2004-03-31
Participação especial de Zoom
(Chocolate)
Lasse Hallstrom - EUA/Reino Unido 2000
A uma pequena vila francesa chega, certo dia, uma jovem mãe solteira para aí abrir uma loja de chocolate. Porém, a recepção feita pelos conservadores habitantes não é das mais agradáveis.
É um filme simples e modesto, que retrata uma história do tipo "conto de fadas". São duas horas de entretenimento agradável, mas não muito mais do que isso. Juliette Binoche e Johnny Depp estão relativamente bem, mas o grande destaque vai para a personagem de Judi Dench.
Por detrás do cor-de-rosa que domina a história, é feita uma crítica ao tradicionalismo de certas sociedades, onde por vezes o conservadorismo esconde coisas menos positivas. Porém, é algo que se fica por uma abordagem superficial e simplista. Um pormenor negativo é o facto de todo o tempo apenas se ouvir falar inglês o que, numa isolada aldeia francesa do meio do séc. XX, soa francamente estranho. Talvez a língua francesa conseguisse produzir uma maior magia na película. Apesar da sua simplicidade, tem um aspecto visual muito bonito e consegue ser até cativante por vezes.
Não puxando muito pelo intelecto do espectador, é um filme ideal para descontrair. Tem uma história e um elenco agradáveis, não sendo no entanto uma obra que deixe grandes marcas ou memórias em quem a vê. Só mais uma nota final... Antes de ver este filme, abasteçam-se bem de chocolate. Vai apetecer-vos. E muito! Nham, nham
Carla L. Santos
(Chocolate)
Lasse Hallstrom - EUA/Reino Unido 2000
A uma pequena vila francesa chega, certo dia, uma jovem mãe solteira para aí abrir uma loja de chocolate. Porém, a recepção feita pelos conservadores habitantes não é das mais agradáveis.
É um filme simples e modesto, que retrata uma história do tipo "conto de fadas". São duas horas de entretenimento agradável, mas não muito mais do que isso. Juliette Binoche e Johnny Depp estão relativamente bem, mas o grande destaque vai para a personagem de Judi Dench.
Por detrás do cor-de-rosa que domina a história, é feita uma crítica ao tradicionalismo de certas sociedades, onde por vezes o conservadorismo esconde coisas menos positivas. Porém, é algo que se fica por uma abordagem superficial e simplista. Um pormenor negativo é o facto de todo o tempo apenas se ouvir falar inglês o que, numa isolada aldeia francesa do meio do séc. XX, soa francamente estranho. Talvez a língua francesa conseguisse produzir uma maior magia na película. Apesar da sua simplicidade, tem um aspecto visual muito bonito e consegue ser até cativante por vezes.
Não puxando muito pelo intelecto do espectador, é um filme ideal para descontrair. Tem uma história e um elenco agradáveis, não sendo no entanto uma obra que deixe grandes marcas ou memórias em quem a vê. Só mais uma nota final... Antes de ver este filme, abasteçam-se bem de chocolate. Vai apetecer-vos. E muito! Nham, nham
Carla L. Santos
Inesperadamente deste-me a mão, só a ponta dos dedos. Mas de repente todo eu era dedos, era naquelas extremidades que te tocavam que se concentravam todos os meus sentidos. O meu coração batia com tanta força que mal conseguia ouvir o teu silêncio.
Os nossos olhos que antes se procuravam, afastaram-se arredios, como se tivessem medo de surpreender uma expressão inesperada no outro olhar. A custo, e enquanto um suave calor me subia às faces, forcei o meu olhar a fixar-se no teu rosto. Cabelos agitavam-se ao vento como bandeiras desfraldadas no mar alto, mostrando e ocultando a tua cara.
Puseste-te em bicos de pés e estendeste-me a boca... e foi aí que descobri que tinhas o sabor inconfundível do chocolate.
Já alguma vez se interrogaram quais as razões que levam os autores de cada blog a escolherem o seu nome ?
A blogopédia tem já uma extensa lista. Vale a pena dar uma espreita.
A blogopédia tem já uma extensa lista. Vale a pena dar uma espreita.
O 1º album dos Rádio Macau foi editado em 1984, faz hoje 20 anos e parece que foi ontem....
2004-03-30
Apresento-vos a minha gata...a Lady...
Acho que anda a treinar-se para Top Cat Model.
PS - Mena obrigada pela excelente foto ;)
ALGUNS PROVÉRBIOS CIGANOS
* Se tens as algibeiras vazias, não fiques com as mãos nelas.
* Se queres ver os peixes, não turves a água.
* Pinta a erva da cor que quiseres: ela será sempre erva.
* Se uma mosca te incomoda, não a mates: limpa antes a sujidade que a atraiu.
* A erva curva-se ao vento mas levanta-se depois que ele passa.
* Para um homem sedento, uma gota é uma lago.
* Se tens as algibeiras vazias, não fiques com as mãos nelas.
* Se queres ver os peixes, não turves a água.
* Pinta a erva da cor que quiseres: ela será sempre erva.
* Se uma mosca te incomoda, não a mates: limpa antes a sujidade que a atraiu.
* A erva curva-se ao vento mas levanta-se depois que ele passa.
* Para um homem sedento, uma gota é uma lago.
2004-03-29
Nenhum Nome Depois, o novo livro de poesia de Maria do Rosário Pedreira, conta uma história, a história de um nome que se gravou na memória ou se calhar conta a história dos outros nomes em redor deste: Os nomes interditos, os nomes de família, os nomes inúteis, a impossibilidade de voltar a existir um nome depois deste.
São poemas de dor e de saudade, mas de uma grande sensibilidade e com aquela magia da aparente simplicidade que os grandes poetas conseguem imprimir às palavras e às imagens que formam com elas.
Face à qualidade dos seus anteriores livros de poesia, A casa e o cheiro dos livros e O canto do vento nos ciprestes, é dificil dizer que este é melhor. Mas a mim tocou-me mais...
Nada mudou. Ao fim de tantos anos, o meu
passado é ainda o mesmo passado - nenhum
rosto diferente para desviar o rio da memória,
nenhum nome depois. Para te esquecer,
devia ter partido há muito tempo, como viajam
as aves de verão em verão. E tentei; mas as malas
abertas sobre a cama eram livros abertos, e eu
nunca fechei um livro antes do fim. Por ter
ficado, nada mudou jamais - e o meu passado é
ainda o nosso passado; e o rosto que tinha antes
de me deixares é o que o espelho me devolve no
presente - embora os outros me digam que o
que vêem na superfície desse lago é um vinco
na água, uma mulher muito mais velha do que eu.
2004-03-28
Está ? É de quando o telefone toca, em quem vai votar...
O telefone toca. É mais uma sondagem, querem saber em quem é que eu votaria, mas primeiro em quem é que eu votei nas eleições anteriores e pôr uma data de cenários à minha apreciação.
Hesito entre dizer a verdade ou tentar influenciar o resultado da sondagem, dizendo que votei num grande partido e agora vou votar num pequeno. “Prevê-se uma grande transferência de votos de...”. É que uma vez fiz as contas, uma opinião numa sondagem normal corresponde a cerca de 0,1 %, muito mais que um verdadeiro voto. Um berro do meu filho mais novo seguido de um grande estrondo acaba com a indecisão: - Agora não posso, boa noite.
É por isto que eu não acredito em sondagens, falam em amostras representativas, mas apenas contactam eleitores com telefone fixo. Como se tal não chegasse, grande parte dessas pessoas, desligam logo o telefone antes de saberem se ganharam um fim de semana na Républica Dominicana ou se preferem o Cavaco ao Santana.
Dos poucos que sobram, muitos não dizem a verdade. Não é qualquer um que tem coragem de, por exemplo, confessar que vai votar na Nova Democracia. Depois existem os outros, os que falam de um partido onde sempre quiseram votar mas onde, curiosamente, nunca votam porque acham que aquele não é um voto útil, existem ainda os mentirosos compulsivos e os que apenas votariam se fosse por telefone pois não estão para se deslocar à escola mais próxima e perder tempo nas urnas.
É por tudo isso que eu não ligo a sondagens, nem acredito nelas, além do mais passam a vida a telefonar para minha casa, muito mais do que se a escolha fosse aleatória, mas prometo que da próxima vez, se os meus filhos não me interromperem e estiver naqueles dias em que atendo o telefone, que uma vez na vida vou dar uma resposta verdadeira. Pode ser que desistam...
O telefone toca. É mais uma sondagem, querem saber em quem é que eu votaria, mas primeiro em quem é que eu votei nas eleições anteriores e pôr uma data de cenários à minha apreciação.
Hesito entre dizer a verdade ou tentar influenciar o resultado da sondagem, dizendo que votei num grande partido e agora vou votar num pequeno. “Prevê-se uma grande transferência de votos de...”. É que uma vez fiz as contas, uma opinião numa sondagem normal corresponde a cerca de 0,1 %, muito mais que um verdadeiro voto. Um berro do meu filho mais novo seguido de um grande estrondo acaba com a indecisão: - Agora não posso, boa noite.
É por isto que eu não acredito em sondagens, falam em amostras representativas, mas apenas contactam eleitores com telefone fixo. Como se tal não chegasse, grande parte dessas pessoas, desligam logo o telefone antes de saberem se ganharam um fim de semana na Républica Dominicana ou se preferem o Cavaco ao Santana.
Dos poucos que sobram, muitos não dizem a verdade. Não é qualquer um que tem coragem de, por exemplo, confessar que vai votar na Nova Democracia. Depois existem os outros, os que falam de um partido onde sempre quiseram votar mas onde, curiosamente, nunca votam porque acham que aquele não é um voto útil, existem ainda os mentirosos compulsivos e os que apenas votariam se fosse por telefone pois não estão para se deslocar à escola mais próxima e perder tempo nas urnas.
É por tudo isso que eu não ligo a sondagens, nem acredito nelas, além do mais passam a vida a telefonar para minha casa, muito mais do que se a escolha fosse aleatória, mas prometo que da próxima vez, se os meus filhos não me interromperem e estiver naqueles dias em que atendo o telefone, que uma vez na vida vou dar uma resposta verdadeira. Pode ser que desistam...
2004-03-27
Hoje levei os "monstros" cá de casa a ver o Scooby Doo 2 - Monstros à solta, e eles adoraram!
É puro entretenimento, nada tem de especial, o cão continua trapalhão e simpático. Mas eles gostaram é o que conta!
Mudança da hora
Não se esqueçam de adiantar à 1 hora da manhã os vossos relógios. Pois é vamos dormir menos 1 horita.
Não se esqueçam de adiantar à 1 hora da manhã os vossos relógios. Pois é vamos dormir menos 1 horita.
Pssssst...
Alguém se importa de explicar ao S.Pedro que já estamos na Primavera.
As Saudades
Elas são muito impulsivas e explodem com muita facilidade; mas as Saudades são boas raparigas!
Pessoas temperamentais que fervem em pouca água, mas são leais as Saudades!
Algumas vezes são calmas , apesar de eu prefirir não estar por perto quando elas se manifestam; mas as Saudades são boas pessoas!
Elas são uma boa desculpa para nos empaturrarmos com mousse de chocolate e não nos preocuparmos com a linha, mas são boas amigas! Em nome delas e, para as matarmos, visitamos amigos e familiares bem como disfrutamos de pequenos prazeres que nos adoçam a existência!
Mas eu gosto de ter saudades ... e de tomar café com elas ao domingo de manhã enquanto folheio o jornal !
É bom ter saudades mas sabe tão bem mata-las!
Elas são muito impulsivas e explodem com muita facilidade; mas as Saudades são boas raparigas!
Pessoas temperamentais que fervem em pouca água, mas são leais as Saudades!
Algumas vezes são calmas , apesar de eu prefirir não estar por perto quando elas se manifestam; mas as Saudades são boas pessoas!
Elas são uma boa desculpa para nos empaturrarmos com mousse de chocolate e não nos preocuparmos com a linha, mas são boas amigas! Em nome delas e, para as matarmos, visitamos amigos e familiares bem como disfrutamos de pequenos prazeres que nos adoçam a existência!
Mas eu gosto de ter saudades ... e de tomar café com elas ao domingo de manhã enquanto folheio o jornal !
É bom ter saudades mas sabe tão bem mata-las!
2004-03-26
Será saudade?...
Sinto a saudade
do olhar que nunca vi
Sinto a saudade
do abraço que jamais abracei
Sinto a saudade
do beijo que ainda não saboreei
Não posso sentir saudade do passado
porque nada do que teimosamente sinto saudade
jamais vivi!
Saudades dos sonhos!?...
Afinal talvez não seja saudade....
Porque sempre que sinto saudade basta continuar a sonhar....
Sinto a saudade
do olhar que nunca vi
Sinto a saudade
do abraço que jamais abracei
Sinto a saudade
do beijo que ainda não saboreei
Não posso sentir saudade do passado
porque nada do que teimosamente sinto saudade
jamais vivi!
Saudades dos sonhos!?...
Afinal talvez não seja saudade....
Porque sempre que sinto saudade basta continuar a sonhar....
DESTRAVA LÍNGUAS
Num ninho de nafagafos
há sete nafagafinhos.
Quando a nafagafa sai
ficam os nafagafos sozinhos.
Fui comprar bolas ao senhor Bolas,
o senhor Bolas não tinha bolas.
Ora bolas para o senhor Bolas!
Disse você ou não disse
o que eu disse que você disse?
Porque se você disse
o que eu não disse que você disse,
que disse você?
Paulino sem Pau é Lino,
Paulino sem Lino é pau,
tirando o pau ao Paulino
fica o Paulino sem pau.
Num ninho de nafagafos
há sete nafagafinhos.
Quando a nafagafa sai
ficam os nafagafos sozinhos.
Fui comprar bolas ao senhor Bolas,
o senhor Bolas não tinha bolas.
Ora bolas para o senhor Bolas!
Disse você ou não disse
o que eu disse que você disse?
Porque se você disse
o que eu não disse que você disse,
que disse você?
Paulino sem Pau é Lino,
Paulino sem Lino é pau,
tirando o pau ao Paulino
fica o Paulino sem pau.
2004-03-25
Saudade
É aquele peso que magoa o peito.
É aquele pensamento que agarra.
É aquela imagem que não nos larga.
É aquele cheiro que nos impregna ainda.
É uma dor que se sofre em silêncio,
que nos baralha a cabeça e a vontade
e manda o coração de volta ao passado.
E digam lá se este fado não é saudade...
Lisboa, 25.03.2004
É aquele peso que magoa o peito.
É aquele pensamento que agarra.
É aquela imagem que não nos larga.
É aquele cheiro que nos impregna ainda.
É uma dor que se sofre em silêncio,
que nos baralha a cabeça e a vontade
e manda o coração de volta ao passado.
E digam lá se este fado não é saudade...
Lisboa, 25.03.2004
Saudade IV
Lembro-me que bastava encostar-me ao calor do teu peito e fechar os olhos com força, para que o sol voltasse, de novo, a brilhar.
Ainda hoje, é com memórias saudosas da infância que afasto invernos do pensamento.
Lembro-me que bastava encostar-me ao calor do teu peito e fechar os olhos com força, para que o sol voltasse, de novo, a brilhar.
Ainda hoje, é com memórias saudosas da infância que afasto invernos do pensamento.
No Sábado passado, a D. Saudade bateu à porta da D. Felicidade...
Que surpresa! Fazia tanto tempo que não se viam...
A D. Felicidade, sempre hospitaleira, convidou-a gentilmente a entrar.
A D. Alegria e a D. Paz correram até junto dela para felicitar a amiga.
Depois começaram a recordar os bons momentos passados.
A D. Alegria, com seu jeito festivo, foi toda entusiasmada buscar o álbum de fotografias emocionais para reverem juntas as boas recordações.
Aos poucos, a D. Saudade começou a ficar melancólica, deixando a D. Alegria e a D. Paz um pouco sem graça....
Mas a D. Felicidade sabiamente mudou àquela situação: convidou a D. Saudade para ver as belas flores que brotavam no jardim e a D. Saudade, no meio das violetas, dos lírios, das dálias, das rosas, dos crisântemos e dos girassóis encheu-se de optimismo e percebeu a beleza do pôr-do-sol e o significado da vida...
No domingo, bem cedinho, a D. Saudade partiu... deixando um bilhete de gratidão à D. Felicidade por ser uma amiga tão fiel ...
Sandra Torres
Foto: João Coutinho
A lágrima que pousa no papel: a tua
mão tão longe. Este é um caderno de
linhas que também não se encontram
e a minha mão escreve o teu nome às
cegas numa delas. Vê - a lágrima é
uma lente que multiplica a dor, toda a
saudade do mundo cabe nessa palavra.
Maria do Rosário Pedreira in Nenhum Nome Depois
mão tão longe. Este é um caderno de
linhas que também não se encontram
e a minha mão escreve o teu nome às
cegas numa delas. Vê - a lágrima é
uma lente que multiplica a dor, toda a
saudade do mundo cabe nessa palavra.
Maria do Rosário Pedreira in Nenhum Nome Depois
Diana Krall actua sábado no Funchal
A cantora e pianista canadiana Diana Krall vai actuar sábado no Funchal, num concerto já esgotado, mas tem regresso anunciado a Portugal em Outubro para apresentar o novo álbum "The Girl In The Other Room".
Integrado na iniciativa "Madeira - Região Europeia 2004", o concerto de Diana Krall esgotou no dia 08 de Março, duas horas depois dos cerca de dois mil bilhetes terem sido colocados à venda.
De acordo com o site oficial na Internet, Diana Krall tem previstos dois concertos no Coliseu de Lisboa, a 30 de Setembro e 01 de Outubro, e no Casino de Espinho, a 23 de Outubro, no âmbito da digressão europeia de apresentação do álbum.
Largamente premiada e com milhares de discos vendidos, Diana Krall é uma das mais sucedidas cantoras da actualidade, pelo cruzamento do jazz com outras sonoridades, e pela interpretação vocal, que se tem evidenciado em relação ao talento que revela ao piano.
Lusa
Saudade III
A saudade é uma gaivota.
É quando a tempestade deflagra no mar que se sente a saudade
em terra.
A saudade é uma gaivota.
É quando a tempestade deflagra no mar que se sente a saudade
em terra.
Perco-me e enlouqueço
com a ausência das tuas mãos
(saudade)
e procuro em vão, um novo mundo
onde a saudade não tenha lugar.
Saudade II
Sinto saudades dos teus beijos, do beijo que não te dei, do beijo que nunca te darei e do beijo que nunca te daria.
Sinto saudades de sonhar com beijos impossíveis.
Sinto saudades dos teus beijos, do beijo que não te dei, do beijo que nunca te darei e do beijo que nunca te daria.
Sinto saudades de sonhar com beijos impossíveis.
Participação especial de - renas e veados
Recebi o desafio d'O Farol das Artes com bastante satisfação e orgulho até. Mas após alguns adiamentos por motivos vários, eis-me com o prazo quase a expirar (agora
expirou mesmo) e ainda com o post em branco! Saudade... hmmm
Lá me esforço por relembrar os momentos da minha vida em que em que senti saudade. Os últimos dias de um inter-rail, em que já tinha miragens do meu quarto. Saudades daquele amigo que partiu, e do outro, e também daquela. Saudades das férias de Verão da minha infância, férias intermináveis, de aventuras mil e mais descobertas ainda. Saudades do primeiro beijo, saudades do segundo primeiro beijo, o primeiro beijo a sério.. E a constatação de que nunca senti aquela saudade, a do fado, a dos poemas.. nada.. Novo vazio, vazio o
post, e o vazio interior, de que me falta qualquer coisa.. Uma vida inteira a ouvir a veneração da palavra, que alguns acreditam até ser só nossa (o que até está errado), e constatar que a tal palavra, nunca existiu verdadeiramente para mim.. Mas será isso mau? Não será essa idolatração da saudade, e consequentemente do passado, que torna muitos portugueses tão melancólicos, e mesmo pessimistas?
Não quero a saudade. Cito o Caetano Veloso: chega de saudade, chega de saudade. Saudades só do futuro. Da Paz do amanhã, da Felicidade que está para vir, do Sol que ainda me vai queimar a pele, dos beijos que ainda vou dar, das Alegrias mil, da chuva a que vai cair, das viagens.. tantas! Que bom vai ser amanhã! Agora chega de saudade, chega de saudade.
renas e veados
Saudade do Futuro
Recebi o desafio d'O Farol das Artes com bastante satisfação e orgulho até. Mas após alguns adiamentos por motivos vários, eis-me com o prazo quase a expirar (agora
expirou mesmo) e ainda com o post em branco! Saudade... hmmm
Lá me esforço por relembrar os momentos da minha vida em que em que senti saudade. Os últimos dias de um inter-rail, em que já tinha miragens do meu quarto. Saudades daquele amigo que partiu, e do outro, e também daquela. Saudades das férias de Verão da minha infância, férias intermináveis, de aventuras mil e mais descobertas ainda. Saudades do primeiro beijo, saudades do segundo primeiro beijo, o primeiro beijo a sério.. E a constatação de que nunca senti aquela saudade, a do fado, a dos poemas.. nada.. Novo vazio, vazio o
post, e o vazio interior, de que me falta qualquer coisa.. Uma vida inteira a ouvir a veneração da palavra, que alguns acreditam até ser só nossa (o que até está errado), e constatar que a tal palavra, nunca existiu verdadeiramente para mim.. Mas será isso mau? Não será essa idolatração da saudade, e consequentemente do passado, que torna muitos portugueses tão melancólicos, e mesmo pessimistas?
Não quero a saudade. Cito o Caetano Veloso: chega de saudade, chega de saudade. Saudades só do futuro. Da Paz do amanhã, da Felicidade que está para vir, do Sol que ainda me vai queimar a pele, dos beijos que ainda vou dar, das Alegrias mil, da chuva a que vai cair, das viagens.. tantas! Que bom vai ser amanhã! Agora chega de saudade, chega de saudade.
renas e veados
Saudade I
É então que os teus olhos se fecham e a saudade se abate sobre mim.
É então que os teus olhos se fecham e a saudade se abate sobre mim.
2004-03-24
Lucía Etxebarría, espanhola, autora de: Amor, curiosidade, Prozac e dúvidas; Beatriz e os corpos celestes; Nós que somos diferentes das outras; O visível e o invisível, lançou recentemente um livro de contos - Uma história de amor como outra qualquer, recomendo a leitura.
(...)
("Viste isso? É lindo...", Digo ao meu acompanhante, acabado de despertar. "De certeza que significa qualquer coisa. Estes sinais não aparecem por acaso", replica ele, e a sua voz, pastosa e rouca, parece chegar de um remoto esconderijo subterrâneo, atravessando camadas e camadas de sono. "E que significará?", pergunto eu.
Ele: "Amor, é claro. Que encontrámos o amor." Eu:"Pois não será o amor entre tu e eu, mais que não seja porque me vou embora dentro de duas horas e um mar inteiro nos separa." Ele: "Então talvez se trate de um amor que espera do outro lado do mar", mas eu não respondo porque compreendo onde quer ir parar e não tenho a menor intenção de que o que estava concebido como história de uma noite adquira um significado ou uma relevância maiores.)
(...)
in conto Um coração no tecto
Fora do Mundo
Um novo blog, protagonizado por um elenco de luxo, Francisco José Viegas, Pedro Lomba e Pedro Mexia. Boa sorte para o novo blog!
Um novo blog, protagonizado por um elenco de luxo, Francisco José Viegas, Pedro Lomba e Pedro Mexia. Boa sorte para o novo blog!
2004-03-23
Olhos nos olhos
Histórias de sexo e de vida de Júlio Machado Vaz
O sexo sempre foi um tema abordado na literatura seja de uma forma mais despudorada ou mais encoberta e mais insinuada que descrita.
Diria mesmo que em qualquer livro, o sexo está sempre presente, como é aliás perfeitamente natural pois os livros falam de pessoas e das suas inter-relações e, nesse dominío, o sexo também está sempre presente. No entanto, raros são os livros em que, partindo do sexo, se constroi uma teia de sentimentos, histórias e coincidências, como podemos apreciar neste livro de Júlio Machado Vaz.
Ao todo são cinco histórias onde em cada uma existe um problema clínico de índole sexual, mas que valem pela trama que se desenrola em torno desse problema e pela sensibilidade que Júlio Machado Vaz coloca nas suas personagens.
Continuou a acariciar-lhes os cabelos, separando-os devagarinho, até os dedos encontrarem o pescoço e enviarem, trémulos, o primeiro aviso. A tremideira estendeu-se à alma, em que momento se transformara a ternura em desejo? Tentou com afinco sentir vergonha escandalizada, Mas só esbarrava no espanto. E no medo! Estaria Laura a aceitar com prazer as carícias ou sem pinga de sangue, perante a perspectiva de ser violada? Os dedos tinham menos dúvidas existenciais, desaguavam, felizes e travessos, nas costas dela, por baixo da T.Shirt. Pareceu-lhe que se encostava mais a si, mas admitiu falsear a realidade por lhe convir. Sentiu flancos firmes, uma cintura arqueada, vagueou pela orla das calcinhas. Depois voltou ao cabelo e dele à face, puxando-a gentil mas firmemente para cima. Beijou-lhe a testa e os olhos devagarinho, com o desejo a aumentar e o medo de a ver esquivar-se também. quando se aproximou dos lábios, ouviu o murmúrio de voz afectada por ruoquidão recente,
- Por mim alinho, mas tens de me ensinar.
Clara sorriu, no escuro,
- Não, aprendemos as duas.
Traz-me um girassol
Traz-me um girassol para que o plante
no meu árido terreno
e mostre todo o dia
ao espelho azul do céu
a ansiedade do teu rosto
amarelento
Tendem à claridade as coisas obscuras
esgotam-se os corpos num fluir
de tintas ou de músicas. Desaparecer
é então a dita das ditas
Traz-me tu a planta que conduz
aonde crescem loiras transparências
e se evapora a vida como essência
Traz-me o girassol de enlouquecidas luzes.
Eugénio Montale (1896-1981)
A Religião do Girassol
in Poemário Assírio & Alvim
2004-03-22
Violência comigo, não!
Ai, ai... Eu que detesto a violência, ando agora numa espiral... Esta aprendi com o Doutor Baroso, aquele que parece ser o que manda no Governo, mas eu acho que não. É o Paulinho, aquele rapaz bonito, de quem toda a gente gosta. Qual Santana, o Paulinho é lindo!!!... de morrer. Ops, se o Zéquinha sabe...
Ora, também ele merece. Não é que o parvo, hoje mesmo, no intervalo das aulas, quando eu tava a escrever esta redacção para o Farol das Artes, toda concentrada, ele me disse que as minhas cuecas eram muita giras?! Acreditam nisto?!... Zás! Chapadão. Ficou a zunir que nem o gongo que o Sôtor de Música levou outro dia pra aula. Depois lá vieram as desculpas e as tentativas para eu lhe perdoar, mas eu fiz-me de difícil, que já começo a aprender que o melhor é nada de facilidades...
O que me preocupa mesmo é esta espiral de violência. Em dois meses, já levei um tabefe da minha mãe e dei dois estaladões ao Zéquinha. Qualquer dia o Zéquinha vai-se queixar na Esquadra do bairro por maus tratos namorais. E eu até entendo, mas quando ele faz asneiras só me apetece mesmo... Ou queriam que fosse só eu a levar?
Pronto, tá bem, eu até fiz as pazes com ele e tentei dar-lhe um beijinho... Argg.., não é que o rapaz tinha comido cebola?!... Ou mudam a ementa da Escola ou ele vai ter de lavar os dentes depois do almoço e bochechar com aqueles líquidos azuis ou amarelos ou vai ter de esperar pelo fim de semana. Não tou para lhe dar mais uns tabefes só por causa disso. Violência comigo, não!
Ah, obrigado aos Senhores do Farol das Artes, por pedirem uma redacção minha. Pelo menos, foi o que disse o amigo do meu pai que tem um Sítio na Internete e gosta dessas maluquices, que ainda não entendo, mas que gramo à brava. Quando for grande vou ter também um Sítio, só que ainda não sei bem de quê. Talvez das namoradas que nunca casam, porque por este andar ainda acabo mesmo solteira... Chuif!...
Na foto abaixo, sou eu e o Zéquinha... eh, eh.
Tininha
Ai, ai... Eu que detesto a violência, ando agora numa espiral... Esta aprendi com o Doutor Baroso, aquele que parece ser o que manda no Governo, mas eu acho que não. É o Paulinho, aquele rapaz bonito, de quem toda a gente gosta. Qual Santana, o Paulinho é lindo!!!... de morrer. Ops, se o Zéquinha sabe...
Ora, também ele merece. Não é que o parvo, hoje mesmo, no intervalo das aulas, quando eu tava a escrever esta redacção para o Farol das Artes, toda concentrada, ele me disse que as minhas cuecas eram muita giras?! Acreditam nisto?!... Zás! Chapadão. Ficou a zunir que nem o gongo que o Sôtor de Música levou outro dia pra aula. Depois lá vieram as desculpas e as tentativas para eu lhe perdoar, mas eu fiz-me de difícil, que já começo a aprender que o melhor é nada de facilidades...
O que me preocupa mesmo é esta espiral de violência. Em dois meses, já levei um tabefe da minha mãe e dei dois estaladões ao Zéquinha. Qualquer dia o Zéquinha vai-se queixar na Esquadra do bairro por maus tratos namorais. E eu até entendo, mas quando ele faz asneiras só me apetece mesmo... Ou queriam que fosse só eu a levar?
Pronto, tá bem, eu até fiz as pazes com ele e tentei dar-lhe um beijinho... Argg.., não é que o rapaz tinha comido cebola?!... Ou mudam a ementa da Escola ou ele vai ter de lavar os dentes depois do almoço e bochechar com aqueles líquidos azuis ou amarelos ou vai ter de esperar pelo fim de semana. Não tou para lhe dar mais uns tabefes só por causa disso. Violência comigo, não!
Ah, obrigado aos Senhores do Farol das Artes, por pedirem uma redacção minha. Pelo menos, foi o que disse o amigo do meu pai que tem um Sítio na Internete e gosta dessas maluquices, que ainda não entendo, mas que gramo à brava. Quando for grande vou ter também um Sítio, só que ainda não sei bem de quê. Talvez das namoradas que nunca casam, porque por este andar ainda acabo mesmo solteira... Chuif!...
Na foto abaixo, sou eu e o Zéquinha... eh, eh.
Tininha
Monstro
Ontem vi finalmente este filme. Um relato cru de que a vida nem sempre é bela. Ailleen uma prostituta, que (sobre) vive nas ruas, conhece Selby uma jovem rapariga e ambas apaixonam-se. Aileen pensa em deixar a vida de prostituta para tentar viver o seu amor em paz, mas as portas que tenta abrir nem sequer a deixam espreitar. Uma noite é espancada e violada por um cliente, e acaba por o matar. Os clientes que se seguem acabam por a lembrar desta violência que foi vítima, e Aileen torna-se numa serial killer assassinando-os e extorquindo dinheiro.
Trata-se ainda de uma história verdadeira. Aileen foi constantemente violada aos 8 anos, por um amigo do seu Pai, que ainda a espancava quando sabia de tal. Aos 13 anos já era prostituta. Em 2002 após 12 anos no corredor da morte, foi executada na cadeira eléctrica.
Vítima? Assassina? É complicado julgar Aileen, não será ela também uma vítima de factos que a desviaram de um caminho coerente? De uma vida normal?
De salientar a magnifica interpretação de Charlize Theron, que engordou 15 quilos para este papel, rapou as sobrancelhas, utilizou uma prótese facial, adquiriu um andar e postura másculos...Um óscar merecido!
Christina Ricci também está muito bem.
Um filme muito bom, mas que nos deixa um travo bem amargo na boca.
Ontem vi finalmente este filme. Um relato cru de que a vida nem sempre é bela. Ailleen uma prostituta, que (sobre) vive nas ruas, conhece Selby uma jovem rapariga e ambas apaixonam-se. Aileen pensa em deixar a vida de prostituta para tentar viver o seu amor em paz, mas as portas que tenta abrir nem sequer a deixam espreitar. Uma noite é espancada e violada por um cliente, e acaba por o matar. Os clientes que se seguem acabam por a lembrar desta violência que foi vítima, e Aileen torna-se numa serial killer assassinando-os e extorquindo dinheiro.
Trata-se ainda de uma história verdadeira. Aileen foi constantemente violada aos 8 anos, por um amigo do seu Pai, que ainda a espancava quando sabia de tal. Aos 13 anos já era prostituta. Em 2002 após 12 anos no corredor da morte, foi executada na cadeira eléctrica.
Vítima? Assassina? É complicado julgar Aileen, não será ela também uma vítima de factos que a desviaram de um caminho coerente? De uma vida normal?
De salientar a magnifica interpretação de Charlize Theron, que engordou 15 quilos para este papel, rapou as sobrancelhas, utilizou uma prótese facial, adquiriu um andar e postura másculos...Um óscar merecido!
Christina Ricci também está muito bem.
Um filme muito bom, mas que nos deixa um travo bem amargo na boca.
2004-03-21
A Primavera começa hoje com o dia da Poesia.
É caso para dizer que é um bom auspicío...
2004-03-20
Os olhos são como farois, por vezes brilham intensamente fazendo esquecer outros momentos, em que, mortiços, apenas se deixam antever sem iluminar.
Por vezes um brilho de um olhar é de tal intensidade que é capaz de rasgar o nevoeiro mais cerrado e as brumas da memória. Duas vezes ao mar, três vezes a terra.
E quando dois faróis se encontram ?
O eco do brilho de um farol no outro, num jogo de toca e foge, ilumina o mar e ilumina a terra numa estranha dança de luz e amizade.
São assim os faróis, que mesmo distantes e sem braços, por vezes se deixam abraçar.
2004-03-19
Infância
Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia
Eu sozinho, menino entre mangueiras
lia história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acaba mais.
No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala - e nunca se esqueceu
chamava para o café.
café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom
Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
- Psiu... não corde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito
E dava um suspiro... que fundo !
Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.
E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Cruso
Carlos Drummond de Andrade
Hoje é dia do Pai.
Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia
Eu sozinho, menino entre mangueiras
lia história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acaba mais.
No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala - e nunca se esqueceu
chamava para o café.
café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom
Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
- Psiu... não corde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito
E dava um suspiro... que fundo !
Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.
E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Cruso
Carlos Drummond de Andrade
Hoje é dia do Pai.
2004-03-18
Almodóvar - La Mala Educación
Já hoje o Joaquim chamou a atenção para mais uma polémica?
Estreia amanhã em Espanha o novo filme de Pedro Almodóvar - La Mala educación.
Chegará a Portugal a 20 de Maio. Antevê-se desde já, mais uma polémica em
torno deste novo filme. Desta vez o conhecido realizador aborda o tema de
abuso sexual, feito por padres a jovens rapazes, na década de 60.
Gael Garcia Bernal, o actor principal (Amor Cão, E a Tua Mãe Também, O Crime
do Padre Amaro) tem um triplo papel.
Isto promete!
Já hoje o Joaquim chamou a atenção para mais uma polémica?
Estreia amanhã em Espanha o novo filme de Pedro Almodóvar - La Mala educación.
Chegará a Portugal a 20 de Maio. Antevê-se desde já, mais uma polémica em
torno deste novo filme. Desta vez o conhecido realizador aborda o tema de
abuso sexual, feito por padres a jovens rapazes, na década de 60.
Gael Garcia Bernal, o actor principal (Amor Cão, E a Tua Mãe Também, O Crime
do Padre Amaro) tem um triplo papel.
Isto promete!
Effet de Nuit de Monet
A escuridão
O tema presta-se a diversas abordagens. Desde o medo do escuro à escuridão em que muita gente vive. Confesso que, como muitos outros mortais, tenho uma ambivalência com o escuro. Ou me sinto calmo e entranhado na noite que, por vezes, tenho necessidade de criar, ou desassossegado, inquieto, com fantasmas que não convidei. Diga-se que não são seres irascíveis, truculentos, dos que arrastam correntes. São mais de um mundo próximo, demasiado, o meu. Raramente tenho medos normais. O de estar no escuro sozinho. Aí abro a luz, percorro o meu espaço e esqueço os receios.
A escuridão que mais me preocupa é a daqueles que vivem nas trevas. E não são poucos. Os que recusam a luz, por vezes, até uma réstia que seja. Vivem de coisas fúteis, inúteis, efémeras. Sem sentido. Não sei se são pobres de espírito, mas por vezes determinam a vida dos outros. Geralmente, têm a cabeça cheia de números, cifrões, aparência, arrogância, desfaçatez. E só não têm medo do escuro, porque raramente pensam que um dia acabarão iguais a todos os outros, agora finalmente semelhantes, desfeitos pelos mesmos vermes. Ou talvez seja por isso mesmo. Porque não entenderam que a vida é mais importante quanto saboreada de pequenos nadas.
O tema presta-se a diversas abordagens. Desde o medo do escuro à escuridão em que muita gente vive. Confesso que, como muitos outros mortais, tenho uma ambivalência com o escuro. Ou me sinto calmo e entranhado na noite que, por vezes, tenho necessidade de criar, ou desassossegado, inquieto, com fantasmas que não convidei. Diga-se que não são seres irascíveis, truculentos, dos que arrastam correntes. São mais de um mundo próximo, demasiado, o meu. Raramente tenho medos normais. O de estar no escuro sozinho. Aí abro a luz, percorro o meu espaço e esqueço os receios.
A escuridão que mais me preocupa é a daqueles que vivem nas trevas. E não são poucos. Os que recusam a luz, por vezes, até uma réstia que seja. Vivem de coisas fúteis, inúteis, efémeras. Sem sentido. Não sei se são pobres de espírito, mas por vezes determinam a vida dos outros. Geralmente, têm a cabeça cheia de números, cifrões, aparência, arrogância, desfaçatez. E só não têm medo do escuro, porque raramente pensam que um dia acabarão iguais a todos os outros, agora finalmente semelhantes, desfeitos pelos mesmos vermes. Ou talvez seja por isso mesmo. Porque não entenderam que a vida é mais importante quanto saboreada de pequenos nadas.
OLHOS FECHADOS
fecho os olhos. vejo luzes de cidades distantes. a noite
distante. vejo o brilho de um sonho tão impossíveL
a escuridão é absoluta. a escuridão é infinita.
todos os cegos sabem que a escuridão é a morte.
fecho os olhos. vejo aquilo que se vê com os
olhos fechados.
José Luis Peixoto
(in - A Casa, a Escuridão - Temas e Debates)
fecho os olhos. vejo luzes de cidades distantes. a noite
distante. vejo o brilho de um sonho tão impossíveL
a escuridão é absoluta. a escuridão é infinita.
todos os cegos sabem que a escuridão é a morte.
fecho os olhos. vejo aquilo que se vê com os
olhos fechados.
José Luis Peixoto
(in - A Casa, a Escuridão - Temas e Debates)
O sol sem cor
Os olhos sem luz
O mar sem vida
A minha mão sem a tua
Pássaros com alcatrão
Rostos tapados
Nevoeiro cerrado
Um farol apagado
... e assim era a escuridão
Os olhos sem luz
O mar sem vida
A minha mão sem a tua
Pássaros com alcatrão
Rostos tapados
Nevoeiro cerrado
Um farol apagado
... e assim era a escuridão
2004-03-17
O ATTAC enviou-me um apelo à divulgação das manifestações marcadas para sábado dia 20, contra a guerra e o terror. Existem pedidos que não se pensa duas vezes antes de os conceder... não pude, no entanto, deixar de colocar em negrito aquela que é a frase chave dos acontecimentos recentes.
CONTRA A GUERRA E O TERROR
TOD@S À MANIF!
Sábado, 20 Março, 15h
Praça Camões, Lisboa
Praça da Batalha, Porto
Há um ano, as bombas começaram a cair sobre o Iraque. Indiferentes ao grito de revolta que percorreu o planeta, Bush, Blair, Aznar e Durão selaram o destino dos iraquianos no encontro nas Lajes. Hoje sabemos que os elementos que serviram de justificação para a guerra junto da opinião pública internacional eram exagerados, falseados ou pura e simplesmente inventados.
Um ano depois, a guerra continua todos os dias no Iraque e já passou a barreira dos dez mil mortos civis. A ocupação militar defronta-se com a resistência e responde com violência e tratamentos humilhantes contra as populações. Ao contrário do que prometiam os senhores da guerra, o Médio-Oriente não é hoje um lugar mais seguro. A guerra fez aumentar a espiral de violência e permitiu a construção do Muro da Vergonha de Israel, o símbolo do novo apartheid no século XXI.
Um ano depois do início dos bombardeamentos, os atentados terroristas de 11 de Março podem e devem ser considerados um acto de guerra contra as cidadãs e os cidadãos de todo o mundo. O terror e a guerra alimentam-se um do outro. É isso que faz a urgência de ouvir de novo a voz da opinião pública internacional.
Nas ruas de Washington e Londres, de Nova Iorque e Madrid, de Lisboa e do Porto, de mais de duzentas cidades de todo o mundo, o próximo sábado será uma oportunidade para que finalmente a paz comece a ganhar terreno à guerra e ao terror.
Breves da 7Arte
O casal Sarah Jessica Parker e Matthew Broderick vão protagonizar comédia - Stranger with candy, Sarah será uma professora de francês super sexy...Preparem-se...
Barbara Streisand após 8 anos estará de regresso ao grande ecran. O filme será a sequela de Um Sogro do Pior, onde será a mãe de Ben Stiller.
Nicole Kidman e Jennifer lopez irão filmar juntas, American Darlings, mulheres brancas numa banda de swing que se juntam a um grupo musical de negras. Mais uma oportunidade para ouvir a voz de Nicole, após o Moulin Rouge!
O casal Sarah Jessica Parker e Matthew Broderick vão protagonizar comédia - Stranger with candy, Sarah será uma professora de francês super sexy...Preparem-se...
Barbara Streisand após 8 anos estará de regresso ao grande ecran. O filme será a sequela de Um Sogro do Pior, onde será a mãe de Ben Stiller.
Nicole Kidman e Jennifer lopez irão filmar juntas, American Darlings, mulheres brancas numa banda de swing que se juntam a um grupo musical de negras. Mais uma oportunidade para ouvir a voz de Nicole, após o Moulin Rouge!
2004-03-16
Blogoespaço - o mundo ao contrário
Normalmente, no meio da comunicação e dos media, quando aparece uma nova tecnologia ou veículo de comunicação, ele começa por ser utilizado pelos grandes órgãos de comunicação social, desce depois para os meios mais pequenos e chega, por fim, aos amadores interessados.
Foi assim, por exemplo, com a rádio, que começou com as antenas nacionais, de seguida as rádios regionais e por fim o verdadeiro fenómeno que foram as rádio piratas.
E, se é normal que os blogues enquanto meio de comunicação mais fácil e acessível no veículo priveligiado que é a internet, tenha nascido na base de um amadorismo cheio de boas vontades e de pessoas que queriam de uma ou outra forma, partilhar os seus pensamentos ou escritos, já foi mais curioso ver a quantidade de jornalistas que já possuíndo o seu próprio "palanque" de expressão tenham aderido a esta moda. Fruto, talvez, de uma maior liberdade, quer em termos de conteúdo, quer mesmo sem restrições de forma como número máximo de caracteres.
Assistiu-se, por fim, a blogues onde diversos politícos de uma mesma área se habituaram a utilizar este meio para a divulgação das suas opiniões.
No entanto, e apesar de tudo, foi com algum espanto que vi o Público criar um blogue no blogspot para acompanhar a campanha eleitoral norte-americana.
É caso para perguntar: e para quando o suplemento blogue do Diário da Républica ?
Normalmente, no meio da comunicação e dos media, quando aparece uma nova tecnologia ou veículo de comunicação, ele começa por ser utilizado pelos grandes órgãos de comunicação social, desce depois para os meios mais pequenos e chega, por fim, aos amadores interessados.
Foi assim, por exemplo, com a rádio, que começou com as antenas nacionais, de seguida as rádios regionais e por fim o verdadeiro fenómeno que foram as rádio piratas.
E, se é normal que os blogues enquanto meio de comunicação mais fácil e acessível no veículo priveligiado que é a internet, tenha nascido na base de um amadorismo cheio de boas vontades e de pessoas que queriam de uma ou outra forma, partilhar os seus pensamentos ou escritos, já foi mais curioso ver a quantidade de jornalistas que já possuíndo o seu próprio "palanque" de expressão tenham aderido a esta moda. Fruto, talvez, de uma maior liberdade, quer em termos de conteúdo, quer mesmo sem restrições de forma como número máximo de caracteres.
Assistiu-se, por fim, a blogues onde diversos politícos de uma mesma área se habituaram a utilizar este meio para a divulgação das suas opiniões.
No entanto, e apesar de tudo, foi com algum espanto que vi o Público criar um blogue no blogspot para acompanhar a campanha eleitoral norte-americana.
É caso para perguntar: e para quando o suplemento blogue do Diário da Républica ?
2004-03-15
Eleições em Espanha
Só um povo maduro, vivendo numa democracia estabilizada, poderia dar esta lição ao Mundo. É uma resposta que contém uma mensagem explícita: “Embora possa não parecer, estamos atentos!”. A encenação, a mentira, para desvanecer temores ou ganhar votos, é também um atentado. Contra a inteligência! Que essa mensagem ganhe fronteiras e faça entender aos políticos a efemeridade do seu poder.
(Não coloco nenhuma foto, propositadamente. Porque entre o horror e a esperança há apenas um ténue limite. Uma linha desvanecida. Mas que ganha contornos, dimensão, cor, protagonismo, com a nossa vontade...)
Só um povo maduro, vivendo numa democracia estabilizada, poderia dar esta lição ao Mundo. É uma resposta que contém uma mensagem explícita: “Embora possa não parecer, estamos atentos!”. A encenação, a mentira, para desvanecer temores ou ganhar votos, é também um atentado. Contra a inteligência! Que essa mensagem ganhe fronteiras e faça entender aos políticos a efemeridade do seu poder.
(Não coloco nenhuma foto, propositadamente. Porque entre o horror e a esperança há apenas um ténue limite. Uma linha desvanecida. Mas que ganha contornos, dimensão, cor, protagonismo, com a nossa vontade...)
É um fenómeno interessante, a corrida aos ginásios neste mês de Março. A
quantidade de inscrições que enchem as recepções dos ditos, as filas
intermináveis, os estúdios cheios de gente saltando, dançando, pulando, é
deveras notório, e mantém-se assim até Junho, mais ou menos, deve ser a
altura em que o pessoal já está "magrinho" (cof cof...ironia...), e pronto
para o bikini.
Mas que dizer? Pelo menos em cada 12 meses, em cerca de 4 fogem um pouquinho
ao sedentarismo da vida urbana.
Eu por mim, desde há 3 anos para cá, que pratico assiduamente as benditas
aulas, salvo raras excepções 3 vezes por semana, no minimo!!!!!! Faz bem, ao
corpo e à alma! Até se dorme-se melhor!
MIA COUTO EM ÉVORA
Lançamento do novo livro O Fio das Missangas (contos)
17 de Março às 18h 30 m, no Palácio D. Manuel (jardim público)
Presença do autor e sessão de autógrafos.
Apresentação do Prof. Francisco Soares (U.E.)
A entrada é livre. A iniciativa do evento é da Livraria Som das Letras com o apoio da Editorial Caminho e da C.M.E..
Para quem gosta de Mia Couto e está por estas bandas ....
2004-03-14
Depois do Beijo
"Adormeceste?"
"Não", dizes.
Flores em Maio
Florindo ao meio dia.
Na relva junto ao lago,
Ao sol,
"Podia fechar os meus olhos
e morrer aqui", dizes.
Miki Rofu
in Rosa do Mundo - 2001 poemas para o futuro
Tradução de José Alberto Oliveira
2004-03-13
Madrid - Há que dizer BASTA !
Foto de Ballesteros/EPA
Depois do horror verificado, todos dão a voz a condenar a barbaridade do acto. Infelizmente, muitos são os que colocam nuances onde não podem e quando não devem ser colocadas. Nas muitas declarações que tenho lido, dos mais variados quadrantes politícos, entristece-me a forma despudorada como há quem aproveite para justificar outras formas de violência, quem aproveite para justificar outras formas de violência já cometidas ou quem aguarde para saber se foi a ETA ou a Al-qeda para saber se e como deve condenar o acto.
Também no blogoespaço português, onde o tema foi amplamente "postado" se viram muitos "posts" infames, tentando aproveitar a dor para lançar farpas que não fazem sentido num momento como este. A todos esses não os cito, mas e independentemente de serem pessoas com as quais costumo concordar ou discordar, algumas palavras serenas e justas foram ditas e merecem ser recordadas.
Neste tão trágico momento, estamos certos de que, apesar da violência cega e indiscriminada, a democracia, a liberdade e a justiça prevalecerão.
Jorge Sampaio
Este voto não pode passar em silêncio, tem que ser um voto aclamado. Mais do que um voto de dor, é um voto de afirmação da liberdade e da democracia.
Mota Amaral
Uma vez mais assistimos a mortes sem sentido de pessoas inocentes. O assassínio de pessoas inocentes não pode ser justificado independentemente da causa.
Kofi Annan
O que aconteceu em Madrid foram “atentados execráveis” mas todos os espanhois devem “perseguir”, sem se deixarem desencorajar, o caminho da coexistência pacífica e serena.
Papa João Paulo II -
ETA ou Al quaeda ?
A questão que a todos nos prende, cada hipótese requer leituras sócio-políticas diferentes. No entanto, importa lembrar que para as 192 pessoas que faleceram hoje a resposta a essa questão não fará a menor diferença. Jamais.
Bruno Martins
AINDA MADRID
Os autores do atentado podem ter sido os filhos da puta assassinos da ETA ou os filhos da puta assassinos da AlQaeda. A repugnância é a mesma. Não há filhos da puta assassinos melhores ou menos maus.
José Mário Silva
Lutemos contra todas as formas de violência e opressão sobre as pessoas e façamos já no dia 20 de Março, um grande dia de Luta Global contra o terrorismo, contra a ocupação, contra a humilhação, contra a guerra a violência e ódio que só geram mais guerra, violência e ódio.
Bernardino Aranda
Por último queria apenas dizer que um mal só se pode combater com o seu contrário. E que a violência só pode ser combatida com a paz, o amor e o combate à ignorância.
Talvez nada se possa fazer para que não haja assassínos terroristas, mas um melhor conhecimento das culturas dos outros, ajudará, de certeza, a que esses assassínos não tenham apoio dos seus conterrâneos.
Foto de Ballesteros/EPA
Depois do horror verificado, todos dão a voz a condenar a barbaridade do acto. Infelizmente, muitos são os que colocam nuances onde não podem e quando não devem ser colocadas. Nas muitas declarações que tenho lido, dos mais variados quadrantes politícos, entristece-me a forma despudorada como há quem aproveite para justificar outras formas de violência, quem aproveite para justificar outras formas de violência já cometidas ou quem aguarde para saber se foi a ETA ou a Al-qeda para saber se e como deve condenar o acto.
Também no blogoespaço português, onde o tema foi amplamente "postado" se viram muitos "posts" infames, tentando aproveitar a dor para lançar farpas que não fazem sentido num momento como este. A todos esses não os cito, mas e independentemente de serem pessoas com as quais costumo concordar ou discordar, algumas palavras serenas e justas foram ditas e merecem ser recordadas.
Neste tão trágico momento, estamos certos de que, apesar da violência cega e indiscriminada, a democracia, a liberdade e a justiça prevalecerão.
Jorge Sampaio
Este voto não pode passar em silêncio, tem que ser um voto aclamado. Mais do que um voto de dor, é um voto de afirmação da liberdade e da democracia.
Mota Amaral
Uma vez mais assistimos a mortes sem sentido de pessoas inocentes. O assassínio de pessoas inocentes não pode ser justificado independentemente da causa.
Kofi Annan
O que aconteceu em Madrid foram “atentados execráveis” mas todos os espanhois devem “perseguir”, sem se deixarem desencorajar, o caminho da coexistência pacífica e serena.
Papa João Paulo II -
ETA ou Al quaeda ?
A questão que a todos nos prende, cada hipótese requer leituras sócio-políticas diferentes. No entanto, importa lembrar que para as 192 pessoas que faleceram hoje a resposta a essa questão não fará a menor diferença. Jamais.
Bruno Martins
AINDA MADRID
Os autores do atentado podem ter sido os filhos da puta assassinos da ETA ou os filhos da puta assassinos da AlQaeda. A repugnância é a mesma. Não há filhos da puta assassinos melhores ou menos maus.
José Mário Silva
Lutemos contra todas as formas de violência e opressão sobre as pessoas e façamos já no dia 20 de Março, um grande dia de Luta Global contra o terrorismo, contra a ocupação, contra a humilhação, contra a guerra a violência e ódio que só geram mais guerra, violência e ódio.
Bernardino Aranda
Por último queria apenas dizer que um mal só se pode combater com o seu contrário. E que a violência só pode ser combatida com a paz, o amor e o combate à ignorância.
Talvez nada se possa fazer para que não haja assassínos terroristas, mas um melhor conhecimento das culturas dos outros, ajudará, de certeza, a que esses assassínos não tenham apoio dos seus conterrâneos.
2004-03-12
Aos senhores do terror e da guerra, temos de saber dizer Não !
BASTA !
Foto de Sergio Barrenechea/EPA
"Si los hijosdeputa volasen no veríamos nunca el sol"
Quico Pi de la Serra (cantor Catalão)
BASTA !
Foto de Sergio Barrenechea/EPA
"Si los hijosdeputa volasen no veríamos nunca el sol"
Quico Pi de la Serra (cantor Catalão)
2004-03-11
Hoje, num dia comum para tantos nós, cerca de 186 espanhóis foram assassinados...cerca de 1000 ficaram feridos... Haverá palavras para descrever este cenário?
Para além dos signos
Escrever agora é dispersar os reflexos,
abrir as portas de pedra e repousar no ar.
Ajoelhado junto de um barco ou de uma jarra,
um deus respira e é um puro vazio.
Para além dos signos e no início deles
um sorriso, um fulgor das coisas confiantes.
E nos muros e nos dedos, uma areia
que das nuvens descesse e na distância
a forma de uma braço amante, o sonho do outro
António Ramos Rosa
Os Signos
Nunca liguei muito a isso. Já não sei quantas vezes perguntei à minha mãe a hora do meu nascimento, perante insistências em me definirem com precisão astrológica. A verdade, é que não me recordo ainda (Ó mãe!...) da hora exacta em que vim ao Mundo e muito menos do meu ascendente. Outra verdade é que não sei muito bem quem sou. Gémeos e Serpente (signo Oriental) dá uma espécie de mistura explosiva. Se, por um lado me agrada, por outro arrasa e desgasta as margens deste rio pouco ortodoxo.
Com a responsabilidade de lançar este tema, fiz trabalho de casa. Pesquisei na Net e descobri coisas de mim que não conhecia. No que concerne a Gémeos, fiquei a saber que não me prendo a nenhuma pessoa ou lugar e tendo a ser volúvel e superficial (quem é que escreve estas coisas?!). Ops, também estou sujeito a excessos mentais que me abalam o sistema nervoso e, pior, não consigo expressar o que sinto (está explicado porque nem sempre me entendem...). Ah, mas no Oriental, sou refinado, a pessoa mais agradável de todo o Zodíaco, gracioso, delicado, feminino e romântico (devia ter ido para bailarino...). Não imponho, mas contorno, com charme. E não gosto de usar sempre o mesmo perfume (vou ter de mudar o meu Old Spice de sempre...). Ainda por cima sou Serpente Água, artístico, bom leitor (epá, lá tenho de ler mais um pouco...), intelectual e prático. E não me deixo enganar pelas aparências (lá isso não!). Sou um ser afortunado e com dinheiro (ah, não... começo a achar que a minha mãezinha me registou muito depois do meu nascimento...).
Agora a sério, não ligo muito aos signos. Mas condescendo que, como Gémeos, tenho uma certa dualidade, que nem sempre é fácil de gerir. Acredito até que possamos, de algum modo, estar marcados pela data e local de nascimento, se isto for possível de colocar numa perspectiva científica. Estou-me nas tintas para as Mayas e outras ou outros, que ganham a vida charlataneando os incautos, quer em consulta pessoal quer através de chamadas telefónicas de valor acrescido. Perante esta incredulidade, sinto uma dor difusa, cuja origem ignoro. Será a reacção de quem acredita nestas coisas a entrar na minha sensibilidade de Gémeos? Sei lá! Vou tomar uma água daquelas que até agrada a quem não gosta da dita com gás. “Ai, estou que nem posso!... Estou na mesma!”.
Nunca liguei muito a isso. Já não sei quantas vezes perguntei à minha mãe a hora do meu nascimento, perante insistências em me definirem com precisão astrológica. A verdade, é que não me recordo ainda (Ó mãe!...) da hora exacta em que vim ao Mundo e muito menos do meu ascendente. Outra verdade é que não sei muito bem quem sou. Gémeos e Serpente (signo Oriental) dá uma espécie de mistura explosiva. Se, por um lado me agrada, por outro arrasa e desgasta as margens deste rio pouco ortodoxo.
Com a responsabilidade de lançar este tema, fiz trabalho de casa. Pesquisei na Net e descobri coisas de mim que não conhecia. No que concerne a Gémeos, fiquei a saber que não me prendo a nenhuma pessoa ou lugar e tendo a ser volúvel e superficial (quem é que escreve estas coisas?!). Ops, também estou sujeito a excessos mentais que me abalam o sistema nervoso e, pior, não consigo expressar o que sinto (está explicado porque nem sempre me entendem...). Ah, mas no Oriental, sou refinado, a pessoa mais agradável de todo o Zodíaco, gracioso, delicado, feminino e romântico (devia ter ido para bailarino...). Não imponho, mas contorno, com charme. E não gosto de usar sempre o mesmo perfume (vou ter de mudar o meu Old Spice de sempre...). Ainda por cima sou Serpente Água, artístico, bom leitor (epá, lá tenho de ler mais um pouco...), intelectual e prático. E não me deixo enganar pelas aparências (lá isso não!). Sou um ser afortunado e com dinheiro (ah, não... começo a achar que a minha mãezinha me registou muito depois do meu nascimento...).
Agora a sério, não ligo muito aos signos. Mas condescendo que, como Gémeos, tenho uma certa dualidade, que nem sempre é fácil de gerir. Acredito até que possamos, de algum modo, estar marcados pela data e local de nascimento, se isto for possível de colocar numa perspectiva científica. Estou-me nas tintas para as Mayas e outras ou outros, que ganham a vida charlataneando os incautos, quer em consulta pessoal quer através de chamadas telefónicas de valor acrescido. Perante esta incredulidade, sinto uma dor difusa, cuja origem ignoro. Será a reacção de quem acredita nestas coisas a entrar na minha sensibilidade de Gémeos? Sei lá! Vou tomar uma água daquelas que até agrada a quem não gosta da dita com gás. “Ai, estou que nem posso!... Estou na mesma!”.
Participação especial do tempo dual
dos signos (1)
leio e vejo e o que leio e vejo
não é o significado óbvio denotado
— esqueci o sentido literal do mundo
perdi a expressão primeira do riso
sei que são sinais comunicantes estes signos
se tanto me dizem da mão invisível
e tão pouco de si
— um altar em frente feito ícone vazio
atento nos olhos todos da rua sem saber do quanto
mal contêm ou da quanta dor
sem esforço e sem
memória
um último símbolo
omega
seja ele “o grande”
seja ele “o fim”
Cláudia Caetano
(1) À volta dos conceitos de conteúdo e expressão (paralelos aos habituais significado e significante, assim como os interpretante e signo propostos por Peirce), de denotação e conotação de Louis Hjelmslev.
dos signos (1)
leio e vejo e o que leio e vejo
não é o significado óbvio denotado
— esqueci o sentido literal do mundo
perdi a expressão primeira do riso
sei que são sinais comunicantes estes signos
se tanto me dizem da mão invisível
e tão pouco de si
— um altar em frente feito ícone vazio
atento nos olhos todos da rua sem saber do quanto
mal contêm ou da quanta dor
sem esforço e sem
memória
um último símbolo
omega
seja ele “o grande”
seja ele “o fim”
Cláudia Caetano
(1) À volta dos conceitos de conteúdo e expressão (paralelos aos habituais significado e significante, assim como os interpretante e signo propostos por Peirce), de denotação e conotação de Louis Hjelmslev.
Não acredito muito em signos, nunca acreditei. No entanto lembro-me como dantes os considerava um óptimo tema de abordagem, e fazendo olhos de carneiro mal morto, dizia:
- Olá, tens um ar tão sonhador mas ao mesmo tempo equilibrado. Deves ser balança, de certeza que uma rapariga gira como tu só pode ser balança...
Claro que raramente ela era balança, mas já tinha ouvido os galanteios suficientes para me permitir prosseguir com a conversa. Por vezes chegava mesmo a pegar na mão para fingir que lia a sina.
Até que um dia, tudo correu mal. Ela mentiu-me – disse que era virgem mas era escorpião, no momento mais inoportuno mostrou-me o espigão venenoso e eu, que sou caranguejo, confesso que vi a minha vida a andar para trás.
- Olá, tens um ar tão sonhador mas ao mesmo tempo equilibrado. Deves ser balança, de certeza que uma rapariga gira como tu só pode ser balança...
Claro que raramente ela era balança, mas já tinha ouvido os galanteios suficientes para me permitir prosseguir com a conversa. Por vezes chegava mesmo a pegar na mão para fingir que lia a sina.
Até que um dia, tudo correu mal. Ela mentiu-me – disse que era virgem mas era escorpião, no momento mais inoportuno mostrou-me o espigão venenoso e eu, que sou caranguejo, confesso que vi a minha vida a andar para trás.
2004-03-10
Na Voragem dos dias - Porto 13 de Março
A Antologia poética Na voragem dos dias que conta com a participação de três faroleiros terá o seu lançamento no Porto no dia 13 de Março. Os nossos leitores do Porto que façam o favor de aparecerem.
A sessão seguinte decorrerá em Oliveira de Azeméis no dia 3 de Abril.
A Antologia poética Na voragem dos dias que conta com a participação de três faroleiros terá o seu lançamento no Porto no dia 13 de Março. Os nossos leitores do Porto que façam o favor de aparecerem.
A sessão seguinte decorrerá em Oliveira de Azeméis no dia 3 de Abril.
Quando estou mal disposta
(e estou-o muitas vezes...)
mudo o sentido às frases
complico tudo...
Alexandre O'Neill
Poesias Completas
in Poemário Assírio & Alvim
2004-03-09
COLOCA uma palavra
no vale da minha nudez
e planta florestas de ambos os lados,
para que a minha boca
fique toda à sombra.
Ingeborg Bachmann
O Tempo Aprazado
(tradução de Judite Berkemeier e João Barrento)
in Poemário Assírio & Alvim
E agora uma piada verdadeiramente mázinha... mas irresistível
2004-03-08
"No dia em que vendeu a burra, regressou a pé para o monte e acreditou que nunca mais voltaria à vila. Tinha mais de oitenta anos e essa é uma idade de decisões para toda a vida"
José Luís Peixoto in A Idade das Mãos, Temas & Debates
José Luís Peixoto in A Idade das Mãos, Temas & Debates
2004-03-07
Ela é assim, o cão não e eu não sei
- Olha-me nos meus olhos – pediu-me – e diz-me o que vês.
Obedeci, apesar de os meus olhos se sentirem tentados a percorrerem todo o seu corpo, as curvas subtis, os tornozelos a saltarem para fora de umas calças justas e pretas. Os olhos tinham uma pergunta por fazer. Eu não sabia qual era. Eu não podia saber qual era.
O olhar dela era firme mas terno.
O meu olhar pousara ali, ao de leve, pensando em qual a resposta certa para que aqueles olhos me sorrissem. Apenas via o castanho e uns pequenos pontos brilhantes na íris, ligeiramente mais claros. Dizer o que vejo... como posso eu dizer o que vejo quando apenas me apetece dizer o que sinto. Um desejo de percorrer este corpo com o meu olhar, de desnudar um ombro, de aflorar a pele macia que se adivinha nos tornozelos que espreitam, de entrelaçar os dedos compridos de pianista com que afagas o teu cabelo.
As palavras recusam-se a sair da minha boca, e quando estou quase, finalmente, a abrir a boca, pousas um dedo nos meus lábios e sussurras: O teu tempo de antena acabou...
Aturdido deixo-me estar ali, espraiado no arraiolos que cobre o chão da tua sala. Levantas-te da almofada e segues para o quarto com plena certeza que o meu olhar te acompanha e que é natural que se demore um pouco mais na curva que medeia entre as costas e as pernas.
Fico sem saber o que fazer. Sigo-te ? Espero por ti ? Chamo-te ? O meu tempo de antena acabou, quer isso dizer que me devo levantar, alçar a perna sobre o cão que dorme sob a ombreira da porta e sair ?
Mais uma vez a minha inacção volta-se contra mim. Entras na sala como se eu não estivesse lá e começas a arrumar o piquenique que fizemos no chão.
Levanto-me, pego num copo ao acaso e sigo-te para a cozinha. E é defronte da bancada que te voltas para mim e me perguntas - Com que então os meus olhos não te dizem nada ?
- Claro que sim – respondo a custo – mas é-me difícil falar-te do que eles me dizem. Porque... – a minha voz morre fininha como um fio de água a extinguir-se.
Soltas uma gargalhada e voltas-me de novo as costas. Sigo-te. Entramos os dois na sala e voltas a sentar-te numa das enormes almofadas que polvilham o chão. Escolho outra, perto, bem perto. Estendo uma mão que toca na tua, pretensamente numa carícia que evitas retirando a tua mão. Estás com a boca fechada e séria mas os teus olhos riem-se maliciosamente.
- Os teus olhos dizem-me que estás a gozar comigo.
Ri-se, e duas covinhas aparecem-lhe na cara – E os teus olhos dizem-me que me queres comer, mas não sabes como.
Mais uma vez esta mulher me deixa parado, sem saber que fazer, que dizer ou como actuar. Sorrio apenas com esperança que esse sorriso traduza uma confiança que não sinto.
Ela espreguiça-se com volúpia, olha para o relógio e diz que tem de ir trabalhar, levanta-se apressada e diz-me adeus da porta. Quando saíres fecha a porta por favor.
O cão levanta por fim as orelhas e vem-me dar uma lambidela de compreensão antes de se deitar na almofada anteriormente ocupada por ela. Abraço-o e penso como os cães são meigos e fáceis de entender.
- Olha-me nos meus olhos – pediu-me – e diz-me o que vês.
Obedeci, apesar de os meus olhos se sentirem tentados a percorrerem todo o seu corpo, as curvas subtis, os tornozelos a saltarem para fora de umas calças justas e pretas. Os olhos tinham uma pergunta por fazer. Eu não sabia qual era. Eu não podia saber qual era.
O olhar dela era firme mas terno.
O meu olhar pousara ali, ao de leve, pensando em qual a resposta certa para que aqueles olhos me sorrissem. Apenas via o castanho e uns pequenos pontos brilhantes na íris, ligeiramente mais claros. Dizer o que vejo... como posso eu dizer o que vejo quando apenas me apetece dizer o que sinto. Um desejo de percorrer este corpo com o meu olhar, de desnudar um ombro, de aflorar a pele macia que se adivinha nos tornozelos que espreitam, de entrelaçar os dedos compridos de pianista com que afagas o teu cabelo.
As palavras recusam-se a sair da minha boca, e quando estou quase, finalmente, a abrir a boca, pousas um dedo nos meus lábios e sussurras: O teu tempo de antena acabou...
Aturdido deixo-me estar ali, espraiado no arraiolos que cobre o chão da tua sala. Levantas-te da almofada e segues para o quarto com plena certeza que o meu olhar te acompanha e que é natural que se demore um pouco mais na curva que medeia entre as costas e as pernas.
Fico sem saber o que fazer. Sigo-te ? Espero por ti ? Chamo-te ? O meu tempo de antena acabou, quer isso dizer que me devo levantar, alçar a perna sobre o cão que dorme sob a ombreira da porta e sair ?
Mais uma vez a minha inacção volta-se contra mim. Entras na sala como se eu não estivesse lá e começas a arrumar o piquenique que fizemos no chão.
Levanto-me, pego num copo ao acaso e sigo-te para a cozinha. E é defronte da bancada que te voltas para mim e me perguntas - Com que então os meus olhos não te dizem nada ?
- Claro que sim – respondo a custo – mas é-me difícil falar-te do que eles me dizem. Porque... – a minha voz morre fininha como um fio de água a extinguir-se.
Soltas uma gargalhada e voltas-me de novo as costas. Sigo-te. Entramos os dois na sala e voltas a sentar-te numa das enormes almofadas que polvilham o chão. Escolho outra, perto, bem perto. Estendo uma mão que toca na tua, pretensamente numa carícia que evitas retirando a tua mão. Estás com a boca fechada e séria mas os teus olhos riem-se maliciosamente.
- Os teus olhos dizem-me que estás a gozar comigo.
Ri-se, e duas covinhas aparecem-lhe na cara – E os teus olhos dizem-me que me queres comer, mas não sabes como.
Mais uma vez esta mulher me deixa parado, sem saber que fazer, que dizer ou como actuar. Sorrio apenas com esperança que esse sorriso traduza uma confiança que não sinto.
Ela espreguiça-se com volúpia, olha para o relógio e diz que tem de ir trabalhar, levanta-se apressada e diz-me adeus da porta. Quando saíres fecha a porta por favor.
O cão levanta por fim as orelhas e vem-me dar uma lambidela de compreensão antes de se deitar na almofada anteriormente ocupada por ela. Abraço-o e penso como os cães são meigos e fáceis de entender.
2004-03-06
Já comprei e já vi O Rei Leão 3, mais uma hilariante história protaginizada pelos Timon e Pumba.
Podem ainda aproveitar a campanha Fnac em que em troca de um vhs vos dão um cheque no valor de 5 euros a descontar na compra de um DVD de valor superior a 17 euros!
Dia 11 de Março estará à venda um novo livro de Mia Couto, um bom motivo para gastar mais uns euros.
Pôr-do-sol
A linha do horizonte
desapareceu na rede
de um pescador
Martinho Branco in Na voragem dos dias
Foto de Júlio Santos
2004-03-05
A frase
"Se tivesse reparado não tinha assinado o documento"
Esta foi a declaração da vereadora Helena Lopes da Costa no que respeita ao facto da Câmara Municipal de Lisboa ter aderido ao projecto discriminatório relativamente a crianças deficientes "Acompanhantes de futebol McDonalds".
Senhora vereadora, não sei se fique mais chocado pela sua assinatura ou se por saber que assina documentos sem os ler na íntegra.
Neste caso e face à reacção unânime de repulsa de toda a comunidade pode voltar atrás, ler o documento, e emendar o erro cometido. Mas será que é sempre assim ?
"Se tivesse reparado não tinha assinado o documento"
Esta foi a declaração da vereadora Helena Lopes da Costa no que respeita ao facto da Câmara Municipal de Lisboa ter aderido ao projecto discriminatório relativamente a crianças deficientes "Acompanhantes de futebol McDonalds".
Senhora vereadora, não sei se fique mais chocado pela sua assinatura ou se por saber que assina documentos sem os ler na íntegra.
Neste caso e face à reacção unânime de repulsa de toda a comunidade pode voltar atrás, ler o documento, e emendar o erro cometido. Mas será que é sempre assim ?
Hortas de sobrevivência...
No fim da 3.ª Circular e entrada para a CREL e início do IC 19, tenho vindo a observar que os espaços contíguos à estrada, planos ou em declive, têm vindo a ser aproveitados para hortas, onde se planta de tudo um pouco. Esteticamente, parece-me bem mais agradável do que a erva daninha e arbustos que por ali despontavam, mas não me deixa de assaltar a ideia de que quem vai transformando o inútil em produtivo (e não são apenas pessoas de origem africana), deve experimentar a necessidade da sobrevivência, mesmo às portas da grande Cidade...
No fim da 3.ª Circular e entrada para a CREL e início do IC 19, tenho vindo a observar que os espaços contíguos à estrada, planos ou em declive, têm vindo a ser aproveitados para hortas, onde se planta de tudo um pouco. Esteticamente, parece-me bem mais agradável do que a erva daninha e arbustos que por ali despontavam, mas não me deixa de assaltar a ideia de que quem vai transformando o inútil em produtivo (e não são apenas pessoas de origem africana), deve experimentar a necessidade da sobrevivência, mesmo às portas da grande Cidade...
Opiniões
É engraçado observar algumas opiniões cinéfilas na comunicação social. Ora vejamos o filme O Grande Peixe no DN tem uma média de 5 estrelas assim como na revista Premiere, já no Público tem média de 1.
O filme Monstro, no DN 3, Público 1 e na Premiere 4.
O filme Alguém tem que ceder, no DN 2, no Público 2, na Premiere 4.
Hás vezes pergunto-me falaremos dos mesmos filmes?
Eu por mim, é ver para crer, e deve evitar-se ler criticas antes dos filmes.
É engraçado observar algumas opiniões cinéfilas na comunicação social. Ora vejamos o filme O Grande Peixe no DN tem uma média de 5 estrelas assim como na revista Premiere, já no Público tem média de 1.
O filme Monstro, no DN 3, Público 1 e na Premiere 4.
O filme Alguém tem que ceder, no DN 2, no Público 2, na Premiere 4.
Hás vezes pergunto-me falaremos dos mesmos filmes?
Eu por mim, é ver para crer, e deve evitar-se ler criticas antes dos filmes.
2004-03-04
Lisboa à chuva
Em Lisboa chove...
As águas derramam pelas ruas,
lambendo as pedras das calçadas
gastas.
Percorridas por pés doridos,
as pedras choram desgraças.
A água lava as dores.
As dores voltam, estafadas.
A chuva não limpa a alma.
Lisboa, 04.09.2003
Em Lisboa chove...
As águas derramam pelas ruas,
lambendo as pedras das calçadas
gastas.
Percorridas por pés doridos,
as pedras choram desgraças.
A água lava as dores.
As dores voltam, estafadas.
A chuva não limpa a alma.
Lisboa, 04.09.2003
Chove. Que fiz eu da vida?
Chove. Que fiz eu da vida?
Fiz o que ela fez de mim...
De pensada, mal vivida...
Triste de quem é assim!
Numa angústia sem remédio
Tenho febre na alma, e, ao ser,
Tenho saudade, entre o tédio,
Só do que nunca quis ter...
Quem eu pudera ter sido,
Que é dele? Entre ódios pequenos
De mim, estou de mim partido.
Se ao menos chovesse menos!
Fernando Pessoa
Chove. Que fiz eu da vida?
Fiz o que ela fez de mim...
De pensada, mal vivida...
Triste de quem é assim!
Numa angústia sem remédio
Tenho febre na alma, e, ao ser,
Tenho saudade, entre o tédio,
Só do que nunca quis ter...
Quem eu pudera ter sido,
Que é dele? Entre ódios pequenos
De mim, estou de mim partido.
Se ao menos chovesse menos!
Fernando Pessoa
Fenómenos atmosféricos
A chuva caía incessantemente, molhando os casacos dos transeuntes e formando pequenas poças nos baixios do asfalto.
Pessoas sem rosto visível, encobertas por chapéus de chuva multicolores femininos ou pretos monocórdicos masculinos, passavam indiferentes por mim que devia ser o único a quem a chuva não afligia.
O sol que trazia cá dentro repelia as gotas que também me evitavaqm. Estavas À minha espera mal eu dobrasse a esquina, e na minha mente antevia os teus braços abertos para me aconchegares.
Curiosos que ninguém estranhasse o facto da chuva cair sobre todo o bulício da avenida mas não sobre mim.
Apenas quando virei a esquina e a tua ausência me acertou em cheio é que a chuva desabou sobre mim sem que mais uma vez, ninguém reparasse que a maioria das gotas de chuva brotasse, ali mesmo, dos meus olhos.
A chuva caía incessantemente, molhando os casacos dos transeuntes e formando pequenas poças nos baixios do asfalto.
Pessoas sem rosto visível, encobertas por chapéus de chuva multicolores femininos ou pretos monocórdicos masculinos, passavam indiferentes por mim que devia ser o único a quem a chuva não afligia.
O sol que trazia cá dentro repelia as gotas que também me evitavaqm. Estavas À minha espera mal eu dobrasse a esquina, e na minha mente antevia os teus braços abertos para me aconchegares.
Curiosos que ninguém estranhasse o facto da chuva cair sobre todo o bulício da avenida mas não sobre mim.
Apenas quando virei a esquina e a tua ausência me acertou em cheio é que a chuva desabou sobre mim sem que mais uma vez, ninguém reparasse que a maioria das gotas de chuva brotasse, ali mesmo, dos meus olhos.
A CHUVA
A tarde bruscamente se aclarou,
porque já cai a chuva minuciosa.
Cai e caiu. A chuva é só uma coisa
que o passado por certo freqüentou.
Quem a escuta cair já recobrou
o tempo em que a fortuna venturosa
uma flor lhe mostrou chamada rosa
e a cor bizarra do que cor tomou.
Esta chuva que treme sobre os vidros
alegrará nuns arrabaldes idos
as negras uvas de uma parra em horto
que não existe mais. A umedecida
tarde me traz a voz, a voz querida
de meu pai que retorna e não é morto
Jorge Luís Borges
A chuva que brilhou....
Hoje acordei com um sol brilhante que me fez sorrir em cumplicidade com ele...
Senti-me feliz!
Mas senti-me igualmente feliz e igualmente esbocei um sorriso quando há dias aconchegada no calor do edredon ouvi finalmente as gotas de chuva que nos visitava, tocava levemente no vidro da janela e o seu som embalou-me até adormecer ao som uma música que subia e descia de tom consoante a sua intensidade...
Logo que acordei pela manhã, voltei à varanda e novamente sorri ao olhar a chuva que com a sua força, frescura e vigor, salpicava a minha varanda, a telha da casa da vizinha, o chão do campo de jogos da escola mais abaixo (os míudos devem estar tristes... hoje não poderão jogar futebol.. pensei eu)... lavava o castanho do alcatrão da estrada, libertava o verde das folhas das árvores que se sentiam aprisionadas pelas poeiras das obras que as afogavam, molhava a terra castanha que há muito já parecia descolorada....
E o cheiro... hum... que prazer.... fechei os olhos com a impressão que ainda sentiria mais...respirei fundo, sustive a respiração gozando e saboreando aquele aroma, aquele momento... o cheiro da chuva, da terra molhada... as minhas narinas agradeceram o prazer do momento!
Senti a chuva,
Saboreei as suas sensações,
Apreciei a dádiva da água que transbordava lá dos céus.
Naquele dia o cinzento do céu não me oprimiu, não me fez sentir triste, não afectou negativamente o meu estado de espírito.
Naquele dia a chuva brilhou tanto no meu espírito como o brilho do sol.
Não sei se, pelas saudades que dela tinha, pois estávamos em Fevereiro, pleno Inverno, e não chovia há meses.
Não sei se, pela necessidade dela e a consciência me dizer que a sua vinda era urgente e necessária.
Não sei se, pelas sensações de prazer que ela me ofereceu.
Sensações sentidas não só nesse dia que chovia, mas também hoje em que o sol brilha intensamente, mas, devido àquela chuva
permite hoje que o verde das serras, das árvores, das plantas estejam ainda mais verdes, mais vistosos, mais vivos....
permite hoje que o vermelho dos telhados lavados pelas gotas da chuva pareçam ainda mais vermelhos, mais alegres....
permite hoje que o preto do alcatrão da estrada até tenha mais vivacidade, pareça um preto mais brilhante....
permite hoje que o azul do céu, seja mais azul... com uma intensidade deslumbrante que contrasta com todas as cores da cidade....
Depois daquele dia de chuva tudo brilha mais...
Abençoada chuva que até à minha forma de a olhar deu mais brilho....
Hoje acordei com um sol brilhante que me fez sorrir em cumplicidade com ele...
Senti-me feliz!
Mas senti-me igualmente feliz e igualmente esbocei um sorriso quando há dias aconchegada no calor do edredon ouvi finalmente as gotas de chuva que nos visitava, tocava levemente no vidro da janela e o seu som embalou-me até adormecer ao som uma música que subia e descia de tom consoante a sua intensidade...
Logo que acordei pela manhã, voltei à varanda e novamente sorri ao olhar a chuva que com a sua força, frescura e vigor, salpicava a minha varanda, a telha da casa da vizinha, o chão do campo de jogos da escola mais abaixo (os míudos devem estar tristes... hoje não poderão jogar futebol.. pensei eu)... lavava o castanho do alcatrão da estrada, libertava o verde das folhas das árvores que se sentiam aprisionadas pelas poeiras das obras que as afogavam, molhava a terra castanha que há muito já parecia descolorada....
E o cheiro... hum... que prazer.... fechei os olhos com a impressão que ainda sentiria mais...respirei fundo, sustive a respiração gozando e saboreando aquele aroma, aquele momento... o cheiro da chuva, da terra molhada... as minhas narinas agradeceram o prazer do momento!
Senti a chuva,
Saboreei as suas sensações,
Apreciei a dádiva da água que transbordava lá dos céus.
Naquele dia o cinzento do céu não me oprimiu, não me fez sentir triste, não afectou negativamente o meu estado de espírito.
Naquele dia a chuva brilhou tanto no meu espírito como o brilho do sol.
Não sei se, pelas saudades que dela tinha, pois estávamos em Fevereiro, pleno Inverno, e não chovia há meses.
Não sei se, pela necessidade dela e a consciência me dizer que a sua vinda era urgente e necessária.
Não sei se, pelas sensações de prazer que ela me ofereceu.
Sensações sentidas não só nesse dia que chovia, mas também hoje em que o sol brilha intensamente, mas, devido àquela chuva
permite hoje que o verde das serras, das árvores, das plantas estejam ainda mais verdes, mais vistosos, mais vivos....
permite hoje que o vermelho dos telhados lavados pelas gotas da chuva pareçam ainda mais vermelhos, mais alegres....
permite hoje que o preto do alcatrão da estrada até tenha mais vivacidade, pareça um preto mais brilhante....
permite hoje que o azul do céu, seja mais azul... com uma intensidade deslumbrante que contrasta com todas as cores da cidade....
Depois daquele dia de chuva tudo brilha mais...
Abençoada chuva que até à minha forma de a olhar deu mais brilho....
Participação especial de Barnabé
Post molhado
Por um portador encharcado até aos ossos manda o Barnabé avisar o faroleiro que está de vigia que o post que estava combinado sobre a chuva se molhou inteiramente. Quando tentámos tomar uma posição sobre a questão, grandes cargas de água caíram sobre o litoral oeste da blogosfera nacional, que, como é sabido, está à esquerda do mapa.
Primeiro, pensámos que devíamos abordar a chuva dum ângulo político - mas só a vimos oblíqua e transparente, sem espessura. Molhava, mas não se via. Depois, quisemos observá-la no nosso espelho e pôr-lhe o nosso carimbo, mas o espelho embaciou-se todo e as letras de côr ocre desbotaram. Enquanto isso, a chuva continuava a entrar por todos os póros da roupa do Barnabé e um fio gelado descia-lhe já pelas costas.
Acabámos todos a trabalhar no post. Mas, por mais que secássemos os bits um por um, e por mais que descolássemos os pixéis uns dos outros, a humidade ficou entranhada e o cheiro a mofo não sai. É o que acontece a quem se mete com a chuva em tempos cósmicos como estes.
Barnabé
Post molhado
Por um portador encharcado até aos ossos manda o Barnabé avisar o faroleiro que está de vigia que o post que estava combinado sobre a chuva se molhou inteiramente. Quando tentámos tomar uma posição sobre a questão, grandes cargas de água caíram sobre o litoral oeste da blogosfera nacional, que, como é sabido, está à esquerda do mapa.
Primeiro, pensámos que devíamos abordar a chuva dum ângulo político - mas só a vimos oblíqua e transparente, sem espessura. Molhava, mas não se via. Depois, quisemos observá-la no nosso espelho e pôr-lhe o nosso carimbo, mas o espelho embaciou-se todo e as letras de côr ocre desbotaram. Enquanto isso, a chuva continuava a entrar por todos os póros da roupa do Barnabé e um fio gelado descia-lhe já pelas costas.
Acabámos todos a trabalhar no post. Mas, por mais que secássemos os bits um por um, e por mais que descolássemos os pixéis uns dos outros, a humidade ficou entranhada e o cheiro a mofo não sai. É o que acontece a quem se mete com a chuva em tempos cósmicos como estes.
Barnabé
Casa na chuva
A chuva, outra vez a chuva sobre as oliveiras.
Não sei porque voltou esta tarde
Se minha mãe já se foi embora,
Já não vem à varanda para a ver cair,
Já não levanta os olhos da costura
Para perguntar: Ouves?
Oiço, mão, é outra vez a chuva,
A chuva sobre o teu rosto.
Eugénio de Andrade in Trinta Poemas
Foto de Peter Hagerty