) apenas porque são da autoria de LGBTs parece-me auto-descriminativo, ou seja estão a dizer que são diferentes quando se calhar o que importa é dizer que são iguais.

O mesmo tipo de raciocínio acontece-me no dia da mulher por exemplo. Faz sentido ? Se calhar sim, se calhar ainda faz, se calhar ainda existe uma problemática especifica das mulheres que deve ser debatida nesse dia. Se calhar também existe ainda tanta dircrminação face à homosexualidade que faz sentido alguma união de esforços. Eu gotava que um dia uma Blogayesfera fizesse tanto sentido como a união dos blogues de cabelos ruivos, ou os blogues dos carecas. Que cada detalhe de cada pessoa, seja a cor de pele, do cabelo, sexo, religião ou orientação sexual fosse isso mesmo, um mero pormenor. Como a nossa constituição já diz.

É que a única vez que me preocupei no imediato em saber se dada pessoa seria homosexual foi quando conheci a minha mulher, e os meus amigos homosexuais que me perdoem mas ainda bem que não era.

 
Kill Bill – A Vingança – Vol. 2



A noiva, Beatrix, a quem Bill não perdoou ter deixado a vida de assassina, está de volta para fazer correr sangue.



Na sua lista está Budd (Michael Madsen) irmão de Bill, Elle Driver (Daryl Hanna), e Bill. Nesta 2ª parte conhecemos melhor o passado sangrento que origina esta vingança, conhecemos também a personagem, Pai Mei, que ensina várias artes de combate e defesa a Beatrix.



Este 2º volume abandona um pouco mais a acção do anterior, e remete-nos mais para a confidência dos personagens.



Uma Thurman continua lindíssima, Elle está fantástica de olho vendado, sem nunca perder o seu glamour, mesmo em combate, Budd quase mata a nossa estrela principal e David Carridine está sublime no seu papel de Bill.



Tarantino, neste 2º volume, traz-nos memórias de westerns, e do policial negro, terminando com um toque de ternura. Um filme genial, no seu todo, a não perder.


 
Cannes #7


Fahrenheit 9/11: The temperature when freedom burns. O novo filme de Michael Moore, vai de certeza escaldar algumas mentes...logo agora que estamos a relativamente pouco tempo das eleições americanas. Conta-nos o relacionamento entre as famílias Bush e Bin Laden, o que provocou todo o ódio que se vive presentemente.

 
Outros terão

Outros terão
Um lar, quem saiba, amor, paz, um amigo.
A inteira, negra e fria solidão
Está comigo.
A outros talvez
Há alguma coisa quente, igual, afim
No mundo real. Não chega nunca a vez
Para mim.

"Que importa?"
Digo, mas só Deus sabe que o não creio.
Nem um casual mendigo à minha porta
Sentar-se veio.

"Quem tem de ser?"
Não sofre menos quem o reconhece.
Sofre quem finge desprezar sofrer
Pois não esquece.

Isto até quando?
Só tenho por consolação
Que os olhos se me vão acostumando
À escuridão.

Fernando Pessoa





2004-05-02

 
Dia da Mãe


Ser mãe deve ser muito bom.
Deve ser, pelo menos, tão bom como ser pai.
Há quem diga que ainda melhor, há quem fale de sentir o bebé dentro da barriga ou de um sentimento poderoso ao dar de mamar. Confesso que prefiro não ter tido que abrir as pernas para pôr os meus filhos cá fora.

Mas ser mãe deve ser mesmo bom.

Tão bom, tão bom, tão bom, que eu que conheço muitas e muitas mulheres que se arrependeram de se ter casado, de se ter descasado, de terem engando o marido, de não o terem feito apesar da vontade que tiveram, de terem mudado de casa, da profissão que escolheram, do partido onde se encostaram, da vida que levam, dos sapatos que compraram e que apertam os pés, da saia que compraram e não combina com nada, que se arrependeram até de ter nascido... mas não conheço uma única, uma única que seja, que se tenha arrependido dos filhos que teve.

E isso apesar de ser mãe ser uma profissão a tempo inteiro, sem folgas, sem intervalo para almoço, sem pagamento de horas extraordinárias ou subsídio de risco. Apesar do desgaste, dos cabelos brancos, das noites mal dormidas, das preocupações e, acima de tudo, de tantas vezes alguma ingratidão.

Pois é, ser mãe deve ser muito bom. Estou convencido disso, ainda que o não seja, mas se existe algo que eu sei, com completo conhecimento de causa é que é bom ter uma mãe, assim, daquelas com um M do tamanho do mundo

2004-05-01

 
Cannes #6



Shrek 2
Da Dreamworks. Eddie Murphy e Cameron Diaz são presenças garantidas. O simpático ogre vai visitar os sogros, que são muito snobs

 
1º de Maio



Quando finalmente eu quis saber
Se inda vale a pena tanto q'rer
Eu olhei p'ra ti
E então eu entendi
É um lindo sonho p'ra viver
Quando toda a gente assim quiser

José Mário Branco in Ser solidário