2004-09-30
O site alternância criado por José Alexandre Ramos, antigo faroleiro, celebra o seu segundo aniversário e merece uma visita. Na edição de aniversário (já estará pronta?) sairão textos de diferentes autores que participam no site. O meu poderão ler já aqui, mas não deixem de ir lá dar uma espreita.
Alternância
A tua ausência entrou-me pela porta adentro. Percorreu a cozinha, sentou-se no quarto e fez sala. A tua ausência era tão grande que encheu completamente a minha casa de vazio. E eu fiquei ali num canto a não te ver sentada no sofá, nem estendida sobre as almofadas que cobrem o chão da sala.
A tua presença iluminou o dia. Fez nascer girassóis nas sarjetas e pintassilgos sob as folhas da velha acácia que teima em lançar sombra sobre a minha janela. As notas de música correram de um lado para outro, entrechocando-se em melodias várias de tão agitadas que ficaram ao ver-te.
A tua ausência preencheu o meu dia de nada sem que restasse um segundo sequer em que não visse que não te via. A casa ficou tão grande que nasceram assoalhadas e os meus passos demoraram mais a chegar ao bar onde repousavam as bebidas. Não houve eco do teu gelo quando abanei o meu copo e o frio da bebida não se comparava ao gelo corrosivo que sentia no estômago.
A tua presença era tão forte que a via mesmo de olhos fechados, sorrindo no canto de uma nuvem ou reflectida nos olhos das crianças alegres que percorrem as pedras da calçada com um cuidado infinito para nunca pisarem os desenhos formados a negro.
A tua presença e a tua ausência formam, em alternância, um desenho em calçada portuguesa.
Ao que parece o famoso Código Da Vinci, de Dan Brown, já tem realizador e actores, a saber Ron Howard, Russel Crowe e Kate Beckinsale. E promete chegar já em 2005. Hoje vou começar a lê-lo !
2004-09-29
Memórias de Farol
É nesta altura do ano, em que novos estudantes entram nas Faculdades que é costume fazer-se a "Praxe". A praxe, se bem que varie entre apenas pintar a cara, a simulacros de cenas diversas muitas vezes com algum cariz sexual ou mesmo a violência física ou psicológica, tem sempre um denominador comum - A humilhação do caloiro.
Este por sua vez, muitas vezes, após mudar o ano do calendário, torna-se por sua vez um "praxador" mostrando que afinal a injustiça de que se sentiu vítima, não foi assim tão injusta.
É este ciclo de humilhado hoje para humilhador amanhã que urge quebrar. Afinal existem formas muito mais saudáveis de receber os novos colegas, fomentar laços de amizade ou criar um espírito colectivo.
2004-09-28
Os directores de alguns jornais que já se tinham habituado a colocar como título permanente o problema da colocação de professores, vão ter de arranjar novos títulos. No entanto existem alguns que ainda permanecem "seguros", por exemplo estes 5 que me lembrei de rajada:
Santana desmente Ministro
Bomba mata no Iraque
Sampaio declara-se preocupado
Novos aumentos na gasolina
Pinto da Costa queixa-se da arbitragem
Olhar para ti que te sentas nesse cantinho escondido da minha alma....
Pensar em ti que teimas em ser a presença constante num recanto escondido e por vezes esquecido...
Hoje apetece-me pensar em ti, em mim... em tudo em nada....
Hoje apetece-me simplesmente contemplar-te....
Sorrir das lembrançs tão carinhosamente guardadas
Deixar a lágrima bailar no cantinho do olho, porque no coração doí a saudade dos momentos... alguns e muitos momentos
Suspirar por sensações já sentidas, por situações já vividas, por momentos já inigualáveis....
Hoje apetece-me olhar para ti....
Para ti que de vez em quando te esgueiras pela janela da minha alma e te sentas no parapeito das recordações desafiando o momento actual...
Deixando-me com o sorriso nos lábios por aquilo que me fizeste sentir
Provocando-me a lágrima no olho por aquilo que sinto saudades de sentir...
Instalando a vontade de reviver...
Susurrando o que quero ainda conhecer...
Balançado as decisões assumidas ou que o tempo decidiu por mim...
Hoje apetece-me olhar para ti...
Para ti Vida que vivi! Para ti Vida que quero viver!
Para as decisões e indecisões
Para os sonhos e para as desilusões
Para as vitórias e para as derrotas
Para os projectos e para as frustrações
Para os momentos passados para o momento presente
e para o futuro momento...
Sim, hoje pensei que corro muito sem pensar em ti
Sem reflectir que tás aí nesse recanto com as experiências vividas e que eu por vezes passo por ti sem te viver
Hoje acho que apeteceu-me reflectir a vida!
Afinal vive-se tantas vezes sem viver
Afinal corre-se atrás da vida sem ter aproveitado cado momento que ela nos ofereceu
Afinal o que é da vida que temos se não sabemos vivê-la!?
Hoje simplesmente fico aqui a olhar para ti... à espera de sorrir de e para ti, vida!
Susana Fernandes
2004-09-27
No grande concurso d'As Azenhas do Mar. Agora não te esqueças de ir lá espreitar e votar no Finalista que mais gostares.
2004-09-26
O sonho de um homem ridículo
Trata-se de um conto de Dostoevsky publicado numa colecção interessante intitulada Colecção Padrões Literário dbolso, e que disponibiliza contos dos grandes clássicos vendidos individualmente ao preço de 1 euro.
É uma boa maneira de dar a conhecer certo tipo de autores que, conquistando o leitor através de um pequeno conto, o poderão remeter para a sua obra.
Esta narrativa é uma alegoria em que um homem perfeitamente indiferente face à vida e que apenas aguarda o momento propício para se suicidar acaba por ter um sonho em que percebe que um outro mundo é possível...
Finalmente avistei os habitantes desta terra feliz. Vieram ao meu encontro, rodearam-me, abraçaram-me. Filhos do sol! Oh! Como eram belos os filhos deste sol. Jamais sobre a nossa Terra vi a beleza humana atingir este grau de perfeição. Somente nas nossas crianças de mais tenra idade se poderão encontrar traços desta beleza.
2004-09-25
Memórias de Farol
A campainha da porta toca, é a policia militar. Isaac levanta-se, sabe ao que eles vêem. Despede-se da mulher e olha para o filho, um pedaço de gente miúda com duas pernas, dois braços, uns olhos escuros e um nariz semita.
Olha para a criança agarrada às pernas da mãe, não fosse o nariz e poderia ser um palestino. Os gestos das crianças não conhecem raças nem crenças...
A mulher vê-o ser algemado com algum orgulho, sabe que o marido, piloto da força aérea na reserva, tomou a atitude certa. Lá longe, em Gaza, uma espessa nuvem de fumo negro irrompe de mais um prédio bombardeado. Isaac não está só, são cada vez mais os militares israelitas que se recusam a participar na carnificina da população civil, mas são ainda uma minoria.
Foto BBC
Post em 2003.09.25 por Pedro
2004-09-24
24-26 Setembro
www.fil-petfil.com
"Chegará o dia em que o homem conhecerá o íntimo dos animais. Nesse dia um crime contra um animal será considerado um crime contra a própria humanidade."
Leonardo da Vinci (1452-1519)
De Michael Mann, com Tom Cruise, Jamie Foxx, Mark Rufallo, Javier Bardem.
Max é um motorista de táxi, que de repente vê a sua pacata vida dar uma reviravolta. Ao transportar Vincent, um passageiro, este revela-se um implacável assassino contratado, e obriga Max a transportá-lo durante a sua missão, que tem como objectivo cinco mortes.
Um filme que se vê muito bem, com alguma energia e tensão na narrativa. O realizador mostra-nos Los Angeles nocturna, o seu “charme” em contraste com os “guetos”. O filme peca talvez pela escolha de Cruise como assassino, apesar do seu ar duro, dos cabelos e barba grisalhos, não nos consegue alhear do “bom rapaz” a que estamos habituados a ver no actor. Mark Rufallo peca pela pobreza da sua personagem, um agente do FBI, que poderia estar mais desenvolvida. Destaque para Jamie Foxx, Max, que não se intimida com os grandes actores ao seu redor e cumpre muito bem, a sua personagem
2004-09-23
Durante um debate numa universidade nos Estados Unidos, o ex-governador do Dfe, o actual Ministro da Educação CRISTOVAM BUARQUE, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia. O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um Humanista e não de um Brasileiro. Esta foi a resposta do Sr.Cristovam Buarque:
"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso.
Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade.
Se a Amazônia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro...
O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extracção de petróleo e subir ou não o seu preço.
Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos,ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.
Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural Amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país.
Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.
Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio,mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua historia do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.
Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas,provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.
Nos seus debates, os actuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram,como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro.
Ainda mais do que merece a Amazônia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um patrimônio da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver.
Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas,enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa!".
Completa hoje 55 anos!
2004-09-22
Há pouco tempo falámos da colecção de dvds do Mestre a um preço simpático na TvGuia (4,95 €).
Ontem na Fnac (Colombo) vi à venda: Jamaica Inn, Número 17, O Agente Secreto, Chantagem, Assassinato e estão à espera do 39 degraus, e custam - 4,95 €, um preço igualmente simpático
2004-09-21
Jogos Paralímpicos - Há medalhas a que eu não ligo
Que me perdoem os atletas que já conquistaram medalhas, mas a verdade é que eu não consigo dar importância a se um atleta paralímpico conseguiu, ou não, ficar nos três primeiros lugares.
Quem consegue ter a força de vontade suficiente para superar as dificuldades que as deficiências lhes trazem, já não precisa de provar nada a ninguém. Não precisa de ganhar nenhuma prova porque já ganharam a maior prova da sua vida - a de mostrar que são mais fortes do que as dificuldades que a sua condição lhes impõe.
Para mim ganharem ou não medalhas não me diz nada, porque para mim eles são todos de ouro, mesmo sem medalhas.
De M. Night Shyamalan, com Bryce Dallas Howard, Joaquin Phoenix, Adrien Brody, William Hurt, Sigourney Weaver.
Depois dos êxitos O 6º Sentido, Unbreakable e Sinais, M. Night Shyamalan traz-nos agora A Vila, onde nos apresenta uma pequena aldeia, em finais do século XIX, onde tudo parece perfeito. Ao lado da aldeia os habitantes têm um bosque onde não podem entrar pois este é habitado por criaturas, - Aqueles que não falamos - como se referem no filme. Tudo começa quando um jovem pede permissão aos anciães para atravessar o bosque para ir à cidade em busca de medicamentos necessários ao povo da aldeia, o que lhe é recusado. Mais tarde depois de Lucius e Ivy (uma jovem cega) se enamorarem, este é esfaqueado e necessita para sobreviver de alguns medicamentos. Ivy decide-se então a atravessar o temível bosque, em nome do amor e ir em busca de medicamentos.
O realizador traz-nos de novo bons planos, uma certa inquietação no desenrolar do filme, joga com as cores como sinais, etc. O elenco de peso funciona na perfeição, de realçar Adrien Brody, na pele de um jovem atrasado mental.
E se quando vir o filme pensar que este não lhe provoca grande “adrenalina”, espere até ao final, pois nem tudo é o que parece.
A ver, para os apreciadores deste género de filme.
2004-09-20
Rosas malditas
Duas gotas de orvalho caíram, desamparadas, de um beiral, de telhas vermelhas desbotadas pelo sol, algures na serra da Arrábida. Cortaram o espaço, bamboleando na aragem irregular, e acoitaram-se nas únicas duas rosas do jardim da casa, escorrendo, sorrateiramente, por entre as pétalas ainda de um vermelho indefinido. As rosas, húmidas da manhã, abriram-se prematuramente, mostrando um esplendor desfocado. Quando o sol despontou e começou a aquecer o coração da natureza, as outras plantas foram saindo do torpor da noite, buscando a luz coada pela neblina matinal. Estranharam a precocidade das rosas, mas limitaram-se a um gesto de aceno, com um leve movimento das folhas, de um verde-escuro raiado por tons em constante mutação.
Ao entardecer, já as rosas estavam exaustas. O homem que as mantinha debaixo de olho, como troféu para mais um aniversário de casamento, colheu-as, num golpe frio. Colocou-as sobre a mesa da cozinha e refastelou-se no sofá da sala, mergulhando na inutilidade do zaaping da outra janela, que serve de escape e de perversão impunes. Quando a mulher chegou, cansada do trabalho e das muitas canseiras da vida, as rosas tinham murchado, derramando as pétalas sobre a madeira envelhecida pelo tempo. Nem agradeceu, limitou-se a limpar a mesa para poder servir o jantar ao marido. Os espinhos, por vezes, reacendem as chamas, mas os das rosas acabadas não têm mais futuro.
2004-09-19
O ladrão de merendas - Andrea Camilleri
Em que é que a morte do Sr. Lapecoa no elevador do seu prédio se relaciona com o incidente em águas internacionais que vitima um pescador tunísino ?
Este é o ponto de partida para mais uma investigação do Comissário Salvo Montalbano. Trata-se de um romance policial, ligeiro e bem disposto, que tem como particularidade desenrolar-se numa pequena cidade da Sícilia, o que lhe traz um tempero particular. É que entre esta realidade e aquilo que nos é mostrado diariamente por Hollywood, existe uma grande diferença.
Nos filmes americanos, era suficiente o polícia dizer a matrícula para, menos de dois minutos depois, receber o nome do proprietário, quantos filhos tinha, a cor do cabelo e o número exacto dos pêlos que tinha no cu.
Mas em Itália, as coisas eram diferentes. Uma vez tinham-no feito esperar vinte e oito dias, no decorrer dos quais o proprietário do veículo (assim tinham escrito) tinha sido atado como um carneiro e queimado.
2004-09-18
Hoje, vi um velho, denotando uma reforma razoável na aparência e no vestir, indignado com uma cena de amor entre dois jovens. Abraçados e com os corpos colados, beijavam-se, alheios ao Mundo. Acho que nem deram pelo velho que gesticulava e barafustava, ora avançando, ora parando e rodando sobre si mesmo, como um pião em fim de rodopio. Fixava o olhar esgazeado nos jovens e voltava-se para os prédios em frente, como à procura de plateia ou de apoiantes para uma condenação sumária de um acto atentatório da moral e dos bons costumes.
Fiquei a pensar. A cena que em mim despertou os bons momentos vividos, mas sobretudo os que vivo e ainda quero viver, assim com aquela mesma paixão sem condições, talvez traga à lembrança daquele velho o deserto da sua existência. A inveja da juventude perdida.
Tenho a prestação da casa indexada ao Euribor, o preço dos transportes públicos indexados ao preço do gasóleo, a taxa moderadora de saúde pronta para ser indexada à minha declaração de IRS...
Será que custava muito indexar o meu ordenado à inflação ?
Depois do livro de José Luís Peixoto e do album gerado em simultâneo pelos Moonspell, eis que nos chega Antídoto em versão bailado. Quantos mais antídotos precisaremos para exorcizar os nossos medos ?
Não é evidente a ligação entre este bailado e o livro de contos do José Luís Peixoto. No entanto o imaginário do autor está lá. O meio rural, personagens bem vincadas mas algo imprevistas, o ritmo, o entrelaçar de sentimentos, a tristeza, a nostalgia, a dor, o conflito, o amor, a violentação, o riso descontrolado, a revolta, a dor, a tristeza, a melancolia.
No chão do placo surgem figuras geométricas de diferentes cores e texturas, areia, terra, relva e flores. Quatro mulheres e três homens movem-se, dançam, formando diálogos. Quantos diálogos são possíveis entre sete personagens aparentemente desconexas que no entanto por vezes formam um todo ? Muito menos que as leituras feitas por cada pessoa que enchia a bancada do Tetaro Camões.
A música funcionava em crescente e marcava os capítulos, marcados ainda pelo despir de peças de roupa da rapriga de negro que dançava com os seus cabelos. Infelizmente a qualidade do som deixou muito a desejar.
O bailado termina e sinto que assisti a algo original, fica no entanto uma ligeira impressão que faltava algo. Maior clareza na mensagem ? Ou terá sido incapacidade minha de mergulhar completamente naquele mundo campestre que viveu por hora e meia frente ao meu olhar...
Olá amigos! Venho-vos convidar a estarem presentes no dia 18 de Setembro (sábado) às 17 horas, no Parque Eduardo Sétimo, junto ao Marquês de Pombal para participar na 5ª Marcha Anti-Tourada e de Defesa Animal. Já participei em anos anteriores e costuma começar por uma ajuntamento no fundo do Parque, junto à rotunda (vêm camionetas de outros pontos do país também), seguido de uma marcha pela Av Fontes Pereira de Melo, Av da República (o trânsito é cortado numa das filas de trânsito), terminando no Campo Pequeno. Nunca houve desacatos. Há sempre pessoas que se juntam à Manifestação quando a vêem passar, há os que, na fila de trânsito em sentido contrário, buzinam em apoio, há os que buzinam contra... Mas temos que ser firmes. Nunca ofender, nunca agredir. Dar a outra face, apelar ao coração. Mas reitero, tem sido sempre tudo pacífico e ordenado. É no fundo um convívio entre pessoas preocupadas com a continuação de uma tradição que assenta no que de pior a nossa racionalidade permite - o prazer em torno da tortura e do sofrimento. Uma Nação matura consegue reconhecer que tradições têm como base hábitos enraizados em virtudes humanas e quais as que têm raízes em defeitos ou desvios (que no passado foram comuns e continuaram sob o signo da tradição, associados a festividades e rituais). Essa mesma Nação matura sabe reconhecer e evoluir, abandonando essas tradições decorrentes do defeito.
Mais uma vez, espero contar com vocês lá, caso possam e queiram é claro. :)
Carlos MGL Teixeira
2004-09-17
Antídoto - José Luís Peixoto
Companhia Rui Lopes Graça
Teatro Camões, 17 e 18 de Setembro 2004 às 21h00
Direcção Coreografia - Rui Lopes Graça
Dramaturgia - José Luís Peixoto
Intérpretes - Constança Couto . Helena Flora . Jacome Silva Jordi Martin Liliana Barros . Madalena Silva Mário Sánchez
SINOPSE
Este é um projecto de espectáculo de dança, que tem como ponto de partida o encontro com o universo da obra Olhos, Coração e Mãos, na Tradição Popular Portuguesa, de Ana Paula Guimarães, como também, a descoberta do livro Antídoto de José Luís Peixoto.
Da confluência de ambientes destes dois universos surgiu a vontade e a oportunidade de propor ao autor da obra literária Antídoto uma colaboração ao nível da dramaturgia.
No seu conto, José Luís Peixoto, afirma:
As palavras da mãe e as fotografias do livro eram portas abertas para um quarto escuro. Eram portas que, no centro daquela tarde, se abriam para a noite. O medo era o veneno. Nesse dia, a menina sentiu medo pela primeira vez. O movimento de uma estrela no céu pode ser exactamente igual ao movimento de uma erva anónima, indistinta de todas as outras, no meio dos campos. Os movimentos dos rostos do menino e da menina foram exactamente iguais porque aquilo que existia dentro deles era exactamente igual. Chegaria um dia em que as ruas ficariam desertas ao aproximarem-se. O lugar das ideias que tinham ficaria vazio. Chegaria um dia em que poderiam esquecer esse veneno. Esse dia iria chegar mas estava longe daquela tarde antiga. O menino e a menina olharam para os dedos no colo, baixaram a cabeça. Entre as palavras que a mãe e a mestra lhe diziam, distinguiram a palavra coragem. E a sede pôde aproximar-se dos seus lábios. O medo, o veneno. A coragem. E continuaram o caminho de tempo que os levava para o momento que haveria de os unir ainda mais completamente.
Tendo como ponto de partida a definição e caracterização psicológica de cada um dos sete personagens, que habitam este ambiente, criam-se histórias e pontos de ligação entre eles, como se todos fizessem parte de um velho ritual que aceitam, cumprem e perpetuam, sabendo que, contudo, de cada vez que o cumprem o poderiam alterar.
As cenas, que se sucedem num ambiente rural, têm como temas principais aspectos de realidades quotidianas levados ao limite e à distorção.
Olhar o tradicional, através da contemporaneidade.
Revisitar espaços e tempos que nos parecem distantes, mas que na realidade nos definem como grupo diferenciado que somos, quando pensamos um País, e que nos preenchem os registos de memórias antigas que inevitavelmente nos sustentam.
No universo criado pelo espectáculo encontramos temas sempre inerentes à condição do existir.
O nascer, o seduzir e o afirmar. A vontade de vencer e o medo de perder. O incerto. A raiva de não ter e o possuir freneticamente. O cansaço e apatia de ter. O consenso. As antigas histórias sussurradas.
Religiosidades. O Morrer. A alegria de viver.
Temas que dentro da estrutura do espectáculo se enquadram em três tempos ou ciclos. - o tempo dos olhos; o tempo do coração e o tempo das mãos. Sendo que, à partida, cada um dos tempos nos possam ser
sugeridos como diferenciados, no decorrer da narrativa eles se entrecruzam e sobrepõem.
A música do espectáculo inspira-se no universo da tradição popular portuguesa, nomeadamente, nas recolhas realizadas pelo etnomusicólogo Michel Giacometti.
Tendo estas recolhas como ponto de partida e matéria criativa para musicar o espectáculo é construída a componente sonora para o espectáculo.
Eu vou lá estar!
O bosque dos pigmeus
Depois de A cidade dos deuses selvagens e O reino do dragão de fogo, chega o terceiro volume desta trilogia da autora Isabel Allende.
As aventuras de Nádia, Alexander a a Avó Kate, ao serviço da revista National Geographic, continuam, desta vez em África.
Um padre espanhol, procura os seus irmãos missionários desaparecidos, e leva-os a um bosque misterioso habitado por pigmeus.
Mais uma vez a escritora envolve-nos com as diferenças culturais e o seu mundo mágico, que tão bem transporta na escrita.
2004-09-16
Completa hoje 80 anos.
2004-09-15
Tento procurar explicações racionais para o desgoverno do Ministério da Educação no que se relaciona à colocação de professores ... e só me ocorre uma: O IVAN passou pelo Ministério da Educação e provocou estragos incalculáveis que justificam o atraso de três meses na colocação dos professores! Os efeitos colaterais da destruição provocada pelo Ivan justificam ainda o “ desnorteio” que por lá continua, nomeadamente no sistema informático, justificando-se assim os inúmeros adiamentos para a publicação dos resultados da 2ª parte dos resultados do concurso.
Consta ainda que foi celebrado um acordo secreto entre o Ministério da Educação, a Ordem dos Médicos e a Ordem dos Farmacêuticos para aumentar os lucros dos dois últimos grupos de profissionais com as consultas aos professores deprimidos e com a venda de ansiolíticos.
Resta-me saber como irá terminar esta telenovela ….
Não perca os próximos capítulos!
2004-09-14
Escola de fim de Verão
Depois de várias iniciativas levadas a cabo por associações empresariais, políticos, analistas ou economistas, em que todas se revelaram infrutíferas, penso que é chegada a altura de dar o meu contributo para o aumento da produtividade nacional.
A minha experiência profissional ditou-me duas regras básicas:
1 – A preguiça é a melhor aliada da produtividade;
2 – O cumprimento de horários de trabalho é o pior inimigo da produtividade.
Admito que muitos gestores defendam exactamente o contrário e os resultados estão à vista.
Regra 1 – Apenas a preguiça nos leva a fazer o menor esforço possível para concretizar dada tarefa. Uma pessoa preguiçosa tem tendência a não perder tempo com tarefas inúteis, relatórios demasiados extensos e quaisquer trabalhos desnecessários. Um preguiçoso é, por definição, um anti-burocrata, e uma pessoa arrumada e organizada.
Regra 2 – Trabalhar não é, em norma, uma actividade agradável. A prova é que nos pagam para a desempenharmos. Por isso, o maior incentivo para qualquer trabalhador desempenhar as suas tarefas depressa (e bem para não ter de as repetir) é poder sair mais cedo do trabalho quanbdo essa tarefa estiver desempenhada.
Um trabalhador que sai às 18 h quer tenha cumprido as tarefas destinadas para esse dia, quer não e que caso as tenha terminado antecipadamente lhe dão novas tarefas, não está a ser incentivado a trabalhar eficazmente.
Pelo contrário, se a chefia lhe distribuir tarefas que, num ritmo normal de trabalho terminem às 18 h, se ele for lento terminem às 19 h e se ele for produtivo lhe permitam sair às 17 h, está a incentivar fortemente o aumento da sua produtividade.
Aos poucos até lhe pode aumentar a quantidade de tarefas diárias.
P.S – Tenho de convencer o meu chefe a passar a ler este blog.
2004-09-12
Hoje a Filomena faz aninhos!
Para ti amiga um grande beijo e um abracinho daqueles apertadinhos!
A frase é da Isabel de 3 anos e a ilustração (em paint) é da autoria da Mena
2004-09-09
O código Da Vinci
Li finalmente este best-seller mundial de Dan Brown. Por puro preconceito sou normalmente esquivo a ler os livros que todas as pessoas lêem e elogiam. No entanto, tal como aconteceu, por exemplo, com Equador de Miguel Sousa Tavares, um livro pode ser um caso de sucesso e simultaneamente ser realmente bom.
Robert Langdon está em Paris, para uma conferência, quando é acordado a meio da noite e levado para o Louvre. Depara-se aí com um estranho assassinato em que a vitima deixa uma mensagem cifrada. Esse é o ponto de partida para uma mirabolante aventura com todos os ingredientes para prender o leitor. Muita acção, reviravoltas estonteantes, suspense e enigmas por descobrir. Esta é a base da história e só por isso vale a pena ler o livro.
No entanto o “sucesso” de O Código Da Vinci resulta muito mais da teoria coerente divulgada ao longo do livro, quanto à verdadeira história de Jesus Cristo e de Maria Madalena, da estranha relação entre a Opus Dei e o Vaticano e, claro, da demanda do Santo Graal.
Não sei o suficiente de história e de teologia para avaliar da veracidade dos factos descritos. No entanto não tenho dúvida quanto à forma como a igreja católica se apropriou de certos ritos pagãos ou da forma como ostracizou o sexo feminino ao longo da sua história.
Mas também me parecem excessivos alguns simbologismos referidos. Quando se procura entre milhares de factos ou de símbolos alguns que apontam certa direcção, facilmente se encontram. Essa é a base de qualquer teoria da conspiração. Parece-me por exempo excessivo considerar que a cor dos cabelos e o nome, Ariel, da Pequena Sereia da Disney tenham a ver com Maria Madalena, parece-me que se esqueceram que não foi a Disney quem escreveu a história original da Pequena Sereia.
Este livro, prova ainda, como uma teoria escrita como um romance tem muito maior impacto do que escrita de forma mais erudita. Já tinha pensado o mesmo ao ler como a triologia de Frederico Lourenço revela a homossexualidade latente em Camões.
Mas, polémicas à parte, o livro lê-se muito bem.
P.S A última ceia de Leonardo da Vinci, onde segundo Dan Brown é vísivel que ao lado esquerdo de Jesus se encontra Maria Madalena.
2004-09-08
"Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusivé muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora da minha própria vida."
Clarice Lispector, in 'Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres'
Fotografia: João Coutinho
2004-09-06
"É fácil estabelecer a ordem de uma sociedade na submissão de cada um dos seus componentes a regras fixas. É fácil moldar um homem cego que tolere, sem protestar, um mestre ou um Corão. Mas é muito diferente, para libertar o homem, fazê-lo reinar sobre si próprio.Mas o que é libertar? Se eu libertar, no deserto, um homem que não sente nada, que significa a sua liberdade? Não há liberdade a não ser a de «alguém» que vai para algum sítio. Libertar este homem seria mostrar-lhe que tem sede e traçar o caminho para um poço. Só então se lhe ofereceriam possibilidades que teriam significado. Libertar uma pedra nada significa se não existir gravidade. Porque a pedra, depois de liberta, não iria a parte nenhuma."
Antoine de Saint-Exupéry, in 'Piloto de Guerra'
2004-09-03
BORDA D´ÁGUA para 2005
“O ORÁCULO do ano indica que, começando 2005 num sábado, dia do planeta Saturno, a transparência dos pensamentos e actos, e a responsabilidade dos seus efeitos, implicará cada vez mais honestidade diligente e inteligência amorosa.”. É assim que começa o “Juízo do Ano”, assinado por Pedro Teixeira da Mota. Mas, se quiserem ler o resto, e garanto-lhes que vale a pena, comprem lá o Almanaque, o único e verdadeiro, com repertório útil a toda a gente, por apenas € 1,20. Tem de quase tudo, desde horóscopo até, e principalmente, agricultura, jardinagem e animais.
Eu, que tenho andado tão pessimista que cheguei a ter pena de mim mesmo, só espero que 2005 comece depressa para ver a transparência dos pensamentos de uns quantos que por aí andam e, sobretudo, da sua diligente honestidade. Queriam que também falasse da inteligência amorosa?!... Ora, se nem sei o que é um honesto diligente, porque se é ou não e apregoá-lo soa a falso, muito menos me parece que o amor seja inteligente. Que é cego e nos deixa meio bobos isso eu sei. Mas se é fingido e interesseiro, até pode ser inteligente, mas não é amor. Confesso que não entendo mesmo, mas se calhar sou eu que não tenho Juízo.
PS (sem qualquer conotação): Demorei, mas cá estou de volta.
A paz sem vencedores e sem vencidos
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos
A paz sem vencedor e sem vencidos
Que o tempo que nos deste seja um novo
Recomeço de esperança e de justiça
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos
A paz sem vencedores e sem vencidos
Erguei o nosso ser à transparência
Para podermos ler melhor a vida
Para enterdermos vosso mandamento
Para que venha a nós o vosso reino
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos
A paz sem vencedores e sem vencidos
Fazei senhor que a paz seja de todos
Dai-nos paz que nasce da verdade
Dai-nos paz que nasce da justiça
Dai-nos paz chamada liberdade
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos
A paz sem vencedores e sem vencidos
Sophia de Mello Breyner Andersen
(Sem data ainda para estrear em Portugal)
De Jonathan Demme, com Denzel Washington, Meryl Streep, Liev chreiber, Kimberly Elis, Jeffrey Wright, Ted Levine.
Raymond Shaw um militar americano, é candidato político na América Do seu passado militar na guerra da Coreia trouxe louvores e honras pela sua prestação. Mas frequentes pesadelos começam a ensombrá-lo e a todos os que sobreviveram do seu pelotão. Bennet Marco começa a desconfiar que algo se passou na guerra, e que por algum motivo essas memórias foram apagadas, desconfiando de lavagem cerebral. A mãe de Shaw é uma importante senadora que controla todos os movimentos do filho.
Remake do original “O enviado da Manchúria”, de John Frankenheimer, com Frank Sinatra, Laurence Harvey e Angela Lansbury, este é um filme bem conseguido, um thriller político que nos prende, com um bom elenco. A ver.
2004-09-02
Uma casa no fim do mundo - Michael Cunningham
Este excepcional romance do autor de "As horas", conta-nos a história de Bobby e Jonathan, dois amigos de adolescência com uma ligação tão forte que poderiam ser amantes, ou irmãos, mas que não chegam bem a ser uma coisa nem outra.
A estas duas personagens, juntam-se Alice e Ned, os pais de Jonathan, Clare, Erich e Rebecca, transportando para este romance num rol de sentimentos, relações e pontos de vista diferentes.
O triângulo formado por bobby, Jonathan e Clare, contradiz aquela velha (1) máxima homossexual que diz que apenas numa relação homossexual é possível existir um ménage a trois sem que ninguém se sinta em vantagem.
É um livro profundo, mas de fácil e empolgante leitura, onde se demonstra que mesmo nas relações mais invulgares se verifica que os sentimentos dominantes não variam: o amor, a amizade, o medo e o sentimento de perda.
(1) Inventei-a mesmo agora.
- Tenho estado a pensar - disse Bobby de repente, enquanto nos aproximávamos de um anúncio às pipocas Jay-Dee com sabor a queijo. - Já alguma vez vos apeteceu viver no campo? Numa casa onde pudéssemos morar todos juntos?
- Nós os três ? - perguntei.
- Sim-
- As comunas estão fora de moda - comentou Clare.
- Não seria exactamente uma comuna. Quer dizer, nós somos mais como uma família, não somos?
Memórias de Farol
Sozinhos
Não partas por entre os gritos das gaivotas
Senta-te apenas, e escuta o murmúrio das ondas
Fecha os olhos e retém esse dourado das areias
De uma praia que serviu de palco a tantos segredos
E olha a luz do farol, que tantos amantes desacompanhados guiou
Na escuridão da noite em que o nevoeiro
Vestia esses corpos doridos de viajantes perdidos,
De almas solitárias, que aqui nesta esquina do mundo
No meio do nada, apenas se abrigam da solidão.
Post de 2003.09.02 de Cristina
Só temos é que preencher uns certos requisitos:
- Nunca ter problemas legais que tenham que ser resolvidos em tribunais;
- Ser saudável e não ter que recorrer a hospitais ou médicos;
- Adorar olhar para estádios (ou melhor, campos de bola) novinhos em folha;
- Divertir-se com a corrupção no futebol e nas autarquias;
- Achar que os ricos e poderosos devem estar imunes às leis;
- Achar a cultura um bem de segunda;
- Valorizar a incompetência e a cunha como forma de promoção profissional;
- Encarar a formação e a educação como coisas que só acontecem aos outros;
- Encontrar o encanto na falta de planeamento urbanístico;
- Ver a poesia que há no analfabetismo;
- Ter opiniões fortes e não ter medo de as apresentar de forma frontal e violenta.......num blog anónimo na net.
Pedro Tochas
2004-09-01
FESTAS DO POVO - CAMPO MAIOR
Na vila raiana de Campo Maior o povo é quem decide quando quer realizar as suas festas! Durante meses elaboram projectos que depois concretizam em papel e se transformam em pequenas obras de arte e em que todos participam! Vale a pena passar por lá, admirar as decorações das ruas desta terra alentejana e ver o orgulho com que todos os campomaiorenses mostram a sua terra! Um único aspecto menos agradável: o risco de se apanhar um banho de multidão! Mas vale a pena deleitar os olhos nestas ruas floridas até ao próximo domingo!
De Robert James Waller
Quem não se lembra do best seller As Pontes de Madison County? Ou do par romântico, Meryl Streep e Clint Eastwood, que deram vida a este livro no grande écran?
Este livro é um complemento ao original, Francesca Johnson tem actualmente 60 anos e Robert Kincaid 68. Este último decide regressar a Madison County uma vez mais, e percorre um caminho da sua vida há já muito tempo “arquivado”.
Lê-se bem, uma narrativa ligeira, que nos “esclarece” algumas dúvidas suscitadas da obra anterior, mas não nos prende, nem nos entusiasma, como o magnifico “As pontes de Madison County”.
“Nas últimas vinte e quatro horas, uma vida estranha tornara-se mais estranha ainda. Dirigiu-se ao armário de arquivo e tirou uma caixa de fotografias. Durante algum tempo, ficou sentado a olhar para Francesca Johnson. Dias antes tinha ocupado o espaço dela e recordado. E, Deus do céu, como ainda a amava, admitindo mesmo a si próprio que coisas assim recordadas são melhores do que foram na realidade.”
Portugal é um estado de direito. Existem leis, existe um poder político democraticamente eleito (por acaso não) e existe um poder judicial separado do poder político.
As leis, portanto, são feitas para serem cumpridas e se uma lei estiver errada ou desactualizada, a mesma deve ser modificada.
Não é pelo facto de, por vezes, ultrapassar os 120 km/h numa auto-estrada ou estacionar um cima do passeio que hesito em defender este estado de coisas.
Mesmo perante uma lei com a qual eu não concordo, que me envergonha enquanto cidadão português e que ainda me envergonha mais pela indiferença demonstrada pelos meus concidadãos a quando do referendo, como é a lei sobre a interrupção voluntária da gravidez, eu não mudo de opinião.
A lei está errada, deve ser modificada, mas até lá deve ser cumprida. Aliás, normalmente, só cumprindo as leis erradas ou absurdas é que salta à vista, a necessidade de as modificar.
Assim sendo, eu condenaria, sem hesitação, a presença do barco Borndiep em águas portuguesas caso pretendesse violar as nossas leis. Não era, no entanto, esse o propósito da visita das Women on Waves ao nosso país.
Quando o governo português, numa atitude arrogante, viola as leis internacionais, nomeadamente um dos principíos basilares da União Europeia, que é o da livre circulação de pessoas, para fazer valer a sua opinião e dificultar o debate sobre a IVG com a presença das Women on Waves, transforma o estado de direito num estado de direita, onde vale tudo para dificultar a liberdade de expressão de quem defende ideias contrárias.